Ricardo André Vasconcelos — Rafael Diniz e o perigo do “tanto faz”

 

Rafael Diniz: com a casa arrumada, duros cortes feitos nos programas sociais e melhor arrecadação, é hora de mostrar se tem projeto político ou de poder

 

 

As previsões dos derrotados de 2016 redundariam em mero despeito de mau perdedor se o atual governo municipal conseguisse encerrar seu primeiro período do quadriênio com as treze folhas do funcionalismo 100 por cento quitadas. Bateu na trave. O candidato à pitonisa da Lapa alardeava que a bancarrota não passava de maio; adiou o fim do mundo para julho e depois outubro. Dezembro chegou e, a despeito das críticas que se pode e deve fazer ao governo do prefeito Rafael Diniz, com os servidores ativos e inativos com os salários em dia, mas apenas com parte do abono de Natal. Nada mal para uma equipe nova, que herdou uma administração quase falida, pouco mais da metade do orçamento executado no ano anterior e uma dívida assustadora que ameaçava devorar, mensalmente, até 30% dos minguantes royalties pelos próximos anos.

Criado em 1962 pela lei 4.090, de autoria do então senador trabalhista Aarão Steinbruch e sancionada pelo presidente João Goulart, o décimo terceiro salário é um incremento na economia de final de ano e adquiriu caráter de “boia de salvação” para milhões de trabalhadores que têm, no salário extra, a chance de saldar compromissos acumulados durante o ano ou financiar algum regalo para si e suas famílias. Se para o trabalhador é um direito adquirido, para o empregador é um indicador de como vão finanças. Que o digam os servidores de alguns estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, entre outros, e agora, os de Campos dos Goytacazes, que ficaram a ver navios.

A grande vitória da gestão Rafael Diniz foi conseguir, na Justiça, limitar em 10% o pagamento dos empréstimos contraídos pela dupla Rosinha & Garotinho com a antecipação dos royalties. Aliás, essa limitação consta não só no projeto de lei em que a Câmara Municipal aprovou o empréstimo, como a base de Resolução do Senado que alicerçou juridicamente a transação financeira com a Caixa Econômica Federal. Com a decisão, ainda liminar, da Justiça, o município desembolsou cerca de R$ 50 milhões para abater a venda do futuro em vez dos cerca de R$ 200 milhões se prevalecessem as condições assinadas pelo governo passado.

Com a dívida resultante da venda do futuro, razoavelmente equacionada, duros cortes de despesas em programas sociais, redução de salários de cargos comissionados, entre outras medidas saneadoras, o governo chega ao seu segundo ano com melhores perspectivas, a começar com previsão de arrecadação de R$ 2 bilhões nos próximos doze meses. Daí que a constatação matemática é inevitável: com os cortes nas despesas e contenção quase total nos investimentos, o governo Diniz terá em 2018, proporcionalmente, quase o mesmo cenário do último ano de Rosinha & Garotinho e consequentemente será preciso reciclar os argumentos para justificar a falta de ações efetivas, especialmente nas áreas mais sensíveis como Saúde, Educação e Transportes.

Além disso, o quadro ganha contornos positivos ou negativos — depende de onde se olha — quando se constata que há muitos anos (ou décadas), não tínhamos uma administração municipal tão afinada com o poder central, seja com a Presidência da República ou Câmara dos Deputados. Portanto, esse segundo tempo do quadriênio Diniz que começou dejahojinha, como dizemos na Baixada Campista, será mais intenso de cobranças do que visto no ano passado. E, como ano eleitoral e diante do anúncio que o “grupo político” do prefeito sonha eleger um deputado federal e dois estaduais, há expectativa é que a energia e recursos acumulados no difícil 2017 apareçam como realizações em 2018.

O risco é que tudo redunde num projeto de poder que simplesmente substitua o que foi derrotado, o que deve levar o eleitor/cidadão a apertar o botão do “tanto faz”. Afinal, se é para manter o mesmo esquema de compartilhar o poder entre um grupo que vai elegendo amigos e retroalimentando as mesmas lideranças a cada eleição sob o argumento de que há um projeto político, quando na verdade o projeto é de poder, realmente tanto faz.

 

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Este post tem 10 comentários

  1. cesar peixoto

    É lamentável a situação das pessoas que necessitam de remédio da UBS de TRAVESSÃO, a mais de um mês que eles suspenderam a distribuição dos medicamentos, e agora querer justificar que não foi possível restabelecer todo o estoque, até quando essas pessoas vão continuar nessa angustia.Outra mentira ele recebeu o hospital faltando pouca coisa para concluisão das obras, e agora querer da um de salvador da Pátria,

  2. felipe

    Gosto de ler a folha da manha (trecho excluído pela moderação)
    O fato é que a cidade não mudou, na verdade piorou e nao adianta ficar falando do orçamento pois o candidato rafael sabia das disso pois era vereador e ate agora governou da mesma forma de rosinha. Nomeando amigos e apoiadores da campanha, (trecho excluído pela moderação), enfim nao vimos a mudança prometida. (Trecho excluído pela moderação)

  3. cesar peixoto

    Já passou da hora prefeito de jogar a toalha ou pedir ajuda aos universitários,como está ninguém aguenta mais

  4. cesar peixoto

    O MP tem que investigar para onde foi o dinheiro que a prefeitura recebeu e arrecadou o ano todo, e nem uma obra foi feita no seu governo de fachada,sem falar que suspendeu todos os beneficios sociais da gestão anterior

  5. Genildo

    Aluisio, gosto da maneira como você sempre responde a comentários até mesmo não agradáveis talvez ao seu ponto de vista, agradeço porque em momento nenhum você me avalia como alguém comprometido com A ou B, o que realmente não sou, apenas tive talvez a oportunidade de ser criado dentro de valores que me levaram a amar minha pátria e ser um cidadão responsável com oportunidade de estudar e conhecer um pouco da história do Brasil, do nosso Estado e principalmente da minha cidade, não coaduno com a injustiça mesmo que o injustiçado deva a sociedade, não podemos nos colocar acima da lei ainda que no Brasil ela seja uma fraude, não posso condenar quem ainda tem direito à defesa, creio que os governantes anteriores irão pagar por atos praticados de forma consciente, são cinco décadas que acompanho onde não teve um governo que não houve corrupção, a diferença é que o passado as informações eram somente através do jornal escrito e rádios comprometidas, hoje temos a rede social onde nada fica encoberto.
    Quando existia a Folha, A Notícia, Monitor Campista, O Diário além de outros de menor penetração, havia mais cuidado ao se publicar aquilo que era duvidoso, hoje pessoas são chamadas pela manhã de ladrao e depois de suspeitos, não há o mínimo bom senso, todos se esquecem que também possuem famílias e que elas sofrem, porém quando não cabe mais recursos e o réu e condenado, agora a família assume e trate de cuidar do seu familiar, a política, o dinheiro e o poder não pode nos apequenar a ponto de perdermos a sensibilidade, ao ladrao, cadeia, ao criminoso cadeia, até os que são pegos em fragrante a lei os Cham de suspeito até o julgamento final.
    Quero parabeniza-lo por sua coerência, vamos ser bênçãos na vida do prefeito, não votei nele e não tenho vergonha de declarar ter votado em Caio, foi o que nos debates vi mais segurança e senti sinceridade apesar de jamais ter votado em seu pai ou votaria, excelente médico, excelente homem de caráter, porém fraco no comando dos subordinados, mas nada me impede de fazer críticas construtivas ao prefeito e acreditar no seu potencial, está na hora dele reavaliar todos a quem ele confiou cargos para auxialia-lo no governo, está na hora de fazer cortes na multiplicação de DAS, é fácil, e só trocar os que não estão dando certo e liberar seus amigos que entraram na prefeitura e oneraram mais a Folha de pagamento, a economia que fará com os excedentes dará tranquilamente para reinvestir nos programas sociais essenciais e não permitir a volta dos programas eleitoreiros, dinheiro não falta, ainda que 10% esteja comprometido, as altas que tem havido já cobre o percentual, ainda que hoje a arrecadação fosse 50%, bem administrado, daria para fazer um grande governo, basta acabar com os cabides de emprego e não permitir que os sanguessugas reassumam, que homens como você Aluísio, possa usar esta ferramenta tão preciosa que é a mídia para ajudar o prefeito a observar a realidade não maquiada e assim investir nos lugares certos.
    Deus o abençoe juntamente com a sua casa e que 2018 você também seja uma benção para Campos com o seu senso moral e educado de responder a todos.

  6. Marcos Paulo

    Já to até prevendo no final do ano. As mesmas desculpas… Pedindo mais um ano pra acertar as contas. Não fazendo nenhum deputado(isso é certo) e ainda colocando a culpa na praga do garotinho… Campos tem, ou melhor, o Brasil tem algo enterrado que não aparece um politico decente e honesto (que cumpre o que promete nas eleições). eee Campos…

  7. Fabio Kury

    Na época da criação do décimo terceiro Aarão Steinbruch era deputado. Ele se tornou senador um pouco depois obrigado.

  8. Ricardo Andre Vasconcelos

    Aarão Steinbruch (1917-1922) foi , segundo informações dos portais da Câmara Federal e Senado, eleito deputado federal em 1954 e 1958. Em 1962 ganhou a eleição para o Senado pelo PTB do antigo Estado do Rio de Janeiro. Portanto, tem razão o Fábio Kury, pois o projeto de lei do décimo terceiro foi aprovado quando Aarão ainda era deputado federal. A lei 4.090 foi sancionada pelo presidente João Goulart em 13/07/1962, antes de ser eleito senador.
    Ricardo André Vasconcelos

  9. Ricardo André Vasconcelos

    Corrigindo: (1917-1992).

  10. silva

    Ele é bem fraco!!! prefeitura sem comando!!!!! e as coisas erradas continuam… apenas mudou de mãos!!!! lamentável nossas vidas dependerem direta e indiretamente de políticos.

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