Artigo do domingo — Muito a fazer pela Saúde de Campos, não por um grupo político

Saúde doente

 

 

Jornalista Rodrigo Gonçalves
Jornalista Rodrigo Gonçalves

Saúde doente

Por Rodrigo Gonçalves

 

Há quase três meses, utilizei este mesmo espaço de domingo para falar sobre uma sucessão de acontecimentos que deixavam expostas as feridas da Saúde de Campos. Na ocasião, já alertava que os defensores do governo até diriam que são situações pontuais, mas, ao que tudo indica, incuráveis, e que precisam ser revistas, principalmente neste momento de crise. Na última semana, conforme foi mostrado pela Folha em reportagem (aqui) feita pelo jornalista Alexandre Bastos, a Saúde de Campos foi examinada durante audiência pública na Câmara de Campos e recebeu dois diagnósticos. Se os gestores e vereadores ligados ao governo apontam progressos, sem a necessidade de grandes intervenções, a oposição afirma que “a Saúde está na UTI”.

Independente de opiniões, nos fatos, a Saúde tem se mostrado doente, tendo em vista não só os acontecimentos que antecederam a audiência na Câmara, mas também os que vieram depois, inclusive virando caso de polícia após registro de ocorrência feito por um deficiente visual que não conseguiu uma consulta específica de emergência nas três principais unidades de Saúde da rede municipal, na última sexta-feira. Neste mesmo dia, pacientes também denunciaram o caos em busca de atendimento no PU de Guarus, onde, na parte da tarde, só haveria um clínico geral para todas as consultas e faltavam remédios na farmácia. Ainda anteontem, o Sindicato dos Médicos de Campos (Simec) divulgou um comunicado em que veio “a público denunciar o colapso do sistema de Saúde do município”. Segundo a nota, “devido ao atraso nos repasses hospitalares, médicos da rede conveniada à Prefeitura estão com o pagamento atrasado há cinco meses. Nesta semana, parte dos profissionais recebeu os salários referentes à produção de novembro do ano passado. Em outras unidades, o pagamento é referente ao mês de dezembro. Como suporte a esta estrutura, a cidade possui uma rede conveniada com Sistema Único de Saúde (SUS) de quatro hospitais gerais que integram o sistema de atendimento à população, não só de Campos, mas de toda a região. A parcela de cidadãos que depende do sistema público para o tratamento de alguma patologia não é pequena: cerca de 85%”.

O sindicato denunciou, ainda, a “rede básica ineficaz, postos 24 horas sem as estruturas físicas e técnica para dar cabo às demandas da população. Muitos pacientes não fazem, sequer, os exames mínimos de urgência: ECG, RX e exames laboratoriais. Com isso, a maioria dos casos é encaminhada ao Hospital Ferreira Machado e Hospital Geral de Guarus, criando a sobrecarga ao atendimento nestes hospitais, além de descaracterizar os casos que deveriam ser realmente atendidos nestas unidades hospitalares”.

A sobrecarga nestas unidades e outras da rede municipal também já foi constatada recentemente, inclusive em vistorias do Ministério Público Federal (MPF), que ficou de tentar, junto à Prefeitura, um acordo para sanar vários problemas encontrados.

Infelizmente, seja qual for o Governo, a Saúde é um calcanhar de Aquiles. No artigo que escrevi há quase três meses, ressaltava o quanto foi importante o vice-prefeito Chicão assumir a secretaria municipal de Saúde em um momento em que o setor também sofria desgaste, credenciado, principalmente, pelo excelente médico que é. Como disse anteriormente, é verdade, também, que muitos problemas foram amenizados e que avanços são notórios, como a volta do antigo Programa Saúde da Família (PSF), agora Estratégia Saúde da Família (ESF). No entanto, hoje, o desgaste, mais uma vez, fala mais alto. Naquele, mesmo artigo eu já citava Chicão como um dos nomes mais cogitados para suceder Rosinha, mas ressaltava, também, que, com os cortes na Saúde que inviabilizam qualquer gestão, já dava para duvidar se ele é realmente a vontade do seu “grupo” político. O que já se sabe é que o atual secretário e vice-prefeito nunca foi unanimidade quando está em jogo a sucessão em 2016 e que o desgaste hoje enfrentado por ele pode fazer a diferença, principalmente na decisão final do “grupo”. Mas, ainda há tempo para se fazer muito pela Saúde de Campos, não por interesses políticos de um “grupo” que quer se manter, a qualquer custo, no poder, mas sim porque a população precisa, merece e exige.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã

 

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Este post tem 2 comentários

  1. Rogerio

    Sinceramente não sei o pq que a saúde de Campos está nesse total descontrole!

  2. carlinhos j.carioca

    Uma das “justificativas” apontada por esse governo é de que houve uma demanda muito grande em razão dos atendimentos a outros Municipios.Esse jovem jornalista da InterTV que perdeu a vida recentemente,ficou 30 dias em Itaperuna,eu já levei minha esposa neste mesmo Hospital(S.J. do Avai),devido a falta de recursos,que faltava por aqui.De formas,que o problema de Campos é realmente MÁ GESTÃO ALIADA A FALTA DE PLANEJAMENTO.Porque em governos passados se marcava consultas(HGG e cadiologista por exemplo) TODAS AS QUINTAS FEIRAS,E HOJE SE MARCA “MENSALMENTE”?Se o problema são os Municipios vizinhos,porque não se reunem e façam algo de útil pelo povo que REALMENTE NECESSITAM?Mas um governo mediocre que não tem a capacidade e vontade de pelo menOS REGULARIZAR O SISTEMA DE MARCAÇÃO DE CONSULTAS…imagina o resto.Acho que a população deveria é tomar vergonha e banir esse GRUPO da politica de Campos,porque ficar trocando nomes que fazem parte,em nada adiantará,porque todos sabem quem é que manda realmente em nossa cidade.Ainda me resta uma esperança para 2016,quem sabe?

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