CPI dos Royalties: Arnaldo, Campista, Mocaiber, Henriques e Rosinha

Odisséia, hoje, no Folha no Ar, com o jornalista e blogueiro Rodrigo Gonçalves (foto de Silério Corrêa)
Odisséia, hoje, no Folha no Ar, com o jornalista e blogueiro Rodrigo Gonçalves (foto de Silério Corrêa)

 

Acabei de falar com a vereadora Odisséia Carvalho (PT), que por sua vez acabara de participar do Folha no Ar, onde foi entrevistada ao vivo pelo jornalista e blogueiro Rodrigo Gonçalves. Assim como fez no programa de rádio, TV e online, ela esclareceu que depois da reunião do diretório municipal do PT, na noite de ontem, a proposta de apresentar a CPI dos Royalties não é nem mais apenas sua, mas do seu partido, que a apoiou integralmente.

Assim, com o endosso do PT e, sobretudo, da população de Campos, a vereadora vai apresentar na sessão da próxima terça, dia 16, o requerimento da CPI. Sua única dúvida seria o período a ser investigado: os últimos cinco, 10 ou 20 anos? Ela vai fechar isso hoje à noite, em reunião com advogados, mas como quer que o levantamento de onde como foram gastos os os royalties atinja também a administração municipal do hoje deputado Arnaldo Vianna (PDT), deve acabar optando pelo período intermediário de 10 anos. 

A aplicação dos recursos do petróleo em Campos seria investigada, portanto, em cinco governos: além de Arnaldo, Carlos Alberto Campista (hoje no PT), Alexandre Mocaiber (PSB), o período relâmpago de Roberto Henriques (PMDB) e o primeiro ano da gestão Rosinha Garotinho (PMDB).

Royalties: MP no lugar de veto?

A contar da última quarta-feira, dia 10, quando foi aprovada na Câmara Federal a emenda do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB/RS) pela partilha dos royalties, o Senado tem 45 dias para votar a proposta. Se for também aprovada pelos senadores, o projeto vai para o presidente Lula, que se comprometeu em vetá-lo, como o governador Sergio Cabral revelou na última segunda-feira (aqui), durante visita ao município de Itacocara, e como o deputado federal Cândido Vacarezza (PT/SP), líder da bancada governista, adiantou ao votar contrário à aprovação da emenda.

Mas, no lugar do veto, que poderia ser derrubado quando a proposta voltar à Câmara, o presidente pode resolver a questão por meio de uma Medida Provisória (MP), como o Glogo Online adiantou na madrugada de hoje (aqui) e a jornalista e blogueira Suzy Monteiro jé repercutiu (aqui). Com ela, seria retomada a idéia inicial, do deputado henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), de dividir os royalties apenas do pré-sal, deixando o pós-sal apenas aos estados e municípios produtores, ponto principal do acordo firmado entre Lula e Cabral.

Bacellar e Matoso se unem à “oposição” contra a CPI dos Royalties

“Oposição” contra CPI dos Royalties: Rogério Matoso, Marcos Bacellar, Abdu Neme, Jorge Pé no Chão e Dante Lucas (fotos de Silésio Corrêa, Antonio Cruz, Rodrigo Silveira e divulgação)

 

Marcos Bacellar (PT do B) e Rogério Matoso (PPS) também furaram a CPI dos Royalties. Ambos se juntam a Abdu Neme (PSB), Dante Pinto Lucas (PDT) e Jorge Pé no Chão (PT do B), que já haviam ficado contra a iniciativa da vereadora petista Odisséia Carvalho, na reunião da oposição antes da sessão de terça, na Câmara. A nova reunião aconteceu hoje, iniciada pouco antes das 11h e concluída há cerca de uma hora, na sede do PT do B.

Bacellar, que na terça havia ficado do lado de Odisséia, voltou atrás, enquanto Matoso manifestou apenas hoje sua posição contrária à CPI, mesmo após ser recebido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, também na terça, em Brasília, para tratar da questão dos royalyies, além de ter acompanhado pessoalmente, no dia seguinte, a votação na Câmara Federal que aprovou a emenda pela partilha das indenizações pagas pela extração de petróleo. Eles, assim como os três colegas da bancada de “oposição”, alegaram que o momento não seria ideal, pois poderia ser usado em Brasília como argumento favorável à divisão dos royalties, uma vez que se lavantam suspeitas na maneira como eles foram empregados.

 Odisséia, por sua vez, acha que o momento é o ideal para apresentar a CPI, uma vez que toda a população está mobilizada como nunca pelos royalties, além de ter fortes dúvidas pelo real destino dado no município aos bilionários recursos, tanto nesta, quanto nas administrações passadas. Como o blog adiantou com exclusividade na última quarta (aqui), ela apresentará sozinha o requerimento pela abertura da CPI na sessão da próxima terça.

Mesmo sabendo caminhar para a derrota, a vereadora petista conquistará uma vitória política e ética sobre seus 16 colegas de Câmara. Estes, por sua vez, serão obrigados a arcar com o ônus de terem ficado não opostos a uma investigação, mas contra a clara e inequívoca vontade popular dos mais de 432 mil campistas que querem e têm o direito de saber onde e como foram aplicados os mais de R$ 6 bilhões que o petróleo lhe destinou.

Royalties: deputados aprovam divisão que Lula vai vetar

A Câmara Federal acabou de aprovar a emenda do deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB/RS) para a partilha dos royalties dos estados e municípios produtores de petróleo com todos os demais. Pelo placar de 369 a 72, além de duas abstenções, o presidente da Casa, deputado Michel Temer (PMDB/SP), declarou encerrada a votação, favorável à aprovação, quando ainda faltavam votar 72 deputados.

Agora, é confiar na palavra empenhada de Lula pelo veto presidencial, anunciada ontem (aqui) pelo governador Sergio Cabral (PMDB) e endossada hoje, durante a votação, pelo líder da bancada governista, deputado Cândido Vacarezza (PT/SP). Caso o veto seja derrubado, a questão, por constitucional, será resolvida no Supremo Tribunal Federal (STF), como o blog já havia adiantado desde a última segunda-feira (aqui).

Sinal divino???

Horizonte de Campos no final da tarde de hoje (foto de Antonio Cruz)
Horizonte de Campos no final da tarde de hoje (foto de Antonio Cruz)

 

Para os materialistas, a foto do horizonte de Campos, feita no final da tarde de hoje, pelo repórter-fotográfico Antonio Cruz, foi só o prenúnico da chuva que caiu pesada e rápida, ameaçando reedição no correr desta noite. Para quem, no entanto, crê em algo mais, os céus que se desenham sobre a planície goitacá, enquanto se discute no planalto central a emenda de partilha dos royalties, pode significar muitas outras coisas…

O jeito é esperar para ver com um olho no céu e outro na tela da TV Câmara…

Ironia: Supremo também quer saber como são gastos os royalties

Levados pelo governador Sergio cabral à reunião de hoje, com o ministro Gilmar Mendes, os prefeitos Riverton Mussi, Carla Machado, Rosinha Garotinho e Armando Carneiro, depois de dizer quanto perdem com a partilha dos royalties, agora terão que revelar onde e como gastam os recursos do petróleo (foto de Carlos Magno/Secom)
Levados pelo governador Sergio cabral à reunião de hoje, com o ministro Gilmar Mendes, os prefeitos Riverton Mussi, Carla Machado, Rosinha Garotinho e Armando Carneiro, depois de dizer quanto perdem com a partilha dos royalties, agora terão que revelar onde e como gastam os recursos do petróleo (foto de Carlos Magno/Secom)

 

Como, ao que tudo indica, será mesmo aprovada a emenda da partilha dos royalties que agora se discute na Câmara, o caminho seguinte dos municípios e estados produtores já começa a ser trilhado no Supremo Tribunal Federal (STF). Depois de receber ontem o vereador campista Rogério Matoso (PPS), em meio a uma comitiva de legisladores dos estados do Rio, Espírito Santo e São Paulo, o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, recebeu hoje uma comissão de prefeitos da região, comandada pelo governador Sergio Cabral.

Apesar de receber de Rosinha Garotinho (PMDB), Carla Machado (PMDB), Armando Carneiro (PSC) e Riverton Mussi (PMDB) um relatório com as perdas reais, respectivamente, de Campos, São João da Barra, Quissamã e Macaé, caso a divisão dos royalties seja mesmo aprovada, Gilmar Mendes cobrou dos prefeitos da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), um levantamento pormenorizado, com a descrição dos investimentos em projetos e obras.

Enquanto preparam o relatório mais detalhado, não deixa de ser irônico constatar que, na tentativa de manter os recursos do petróleo, os prefeitos da região vão finalmente revelar ao Supremo o que seus munícipes sempre cobraram, sem êxito, desde que a política dos roaylties foi implantada, em 1989, e reforçada, em 1997: saber onde e como é gasto o dinheiro.