Para tentar entender a crise nacional

A gravidade da situação do país pode ser não só explicada, mas até atenuada por aqueles que se esforçam para tentar entendê-la junto aos seus leitores. Neste sentido, alguns textos de opinião publicados hoje, em mídia nacional e local, foram soberbos. Abaixo, este “Opiniões” toma a liberdade de reproduzir dois:

 

Jornalista José Casado
Jornalista José Casado

Em maio, dupla chance de solvência da crise

Por José Casado

 

Desde 1988 todas as crises no Brasil foram resolvidas dentro da Constituição. Vai continuar assim, sabem juízes e políticos. Pelos ritos constitucionais, começa em abril o desfecho do jogo de poder em que Dilma Rousseff e Lula se meteram.

A presidente tem até 1º de abril para apresentar defesa no impeachment na Câmara. O processo vai ao plenário a partir do dia 20. Garantindo 171 aliados em votação aberta no plenário, Dilma resolve seu problema (o de Lula é com a Justiça, que ele julga “acovardada”). Se perder, passa à decisão do Senado.

Assim, maio começaria com a legitimidade de Dilma testada simultaneamente em duas instâncias — no Senado e na Justiça Eleitoral, onde avança o processo sobre suposta fraude na campanha de 2014, com dinheiro de empresas beneficiárias da corrupção na Petrobras.

No Congresso, o futuro de Dilma depende do PMDB de Eduardo Cunha, Renan Calheiros, José Sarney e Michel Temer, o vice que conspira em duas frentes: impeachment já, na parceria com a oposição, ou eleição indireta a partir de janeiro de 2018.

No TSE, Dilma e Temer estão abraçados. Sua sorte depende da desmontagem de provas colhidas nos inquéritos sobre corrupção. A relatora, juíza Maria Thereza Moura, deu celeridade ao processo para que possa ser julgado a partir de maio. Caso a presidente e o vice sejam cassados, novas eleições podem coincidir com as municipais, em outubro.

Sob a névoa desse fim de verão de fortes emoções políticas, maio se insinua como mês de possibilidades para solvência da crise, na rota constitucional. Até lá o horizonte deve ficar ainda muito mais turvo, antes de desanuviar.

 

 

Historiador Arthur Soffiati
Historiador Arthur Soffiati

O bote da jararaca

Por Arthur Soffiati

 

Confuso com as crise do Brasil, procurei um velho amigo que ajudou Lula a fundar o PT. Nossa conversa foi longa, mas saí dela mais tranquilo por concordar com ele em grande parte. Ele não rompeu com Lula. Apenas se afastou dele. Ambos seguiram caminhos diferentes. Hoje, ele não está filiado a nenhum partido. Suas opiniões estão sendo publicadas com seu consentimento.

“Lula e eu tínhamos os mesmos ideais, mas temperamentos diferentes. Ele era combativo, mas sabia negociar com os patrões. Ele acreditava numa política socializante sem romper com o capitalismo. Era pragmático. Eu mais teórico. Disse-lhe muitas vezes que Trotski achava inviável um país socialista num mundo capitalista. Stalin desejava consolidar o socialismo num só país. A União Soviética acabou engolida pelo contexto mundial capitalista.”

“Era esse seu projeto na fundação do PT e nas suas campanhas para a presidência da República. Creio que o governo dele só foi possível com a “Carta aos Brasileiros”, assegurando que não era tão perigoso quanto alardeavam. Quando ele ganhou, um amigo me disse que precisávamos de uma corda grossa para segurá-lo do nosso lado. Caso contrário, ele seria puxado pelos empresários.”

“A elite brasileira se divide em econômica, que só pensa em dinheiro, e a ideológica, que não gosta do povo, mesmo que ele tenha enriquecido. Lula apostou na elite econômica. Nos seus governos e nos de Dilma, os bancos enriqueceram e as grandes empreiteiras se agigantaram. Percebi claramente uma política de leniência com as elites econômicas, política esta anterior ao PT. Lula deu continuidade a ela. Não digo que os programas “Minha Casa, Minha Vida”, “Bolsa Família e PAC”, por exemplo, tenham sido criados para atender às empresas. Eles tiveram a intenção legítima de elevar o padrão de vida da população pobre. As empresas adoraram esses programas porque uma classe média emergente passou a ter poder aquisitivo e a consumir. Não houve educação adequada para o uso da renda.”

“Até aí, tudo bem. Sem combate à corrupção dentro do capitalismo, passa a ser inevitável o controle das empresas e dos bancos. O populismo do PT não freou a gula das empreiteiras. Pelo contrário, alimentou-a. Ao mesmo tempo, para agradar os manifestantes de 2013, que sabiam o que não queriam, Executivo e Legislativo Nacionais promoveram um arremedo de reforma política. Embora parcial, essa semirreforma permitiu que o Ministério Público e o Poder Judiciário ganhassem força. Mesmo com os protestos de 2013, a população elegeu um Congresso hoje desmoralizado. Que moral tem Eduardo Cunha para conduzir um processo de impeachment? As alianças que o PT fez para garantir sua governabilidade representam sua grande ameaça. O PT, hoje, dorme com o inimigo. Aliás, o PT é inimigo do PT. O próprio Lula reconheceu que Dilma ganhou com um discurso bem diferente da prática que ela tem agora. Houve maquiagem da marola, que arrebentou como vagalhão agora.”

“E não é só. Do PT, tem vindo a delação de Delcídio do Amaral. Do PMDB, vieram Temer e Cunha. Quem tem aliados assim não precisa de oposição, que só colhe as sujeiras que vazam para usá-las como chicote. As grandes empreiteiras formaram um cartel para roubar a Petrobras. Mesmo que Lula e Dilma não tenham qualquer envolvimento com elas, foi no governo de ambos que elas cresceram. Viu-se, então, a judicialização da política. Até mesmo o Executivo e o Legislativo recorrem ao Judiciário para dirimir suas dúvidas.”

“Novos escândalos vieram à tona, levando a sucessivas manifestações. A do dia 13 foi monstruosa. Sei bem que novamente a classe média é sua promotora. Mas é preciso reconhecer que o Brasil tem classes sociais, e a classe média tem peso. Sei que suas reivindicações são simplistas e até perigosas, como o apelo a um novo golpe militar. São pessoas despolitizadas. Mas as manifestações, como um todo, são um solavanco no governo. É preciso lidar com elas de frente. Não adianta recorrer a escapismos, como fazem os despolitizados nas redes sociais. Inclusive, fico assustado com os intelectuais de ambos os lados, que, irresponsavelmente, só colocam lenha na fogueira. Nessa altura dos acontecimentos, fica difícil uma solução. Se Dilma sair, quem entra no lugar dela e resolve a crise econômica num passe de mágica? De fato, enfrentamos uma crise política alimentada pela crise econômica que o PT negou existir.”

“Por isso, não fui às manifestações do dia 13. Não quis acirrar ainda mais os ânimos já exaltados. Espero que não marchemos para um golpe político, mas lamento que Lula volte ao governo na situação delicada e que está. Seria melhor que ele se calasse. Ele foi e continua sendo um boquirroto. Ele nunca teve autocrítica. E Dilma, cheia de problemas, convida-o para um ministério. Sua missão é aquietar as formigas, mas, seus telefonemas só assanham essa formigas. Enfim, os petistas estão metendo os pés pelas mãos. Pelas conversas gravadas e divulgadas (não entro no mérito da legalidade da difusão), nota-se o esforço para arranjos nada éticos, que repudiávamos quando fundamos o PT. Não sei se Lula, como um superministro será a solução, pois as manifestações demonstraram sua insatisfação com ele. O governo não governa mais. Apenas manobra para ficar no poder.”

 

fb-share-icon0
Tweet 20
Pin Share20

Este post tem 12 comentários

  1. Jorge

    Concordo com boa parte das análises do amigo do Soffiati.

    Contudo, Discordo:

    1) Que a elite que ele chama de “ideológica” detesta pobre. Isto é um mito embora ele não tenha definido quem é esta tal elite. Se refere-se aos conservadores é preciso registrar que conservador não é aquele que detesta pobre. Conservador é aquele que acha que o pobre só deixa de ser pobre trabalhando! Em uma sociedade de oportunidades.
    2) Está implícito que ele acha ser o impeachment uma causa do Eduardo Cunha. Não. O impeachment é um processo político e judicial que é desejo de 68% dos brasileiros e deve ser conduzido dentro da Lei e das regras. Não é uma disputa Cunha X Dilma como muitas vezes o PT coloca. Cunha já deveria ter sido afastado e ponto. É um imoral.
    Embora o amigo do professor Soffiati não tenha dito, sei que pensou na palavra golpe. Pois impeachment não é golpe. Com seu o rito estabelecido pelo STF, somos obrigados a concordar que golpe não é. Ou o Supremo regulamenta golpes?
    3) A tese de que as grandes empreiteiras se uniram para roubar a Petrobrás só interessa aos políticos do pixuleco. Ora, se a empresa faz o projeto, define os custos, estabelece os preços a pagar, impõe os prazos, condições de desembolso e detém o poder fiscalizatório COMO é que ela pode pagar um preço superfaturado? Só se o agente público quiser e, convenham, eles QUEREM!!! Não há anjos nesta história, mas demonizar somente os empresários é próprio da venda ideológica ou quando não é, trata-se da defesa da própria pele. Sendo como o fundador do PT diz, parece que empresários maus foram lá e forçaram os diretores da Petrobrás a levar propina… Tá bom…
    4) Manifestação no mundo inteiro é feita pelas classes médias. Pobre só vai a manifestação se for pago, como aconteceu no último dia 18. No domingo 13, quem foi, pagou do próprio bolso o transporte, não foi ver show, não recebeu sanduíche de mortadela nem 30 reais e SABIA muito bem porque lá estava, embora neste particular havia vários matizes.
    5) Quem defende golpe, seja ele qual for, é um criminoso. Os movimentos Vem pra Rua e Brasil Livre repudiam os defensores do golpe militar. Este percentual de tontos felizmente é pequeno e só serve aos petistas como argumento. Não passarão.

    Muito bem.

    1. Santos

      Seu problema Jorge é pensar que não existe a velocidade de informação nos dias de hoje, inclusive com acesso do povão que vc desqualifica. Vc qualifica um evento como pessoas esclarecidas que foram protestar contra Dilma no dia 13 e desqualifica o outro evento.

      “Manifestação no mundo inteiro é feita pelas classes médias. Pobre só vai a manifestação se for pago, como aconteceu no último dia 18. No domingo 13, quem foi, pagou do próprio bolso o transporte, não foi ver show, não recebeu sanduíche de mortadela nem 30 reais e SABIA muito bem porque lá estava, embora neste particular havia vários matizes.”

      Apesar de seu belo discurso todos estão informados que as catracas do metro estavam liberadas e não pense vc que todos não sabem do patrocínio do evento, ou alguém acha que alguma coisa é de graça? Se engana vc em achar que os que defendem as urnas das ultima eleição é somente o povão, e se engana mais ainda nestes tempos onde os filhos de pobres estão inseridos no ensino superior que esta população que foi as ruas no dia 18 foi apenas atras de show, mas tinha pleno conhecimento do que estavam fazendo lá. Com relação aos shows Jorge, sera por que a maioria dos artistas e alguns estavam em vários eventos deste dia sem cobrar cache e os intelectuais do Brasil defendem tanto os resultados das eleições de 2014?

      1. Jorge

        Santos:

        Não desqualifico o povão. Quem o faz é o PT. É o PT da Marilena Chauí que disse, na presença de um risonho Lula, que odeia a classe média. Ora, logo a Madame Min da filosofia, petista de primeira hora! Então, o partido que se orgulha de ter elevado “uma Argentina” de pobres à classe média, vem através desta professora da USP, dizer que os odeia. Porque então transformar um pobre em classe média? É para melhor odiá-los, como perguntou Fernando Gabeira? Se o objetivo maior deste grupo político é ascender pobre social e economicamente, porque odiá-los depois que eles ascendem?
        Sei não, Santos, eu estou do lado do povão. Isso mesmo. Aqueles 68% que querem a troca deste governo que não governa. Um governo que preferiu se aliar aos bancos e aos grandes empreiteiros. E o fez porque esta é a lógica dos dirigentes do PT. Não de gente como o amigo do Soffiati.
        Quero que este governo renuncie ou seja impichado não porque eu acho que substituir Dilma resolve os problemas do Brasil. Mas sem substituir Dilma, os problemas do Brasil não começam a se resolver… É um passo necessário.
        Quanto ao metrô, naturalmente você deve estar pensando em São Paulo. Entendo. Mas eu me referi ao Brasil todo. Ou tinha metrô em Campos? Em Belém? Em Goiânia?
        Só para comparar, aqui na planície Goytacá, cotejando dia 13 com dia 18, em números da PM, são 1500 contra 60. Em todos os lugares a militância paga perdeu… Por qualquer ângulo que se olhe, perderam, embora não acho que seja um caso de comparação numérica simplesmente.
        É claro, Santos, que nem todos foram à soldo se manifestar no dia 18, assim como no dia 13 teve cretinos defendendo intervenção militar.
        O Brasil é complexo, não dá para achar que trata-se de uma questão de “velocidade de informação”.
        Agradeço o tom amistoso e te devolvo na mesma medida. Não escrevo com raiva. O ódio é a característica das seitas, muito mais próximo do PT, e eu gosto de quem me confronta as ideias. Mesmo quando o interlocutor acredita no mito de quem combate esta esquerda chinfrim o faz porque detesta ver pobre no aeroporto. Isto é de uma desonestidade atroz. Ou por outra, é o que resta de argumento (falso) para quem não os tem.
        Mas vamos retomar a questão dos intelectuais e artistas: porque professores (públicos, mormente) defendem com unhas e dentes a metafísica petista? Porque jovens aderem à esta categoria de pensamento senão por estimulo dos professores que constroem suas vidas intelectuais e institucionais. Essa adesão aos professores de esquerda significa poder para eles nos departamentos, órgãos colegiados e instituições de financiamento. Ou seja: Dinheiro e poder no espaço institucional acadêmico. O mesmo se aplica a muitos artistas que participam de editais de cultura. Artistas que vivem do governo.
        Você está certo Santos. Nada é de graça.
        Mas nada é tão simples e nem tudo é uma coisa só. Há muitas nuances e elas vão aparecer e nos estapear na face.
        Saudações.

        1. Santos

          Vc usou quase uma pagina para me convencer de seus argumentos,talvez esteja convencendo a si mesmo. Se vc olhar seu primeiro comentário e olhar este segundo tão longo, vc próprio vai achar varias contradições em si mesmo, veja como seu tom mudou, apenas um exemplo não destilo ódio mas dia 18 só foi pobre…….. O palavreado simples e a coisa simples é que aproxima o PT do povão. Quanto aos intelectuais citei apenas como retorica pois compreendi ao longo da vida que todos somos iguais mesmo quando alguns nariz empinados se acham diferente ao ponto de não aceitar opiniões diversa da sua. Ruim ou bom, ainda fico com a Carta Magna, não é manifestação que depõe governante, mas as urnas ou condenação no congresso ou STF.

          1. Jorge

            Tentar convencer alguém já é uma violência como disse Saramago. Nós podemos não concordar, e é bom que assim seja. Mas concordamos que ela sairá pela Constituição. Isso também é bom. Sairá dentro das regras democráticas. Mas isto não me impede de torcer…. Fora Dilma! Fora PT!

        2. Santos

          Eu não preciso usar Saramago para corroborar minha opinião, pois não é de ninguém, certo ou errada é minha. Continuo com a simplicidade que a vida nos ensina, pelo menos para alguns, o futuro é o futuro e eu não sou futurólogo para prever nada e que se cumpra as leis, ponto final.

  2. Savio

    Um texto muito lúcido e enxuto, devidamente “arrematado” pelo Mestre Soffiati. Estamos mesmo numa “sinuca de bico”, pois as soluções do “mostruário” não são animadoras!

    Ninguém vai aceitar o Eduardo Cunha, caso ocorra o impeachment da Dilma! Na minha opinião, o Temer vai ‘puxar o carro’, isto é, vai retirar o apoio ao governo! O país vive uma crise moral enorme! O brasileiro medianamente informado, não quer a Dilma, o Lula, o Eduardo Cunha, o Renan Calheiros, o Aécio, a Marina, tá difícil a coisa!

    O Bolsonaro? Sem chance! É apoiado por pessoas despreparadas, algumas delas incentivadas por determinados “religiosos”. O mais angustiante nesta história toda, é que o túnel é maior do que pensávamos, e seja de um lado, seja do outro, não avistamos nenhuma luz!

  3. Jaci Capistrano

    O exemplo vem de cima.

    Para reconstruir o país só tem um jeito elegermos Bolsonaro 20 Presidente!

    1. Aluysio

      Caro Jaci,

      Faço minhas as palavras do Savio: “Bolsonaro? Sem chance!”

      Grato pela chance do eco!

      Aluysio

  4. Júlio Crespo

    Caro “Jorge” do primeiro comentário: sou de Campos e estava em São Paulo no domingo dia 13 de março. As catracas do metrô não estavam liberadas como disse o comentarista “Santos”. Eu e todos que estavam em São Paulo no dia 13 de março usando o metrô, pagamos os nossos bilhetes normalmente. E eu como muitos que estavam lá na Avenida Paulista, ainda se deslocaram de outras cidades do país para São Paulo. Eu fui para São Paulo e voltei de ônibus pela Viação Kaissara (Itapemirim) com dinheiro do meu próprio bolso.

    E quanto as opções para próximo presidente em 2018 (ou 2016???), entre Marina, Aécio, Bolsonaro, Caiado e Ciro: fico com Caiado ou Bolsonaro. O Brasil está farto das seitas esquerdistas com o seu monopólio do bem e da bondade, que prometem o céu e entregam o inferno.

    1. Santos

      Ai fica a duvida sobre as catracas, acredito em vc ou no UOL ou G1? como não sou vidente vou acreditar em vc que esta mais próximo. E viva a liberdade de expressão.

  5. MARCOS MOREIRA

    a analise do amigo é solida,porem a de se observar que o projeto de implantação do PT,era uníco e exclusivo implantar o arcaico sistema comunista,no passado a visão até poderia ser sustentável,mais hj,o erro cometido é a persistência,o que se observa não é só ‘fora PT’ que as ruas grita,mais uma briga incessante da população contra os mandatários,aqueles que prometeram a melhor administração dos objetivos publicos em todas as aréas,o povo não esta apenas dizendo fora lula, fora dilma,fora PT,esta querendo teus cargos de volta.’TALVEZ O ERRO TENHA SIDO O RECONHECIMENTO DE ALGO ESTAVA ERRADO,E SE COMETEU O ERRO DE QUERER CONSERTA COM OUTRO ERRO,SEM PERGUNTAR ,E FAZER PROPOSTA,SE QUERIAM’.

Deixe um comentário