Gustavo Matheus — Verde esperando 2016 madurar

De blogueiro, a jornalista, a radialista, a dirigente político, a trajetória de Gustavo Matheus foi rápida. Empossado na última segunda como presidente municipal do PV, ele, no entanto, diz não ter pressa em definir as opções para as eleições municipais de 2016, ressalvando que isso só deve começar a ser pensado após o resultado das urnas de outubro deste ano, que definirá presidente, governador, senador e deputados. Em relação à disputa ao Palácio Guanabara, ele ecoa o dirigente nacional verde Roberto Rocco, dizendo que seu partido espera a decisão do ex-deputado Fernando Gabeira. Mas caso este decida não vir e se manter na carreira jornalística, acha que Luiz Fernando Pezão seria o favorito para receber o apoio do PV fluminense, com Lindbergh Farias correndo por fora. Mesmo dizendo não querer antecipar 2016, Gustavo acha ser possível derrotar o grupo governista na sucessão de Rosinha, que não poderá ter um Garotinho da disputa. Para tanto, acha que o caminho é a união da oposição, ouvir a voz das ruas e se trabalhar em cima de pesquisas. Quanto aos ataques que vem sofrendo, acha-os normais, dado o estilo dos governistas ditado por Garotinho, um “daqueles que mentem pelo olhar”.

 

 

(Foto de Silésio Corrêa – Folha da Manhã)

 

Folha da Manhã — O que muda do Gustavo Matheus blogueiro e jornalista para o radialista e dirigente partidário? Preparado para passar de pedra a vidraça?

Gustavo Matheus — Muda bastante. Não posso, por exemplo, fazendo parte do cenário político partidário, apenas criticar. Agora estou sujeito a propor, antes de efetuar qualquer comentário. Quanto a me tornar vidraça, querendo ou não, até pela minha postura no blog, sempre fui. Um vereador da base do governo me disse, há um tempo, que nós blogueiros incomodávamos mais que a oposição propriamente dita e, por isso, acabávamos entrando na mira deles, rosáceos, mais vezes que os oposicionistas. Portanto, acredito que a transição será tranquila, apesar dos ataques. Quando batemos de frente com um grupo político como esse, com uma penca de assessores e subordinados com esta missão específica de defender o governo ou atacar opositores, podemos esperar de tudo. Mas estou acostumado. Até porque, me fazer de vítima não é algo pelo qual tenho apreço.

 

Folha — Em sua posse na presidência do diretório municipal do PV, prestigiada por políticos de outras legendas, você propôs uma união suprapartidária da oposição em Campos. Como passar do discurso à prática? O que isso pode gerar em 2016?

Gustavo — Veja bem, o que propus é bem mais que uma união entre partidos. Sugeri, junto dos meus colegas da oposição, a união entre pessoas, independente se estas tenham ou não bandeiras e quais elas são. Não precisamos nos ater apenas aos cidadãos partidarizados. Esqueçamos um pouco as siglas. Vamos ouvir a voz das ruas. Precisamos trazer a po-pulação para perto da gente, ouvir os seus anseios. Quanto a 2016, passaremos a discuti-lo após as eleições de 2014, iremos trabalhar para formarmos um grupo forte a médio e longo prazo.

 

Folha — Antes da última eleição municipal, de 2012, a oposição também ensaiou uma união, na Frente Democrática de Oposição, mas rachada ainda antes da campanha, pela Frente de Unidade Popular. Que erros foram cometidos devem ser agora evitados?

Gustavo — Então, como disse na resposta anterior, o ingrediente mais importante não estava presente. Não se pode discutir o futuro da cidade sem a presença daqueles que o escolherão. As pessoas precisam estar e fazer parte deste processo. Mas tenho certeza de que as pessoas envolvidas na Frente de Unidade Popular aprenderam com seus erros.

 

Folha — Se Makhoul Moussalem (PT) se eleger deputado federal em outubro, passa ser necessariamente o nome da oposição na disputa à Prefeitura em 2016? Novos quadros como os vereadores Marcão (PT) e Rafael Diniz (PPS) também estão nessa disputa?

Gustavo — Como já disse, 2016 só se discute após as eleições de 2014. Mas analisando conforme a hipótese que me ofereceu, acredito que Makhoul, em caso de grande votação, surja, sim, como um nome em potencial. Makhoul já foi testado eleitoralmente e, mesmo sem uma votação expressiva, ficou como a segunda potência da cidade naquela situação. Além disso, é um rosto conhecido pela maioria dos campistas. Dependendo do cenário, ele pode, sim, vir a ser um nome relevante. Mas, vale lembrar que a oposição terá que analisar estrategicamente quantos nomes servirão melhor ao propósito dessa eleição em particular. Marcão e Rafael vêm exercendo um belo mandato, digno de reconhecimento. Com certeza eles terão papeis importantíssimos nesta disputa. O vereador Marcão é pré-candidato a deputado estadual, e torço muito por ele. Sobre o Rafael não há muito que se dizer. Além de grande político, é um amigo particular valoroso. E, acredito, não podemos riscar o nome de Rogério Matoso. Trata-se de um nome com grande potencial, com entrada em camadas mais carentes, de difícil acesso aos demais nomes. Veremos, em conjunto, a situação de acordo com a dinâmica da conjuntura que tivermos no momento, pois política eleitoral se faz com pesquisa.

 

Folha — Podemos considerar certa sua candidatura a vereador na próxima eleição municipal, ou isso dependerá de acerto com seu tio, pré-candidato a deputado federal e ex-presidente da Câmara de Campos, Nelson Nahim (PSD)?

Gustavo — Não há nada definido e, além disso, há muito chão pela frente. Como disse anteriormente, política se faz com pesquisa. Preciso, claro, conversar com todos os amigos oposicionistas, além de Nelson Nahim (PSD), Rafael Diniz (PPS), Marcão (PT), Fred Machado (SDD), Rogério Matoso, entre outros, para definir qual o melhor caminho. É claro que, se Nahim achar que eu devo e me apoiar, já que ele não poderá disputar o pleito em 2016, o caminho se abre. Afinal, trata-se de um homem público de grande valor, tanto político quanto eleitoral. Inclusive, acredito em sua vitória na disputa por uma cadeira na Câmara Federal.

 

Folha — Há chance real de uma candidatura governista não manter a Prefeitura sob controle do seu outro tio, o deputado federal e pré-candidato a governador Anthony Garotinho (PR), em 2016? Inexistente em 2012, o segundo turno já seria uma vitória da oposição?

Gustavo – Sim, com certeza. Há chance de vitória da oposição, sim. A população já não aguenta mais essa política imposta pelo atual grupo. Lembrando também que será um momento único, já que nenhum “Garotinho” poderá participar do pleito. Para mim, segundo turno não é vitória em lugar nenhum. Não adianta nada um time de futebol virar o primeiro tempo ganhando e no segundo tomar a virada. Tem que entrar para ganhar, que seja no primeiro ou segundo. Chega de oposição que pensa pequeno.

 

Folha — No discurso da sua posse no PV, você admitiu que Garotinho e seu grupo reconquistaram e mantém o poder em Campos com competência. O que a oposição precisa aprender com eles e no que deve se diferenciar? Como e por quê?

Gustavo — Sim, mas vale ressaltar que a “competência” é atribuída ao volume de trabalho, a entrega e determinação, e não a qualidade do mesmo. A oposição deve trabalhar com mais afinco ainda, só que sem burlar a essência que nos guia. A ideologia e o desejo de fazer o bem sem olhar a quem, devem permanecer intactas. Não podemos seguir o mesmo caminho do Garotinho e da Rosinha e tratar a política como um jogo de xadrez. Sem contar que este xadrez é diferente dos demais. Neste jogo, o Garotinho é o rei, que escorrega para tudo quanto é lado, com a única função de sobreviver para manter sua coroa. E todas as outras peças, o povo, são peões, que vivem com movimentos limitados, sempre a se sacrificar em nome do rei. Tudo isso, todo esse sacrifício, apenas para que o jogo não termine. Política é justamente o oposto da subversão apresentada pelos rosáceos. Porque a verdadeira política é doar, se sacrificar pelo povo, e não utilizá-los como escada para depois descartá-los.

 

Folha — Na eleição majoritária de outubro, como caminhará seu PV? Luiz Fernando Pezão (PMDB), Lindbergh Farias (PT) ou candidatura própria, com Fernando Gabeira, como aventou o Roberto Rocco, dirigente nacional verde, presente na sua posse?

Gustavo — Como disse o Rocco, aguardamos um posicionamento do nosso Gabeira, pule de 10 entre os verdes. Caso ele não dispute a eleição, o partido deve, sim, apoiar um destes candidatos. A meu ver, o Lindbergh corre por fora. Pezão deve ser o favorito. Aguardemos.

 

Folha — Após ter anunciado seu programa de rádio, você passou a sofrer ataques, dando conta de que teria passado à oposição de Garotinho por ter sido desligado do governo Rosinha. O que tem a dizer sobre isso?

Gustavo — Normal. Sinceramente, os ataques são, nada mais e nada menos que, um atestado de minha competência. Sei que vinha, e venho, os incomodando. Como todos sabem, não há muito que se dizer sobre mim. Não participei de grupo político corrupto. Nunca me envolvi em nenhum escândalo. Não tenho e nem nunca tive nenhuma assessoria de político algum. Então, fica difícil descredibilizar o que digo. Mas eles são assim mesmo, quando não tem o que dizer, inventam. A verdade nunca foi um limite para o que o Garotinho diz. Ele é daqueles que mentem pelo olhar, sem sequer soltar uma palavrinha.

 

Folha — Inegável que sua evidência, como blogueiro e jornalista, nasceu da sua veemência, característica que comunga com Garotinho. Agora que entrou no jogo, está preparado para, além de criticar, também propor? O quê?

Gustavo — Espero que sim. Pelo menos estou me preparando para isso. Então, a primeira proposta é a criação de um grupo oposicionista de debates, já antes mencionado. Mas, adentrando o campo das ideias e projetos, vou buscar, junto do meu companheiro Rogério Matoso (PPS), tentar entender o porquê do “engavetamento” do projeto de lei do IPTU Verde, que visa conceder descontos nos impostos para o cidadão que tenha uma ou mais árvores em sua residência. Outro situação que iremos cobrar da Prefeitura é a implementação do projeto das placas, da deputada estadual Aspásia Camargo (PV), aprovada na Alerj e sancionada pelo governador Sérgio Cabral, que consiste na colocação de placas informativas que dizem à população se naquela determinada praia a água e areia são impróprias, seja para banho ou contato com a pele. Sempre a cada 1km. Lembrando que todo litoral do Estado já conta com estas placas, enquanto Campos e São João da Barra continuam sem.

 

Publicado na edição impressa da Folha de 16/02/14.

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Este post tem 6 comentários

  1. Junior

    Gustavo, pra mim vc e Cain(nahim) nao passam de nada alem de parentes do GAROTINHO nunca conseguiram nada sem o apoio dele, lembro bem que na eleicao de 2008 nahim estava pra perder a eleicao e pediu a ajuda de wladimir pra conseguir a vitoria. O mesmo com muito pesar o ajudou como consequencia acabou tirando a eleicao do dr. Edson Batista. Ja nesta ultima eleicao Nahim tomou uma surra nas urnas, foi o primeiro presidente da camara a perder uma eleicao que vergonha !

  2. Luis Fernando

    Torço muito por esse jovem. Espero que ele continue assim por muito tempo. Viva o futuro.

  3. Léo

    Parabéns ao jornalista e ao entrevistado, grande Ping pom. Gustavo matheus e um alívio em tempos como este. Campos ganha muito com nomes como o dele de Rafael Diniz, Marcao, Rogério. Opções não faltarão. Rafael, Rogério e Gustavo matheus forma um trio fera.

  4. sergio

    campos ganha muito com essa novidade. esse rapaz já provou que tem o que é preciso para se destacar com ideias e argumentos, é capaz. precisamos ver agora se ele tem estomago para viver esse campo politico e se na pratica ira desenvolver o mesmo trabalho. seu nome me agrada. espero nao me desapontar. abçs

  5. Larissa Dayane

    Adoro Gustavo! Ele é muito bom. Campos pode e deve esperar muito dele. Ele poderia estar numa situação bem confortável agora, mas preferiu combater o que não combina com seus princípios. É preciso muita coragem e inteligência para fazer o ele vem fazendo. Além de tudo, é um gatinho! kkk

  6. Luciana Diniz

    Nele acredito, de coração. To com você Gustavo!

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