Rafael Diniz: mudança na equipe e meta de redução da folha em 20%

 

Por Aluysio Abreu Barbosa e Paula Vigneron

 

“A população de Campos acertou quando nos elegeu prefeito em 2016”. A declaração de Rafael Diniz (PPS) está ao final destas seis páginas de entrevista, no balanço do seu primeiro ano de governo. Para o 2018 que se inicia, ele revelou algumas metas, entre elas a redução da folha dos servidores em 20%, a partir da instalação do ponto biométrico, ainda no primeiro semestre. Também confirmou duas inciativas que já haviam sido adiantadas por seu assessor especial, César Tinoco, em outra entrevista à Folha: a entrega do Hospital São José, promessa da ex-prefeita Rosinha Garotinho, que não foi cumprida em oito anos de gestão; além da volta do Restaurante Popular do Centro. Como novidade, ele anunciou a ampliação da iniciativa, com a instalação de um Restaurante Popular também em Guarus. Embora tenha defendido sua equipe de governo, o prefeito anunciou mudanças “já, já”.

 

(Foto de Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

Folha da Manhã – Em 6 de janeiro do ano eleitoral de 2016, a Folha publicou um editorial de capa. Ele foi fruto de um levantamento feito nos quatro meses anteriores, que definiu os cinco princípios que campista, então, gostaria de ver no próximo governo: transparência, diálogo, planejamento, eficiência e parcerias. Tirando as parcerias, onde realmente houve avanços, na transparência e no diálogo, embora o governo diga que exista, há questionamentos. Mas é no planejamento e na eficiência que parecem residir os maiores problemas da sua administração. Qual a sua avaliação e como melhorar?

Rafael Diniz – Quando vê os princípios levantados lá atrás, a gente vê que avançou muito nesses princípios durante esse primeiro ano de gestão. Obviamente que a gente entende alguns apontamentos divergentes daquilo que a gente acredita, e nossa gestão  respeita a outra opinião, contrária ou não. Mas eu posso afirmar que a gente avançou, sim, em todos esses princípios. Alguém pode, de repente, discordar se há ou não diálogo. Mas o que é diálogo? Diálogo é dizer “sim” sempre ou é sentar à mesa e abrir oportunidade para a gente propor e ouvir ideias, mas, no final, tendo a liberdade e o direito de poder dizer “sim” ou “não”? Então, a gente fica satisfeito de ouvir princípios levantados lá atrás que, em minha opinião, a gente vem cumprindo, sim: transparência, diálogo. Com relação à eficiência e ao planejamento, eu posso afirmar que nós temos, sim, um governo eficiente e de planejamento. Muito embora, às vezes, a gente não consiga mostrar isso com facilidade por todos os problemas que nós temos, que herdamos e temos que resolver. Por mais que você seja um governo de planejamento, você precisa de tempo para poder elaborar esse planejamento; você precisa de informação para poder elaborar esse planejamento; você precisa de condições financeiras para garantir que esse planejamento seja realmente realizado. Vou dar o exemplo sempre na Participação Especial (da produção de petróleo) de agosto, que a nossa gestão, em cima de uma projeção feita pela própria ANP, esperava R$ 16 milhões a mais, quando vieram R$ 16 milhões a menos. Ou seja, qualquer planejamento que você tivesse feito em cima daquilo que já estava posto acaba não acontecendo, e não por culpa nossa. Por exemplo, em 2017, tivemos que administrar com um orçamento que não foi elaborado por nós. Que vai ser diferente agora, em 2018, muito embora a ideia e o projeto já aprovado de termos R$ 2 bilhões não significam, necessariamente, que teremos R$ 2 bilhões. Uma peça orçamentária aprovada é uma previsão orçamentária.

 

Folha – Falando em planejamento, você não acha que os cortes em programas sociais, como Restaurante Popular, Cheque Cidadão e Passagem Social, e, agora, na questão do 13º, não teriam menos impacto negativo se houvesse planejamento na divulgação, chamar os afetados para conversar? Não acha que o governo pecou nisso?

Rafael – O governo é feito de acertos e erros, como qualquer governo, e a gente tem a humildade para reconhecer quando há erros. A gente, de imediato, chama as categorias ou um grupo determinado que seja, ou vai a público, para a população, para dizer onde erramos e como vamos consertar esse erro. Esse é o primeiro ponto. É uma das marcas do nosso governo: ser muito transparente com o que fazemos e admitir onde erramos e onde precisamos acertar.

 

Folha – Você acha que errou nisso?

Rafael – Nós fizemos as suspensões, e alguns preferem entender como cortes, naquilo que foi necessário. É importante a gente entender a realidade financeira do município. Nós temos uma cidade, hoje, que temos que administrar.  E nós administramos, no primeiro ano, com metade do dinheiro e não pegamos empréstimo. E ainda pagamos o empréstimo contraído pela outra gestão. Olha o tamanho do nosso desafio. Mesmo assim, com problemas e questionamentos, a gente fez a cidade acontecer. A gente fez a cidade funcionar. Com relação aos programas sociais, é importante a gente pensar: qual foi o legado deixado por eles nesses anos todos? É a primeira pergunta. Diminuiu ou aumentou a desigualdade social? A gente sabe que aumentou. Diminuiu ou aumentou a violência em nossa cidade? A gente sabe qual é a realidade da violência na nossa cidade. Diminuiu ou aumentou o número de empregados e desempregados na nossa cidade? Esse é o primeiro ponto. Depois, as questões financeiras. Por todos esses pontos que eu já levantei, nós não temos condições financeiras de manter a cidade da mesma forma que vinha sendo mantida. Se deixaram tanta dívida com R$ 3 bilhões, como administrar a cidade com metade desse orçamento?  Sobre o Restaurante Popular, é importante deixar claro que as pessoas que não têm o que comer continuam, sim, sendo assistidas pela Prefeitura, seja no Centro Pop, na secretaria de Desenvolvimento Humano e Social, ou pelo fornecimento de cestas básicas. Quem deixou de utilizar o Restaurante Popular com a sua suspensão? O comerciário, que é empregado e trabalha no próprio Centro; não tirando esse direito dele, mas a gente não pode confundir essa pessoa que tem seu salário, seu emprego, com aquela pessoa que não tem condições e continua, sim, sendo assistida. E, também, o universitário. Tenho respeito por todas as universidades e, com carinho especial, a UFF, que é localizada perto do Restaurante Popular e que, também, muitos alunos utilizavam. Mas a gente tem que fazer uma escolha. Eu precisava de dinheiro para poder garantir a merenda dos nossos alunos. É uma obrigação minha cuidar do nosso aluno. Então, a gente tem que fazer essa opção também, mas deixar claro que nós vamos voltar com o Restaurante Popular.

 

Folha – Seu assessor especial, César Tinoco, adiantou isso em entrevista à Folha. Será neste primeiro semestre de 2018?

Rafael – Se Deus quiser. Obviamente, encontrando um caminho para reduzir ao máximo ou reduzir os custos por parte da Prefeitura e buscando parceria para isso. E nós temos um desafio maior que, se Deus quiser, vamos alcançar também: levar o Restaurante Popular para Guarus. A gente não pode se limitar a fazer política com um programa que pode estar ajudando pessoas que precisam. Com um município imenso como o nosso, não podemos pensar apenas em uma região. E precisamos dar uma atenção especial a Guarus, que é uma região tão importante para a nossa cidade. Quando você atende Guarus, você atende uma boa parte da região. Então, se Deus quiser, dois restaurantes populares, com a gente encontrando parcerias para isso. No Centro e em Guarus.

 

Folha – Este ano?

Rafael – Se Deus quiser, vamos fazer o do Centro este ano. E, por que não, este ano também, o de Guarus? O Cheque Cidadão, nós transformamos em Cartão Cooperação. Nós desejamos, sim, voltar, mas temos que ter muita responsabilidade. Eu não posso voltar por um mês para, daqui a pouco, não ter dinheiro. Aí, entra a palavra planejamento. Eu tenho que ter certeza de que vou poder manter, dentro do meu planejamento, o programa que retornar. Transformamos no Cartão Cooperação porque nós temos que ofertar uma possibilidade de trazer essa pessoa para um novo ambiente, de qualificação profissional, de oportunidade de emprego. Essa é a nossa intenção com o Cartão Cooperação, assim que nós tivermos condições. Mas, para isso, não vou estabelecer prazo para ser muito responsável com a população. O outro tema importante é a Passagem Social. A pergunta que a gente faz à população, quando pergunta qual foi o legado deixado pelos programas sociais, é essa: como estava o transporte público quando a passagem estava a R$ 1? Era no horário? Não, não era. Era com qualidade? Não, não era. As reclamações eram diversas. Faltava ônibus ou não faltava? Faltava em diversas localidades. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto: a Prefeitura tinha condição de continuar mantendo e subsidiando um programa como esse? A nossa gestão se manteve em dia com o programa social, mas de que adiantava eu pagar a empresa, tirando dinheiro que eu poderia aplicar para a nossa própria população? A mesma população que utiliza a Passagem Social. A gente pagava à empresa, e a empresa não pagava ao funcionário dela. E o funcionário entrava em greve. O sistema não funcionava, estava falido há muito tempo e precisava ser revisto. Há um diálogo que eu faço junto a dois grandes técnicos que temos a respeito desse assunto na Prefeitura: o presidente do IMTT, Renato Siqueira, e o secretário da Transparência e Controle, Felipe Quintanilha, que têm formação nessa área de mobilidade urbana. Nós temos esse desafio e vamos resolver, de uma vez por todas, a questão do transporte público em Campos.

 

Folha – Como? Quando?

Rafael – Não vou estabelecer um prazo, mas nós já conversamos. O simples fato de rever o programa social, entendendo e dialogando com todos os setores…

 

Folha – Mas é uma coisa para o seu governo ainda?

Rafael – Para o meu governo ainda. Para a gente resolver, de uma vez por todas, e avançar bastante na questão do transporte público.

 

Folha – E os dois Restaurantes Populares são projetos para este ano?

Rafael – O do Centro é para este ano. E, se Deus quiser, o de Guarus, vamos tentar para este ano, mas sendo muito responsáveis.

 

Folha – Ainda que não seja este ano, o de Guarus será na sua gestão?

Rafael – Isso.

 

Folha – Mas, quando falamos de planejamento, isso também se aplica à comunicação da demanda desses cortes à população…

Rafael – Perfeito.

 

Folha – Quando você tomou pé da situação em que estava a Prefeitura, Quintanilha gravou um vídeo que deu muita repercussão. Falo nesse sentido: em explicar a necessidade desses cortes.

Rafael – Quando você assume uma cidade em que nunca houve gestão, porque tinham R$ 3 bilhões, R$ 2,5 bilhões, R$ 2,4 bilhões, R$ 2 bilhões e, ainda assim, contraíram empréstimos e deixaram muitas dívidas, você não via gestão ali. Você não via eficiência tampouco planejamento. Quando você assume uma cidade desordenada, como nós assumimos, no início de 2017, por mais que você queira e acredite no planejamento, por mais que você tenha um diálogo permanente com as pessoas, inclusive ofertando informação prévia, você precisa, enquanto gestor, tomar decisões imediatas. Até porque a questão financeira é diária. Eu sento com meu secretário de Fazenda pela manhã, faço um planejamento e, pela entrada de receita não se cumprir, e que não depende da gente, eu tenho que mudar o planejamento na noite do mesmo dia. Então, muitas decisões, nós tivemos que tomar exatamente pela questão financeira.

 

Folha – Mas não houve tempo de você fazer uma semana de comunicação, por exemplo?

Rafael – Quando há tempo, a gente faz. Vou dar um exemplo da questão do 13º. A gente segurou ao máximo para dar a resposta de quando e como a gente conseguiria pagar, esperando uma entrada de royalties. A previsão era de que os royalties entrariam apenas a partir do dia 26, ou seja, o primeiro dia útil depois do Natal. E todo mundo nessa expectativa. Eu fui a Rio das Ostras, acompanhado do secretário da Transparência e Controle e do superintendente de Inovação Tecnológica, Quintanilha e Romeu e Silva Neto, para a reunião da Ompetro. No meio da reunião, todos os prefeitos souberam, naquele exato momento também, que os royalties entrariam. Então, não foi uma novidade para mim. Foi novidade para todo mundo. E que entrariam no próximo dia. Ou seja, a reunião foi numa quarta para o dinheiro entrar na quinta. Nosso deadline foi na terça-feira, para avisar, às vésperas do Natal, como faríamos o pagamento, já esperando por esses diálogos que nós temos com todos os municípios, que o dinheiro só entraria dia 26. Bom, uma resposta, eu preciso dar às pessoas. Eu tentei segurar ao máximo, esperando essa receita. E nós informamos. Aí, os royalties entraram. Bom, vou ter que mudar meu planejamento, ainda que para melhor, mas vou ter que mudar a comunicação. De imediato, eu pego o telefone e ligo para o secretário de Fazenda. Peço para ele refazer os cálculos. Nosso primeiro objetivo era antecipar a folha, que seria paga no dia 28, para o dia 22 e conseguir pagar uma folha de RPA. Para que isso? Para pagar aos servidores, que precisam e têm que receber. Mais que isso: para que eles tenham condição de receber antes do Natal. Ou seja, a gente antecipou um pagamento que sempre vinha fazendo no último dia útil do mês e aquecer, também, a economia nesse momento especial que é a festa de Natal.

 

Folha – Então, a gente pode entender, por tudo que você está falando, que essa campanha de conscientização não foi feita pela falta de tempo? 

Rafael – É tudo muito em cima quando você pega uma cidade desordenada. Então, você tem que tomar decisões imediatas para resolver um problema daqui a três dias. Aí, pesa. Por que pesa? Você vai ter coragem para tomar a decisão, por mais difícil que ela seja, ou você vai ficar demorando a tomar aquela decisão, quando ela precisava ser tomada de imediato? Eu prefiro tomar a decisão de imediato porque preciso resolver aquele problema. É por isso que a gente decide. E, quando há possibilidade de discutir previamente, a gente discute, chama várias categorias para discutir com elas.

 

Folha – Essa falta de comunicação prévia não torna a medida mais dolorosa?

Rafael – Sem dúvida nenhuma. Só que você tem que entender que há possibilidade da comunicação prévia e, às vezes, não há. O que há é uma necessidade de resolver de imediato. Tanto que mantivemos a Passagem Social, o Restaurante Popular, no início. Nós mantivemos o Cheque Cidadão, que foi transformado em Cartão Cooperação. Depois de um estrangulamento financeiro, que já era previsto, nós não tivemos condições de fazer. Essa foi a nossa realidade. E é importante lembrar a condição financeira do município e que, se você tem uma previsão financeira, você tem que esperar se ela vai realmente se concretizar ou não.

 

 

(Foto de Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

 

Folha – Como foi feita a escolha da suspensão de alguns programas sociais? Como selecionou o que seria suspenso?

Rafael – A gente selecionou tudo aquilo que era necessário ser revisto, que precisava ser melhorado por questões judiciais, e está aí a resposta do antigo Cheque Cidadão.

 

Folha – A operação Chequinho.

Rafael – Um uso eleitoreiro daquela máquina de forma muito irresponsável. O primeiro ponto é esse. Segundo, se havia necessidade de manter para as pessoas que realmente precisam, como a gente está garantindo que as pessoas que realmente precisam ser atendidas, que eram atendidas pelo Restaurante Popular, elas continuam sendo atendidas. E por uma necessidade técnica também, como, por exemplo, o transporte público. E, por óbvio, a questão financeira, que é a principal delas.

 

Folha – Na sessão de abertura dos trabalhos da Câmara, em 15 de fevereiro de 2016, você pediu “um ano para colocar a casa em ordem”. Se sofreu muitas críticas pela extensão do prazo, ele está para vencer e a sensação geral, um ano depois, é de que a casa ainda não está próxima de ser colocada em ordem. A paciência do campista não começa a dar claros sinais de desgaste? Seria possível pedir mais prazo?

Rafael – A gente, primeiro, tem que entender que, lá atrás, quando eu recebi críticas ao dizer o prazo de um ano, eu procurei ser o mais responsável possível, como venho procurando ser com acertos e erros. A gente já imaginava e já sabia da grande dificuldade. Por isso, a gente colocava o prazo de um ano. Só que, quando você não tem informação e transição, e você adquire as informações ao longo do processo de administração, você vê que o problema é muito maior do que aquele que você imaginava, por não ter acesso. Uma completa ausência de transparência por parte da antiga gestão.

 

Folha – As pessoas alegam que, pelo fato ter sido vereador, você teria que ter uma ideia prévia do que estava ocorrendo. Você tinha?

Rafael – A gente conseguia ter uma ideia superficial, como qualquer cidadão tinha, uma vez que eu apresentava todos os requerimentos de informação e eles eram negados. E o segundo ponto, que, hoje em dia, na nossa gestão, quando há um pedido de informação, a gente responde ao vereador, independente da bancada de que ele seja. A gente envia o secretário à Câmara para poder tirar dúvidas de todos os parlamentares, seja da bancada da oposição ou da situação. Campos vivia com uma cortina de fumaça. Uma maquiagem. O cidadão não sabia realmente o que acontecia. Tinha dinheiro de sobra e, no final, faltou para tudo.

 

Folha – Enquanto vereador, não via através dessa “cortina de fumaça”?

Rafael – Exatamente como era, não. Muitas informações, a gente buscou ao entrar na Prefeitura. Essa é a grande realidade. Qualquer cidadão passou a ter as informações reais quando a gente assumiu. Vou dar um exemplo muito claro. Aprovaram o projeto na Câmara, de “Venda do Futuro”, que, na verdade, não era aquilo que tinha sido aprovado, que é a questão dos 10% (limite dos royalties a serem cobrados). E que, com um belo trabalho da Procuradoria, nós conseguimos reverter. Está aí um grande exemplo. A população toda achava que pagaríamos apenas 10% do que entraria de royalties quando, na verdade, no contrato, era 30%.

 

Folha – Os próprios vereadores rosáceos acreditavam que a cobrança seria de 10%.

Rafael – Os próprios vereadores afirmaram para a imprensa que era apenas 10%. Essa é a grande questão. Mas Campos vivia em uma cortina de fumaça. Uma maquiagem. E ninguém realmente sabia o que acontecia. Nós chegamos e, ao invés de mantermos a sujeira embaixo do tapete, levantamos e começamos a limpar. E, quando você limpa a sujeira, todo mundo vê tudo. E essa é a nossa realidade hoje. A gente prefere acreditar na construção do alicerce. Se pegar o município e comparar a um edifício, ficaram fazendo as paredes sem pensar no alicerce. A parede vai cair. Botaram uma janela, construíram um andar. Mas ele vai cair porque não tinha alicerce. E sempre nessa cortina de fumaça. Nossa gestão optou: vamos fazer o alicerce. Que vai demorar, vai, mas nós temos que ter coragem para fazer. Esse é o nosso grande desafio. Infelizmente, o alicerce é aquela obra embaixo da terra, que ninguém vê. E, com todo o nosso respeito a uma população que está ansiosa por uma resposta rápida, é difícil você convencê-la de imediato. Vamos pensar nos últimos 30 anos, com royalties de sobra que não sobram mais hoje. Então, nós temos que acostumar a população a uma nova realidade. E essa realidade, a gente vem fazendo exercício diário de rever despesas, tentar buscar aumento de receita, que não é de imediato.

 

Folha – Objetivamente, você pediu o prazo de um ano, e esse prazo está vencido. Acha que a paciência do eleitor está chegando ao fim?

Rafael – Se você for pegar em nível de Brasil, todo mundo quer uma resposta rápida. Seja do governo federal ou dos governos estaduais. Aí, não vamos falar só do governo do Estado do Rio. O Estado de Goiás passa por uma rebelião. Rio Grande do Sul passa por dificuldade. O Norte passando por dificuldade. Vamos entrar no nosso município. Nós não somos o único município com dificuldade. Muito pelo contrário. A gente citou lá atrás, no meu primeiro pronunciamento na Câmara, com relação à necessidade de, pelo menos, um ano. O alicerce está sendo construído ainda. Ele não vai acabar da noite para o dia, até porque eu não quero fazer um alicerce qualquer. Com todo o respeito à necessidade de a população querer uma resposta, eu sei o que eu quero. A gente tem planejamento. E o planejamento é pagar essa conta de ouvir a crítica, de ouvir reclamação do cidadão que quer uma resposta rápida. Mas eu acredito no que estou fazendo. Esse alicerce demora a ser feito. Para quê? Para que eu e futuros prefeitos não precisemos viver com uma cortina de fumaça, com uma maquiagem. Quando pegarem a cidade, vão pegar uma cidade arrumada. Quando a gente melhorar, vamos melhorar com uma cidade arrumada, e não precisando voltar para resolver problemas que eram só para garantir eleições. Existe um desafio para o homem público, na crise, muito grande. E eu passei por esse desafio e fiz minha opção. Ou você escolhe a manutenção do seu nome público ou você escolhe a sua cidade, no momento de crise. Você não pode optar pelos dois. E eu prefiro a minha cidade ao meu nome público. Hoje, eu passo por questionamentos na rua de uma população que votou na gente em 2016. A gente entende esse questionamento, mas eu sei que estamos no caminho certo. Uma coisa, eu posso afirmar: o cidadão campista acertou em 2016, quando votou na gente. E votou maciçamente. Ele queria acreditar porque a gente defendia um modelo diferente. Ele queria um modelo diferente, só que aceitar esse diferente não é da noite para o dia, ainda mais uma população acostumada com esses 30 anos de abundância de recursos. Só que nós não temos mais essa abundância. Aí, qual é minha opção? Eu me acovardar e não tomar as medidas que sejam necessárias para preservar o meu nome político, como sempre fizeram? Fizeram a cortina de fumaça, a maquiagem para preservar os nomes políticos e destruíram a cidade. Porque tinham R$ 3 bilhões e deixaram o que deixaram. Essa é a grande verdade. Eu tenho R$ 1,6 bilhão (em 2017). Eu tenho que tomar as decisões difíceis. E, quando eu faço uma opção de uma decisão, de, por exemplo, pagamento de um serviço essencial, necessariamente, eu estou deixando de pagar outro serviço, também essencial. Eu não estou construindo um Cepop e uma Cidade da Criança. Falta medicamento? Obviamente. Não faltava antes, quando tinha dinheiro de sobra? Vamos tocar na Saúde como exemplo. Você está satisfeito com a Saúde que você tem? Lógico que eu quero uma Saúde muito melhor. E nós vamos ofertar a melhor Saúde do interior do Estado. Eu não tenho dúvidas. Nós estamos nesse caminho, por mais difícil que seja. A questão é: uma Saúde que sempre sobrou dinheiro. Pagava mal? Paga de novo. Comprou mal? Compra de novo. Gastou mal? Gasta de novo. Essa era a realidade do passado. Hoje, não. Hoje, eu não tenho tempo para isso. Hoje, eu tenho tempo para fazer o quê? O que precisa ser comprado? Temos dinheiro para quê? Então, vamos fazer as opções. É o remédio do HGG? É o insumo do Ferreira Machado? Mas faltam medicamentos e insumos para as UBS. E as nossas UPHs? Essa é a realidade. Se nós pensarmos, foram mais de seis milhões de procedimentos na Saúde, no ano passado. Aumentou a demanda e diminuiu o recurso. Nós temos um país em crise onde as pessoas não conseguem mais sustentar seu plano de saúde e precisaram abandoná-lo e recorrer à Saúde pública. Aumentou nossa demanda. Se nós estamos em crise, imagine os municípios vizinhos. E se os municípios vizinhos sempre dependeram da Saúde de Campos, imagine com eles em crise. Eles vão depender mais ainda. Ou seja, eu tenho uma demanda de Saúde muito maior. E, além disso, tenho o dinheiro pela metade. Como fazer? Com coragem. Tomando as medidas que são difíceis. Mas, mesmo com toda essa dificuldade, nós entregamos a UPH de Travessão, uma obra abandonada há quatro anos que nós devolvemos para a população.

 

Folha – A UPH de Travessão ainda vai ser inaugurada oficialmente.

Rafael – Mas já está funcionando. Porque nós temos uma preocupação: ou a gente vai lá para soltar fogos, como faziam, ou bota as coisas para funcionar? E, no dia 28 (de dezembro), à noitinha, a UPH de Travessão já estava funcionando e recebendo a população que não é só de Travessão. Se nós pensarmos, todas as regiões são atendidas. São nove mil atendimentos mensais na UPH de Travessão. Uma frase que me marcou foi a seguinte: “parece que eu estou em um serviço particular”. Não. Você está em um serviço público. E, a partir de agora, vai ser assim. E nós vamos entregar agora, no início do ano, o Hospital São José, uma obra parada também, que vai atender toda a nossa Baixada.

 

Folha – Que foi uma promessa da primeira campanha de Rosinha, ainda em 2008.

Rafael – E no segundo ano da nossa gestão, com toda a dificuldade financeira e metade do dinheiro, nós vamos entregar.

 

Folha – Quanto ao orçamento, você falou em R$ 1,6 bilhão, e a previsão orçamentária, para este ano, é de R$ 2 bilhões. Em uma conversa com Quintanilha, foi feita a pergunta: “você acha que vai ser menos pior?”. Ele respondeu: “vai ser muito melhor”. Endossa as palavras dele?

Rafael – Eu acredito muito na minha equipe. A equipe vive a realidade diária com a gente. Quando o secretário de Transparência e Controle afirma que vai ser muito melhor, é porque ninguém vai viver de novo o ano de 2017. Nenhum gestor vai viver, como Campos nunca viveu um ano como 2017. Com um grande exemplo lá de trás, eu busquei minha avó e perguntei qual era a realidade quando Campos não tinha royalties na administração do ex-prefeito Zezé Barbosa (1930/2011), meu querido avô, e a cidade era muito bem administrada. Minha avó falou: “Rafael, a cidade não era do tamanho que é hoje”. Essa é a grande questão. A população não estava acostumada com tanto serviço ofertado pela cidade como foi nesses últimos anos. Os últimos gestores, pela sobra de royalties, puderam dar o que quiseram, sendo bom ou ruim. E, hoje, a gente precisa trazer a sociedade para uma nova reflexão: primeiro, o que o poder público tem condições de ofertar? Segundo, o que a gente realmente quer? É uma Passagem Social que seja dada de qualquer maneira, para o transporte continuar ruim? Ou é rever o programa de uma vez e de verdade? Um antigo Cheque Cidadão, que hoje é Cartão Cooperação, dado de qualquer forma para garantir eleições? Ou é um Cartão Cooperação dado para ajudar as pessoas que realmente precisam, mas inserindo elas no mercado de trabalho? É um Restaurante Popular que atenda, realmente, com regularidade e com critérios as pessoas? É isso tudo que a gente tem que fazer. Então, eu acredito que vai ser um ano menos difícil do que o ano de 2017. Como eu dependo de uma realidade orçamentária ser cumprida, realmente ser efetivada e acontecer, eu prefiro esperar. O cidadão campista está cansado de falsas promessas. Quando eu falei que ia entregar a UPH de Travessão, eu entreguei. Se estou falando que vou abrir o Hospital São José, é porque eu vou abrir. Se vai ser muito melhor? Espero eu que seja. O cidadão campista merece que seja.

 

Folha – Tem prazo para o São José?

Rafael – Se Deus quiser, no início do ano. Primeiro semestre, com certeza. Eu não tenho dúvida de que o pior já passou, ainda que o ano de 2018 seja difícil.

 

Folha – O grande gargalo de despesas da Prefeitura é folha de pagamento e custeio. Dos R$ 127 milhões de receita corrente mensal, entre R$ 95 a 100 milhões vão para folha e custeio. O pagamento dos servidores come cerca de R$ 75 milhões/mês, enquanto o custeio chega a R$ 45 milhões. O déficit, que já abaixou em 2017, hoje é cerca de R$ 20 milhões mensais. Em 2018, como abaixar ainda mais essa conta?

Rafael – Essa é uma grande necessidade de reforma que a gente precisa fazer, inclusive dentro da folha do servidor efetivo. Ao longo de 2017, nós convidamos o servidor, constantemente, para esse novo debate, para essa nova realidade financeira. A gente não convida o servidor para rever carga horária, gratificação, condições simplesmente porque a gente quer. É porque a gente entende que é necessário para readequar a uma nova realidade financeira. A gente precisa enxugar a folha como um todo. Eu lembro muito bem, no início da nossa gestão, que a oposição falava que a gente não pagaria a folha de março, a de abril. E mantivemos, com todos os esforços e metade do dinheiro, sem pegar empréstimo e pagando empréstimo deles, a folha dos doze meses, conseguindo dar entrada no 13º e já programando o pagamento do restante, que a gente vai fazer nos próximos meses. Se a gente pensar que tem o custeio desse tamanho e com uma folha desse tamanho, o servidor precisa entender essa nova realidade. Eu tenho o maior respeito pelo servidor. Eu sou servidor público. Uma última pesquisa levantada e que foi apresentada, mostrava que a diferença de salário de um trabalhador da iniciativa privada para o trabalhador público federal é de 67%. Nós precisamos rever. Não é rever porque eu quero. É porque há necessidade de garantir o pagamento, em dia, daquele servidor. Essa é a grande questão. Nós temos uma folha muito inchada e nós precisamos desinchar, inclusive para termos condições de pagar todos esses gastos com relação ao próprio custeio, manutenção de serviços básicos da nossa população.

 

Folha – Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o alerta do gasto com pessoal é aceso quando consome 48,6% da receita líquida. O “limite prudencial” é de 51,30%. E, se chegar a 54%, configura improbidade. Hoje, Campos consome aproximadamente 52% da sua receita com pessoal. Em Macaé, a implantação do ponto biométrico eletrônico gerou 13% de demissão de profissionais, que claramente faziam serviço público de “bico”. Já aprovada na Câmara de Campos, desde 8 de agosto de 2017, quando finalmente o ponto entrará em vigor aqui? E qual a expectativa de redução dos quadros?

Rafael – Eu acho que a gente tem que ser muito responsável. Quando pensa em uma expectativa, eu espero que ele reduza, pelo menos, 20%.

 

Folha – Em Macaé, foi 13%.

Rafael – Mas a gente tem que pensar mais até porque a folha de Campos é maior. Nós temos que pensar em reduzir, sim, em pelo menos 20%. Se for mais, melhor, mas reduzir em pelo menos 20%. Colocar o ponto biométrico não significa perseguir ninguém. Muito pelo contrário. É valorizar aquele que realmente cumpre horário, que vive do serviço público, que acredita no serviço público. Isso que é o ponto biométrico. Eu escuto isso de muitos servidores. “Poxa, prefeito, eu quero que coloque ponto biométrico porque eu cumpro meu horário.” Mas não é perseguir ninguém. Hoje, a gente tem uma relação com o servidor público municipal que não é fácil de ser levada. Porque, quando você precisa enfrentar questões que desagradam, ninguém quer ser desagradado

 

Folha – Quando o ponto biométrico será instalado?

Rafael – No primeiro semestre, a gente vai resolver isso, se Deus quiser.

 

Folha – Na enquete popular publicada na edição da Folha do último domingo (31/12), além dos problemas que vinham do governo anterior, como a Saúde, outros se apresentaram, como emprego. Como você vê essa nova demanda?

Rafael – O emprego é uma demanda de toda a população. Não é um desejo só do campista, mas de toda a sociedade brasileira. A gente trabalha, hoje, com uma superintendência de Trabalho e Renda que pensa em quê? Bom, nós temos, primeiro, que garantir que as pessoas tenham a sua carteira de trabalho. Não tem como bancar cursos pela dificuldade financeira, mas nós buscamos parcerias. A  superintendência, através do Gustavo Matheus, buscou parcerias público-privadas, com empresas, para poder trazer descontos para a nossa população. Temos trabalhado no desenvolvimento econômico para fortalecer nossas empresas locais. Aí, a gente pode falar da nossa grande parceria com o Sebrae para fortalecer e qualificar não apenas os nossos profissionais, mas também as empresas para fornecerem para a própria Prefeitura e estarem prontas para enfrentar o mercado de trabalho. Isso está sendo enfrentado pela criação da Casa do Empreendedor, buscando a desburocratização do serviço e a qualificação dos nossos empresários. E, mesmo neste momento de dificuldade, Campos, hoje, restabelece o Fundecam, trabalhando com o microempreendedor, garantindo a qualidade para as pessoas e investimento de R$ 500 mil para 147 processos de microcrédito. Quando você fortalece o microcrédito, você formaliza aquela pessoa. Você gera oportunidade de emprego para ela, para outras pessoas que ela pode vir a empregar e, mais que isso, você gera receita e renda no nosso município.

 

(Foto de Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

Folha – Além do emprego, o que também parece ser um problema de 2017 é a aparência de abandono da cidade. Na enquete da Folha, populares disseram: “A limpeza está ruim, os jardins estão cheios de mato”, e “Muita sujeira na cidade”. De fato, as deficiências na coleta de lixo e na manutenção dos jardins e praças, como a falta de reposição de lâmpadas na iluminação pública  são a realidade diária mesmo nas áreas centrais da cidade. Como a situação chegou a esse ponto e o que fazer para normalizá-la o mais rápido possível?

Rafael – Você citou alguns exemplos de serviços essenciais: limpeza, a própria manutenção de jardins e praças, que é, sim, questão de visibilidade e organização da cidade. Você citou a questão da iluminação. Serviços essenciais. Só que, ao lado desses serviços essenciais, eu tenho merenda, remédio…

 

Folha – Quem citou foi a população.

Rafael – Você citou, agora, em relação aos leitores. Remédio, insumo, home care e tantos serviços essenciais de que a população depende. Nós temos um único dinheiro para isso tudo. Vamos citar a limpeza. Tínhamos um contrato de R$ 8 milhões com a Vital. Tentamos manter, mas é impossível. Precisamos reduzir para adequar um novo contrato a uma nova realidade financeira. Para quê? Para que eu tivesse condições de falar com a empresa: “eu tenho condições de te pagar em dia, mas só tenho condições de pagar tanto em dia”. A gente reduziu o contrato pela metade. Estamos mantendo esse contrato em dia. Por quê? Porque eu mantendo em dia, ele consegue manter o salário do trabalhador, do funcionário dele em dia. Ou seja, não há greve nem paralisação desse serviço. Mas, quando você reduz o valor o contrato, necessariamente, você reduz em serviço. Aí, você tem que fazer uma opção na hora do serviço: vamos manter a mesma coleta, a mesma varrição? Esse é um problema, e a gente tem que decidir. Diminuímos a varrição para ter condições de manter a coleta. Ou seja, é a manutenção de um serviço essencial, não como a gente gostaria, mas da forma que podemos garantir. Com relação à limpeza pública, é importante citar um ponto específico: é a parte do poder público, mas é a parte do cidadão também. De nada adianta eu colocar a empresa e manter o pagamento em dia, se a população não contribui. Não é porque eu tenho uma empresa de limpeza que eu vou jogar o lixo em qualquer lugar, que vou botar o entulho em qualquer lugar. Aí, a população quer que você conserte tudo de imediato, mas está jogando lixo na rua quando você tem o local para colocá-lo ou esperar a hora de colocar o lixo na rua para que o caminhão possa passar e recolher. Obviamente, a maioria não, mas alguns, infelizmente, sim. Ou seja, é uma missão de todo mundo. Eu venho de uma formação política, que é do meu avô Zezé Barbosa, de que a cidade era toda organizadinha. Esse é meu desejo. É isso que a gente vai fazer com Campos. Só que, agora, eu preciso fazer escolhas entre serviços essenciais para manter a cidade, no geral, funcionando. Então, eu tive que reduzir a limpeza um pouco para poder manter o remédio. Ou eu tenho que reduzir, às vezes, na limpeza para manter o insumo. E, por aí, quando você reduz em dinheiro o valor do contrato, você reduz a qualidade do serviço.

 

Folha – Seria correto supor que a Vital, a partir dessa redução do contrato, tem feito uma espécie de “operação tartaruga”?

Rafael – Não posso afirmar. Seria leviano da minha parte. Nosso debate com a empresa é constante, buscando que ela possa ofertar um serviço de qualidade, o máximo possível, dentro dessa nova realidade financeira.

 

Folha – E iluminação pública e manutenção de praças e jardins?

Rafael – Praça e jardim, para poder juntar, nós pegamos um contrato, anulamos, encerramos e trouxemos esse contrato para dentro da Vital.

 

Folha – Qual era a empresa?

Rafael – Emec. Ou seja, reduzido pela metade. Só que a gente, por essa dificuldade, reduziu e conseguiu incluir. Só que, ali, tem que fazer opção: ou eu vou fazer a coleta como estou fazendo, mantendo uma equipe fazendo o serviço de coleta, ou eu vou ficar tomando conta só de jardins. Infelizmente, não tem dinheiro, agora, para manter tudo. Então, tem que fazer opções. Só que, quando eu pego uma equipe e ela para, de repente, de fazer varrição, é para ela poder fazer o jardim. Mas, quando você faz o jardim em uma determinada área, está faltando varrição em outra. Um município de quatro mil quilômetros de extensão. E nós não temos mais dinheiro para manter um contrato daquele tamanho. A gente vai passar por redução contratual e, consequentemente, de serviço. Iluminação: pegamos um parque de iluminação abandonado na cidade. Fizemos um contrato emergencial para poder resolver o contrato como um todo e abrimos uma nova licitação. O trabalho estava sendo muito bem feito. Só que, quando a gente abre um processo licitatório, o emergencial acaba. Só que, por essas questões de recurso, impugnação e Tribunal de Contas, o processo está parado. E não é culpa minha. Se o processo está no Tribunal de Contas, eu não posso, simplesmente, no peito e na raça para fazer um processo qualquer. A gente está buscando alternativas para poder resolver o quanto antes e apressar, para que a gente tenha uma resposta imediata do Tribunal, dentro da legalidade, e possa solucionar. Uma coisa, eu posso garantir: assim que a gente solucionar, a gente volta a prestar o serviço para poder garantir uma iluminação pública de qualidade. É importante lembrar que a gente vem fazendo o trabalho, inclusive o próprio superintendente da Iluminação Pública, Daniel Duarte, sempre foi muito elogiado pela população e pelos vereadores. Só que não depende dele. Depende de um contrato. Quando ele começou a revisar todos os programas, por uma questão contratual e problemas licitatórios, o serviço parou. E, quando parou, mais uma vez, dá problema no parque de iluminação, que a gente precisa retomar de uma vez por todas.

 

Folha – Tem previsão para a resolução desse problema?

Rafael – Nos próximos meses, a gente já está resolvendo. Assim que o Tribunal de Contas nos devolver o processo, a gente termina esse processo licitatório da iluminação.

 

Folha – E da coleta de lixo?

Rafael – Tivemos uma reunião, hoje à tarde (de sexta, dia 5), sobre iluminação e coleta de lixo. A gente montando equipes próprias nossas para ver se consegue resolver problemas de imediato. Esses pontuais. A falta de varrição em uma localidade, a poda de algum jardim em outra localidade. Mas, infelizmente, agora, nós não temos dinheiro para isso tudo. Se eu, de repente, aumento o contrato com a Vital para garantir isso tudo, vai faltar dinheiro para outro serviço essencial. Então, hoje, o cidadão tem que entender que não temos mais o dinheiro que tivemos antes. E, em um esforço diário com a nossa equipe, nós temos que ficar decidindo. São escolhas de Sofia. Eu escolho uma e, necessariamente, estou deixando de escolher outra. Diariamente, nós estamos falando de serviços essenciais.

 

Folha – Tudo que você diz remete à analogia do cobertor curto.

Rafael – Sem dúvida nenhuma. Metade do dinheiro.

 

Folha – Como aumentar o tamanho desse cobertor?

Rafael – Na verdade, se a gente parar para entender, o cobertor só não foi mais curto pela nossa coragem. A gente enfrentou e decidiu tomar decisões difíceis. Se a gestão passada deixou os problemas que deixou, com o dobro do dinheiro, o que eles teriam feito se ganhassem a eleição com metade do dinheiro?

 

Folha – E sem que Chicão (candidato a prefeito do PR) pudesse reclamar.

Rafael – Essa é a grande questão. Eu tenho muito cuidado em citar o nome das pessoas, mas, já que Chicão era candidato, o que ele faria? Porque não é responsabilidade só dele. Vamos ser responsáveis com a pessoa. Se não fizeram com o dobro do dinheiro, o que fariam com metade? Eu estou administrando a mesma cidade, do mesmo tamanho  ou maior, com metade do dinheiro. Com erros, acertos, problemas. Agora, com metade do dinheiro e sem pegar empréstimo. Porque, quando tiveram R$ 2 bilhões, pegaram empréstimo. Quando tiveram R$ 2,5 bilhões, pegaram empréstimo. Nós estamos com R$ 1,6 bilhão e não pegamos empréstimo. E ainda pagamos os juros do empréstimo adquirido por eles. Eu lembro muito bem quando eu era vereador, quando chegou a primeira mensagem (na Câmara) para adquirir os empréstimos, lá atrás. Diziam que os programas sociais só iam funcionar se tivesse empréstimo.

 

Folha – Foram três empréstimos.

Rafael – Diziam que o servidor só ia receber em dia se tivesse empréstimo. Diziam que os funcionários da Vital, com serviços de limpeza, só seriam mantidos se tivesse empréstimo. Bom, quando tinham R$ 2 bilhões, diziam que isso tudo só seria mantido se tivesse empréstimo. Nós temos R$ 1,6 bilhão, sem empréstimo, e estamos fazendo a cidade funcionar, com todas as dificuldades.

 

Folha – Mas a previsão orçamentária para 2018 é de R$ 2 bilhões.

Rafael – Previsão de R$ 2 bilhões, que eu espero que se concretize. Mas lembrar à população que, quando a Câmara aprova orçamento de R$ 2 bilhões, não significa, necessariamente, que teremos esses R$ 2 bilhões. Tomara que tenhamos. É uma previsão. O cobertor só não foi mais curto porque nós trabalhamos. Eu poderia estar pagando muito mais em relação aos empréstimos. Pagamos apenas, que é muito dinheiro, R$ 40 milhões. E a gente tem buscado aumentar a receita do município e, especialmente, uma parceria com o governo federal. O município de Campos era uma ilha fechada, que não dialogava com ninguém, a não ser quando tinha interesse. Hoje, não. Hoje, eu dialogo com todas as frentes e partidos. Por exemplo, o deputado federal da nossa região, que dialoga constantemente comigo, e que tem feito um grande trabalho apresentando emendas: Paulo Feijó. Qual é o partido dele? O partido dele (PR) é do grande adversário nosso na última eleição. A gente teve a humildade, coisa que ele mesmo afirma que outros prefeitos não tiveram, de entender que, ainda que seja um partido de oposição, nós temos que dialogar pelo bem da cidade. E ele tem sido um grande parceiro. Então, essa busca por parcerias com o governo federal, com parlamentares, tem sido muito importante para a reconstrução da nossa cidade e para melhoria de receita.

 

Folha – Outra crítica feita pelos populares ouvidos na enquete foi: “Ele precisa de uma equipe mais capacitada”. O questionamento foi feito também por alguns acadêmicos ouvidos na mesma reportagem da Folha: “Embora saibamos da sensibilidade do prefeito em agir justamente, seu corpo de assessores nem sempre produziu bons resultados”, disse a historiadora Sylvia Paes, da Universo. Enquanto o cientista político Hamilton Garcia, da Uenf, alertou ao “espírito de confraria, ao qual o atual prefeito parece atado”. A necessidade de contar com pessoas mais experientes na equipe é ressaltada até por aliados políticos. Não chegou a hora de ter mais “cabeças brancas” no governo?

Rafael – Nós temos, com todo respeito a quem tem “cabeça branca”, pessoas experientes, como nós temos pessoas novas também. A única diferença é que nós quebramos um paradigma. Novas pessoas surgiram nesse cenário. Nós não mantivemos, como muitos prefeitos, os mesmos secretários de sempre. Nós trouxemos novas figuras. E, quando a pessoa fala de uma questão de falta de experiência, a pergunta é uma só: qual foi a equipe que administrou a mesma cidade com metade do dinheiro e, mesmo assim, fez com que ela funcionasse? Foi essa equipe. Essas cabeças novas, aliadas às experientes, que estão aprendendo muito, que acertam, que erram. Mas foi essa equipe jovem que se colocou aqui para um grande desafio, porque essa é a maior crise da história de Campos. Mas, por óbvio, a gente acerta, erra e procura diálogo. A academia, por exemplo, e, aí, eu vou falar em nome da nossa superintendência de Inovação Tecnológica, através do Romeu, que é da academia; através da Sana Gimenes, que é da secretaria de Desenvolvimento Humano e Social e é da academia; através do Brand Arenari, que é nosso ex-secretário de Educação e só não está na gestão, hoje, efetivamente, porque passou em um concurso público (na UFF), e a gente precisa conseguir a liberação que, na academia, não é fácil. Estou dando alguns exemplos da academia que estão dentro da nossa gestão. A Suellen André de Souza, da Infância e Juventude, é da academia, do quadro da Uenf. Ou seja, a academia está dentro da nossa gestão porque nós privilegiamos uma gestão técnica. Esse é o primeiro ponto que mostra, de cara, a nossa aproximação com a academia. E outro ponto é o diálogo permanente com ela. Quantas parcerias com a Uenf, com o IFF, com a UFF. Diálogo permanente. Com a própria Cândido Mendes, se pensarmos em uma universidade privada. Com o Isecensa. Eu me formei na própria Cândido Mendes. O professor Rodrigo Lira, um dos grandes quadros da academia, é o responsável pela superintendência do Fundecam. Então, nós estamos próximos da academia. Meu pai tem uma grande história na Cândido Mendes, no meio universitário. Ele serve de exemplo para mim sempre quando a gente tem que buscar o diálogo com a academia. Mas, por óbvio, o fato de você dizer que garante diálogo não significa dizer “sim”, sempre. Então, nós não temos um grupo fechado. Tenho, sim, um grupo de amigos. Mas, aí, se deve a minha pessoa. Se, de repente, alguém de fora interpreta como uma confraria, é porque meu governo não é autoritário. Meu governo é de diálogo. Meu governo, quando as pessoas mais próximas, é de carinho, de atenção. Quantas pessoas eu nem conhecia na gestão e, hoje, são próximas a mim? Qualquer secretário tem direito de se aproximar, de dizer se concorda ou discorda. Qualquer cidadão comum tem direito de se aproximar, de entrar na Prefeitura, de ser atendido por mim e dizer se concorda ou discorda. Qualquer pessoa da academia, no caso, ou de qualquer classe, ou liderança de entidade, tem o direito de chegar até mim e conversar comigo neste ambiente que pode aparentar confraria. Mas não. É um ambiente de muita seriedade, de muito trabalho, mas que tem diálogo. Que tem respeito, equilíbrio e entende que ninguém é dono da verdade. Eu desafio: qual gestão conversa tanto com a sociedade como a nossa? A nossa gestão dialoga permanentemente com a sociedade, o que não significa dizer “sim”, sempre. Diálogo não é dizer “sim”, sempre. É sentar à mesa e dizer “sim, posso” ou “não, não posso” e dizer porque não pode. E, quando puder e não entender, abrir a oportunidade para que a pessoa te convença do contrário. E, me convencendo do contrário e sendo melhor para a nossa cidade, eu faço de imediato.

 

Folha – Você é conhecido pela lealdade e a relação de confiança com aqueles que trabalham contigo. Mas quando se confia em alguém que não está gerando resultados, no lugar de tentar insistir com ele, não seria mais inteligente chamar alguém mais capacitado à função, tentando construindo a relação de confiança com o passar do tempo?

Rafael – Eu concordo plenamente que isso é o princípio para todo mundo. Ter uma relação de confiança não significa, necessariamente, que aquela pessoa está habilitada. Todas as pessoas que nomeei, eu nomeei por acreditar na capacidade técnica delas. Em alguns lugares, surte o efeito que você queria que surtisse. Em outro, surte até além. Em outro, surte um pouco menos.

 

Folha –  Pode exemplificar?

Rafael – Não. Acho que a gente tem que ser muito cuidadoso. Neste momento, estamos passando por reformulação também. Eu vou apresentar algumas reformulações já, já, para toda a sociedade campista.

 

Folha – Reforma de equipe?

Rafael – De alguns pontos da equipe.

 

Folha – Neste primeiro semestre?

Rafael – Sim. Em uma cidade, completamente arrasada pelo passado, você cobrar que a pessoa te dê um resultado de imediato, em um ano, é desumano. Eu não posso pedir. Se, anos e anos, dinheiro sobrando, ninguém resolveu aquele problema, tem que estar nas costas daquela pessoa resolver aquele problema? Não. Eu sou o tipo de prefeito que não joga a conta no meu secretário ou na minha secretária. Eu puxo para mim. Essa conta é minha. Nós temos que ter coragem de defender a equipe. A gente tem, em Campos, alguns exemplos que, na hora do sufoco ou da dificuldade, joga o outro para pagar a conta, joga o outro na fogueira. Eu não. Por isso que você citou, no início, que eu sou leal. Não é por uma questão de política. É por uma questão de formação humana. Se eu preciso que a pessoa esteja ao meu lado, eu tenho que mostrar lealdade e confiança nela. E estar ao lado dela para as dificuldades. Agora, eu sou o tipo de prefeito que sou muito questionado por isso também. Às vezes, prefiro estar na notícia difícil, na notícia ruim, e deixar o secretário dar a notícia boa. Mas é meu isso. Certo ou errado em questão de comunicação, eu prefiro enfrentar o problema. Campos, hoje, precisa ter um prefeito que não foge do problema. “Ele vem conversar comigo. Ele toma a decisão que precisa tomar. Ele não foge de conversar comigo na decisão difícil.” Campos precisa disso. Essa é uma das formas de desfazer essa cortina de fumaça, essa maquiagem de que falamos. O prefeito de Campos, hoje, tem coragem de tomar as decisões e puxa para ele o problema, para ele resolver.

 

(Foto de Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

Folha – Se você analisar o governo Rosinha, que durou oito anos, ficou muito claro que ela foi blindada, cabendo a Garotinho o papel de para-raio. Isso também aconteceu nas duas gestões de Arnaldo Vianna, quando cabia a Ilsan o ônus da antipatia. Para bem ou para mal, como disse há pouco, as coisas vão muito para você, que bate no peito ao falar isso. Não seria taticamente inteligente ter alguém para fazer essa proteção sua?

Rafael – É uma avaliação interessante essa. A minha equipe conversa isso várias vezes. Mas, aí, é da pessoa. É muito meu isso. Ainda que alguém possa avaliar, como estamos avaliando conjuntamente agora, que seria uma tática razoável, ou, de repente, melhor para a preservação de um nome, acho que o momento que a gente vive não é de preservação de nomes. É de coragem para fazer o que é certo. E, se a população foi à rua em 2016 e disse, mais de 150 mil pessoas, que queria o meu nome, eu não posso fugir das grandes decisões agora. Se eu defendo, para as pessoas, que decisões difíceis precisam ser tomadas, eu vou pedir que outra pessoa tome? Não. Eu tenho que tomar. É difícil? É. Você vai à rua, e as pessoas que votaram em você dizem: “mas, poxa, achei que fosse ser melhor agora”. Eu tenho certeza de que ela acertou. Ali na frente, ela vai ver isso. Alguns conseguem ver. Infelizmente, a maioria, agora, não.

 

Folha – Como você gosta de futebol, talvez valha citar o exemplo. Na Copa de 2010, quando perdia contra a Holanda, nas quartas de final, o técnico Dunga olhou para o banco, viu vários jogadores da sua confiança, mas nenhum com capacidade para mudar o jogo. E o Brasil voltou mais cedo para casa. Vale a comparação? Qual o limite entre a coerência e a teimosia?

Rafael – A gente, que é jovem, às vezes, é visto como teimoso. Mas quem me conhece e lida comigo diariamente sabe que, apesar dos meus poucos 34 anos, eu me considero uma pessoa pouco madura além da minha idade. Porque eu gosto de ouvir , de conversar, eu me permito ser contrariado, dentro do limite humano de qualquer um. Porque, às vezes, você não quer ser contrariado, mas você precisa ser. Eu procuro sempre conversar com minha família, com amigos próximos, buscar aconselhamento de pessoas que não são tão próximas, mas que são experientes. Então, não estamos sendo teimosos. Tanto que eu acabei de dizer que há necessidade de mudanças. Eu vejo que há necessidade de mudança, e nós vamos fazer essas mudanças e a sociedade vai ver algumas dessas mudanças. Mas jamais por teimosia. Foi como eu falei: um ano é muito pouco, apesar de ser um quarto do mandato que a população me conferiu. Então, a gente tem que ter responsabilidade, equilíbrio nesta hora de olhar para o banco de reservas, ver as peças-chave e entender que, agora, é o momento. Mas também com equilíbrio. Porque não é mudar por mudar o nome. A questão não é o nome. A questão é o próprio sistema. Com metade do dinheiro, fica a dificuldade. A gente está fazendo um governo diferente que desagrada, muitas vezes, mas a gente precisa fazer.

 

Folha – Entre os secretários, dois inegáveis destaques positivos são o superintendente de Agricultura, o experiente ex-vereador Nildo Cardoso (DEM), e o presidente da Fundação Municipal dos Esportes, Raphael Thuim, que embora relativamente jovem, trouxe a Campos sua vivência no governo de Rio das Ostras. Dentro do seu próprio governo, eles não são a prova de que a experiência faz falta?

Rafael – A gente tem um procurador novo, que faz um grande trabalho. Eu desafio quais procuradores, nos últimos anos, fizeram o trabalho que doutor José Paes faz. Nós temos um controlador (Quintanilha) que é novo e faz um grande trabalho. Nós temos um secretário de Fazenda (Leonardo Wigand) que é novo, que vem do setor privado e administra essa cidade como nenhum secretário administrou antes, com metade do dinheiro. Só eu sei o que nosso secretário faz. Nós temos um superintendente de Comunicação (Thiago Bellotti) que faz o que faz pela comunicação do nosso governo e também é novo. Temos Alexandre Bastos (chefe de gabinete), que, apesar da sua experiência política, é novo, mas tem uma condução política e uma habilidade reconhecidas não apenas por mim, mas pelos vereadores, seja da oposição ou da situação, pela própria imprensa e pela sociedade, como uma atuação brilhante. Então, a gente tem que entender que o resultado está vindo. Mas, ao mesmo tempo, a gente tem uma secretária de Cultura, que é a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Cristina, que foi experimentada em outros governos e, ao meu lado, reabriu o Teatro de Bolso. Um sonho que parecia pouco, mas é imenso. Porque eu vi essa realidade quando fui, com minha família, ao último dia de espetáculo no Teatro de Bolso, para entregar o certificado para a garotada do Curso Livre de Teatro. Cheio da família deles. Ali, a gente não está formando apenas ator e atriz. A gente está formando cidadão através da cultura, e a experiência de Cristina Lima trouxe isso também. Nildo Cardoso, com toda a sua experiência, faz o trabalho que faz, com toda a dificuldade. Nesta retomada da Agricultura, como você bem colocou, tem sido um grande destaque. Lembrando que foi um dos nossos adversários na eleição. Eu não fechei as portas para ele. Muito pelo contrário. Como eu converso com qualquer pessoa que quiser, que entenda e queira o melhor para a cidade. E outro ponto importante: Raphael Thuim. Apesar da experiência dele, ainda é jovem, mas faz um trabalho no Esporte, e sem dinheiro. Raphael Thuim, com nossa administração, com minhas determinações junto com sua equipe, a gente oferta, hoje, esporte a 13 mil pessoas. E lembrar um ponto importante que é nosso xodó na Fundação de Esporte, que é o nosso paraesporte.

 

Folha – Há quem comparasse o primeiro ano da sua gestão com o mesmo período no governo da sua aliada política Carla Machado (PP), em São João da Barra. Embora vocês dois tenham sucedido administrações desastrosas, respectivamente de Rosinha e Neco, o fato de ela ter sido prefeita duas vezes antes não deu condições de apresentar resultados aparentemente melhores?

Rafael – Com certeza, a experiência ajudou Carla neste momento de dificuldade que São João da Barra também vive, como qualquer município. Só que ela voltou a administrar um município que já tinha administrado. A condição é outra. Ela já sabia onde estava pisando. Nós começamos a pisar em um território desconhecido por nós e sem informação nenhuma. E em uma crise financeira jamais vista. E, comparada com a crise de São João da Barra, a crise de Campos é muito maior. E nós temos que comparar, também, o tamanho das cidades. As pessoas olham para o município vizinho. Mas, quando olharem, têm que entender que, pelo menos, eu atendo um número de pessoas no Esporte que é metade da população de São João da Barra. São 13 mil pessoas. Essa é a grande questão. Quantas pessoas a gente atende na Saúde? Seis milhões de procedimentos. Inclusive, fornecendo saúde para os municípios vizinhos. Eu acho que São João da Barra ganhou muito com a volta da prefeita Carla Machado, e ela vem fazendo esse grande trabalho lá.

 

Folha – Na matéria da Folha, o sociólogo Roberto Dutra, da Uenf, fez uma das análises mais equilibradas do seu primeiro ano de gestão: “Ajuste fiscal e combate à corrupção são duas agendas indispensáveis. Mas elas são apenas preliminares. O problema geral do governo foi não ter saído das preliminares com um programa e uma narrativa capazes de apontar e sustentar um rumo novo para Campos. A imagem que ficou foi a de um governo que desconstruiu muito e construiu pouco”. Quando a etapa das preliminares será finalmente vencida? O que seu governo pretende construir? E como?

Rafael – Eu acho que essa análise, que a gente respeita como qualquer análise, seja favorável ou contrária, me traz um único pensamento: será que realmente não construímos? Eu tenho certeza de que construímos. Só que construímos o alicerce. Não construímos mais a cortina de fumaça.

 

Folha – Você acha, então, que já avançou a etapa das preliminares?

Rafael – Estamos avançando ainda. Aí, a gente volta à questão financeira. Nós temos um déficit por mês. Nós precisamos ajustar essas contas.

 

Folha – Outro acadêmico, o economista Alcimar das Chagas, da Uenf, fez comparações entre o seu governo e o de Rosinha, endossando seu trabalho para reduzir as despesas, mas identificando uma capacidade de investimento inferior. Como os R$ 222,3 milhões de investimento púbico em Campos em 2016 vieram dos R$ 562,2 milhões da terceira “venda do futuro” feita pelos Garotinho, cuja conta é paga por seu governo. Independente disso, quando sua administração poderá investir em obras estruturantes?

Rafael – A gente, primeiro, tem que lembrar que reformou oito unidades escolares no ano passado. Ou seja, fizemos, sim, obras com aproveitamento de verba federal. Vamos abrir mais nove oportunidades de reformas de escolas e unidades escolares, também com verba federal. A gente está garantindo a entrega da UPH de Travessão com verba federal. Agora, nós não temos mais o dinheiro em abundância que tinham antigamente para fazer esses investimentos. Estou dando um exemplo. E, hoje, principalmente, eu preciso garantir a manutenção dos serviços básicos que nós já discutimos, aqui, por várias vezes. Ainda assim, para os serviços básicos, vem faltando dinheiro. Então, em que tipo de investimento eu preciso acreditar hoje? É o investimento em uma cidade que está se transformando, que está se reconstruindo. Esse é o maior investimento. Quando a gente fala que reduzir despesa é investimento, é, sim, porque a gente está adequando a cidade a uma nova realidade financeira. Hoje, a gente fica inviabilizado de fazer novos investimentos, como o próprio professor Alcimar coloca, pela nossa dificuldade financeira.

 

Folha – Ainda em relação à “venda do futuro” feita por Rosinha no último dia do governo federal Dilma Rousseff (PT), trocada pela ausência da deputada federal Clarissa (hoje PRB) na votação do impeachment da ex-presidente, qual seria a realidade do município se a sua procuradoria e a da Câmara de Campos não conseguissem reverter na última hora, no TRF-2, os termos de cobrança dacronianos pactuados pelos Garotinho?

Rafael – Por isso que eu falo que essa foi uma das grandes vitórias da nossa gestão. A reversão, pela Justiça, obtendo essa liminar. Eu faço questão de ser um gestor que dá crédito aos nossos servidores, à nossa equipe. E esse foi um grande trabalho da Procuradoria através do doutor José Paes Neto. Se não fosse, a gente teria pagado mais de R$ 100 milhões. Se já nos faz tanta falta tendo pagado R$ 40 milhões, imagine se eu pagasse R$ 100 milhões. O que não teria sido prestado se eu tivesse que pagar mais R$ 60 milhões à Caixa Econômica Federal? Por isso que eu afirmo que esse foi um dos grandes desafios e uma grande vitória nossos. A gente vem mantendo diálogo com a Caixa Econômica. Na última quarta-feira do ano, eu estive em Brasília, conversando, mais uma vez, com a diretoria da Caixa Econômica para a gente tentar resolver de uma vez por todas. Por óbvio, o banco quer receber o dinheiro que emprestou. E a gente quer pagar aquilo que a gente consegue pagar. Lembrando que não fui eu que fiz esse empréstimo. Mas eu tenho que assumir essa responsabilidade. Mas, sem dúvida nenhuma, se não fosse essa vitória através do trabalho da Procuradoria, a situação seria muito mais difícil. Seria o caos.

 

Folha – Como vereador, você foi contra as três “vendas do futuro” de Campos pelos Garotinho. Como prefeito, pensa na possibilidade de fazer um novo empréstimo?

Rafael – Não. Não penso. Tanto que, em hora nenhuma, a gente recorreu a essa possibilidade. Como eu vou aumentar o empréstimo? E outra coisa: nós não temos capacidade para isso. Nós temos uma dívida de R$ 1,3 bilhão. O que eu lamento muito é que, quando tiveram R$ 2 bilhões, que eu sonho ter em 2018; quando tiveram R$ 2,5 bilhões e quase R$ 3 bilhões, ainda assim, buscaram empréstimo. Em 2014, quando jorrava dinheiro em Campos, ainda assim, buscaram empréstimo. E a gente administra a cidade com R$ 1,6 bilhão.

 

Folha – Foi coincidência ter sido o ano de eleição a governador, na qual Garotinho se candidatou, mais não foi nem ao segundo turno?

Rafael – Foi certeza. Gastar, gastar ,pensando nos seus objetivos eleitoreiros, sem pensar na cidade. A gente faz o inverso: a gente pensa na cidade sem pensar em como está o nosso nome, momentaneamente, na rua.

 

Folha – Outro economista ouvido pela Folha, José Alves de Azevedo Neto, teceu elogios ao seu governo. Sobretudo na condução das políticas econômicas de curto, médio e longo prazos, no sentido de “reverter o expressivo desequilíbrio das contas públicas” do governo Rosinha. Ele citou, como iniciativas positivas, o Fundecam Empreendedor, o apoio à agricultura familiar e o apoio, com diversas parcerias, ao Parque Tecnológico do Norte Fluminense. Pode falar um pouco sobre eles? Que outra iniciativa destacaria na área econômica?

Rafael – A retomada, de verdade, do aeroporto Bartolomeu Lisandro é uma das grandes saídas. Um aeroporto que estava para ser fechado. Uma bomba deixada pela gestão passada. Se não fosse a nossa atitude ir a Brasília, correr atrás, trabalhar politicamente para que ele não fosse fechado e assumir realmente como municipal, o nosso aeroporto não estava acontecendo hoje. E nossa cidade depende muito de aeroporto. Isso é um ponto. Outro ponto é acreditar no Porto do Açu, apesar de estar no município de São João da Barra. E, aqui, eu estou trabalhando, também, para que os outros municípios deem certo. Porque nós temos que pensar de forma regional, de forma maior. Com relação ao Parque Tecnológico, é uma realidade que precisa ser enfrentada, que precisa ser abraçada pela nossa gestão. E nós abraçamos. Daí, o grande trabalho que vem sendo feito através da nossa superintendência de Inovação Tecnológica, do Romeu e Silva Neto, que é também da academia. Outro ponto é o Fundecam. Nós acreditamos no investimento de mais de R$ 500 mil para poder investir no microcrédito. A pessoa vai ser formalizar, vai gerar emprego para ela, para outras pessoas. Vai gerar renda para outras pessoas e receita para a nossa cidade. Isso tudo sendo formalizado. Acreditamos, agora, em um novo projeto, que é aplicar o Fundecam para investimentos do nosso pequeno agricultor, do agricultor familiar. A gente pensa no agronegócio como um todo, mas nós precisamos pensar na agricultura familiar que sustenta todo esse potencial agrícola, que é uma tradição de Campos e está sendo resgatada pelo nosso superintendente Nildo Cardoso.

 

Folha – Muitos dos acadêmicos que falaram na matéria da Folha, sobretudo das ciências humanas, criticaram o corte em programas sociais. Alguns, como o sociólogo Fabrício Maciel e o cientista político Márcio Malta, ambos da UFF, chegaram a cobrar do governo posições de esquerda. Como avaliaria ideologicamente sua gestão?

Rafael – O que é ser de esquerda e de direita? Eu sou de Campos. E quem me conhece, pelo meu posicionamento na própria Câmara, sabe disso. Quando a ex-prefeita apresentava um projeto que era bom para Campos, eu não olhava o partido dela e não pensava se eu era contra ou a favor dela politicamente. Eu pensava que era bom para Campos. Os poucos projetos que julgava bons para Campos, eu aprovava. E qualquer política nossa, que seja uma política de um grupo ou um partido de esquerda ou de direita, a gente vai abraçar para poder aplicar na nossa cidade. O grande problema é quando as pessoas fazem a política pensando apenas no seu partido ou nas suas ideologias. Hoje, minha ideologia é tomar as medidas que são necessárias para Campos e buscar o melhor, ouvindo todas as opiniões, sejam de centro, de direita ou de esquerda, buscando todas as alternativas.

 

Folha – Sua administração é taxada como “burguesa” e “neoliberal”, por parte da esquerda local, que não conseguiu eleger nem um vereador em 2016, a despeito da boa votação do Professor Alexandre (PT). Por outro lado, também recebe críticas de simpatizantes da direita, pelo fato da sua equipe ter nomes de esquerda como Brand Arenari (ora licenciado), Sana Gimenes, ou André Oliveira, ex-presidente do PT em Campos. Como é ser taxado de coxinha por uns e de mortadela, por outros? Nessa gastronomia bipolar, qual prato prefere?

Rafael – Eu prefiro mortadela. Se alguém sabe o motor que me levou para ganhar essa eleição como nenhum prefeito ganhou, foi pão com mortadela e café. Isso o dia todo. Eu sou apaixonado por pão, mortadela e café. Nem gosto muito de coxinha porque não sou muito de fritura. Mas, se você vê que os dois lados não concordam, qual é o certo? É atender a um lado só? O outro lado? Ou minha cidade? Eu atendo a minha cidade. Os nomes que eu escolhi, independente de partido, são os melhores nomes. Você citou um, que é o André Oliveira, que faz um grande trabalho à frente da gestão pública. É servidor público municipal e foi presidente do PT. Nós não pensamos em partido na hora de administrar a cidade. Eu penso no que é melhor para a minha cidade. Eu converso com todos os deputados, de vários partidos. Quando vou a Brasília, eu bato no gabinete de todos eles. Eu penso que o melhor para Campos são as melhores pessoas, independente de seus partidos. Entender, identificar que, de repente, no pensamento delas, tem alguns acertos e alguns erros. E para ela me ajudar, também, onde estão os erros e os acertos da minha ideologia. Até porque não é minha verdade que prevalece na gestão. Às vezes, a minha ideia não é a melhor. Então, eu vou escutar a da outra pessoa. E, se for melhor para Campos, eu vou tomar a decisão, independente do partido ou da ideologia. Mas eu sou completamente apaixonado por pão e mortadela.

 

(Foto de Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

Folha – Muitas das críticas ao seu governo se dão também pela relação com os vereadores. Certo que se você tivesse perdido a eleição da mesa diretora, as críticas aos métodos para garantir Marcão na presidência, se transformariam em questionamentos de “ingenuidade” e “imaturidade” no caso de derrota. Assegurada a vitória, em que critérios se baseia hoje a relação do seu governo com os vereadores?

Rafael – Da forma mais transparente possível, desde a presidência a todos os vereadores, inclusive da própria oposição. Não só da minha parte, mas de toda a nossa equipe. Tanto que, por vezes, sai em rede social um secretário nosso recebendo um vereador de oposição. E tem gente que critica. Mas não era para receber? Para atender, para ouvir. Porque ele foi um vereador eleito e merece o mesmo respeito. Não faz parte do nosso grupo, mas vai ter oportunidade de ser ouvido. Este é o primeiro caminho: entender que, apesar da necessidade constitucional posta de andarmos de forma harmônica, somos poderes independentes. Por isso que eu faço questão de todos os projetos serem discutidos antes de serem colocados para aprovação. Por isso que eu tenho um dos principais elementos da minha gestão, que é o meu chefe de gabinete, que faz esse trabalho diário de contato com os vereadores, que é o Alexandre Bastos. Faz isso brilhantemente, com toda a experiência que ele tem, apesar de ser novo, como jornalista que cobriu a Câmara por anos. A minha relação com os vereadores é essa. Obviamente, garantindo o direito deles de se manifestarem. Sem nunca impor qualquer medida autoritária, de perseguição. Se eu vim contra esse modelo, como permanecer com esse modelo?

 

Folha – Você falou, há pouco, que trabalha todos os dias, até tarde, no gabinete. No último debate da campanha de 2016, você disse a Chicão (PR) que preferia caminhada a palanque porque, na primeira, você olhava no olho do eleitor. Inegavelmente, você tem carisma e é um bom orador. Não acha que, nesse primeiro ano, você ficou muito preso ao gabinete e faltou ir um pouco à rua fazer o trabalho político?

Rafael – Se eu pudesse, ficava só na rua. Até porque é dela que eu vim. Foi ali que eu ganhei a eleição. Mas não posso administrar só da rua. Eu tenho que tomar decisões, organizar uma casa deixada completamente bagunçada. E quem me conhece, apesar de saber que eu sou descentralizador, eu gosto de saber de tudo e estar perto de tudo, inclusive tomando as decisões. E, em um primeiro ano em que você precisa começar a organizar uma casa bagunçada, você não vai poder organizar longe dela. Por isso, eu precisava estar diariamente dentro da Prefeitura. Mas, quando eu posso, estou sempre frequentando os lugares, visitando as pessoas, dialogando no interior, como fiz desde o início do ano. Todo final de semana, no Farol de São Thomé, visitando as pessoas que frequentam a nossa querida praia e tantas outras localidades desse município, que é imenso. Aí, é interessante porque, de repente, eu faço um registro, pela rede social, que estou em uma localidade, e a outra localidade, de imediato, quer que a gente esteja lá. Mas eu sou um só. A gente tem que se dividir bastante e, além de tudo, administrar a cidade, que não é tarefa das mais fáceis e exige muito da minha pessoa. Então, eu me dedico ao máximo a isso. Muitas vezes, eu tenho esse desejo e falo isso com a equipe: “eu quero ir mais para a rua”. Apesar de querer que eu estivesse mais na rua, a população precisa entender que o prefeito tem que estar atento às decisões que precisam ser tomadas neste difícil momento que Campos vive.

 

Folha – Inegavelmente, o grande político do seu grupo é você. E teremos eleições neste ano. Os candidatos do seu grupo terão em você o maior cabo eleitoral. Isso não o levará um pouco mais às ruas?

Rafael – Sem dúvida nenhuma. Preciso, quero e tenho que ir mais para a rua, mas dentro de um limite de responsabilidade administrativa. Sempre defendi que, se acabou a eleição, a gente tem que descer do palanque. Eu não faço de 2017 um ano pré-eleitoral. Faço um ano de gestão. Momento de eleição é momento de eleição. Mas eu já falei: entre pagar caro por uma eleição, eu prefiro tomar conta da nossa cidade.

 

Folha – Na entrevista que deu à Folha em dezembro, César Tinoco, confirmou a pré-candidatura a deputado federal. Ele é seu assessor especial e amigo de infância Como você vê essa pretensão?

Rafael – A pré-candidatura de César, que nosso grupo vem avaliando e discutindo a possibilidade…

 

Folha – Você fala que vem avaliando. Então, não é uma certeza?

Rafael – Nada é certo. E o próprio César pensa assim. O único objetivo certo é a administração dessa cidade. Isso, eu digo para todos os aliados políticos e para todos aqueles que querem discutir a eleição de 2018 com a gente. Quando eu recebo qualquer pré-candidato ou qualquer deputado, é exatamente isso.  Precisamos pensar na nossa gestão. Esse é o nosso compromisso. A construção e o surgimento do nome de César não foram uma invenção dele, tampouco minha. Foi do nosso grupo. É importante lembrar que, antes de um assessor especial, ele constrói a nossa história política desde lá de trás, quando, juntos, começamos a militar na candidatura do meu pai a vereador, em 2000. Então, não é uma história de agora. Entendemos, no momento oportuno, que era a hora de eu me lançar, apesar de ele ter tido seus desejos lá atrás. Ele é de família de político. O pai dele foi vereador por dois mandatos. Ele colhe esses frutos, hoje, quando ele chega a um lugar e veem que ele é filho do saudoso Carlinhos Tinoco. Ele não pensa nele. Ele pensa na gestão. Então, ele concretizou essa liderança e tem um trabalho de bastidor que poucas pessoas fazem. Talvez por isso, a gente sempre se complementou: eu no front, na rua, e ele no trabalho de bastidor. Por que não invertermos agora, já que ele tem habilidade para isso também? Se eu for fazer o trabalho de bastidor que ele faz, eu não vou ter a mesma competência, assim como, talvez, ele não tenha a mesma facilidade minha na rua. Mas todos podem fazer tudo. Nossa junção é essa. O nosso segredo do sucesso é esse. Somos um grupo. Não é só o César, não é só o Rafael. É todo o grupo que pensou, também, na pré-candidatura de César. Nosso grupo acredita em uma gestão e, em cima dela, vamos fazer nossas opções e apresentar nossas opções eleitorais no momento oportuno.

 

Folha – Suponhamos que César e Wladimir Garotinho (PR) sejam candidatos a deputado federal. Pela capilaridade do grupo de Garotinho no Estado, é muito difícil que César fique à frente de Wladimir no geral. Mas se Wladimir tiver mais votos em Campos — e ele lidera nas pesquisas do instituto Pappel em todas as zonas eleitorais do município, inclusive na 98ª e 99º, tradicionalmente refratárias ao garotismo –, isso não seria encarado como uma derrota sua, mais do que de César?

Rafael – Eu voltei no tempo agora. Quando eu me coloquei como candidato a vereador, não tive nem tempo e de ser pré-candidato, porque minha decisão teve que ser quase em cima da hora, tendo em vista o momento mais difícil da minha vida, que foi ter perdido meu pai. Então, foi tudo muito em cima da hora. Eu lembro, lá atrás, “Mas por que você vem? Será que vai fazer tantos votos? Ganhar, você não vai”. A gente não só ganhou como foi, de 25 vereadores, o oitavo mais votado. Depois, veio uma eleição de deputado, em 2014, em que as pessoas me perguntavam: “Você vai vir como candidato a deputado?”. Eu falei que não. Fui eleito vereador e tenho que cumprir meu mandato. Viemos para uma eleição de prefeito quando ninguém acreditava, primeiro, que eu seria candidato. Que eu teria apoio do meu próprio partido. Tivemos o apoio garantido…

 

Folha — Pelo deputado estadual Comte Bittencourt (PPS).

Rafael — Isso eu devo à seriedade,  e à lealdade do grande parlamentar e político que é o meu líder, o deputado Comte Bittencourt. Depois, aquelas construções de partido. Quem vai apoiar e quem não vai. No final das contas, quem saiu fragilizada nesse processo foi a nossa candidatura. Conversamos com todo mundo, mas ninguém queria ficar com vereador de oposição, com três partidos só. Eu tive apoio da Rede, do vereador Marcão à época, e também do Gustavo Matheus, pelo PV. Juntos, eu e Fred Machado, pelo PPS. Fizemos a nossa construção. Fizemos uma eleição com dificuldade financeira, apenas 38 candidatos a vereador, enquanto os outros partidos, em uma coligação, tinham 300 candidatos. Com apenas 38 segundos de TV, sem Cheque Cidadão e, simplesmente, diziam: “Mas será que chega em terceiro?”. Aí, começamos a ouvir: “Eu acho que Rafael vai para o segundo turno”. Não fomos para o segundo porque ganhamos no primeiro turno. E ganhamos como candidato de oposição, nas sete zonas eleitorais, como nenhum prefeito ganhou. Por que eu voltei nesse tempo? O impossível aconteceu. Agora, vamos voltar para a sua pergunta. Obviamente que o pré-candidato do grupo que, hoje, nos faz oposição é mais forte em termos de capilaridade política e eleitoral. Por óbvio. Ainda que a gente esteja à frente de uma máquina. Mas, primeiro, eu não sou político de mergulhar a máquina em um candidato. Eu sou político de apoiar legalmente e com responsabilidade um candidato. Entre a minha cidade e meu nome, eu fico com minha cidade. Entre minha cidade e qualquer candidato, eu vou continuar com minha cidade. Segundo ponto: vivemos um governo que passa por reconstrução de uma cidade. As pessoas querem que tudo seja resolvido de imediato. Então, você não tem como garantir uma popularidade. E, se você não tem como garantir uma popularidade para você, como vai garantir para o candidato que você apoia? Porque enfrentamos um momento difícil, e essa foi uma decisão minha. Então, se mostra, aparentemente, uma eleição difícil, sim. Por isso que eu voltei lá atrás para te responder. Se o impossível nós fizemos, por que não fazer o que é apenas difícil? Pode não acontecer, pode acontecer. O meu desejo é que a gente chegue a outubro não pelas eleições. Mas que seja um mês em que eu esteja melhor com a minha cidade. E aí, o resultado, deixe que a urna diga. Se a urna disse “sim” a mim, com mais de 150 mil votos, que ela diga para o melhor candidato que ela entender. A classe política é muito criticada, mas quem forma essa classe é a sociedade. Então, que ela escolha livre e democraticamente.

 

Folha – Sempre no campo hipotético, mas de maneira objetiva: se Wladimir e César forem candidatos a deputado federal, e o primeiro for eleito com uma votação superior em Campos ao segundo, isso não o catapultaria, naturalmente, para a eleição de prefeito em 2020?

Rafael – De forma alguma. A gente está em um processo de reconstrução. O que a sociedade espera de mim não é um prefeito cabo eleitoral. Ela espera um prefeito que resolva os problemas dessa cidade e a transforme. Politicamente, eleitoralmente, faremos nossas interpretações. Em um eventual resultado eleitoral, vamos avaliar: foi uma derrota eleitoral ou não? Nem sempre uma derrota eleitoral significa uma derrota política. Muitas vezes, pode significar uma vitória política ali na frente, exatamente porque eu fiz uma opção. O meu candidato a qualquer custo ou, independente do meu candidato, a minha cidade a qualquer custo? A minha cidade a qualquer custo. Esse é o preço que eu quero pagar. Acima de tudo, a minha cidade.

 

Folha – O jornalista Ricardo André Vasconcelos escreveu um artigo, falando de muitas dificuldades suas que já tratamos aqui. Mas ele terminou cobrando uma definição: o objetivo do seu grupo é um projeto político, ou de poder? Se for este, ele disse que “tanto faz”, em relação ao Garotinho. Como você vê essa avaliação?   

Rafael – Tenho imenso respeito e admiração pelo jornalista Ricardo André. Mas, na minha avaliação, a gente tem que entender: o que é projeto de poder e o que é projeto político? Às vezes, as pessoas podem misturar o poder com o próprio projeto político. Eu penso em um terceiro projeto: de gestão. Na verdade, para mim, é o primeiro. Depois desse projeto de gestão, vem o projeto político. O projeto de poder, jamais. Eu sei da onde eu vim e até onde quero chegar. E, sinceramente, até para onde eu quero voltar: para a minha casa, para a minha família. Descartado qualquer possibilidade de projeto de poder, a gente pode discutir: projeto político ou projeto de gestão? Eu acredito no projeto de gestão. O meu grupo político tem que acreditar no projeto de gestão. Em cima disso, vem o projeto político. Por óbvio, eu lembro sempre que aquilo que me garante fazer gestão técnica e responsável é o processo político, mas eu tenho que saber equilibrar muito bem esses dois processos para nenhum deles ultrapassar. E sempre colocar a cidade em primeiro lugar.

 

(Foto de Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

Folha – Outro pré-candidato que está se colocando na disputa é o Marcelo Mérida (PSD). Ele tem um perfl semelhante, em algumas características, ao seu, ao de Cesinha, ao do próprio Wladimir. Como você analisa essa pré-candidatura?

Rafael – Marcelo é uma pessoa por quem eu tenho muito carinho e respeito, apesar de não ter intimidade e muita proximidade. Mas eu acho que ele tem o direito de buscar qualquer cadeira como todos esses nomes que você elencou aí. Para qualquer candidato, eu desejo sucesso. E que a urna e a população, verdadeira dona do voto, decida.

 

Folha – Falamos várias vezes da Passagem Social. Entre as análises do seu primeiro ano de governo, o antropólogo Carlos Abraão Valpassos, da UFF, saiu da teoria para dar um caso concreto de uma pessoa que foi, com dores, a UBS do seu bairro. O médico disse que o remédio que ele precisava só havia em outro hospital. Mas ele, que estava com a mulher, disse não ter os R$ 11 das passagens de ônibus de ida e volta dos dois. E preferiu voltar para casa. Isso não exemplifica, de maneira muito clara, o quanto a Passagem Social tem um efeito cascata, sobretudo na população mais pobre?

Rafael – Qualquer mudança tem efeito cascata. Não só nesse, como, por exemplo, na facilidade de você buscar um serviço em outro ponto da cidade. A questão não é essa. Mais do que uma passagem a R$ 1, se eu puder, eu garanto para a população, nessa nova reformulação, uma passagem gratuita. Mas a questão é se o sistema funciona ou não. Porque, mesmo a passagem sendo R$ 1, ele poderia ficar esperando um ônibus ali, como muitos já ficaram, e o ônibus não passar. De que adianta a passagem a R$ 1? Ele vai estar com R$ 1 no bolso, mas não vai ter ônibus passando. Isso acontecia muito. Então, a questão não é a passagem. A questão é o transporte público de qualidade. Aí, depois, a gente discute a passagem. Se o município vai ter condições financeiras de subsidiar para facilitar para aquela pessoa que realmente precisa. Então, a gente tem que fazer uma avaliação responsável e maior disso tudo. Por óbvio, se o ônibus tivesse no local e ele pudesse pagar mais barato, era muito melhor para ele. Mas, por óbvio também, a gente tem que garantir e cobrar. Por mais que o prefeito queira um serviço maravilhoso, você depende de toda uma rede, de todo um funcionalismo que exerça também, na ponta, um serviço de qualidade. Se é grave, por que não solicita uma ambulância? Aí, as pessoas que atenderam esse doente têm que responder por isso também. Se pudesse ser gratuito, seria muito melhor. Mas, independente de ser gratuito, de ser R$ 1 ou R$ 2,75, tinha que ter ônibus também. E, quando a passagem era R$ 1, não tinha a garantia de ter ônibus, porque faltava muito, e ônibus de qualidade.

 

Folha – Ele alegou que não tinha esses R$ 11, para aas passagens de ida e volta dele e da mulher.

Rafael – Foi uma necessidade o que a gente precisou fazer. Se eu pudesse manter e pensar nesses quadros, a gente faria de imediato. Se eu pudesse, eu pegaria o meu carro e levaria essa pessoa. Mas a gente não pode pensar dessa forma pequena. Tem que pensar que a gente administra uma cidade como um todo. Não adianta eu manter a Passagem Social, se eu estava pagando em dia e a empresa, que já está sucateada e quebrada há muito tempo, não pagava o funcionário dela em dia.

 

Folha – Entre os acadêmicos ouvidos pela Folha, os historiadores Aristides Soffiati e Guiomar Valdez, além do sociólogo e José Luiz Viana da Cruz, alertaram que um insucesso do seu governo poderia trazer a volta do Garotismo. Como avalia isso?

Rafael – Eu avalio com muita tranquilidade porque acredito plenamente no sucesso do nosso governo. Eu tenho certeza do sucesso da nossa cidade. E ela só vai ter sucesso se eu tiver a coragem que estou tendo agora. Se eu não tivesse, eu teria certeza que estaria fadado ao insucesso. Porque não tiveram coragem, lá atrás, quando o município já estava em crise e preferiram buscar empréstimo. E, mesmo com empréstimo, quebraram a cidade. Essa é uma reflexão que todos os analistas têm que fazer também. Eu poderia muito bem estar buscando empréstimo e empurrando problema lá para frente para, algum dia, estourar na mão de uma pessoa. Eu preferi pegar a bomba, desarmar e reconstruir a cidade. O que vai acontecer lá na frente depende muito do que estamos realizando aqui, agora. Preciso realizar ainda mais para, depois de construído o alicerce, as pessoas possam começar a ver o muro do edifício aparecendo. Infelizmente, é o que a população está habituada, a só conseguir enxergar o que a gente consegue ver ou tocar. E eu preciso fazer o alicerce. E o alicerce são as decisões.

 

Folha – A gente falou dos programas sociais. As medidas que você teve que tomar se estenderam não só às camadas mais pobres. É o caso, por exemplo, do IPTU. Dói mais nas classes produtivas e nas pessoas que têm empresas e imóveis particulares mais caros. Isso evidencia que a conta deixada, infelizmente, tem que ser paga por todos?

Rafael – Essa conta tem que ser paga por todo mundo. E não apenas financeiramente. Também na hora de tomarmos decisões difíceis e aceitarmos as decisões que são tomadas. Eu disse lá atrás: a gente vai ganhar a eleição junto. A gente ganhou e vai transformar Campos junto. Qual foi a minha primeira atitude? Abrir mão do meu capital político. Eu abri mão de uma coisa importante para mim, em nome da minha cidade. E, agora, eu convido as pessoas a entenderem que é momento de abrirmos mão de alguma coisa para reconstruirmos de forma coletiva. Quando você cita a questão do IPTU, nunca fizeram uma revisão de valores, porque se habituaram aos royalties em abundância. E todo mundo sabia que, um dia, essa conta viria. Por que não fizeram gradativamente esse aumento? A gente precisa pagar conta. De luz, de água do município, de limpeza pública, do remédio, dos insumos, dos nossos servidores. Isso custa muito dinheiro. Então, a gente precisa ter uma forma de receita, mas, por óbvio, respeitando a capacidade contributiva. Obviamente, ninguém quer pagar nada a mais, mas é necessário porque Campos, hoje, não tem essa receita que a gente precisa para melhorar nossos serviços. Mesmo com dificuldade financeira, estamos garantido o básico e a manutenção dos essenciais.

 

Folha – No dia da eleição de 2 de outubro de 2016, foi publicado um artigo na Folha comparando a importância das redes sociais na primeira eleição de Barak Obama à presidência dos EUA, em 2008, com a que poderia ter no pleito campista. A análise acabou se confirmando com sua eleição a prefeito em turno único, também pelo uso talentoso das redes sociais na campanha. Como você, Obama também teve um primeiro ano de governo difícil. Mas terminou seus dois mandatos como um dos presidentes mais populares dos EUA. Guardadas as proporções mais que devidas, vale o exemplo?

Rafael – As pessoas quiseram Obama. Eu me lembro, lá atrás, que você me perguntou se era possível ganhar as eleições nas redes sociais como o Obama. Eu disse que sim. “Yes, we can”, que foi o slogan dele à época. Sim, nós podemos. Mais de um ano depois, a gente traz a figura do Obama. Os americanos quiseram o Obama. Todo mundo queria. Necessidade de mudança. Aí, ele veio, nos primeiro e segundo anos dele, passando por dificuldades.

 

Folha – O primeiro ano dele foi o mais difícil.

Rafael – O primeiro ano foi mais difícil ainda, mas o segundo não foi essa facilidade toda.

 

Folha – Ele também enfrentou uma crise financeira enorme.

Rafael – Também tinha uma crise financeira enorme, e ele deixou claro lá às pessoas que querem o diferente, o novo, têm que ter coragem para aceitar. Para a gente mudar de verdade, transformar e fazer o diferente, a gente tem que ter coragem para aceitar abrir mão de muita coisa. Ele falou isso lá atrás. E, de certa forma, eu trago o pensamento dele de lá de trás, como, um dia, a gente trouxe o pensamento em relação às redes sociais. Que estadunidense não deseja a volta de Obama, nessa grande dificuldade? Mas, mesmo as pessoas que votaram nele, no início, reclamaram. Rejeitaram porque não aceitaram o diferente. E votaram no diferente. Obviamente, guardando as devidas proporções. Quem me conhece sabe que eu boto muito o pé no chão. Muito mal me comparando a Obama. Muito pelo contrário. Apenas trazendo esse exemplo, que é um grande líder mundial. Ele teve coragem para fazer as mudanças para que as pessoas, um dia, até sentissem falta dele. O meu objetivo é que ninguém sinta falta de mim, mas estamos tendo a mesma coragem que ele teve. E entendendo que precisamos que as pessoas se convençam desse processo de transformação. Eu me convenci. A primeira demonstração de acreditar nesse processo foi abrir mão do meu capital político. Eu estou pagando uma moeda cara para mostrar às pessoas que eu acredito nesse processo de transformação e que passamos pela tomada de decisões difíceis. Eu preciso convidar as pessoas que entendam esse processo de transformação. Não sou eu que produzo dinheiro, tampouco fui eu que fiz com que os royalties caíssem como caíram. Não fui que quebrei a cidade, como quebraram. Não fui que peguei empréstimo. Mas sou eu que estou administrando a mesma cidade com metade do dinheiro e sem pegar empréstimo. E sou eu que estou pagando empréstimo dos outros. Então, foi um ano de dificuldade. O ano de 2018 se mostra difícil para Campos e para o Brasil. A gente espera que seja, sim, melhor, mas é um ano de transformação e a gente precisa aceitar essas mudanças difíceis para avançar como ele avançou lá atrás também.

 

Folha – Passado um ano de governo, qual entende ter sido sua maior realização e o seu maior erro?

Rafael – A maior realização foi ter tido coragem de pensar na cidade acima de tudo. Obviamente que, aliado a isso, a grande conquista de pagar 10% dos royalties. Sem isso, o que já está difícil seria um caos. Caos deixado, bomba armada pela gestão passada. Eu acho que vencemos, sim, no ano de 2017 porque administramos a mesma cidade com metade do dinheiro. Aí, eu repito: sem pegar empréstimo e pagando empréstimo. Os erros, todo mundo comete, vários. Às vezes, você poderia ter comunicado antes, mas não conseguiu. Às vezes, você queria ter feito aquilo, mas não conseguiu. Às vezes, você pagou um serviço, mas era melhor ter pagado outro. Mas isso é o dia a dia que mostra. Se você me perguntar no ano, de repente, eu fico muito cuidadoso porque vai parecer falta de humildade minha dizer que não teve um erro imenso. Não houve, se a gente parar para pensar. Nós administramos uma cidade desse tamanho com metade do dinheiro, como ninguém nunca administrou. Gostaria, sim, de ter pagado o 13º para todo mundo. Mas não paguei por que não quis? Não. Foi porque não tinha condição de pagar. Gostaria, sim, de ter mantido os programas sociais, mas não mantivemos porque eles eram falhos, estavam falidos e deixaram um legado ruim para a nossa cidade. Gostaria, sim, mas foi impossível de ser feito. Essa é a grande questão. Então, mais do que erros, eu coloco o que eu gostaria de ter feito, mas a condição financeira impossibilitou. Realizamos, sim, na Saúde. Finalizamos e entregamos o UPH de Travessão. Mas eu queria ter ofertado muito mais para a nossa população. Erros, tive vários. Meus e da minha gestão, que eu gosto de puxar para mim a responsabilidade como líder e gestor maior. Mas, acima de tudo, o que mais mexe comigo é aquilo que eu poderia ter feito se tivesse o dinheiro que tiveram. Só que, infelizmente, não tive. Ainda assim, em hora nenhuma, eu deixei me abater, me desequilibrar ou não ter coragem de enfrentar. Porque se tem uma marca, aí é minha e pessoal, é crescer nos desafios para enfrentar e vencer. Em hora nenhuma, deixei de me colocar como um homem, ser humano, prefeito eleito para encarar os desafios. Sempre estive ali, firme, com os dois pés bem plantados no chão, recebendo e ouvindo todos e tomando difíceis decisões, sem pedir que ninguém tomasse no meu lugar, ou anunciasse aquilo. Eu fui eleito para isso. Ser o prefeito que as pessoas quiseram e para fazer o diferente. O diferente dói, incomoda e, às vezes, é difícil aceitar. Mas, como o próprio Obama disse, é necessário. E a população precisa entender isso. A gente entendendo isso, lá na frente, vamos todos colher os frutos dessa grande coragem nossa, de toda a população, de fazer o diferente. De transformar.

 

Folha – O que você projeta como seu maior objetivo em 2018?

Rafael – Nós esperamos que o orçamento se concretize: os R$ 2 bilhões. Buscaremos outras parcerias, inclusive com o governo federal e com a própria iniciativa privada. Nós temos o desejo de transformar mais ainda a Saúde do município. Já entregamos Travessão e vamos entregar o São José. Vamos transformar a Cidade da Criança, que também vai ser a Policlínica da Criança. E tantos outros desejos que precisamos realizar: o fortalecimento do Fundecam, da nossa própria agricultura pelo Fundecam, e a garantia de uma educação de qualidade muito maior para a nossa população. E, obviamente, tudo dependendo da condição financeira que a gente tem. E, com essa condição financeira, realizar todos os nossos sonhos para a nossa cidade.

 

Folha – Saúde, educação e Fundecam são, então, suas prioridades para 2018?

Rafael – Acho que tudo. Eu dei o exemplo da Saúde, mas vou dar o Restaurante Popular. Voltar com o Restaurante Popular, garantir o Restaurante Popular em Guarus, por exemplo, para a gente poder avançar em tantos outros temas. E o grande desafio nosso é também continuar nesse mesmo caminho de redução de despesas, de aumento de receita, para arrumar as contas do município. É importante a gente entender que, com coragem, a gente faz. E, obviamente, chamar a população para perto. O meu objetivo é atender a população que mais precisa. É difícil, às vezes, as pessoas entenderem, mas eu tenho essa certeza. Eu sempre gosto de voltar, repensar, analisar, até para poder acertar com relação ao futuro. A população de Campos acertou quando nos elegeu no primeiro turno, no ano de 2016. Com toda humildade do mundo e todo respeito às pessoas, a população acertou. Porque Campos precisava de uma gestão com coragem para fazer aquilo que é necessário. E eu, enquanto prefeito eleito, tomei a decisão mais difícil de um homem público: entre seu nome político e sua cidade, você fica com quem? Eu fico com minha cidade.

 

Publicado hoje (07) na Folha da Manhã

 

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Este post tem 37 comentários

  1. marcelo monteiro silva

    Cara, para de falar em administração passada e comece a fazer algo ” governar”, povo não aguenta mais, já passou um ano e nada na cidade anda, as ruas estão um caos, hospitais parece cena de filme de terror, a cidade está cheia de lixo, lojas fechando, comércio afundando e a prefeitura aumentando taxas, impostos, vc é o pior governo que já vi. Vai entregar a prefeitura aos garotinhos de mão beijada, pelo que pergunto aos meus amigos de 10 pessoas 9 não votam mais nesse senhor Rafael.

  2. Marco

    Já foi um ano e oque foi feito a não ser tirar e estragar o minimo que a cidade tinha, lixo espalhado pela cidade, buracos e mais buracos, acordo com a Águas do Paraíba, daí onde se originou o aumento da água e esgoto, aumento do IPTU, taxas de iluminação publica e demais.
    Sem falar da saúde,educação…..
    Pior que votei neste (trecho excluído pela moderação) achando que ia mudar algo.
    Parece que gosta mesmo é de fazer videos no face e reclamar do passado, mas já se passou uma no, ou quando estiver próximo ao final de seu desgoverno começa a dar esmolas e angariar votos de novo.

  3. carlos heitor

    Não li todo entrevista, excessivamente, e necessário longa, fiquei apenas com o destaque reduzir folha de pagamento, acho que deve ser com DAS, pessoas que ficavam distribuindo santinhos, via familares e pelegos.
    Deveria ter sido a primeira prova de administração……. ainda há tempo, apesar que vir apenas na tentativa, de vou fazer……. (trecho excluído pela moderação), se reduzir a 10%, máquina irá funcionar…..!!! depois que completar a leitura faremos novas criticas construtivas….

  4. Ronald

    O pior prefeito desde Sérgio Mendes e Alexandre Mocaiber, bem fraquinho, e outra, ele fala da administração passada, porém como vereador de oposição que resolveu se candidatar a prefeito ele sabia muito bem do atoleiro que o grupo rosáceo tinha deixado a cidade, então não reclame, pois ele não foi pego desprevenido sobre o quanto caótico estava as finanças do município…e outra, não votei nele por ser esquerdista, porém muitos daqueles que votaram nele que conheço (e não são poucos), estão revoltados com a administração medíocre dele e dizem que não irão votar nele nunca mais, as ruas estão esburacadas por todos os lados, parece até um queijo suíço, o mato está muito alto na linha do trem, da antiga estação até a pecuária, os semáforos da cidade vivem dando problemas, volta e meia até caem nas avenidas da cidade, a saúde continua um caos e parece até que piorou e sem perspectivas de melhoria a curto e médio prazo (principalmente neste desgoverno), lixos e entulhos para todos os lados da cidade, os carroceiros tomaram conta das ruas de novo, na economia vemos lojas e empresas continuarem a fechar as portas e não vemos a prefeitura fazer nada enquanto a isto, a violência urbana explode e não vemos melhorias na GMCG, já que hoje pelas novas diretrizes federais tem o poder de polícia e não apenas de cuidar do mobiliário público, a equipe de governo montada por ele é fraca demais e peca pela inexperiência, é como todo “bom” socialista só sabe fazer o que todo esquerdista faz de melhor, que é, imposto, imposto e imposto, a população se sente sufocada com isso…por fim como disse o Marcelo aqui em cima, dará de mãos beijada a prefeitura de novo para o grupo rosáceo…e o que Campos precisa urgentemente é de um prefeito que tenha coragem e arrojo admirativo com os ex-prefeitos Sílvio Lopes em Macaé e Alair Correia em Cabo Frio, estes sim mudaram a realidade em seus municípios.

  5. nildo

    Rafael, a saude está igual ou pior do que antes. A passagem de ônibus aumentou e não tem ônibus. Para citar um exemplo, faça uma checagem nas linhas que vão prá Pecuária. Só tem um ônibus da Rogil rodando. No meu bairro(Parque Esplanada), tem diversas ruas sem iluminação, com as lâmpadas dos postes queimadas.Já reclamamos diversas vezes para o setor competente e eles não dão resposta. Se continuar assim eu acho que quem você lançar na eleição desse ano vai perder feio.

  6. Leo

    Nós queremos mais empregos de qualidade na cidade, o benefício é enorme….milhares de RPAs pediriam dispensa se tivéssemos empregos que pagassem mais que um salário mínimo.

    O espaço da oportunidade oferece uma penca de emprego para “vendedor/autônomo/passador de rifa” e 1% dos empregos exigem 3º grau para trabalhar como assistente.

    Chega de cursinho para ser atendente nas lojinhas do clubinho da CDL….precisamos de emprego que gere renda suficiente para comprarmos o estoque todo….

  7. Marcos Paulo

    BLA BLA BLA… (trecho excluído pela moderação). Péssimo governo… E em um ano fez mais besteiras do que qualquer prefeito de Campos. Não faz nem seu amiguinho como deputado federal e nem ganha mais nada em Campos… Pode (trecho excluído pela moderação) fazer isso toda semana, que não ganha…. eee Campos…

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Marcos Paulo,

      Vc tem uma virtude. Criou um bordão. Além dele, no entanto, seus comentários — raivosos agora contra Rafael, como eram antes contra os Garotinho — talvez sejam melhor resumidos por vc mesmo: blá, blá, blá.

      Grato pela chance da observação!

      Aluysio

      1. Marcos Paulo

        É porque ainda não me vendi para politico nenhum, politico que só faz pra arrebentar com o povo. Garotinho é um cancer que assola Campos, mas rafael esta mostrando toda sua imaturidade. (Trecho excluído pela moderação), ficou facil fazer propaganda antecipada para os politicos de rafael… Não é??? eee Campos…

        1. Aluysio Abreu Barbosa

          Marcos Paulo (IP: 172.68.25.91),

          “Ficou fácil fazer propaganda antecipada aos candidatos do governo Rafael”? Foi por isso que nas entrevistas com os pré-candidatos a deputado federal Marcelo Mérida (PSD) e César Tinoco (PPS), assim como ao próprio prefeito de Campos, foi lembrado que, segundo as pesquisas do instituto Pappel, Wladimir Garotinho (PR) lidera as intenções de voto à Câmara Federal em todas as Zonas Eleitorais de Campos?

          Quem sabe não foi pelo mesmo motivo que a Folha deu atenção especial à visita do pré-candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Campos, no início de dezembro, chegando a realizar com o ex-presidente uma entrevista exclusiva que foi repercutida em boa parte da mídia nacional? Afinal, Lula é ou não é o presidenciável do coração de Rafael Diniz?

          Ridículo à parte, quando é para falar sério, vc tem sempre pouco ou nada a acrescentar. Qd afirma “politico (sic) só faz pra arrebentar com o povo”, provavelmente sem saber, ecoa outro bordão: o anarquista “Hay gobierno? Soy contra!”. Para além dos bordões, como já foi dito em suas próprias palavras, só tem “blá, blá, blá”.
          `
          Às vezes, sua retórica vazia é divertida. Nem que seja para rir de quem a emprega, com alguma pretensão de ser levado a sério. Mas vc avançou em seus comentários para ofensas e acusações levianas, devidamente excluídas na moderação. Como é reincidente contumaz nesse tipo de atitude irresponsável, vedada em qualquer blog hospedado no Folha 1, considere-se a partir de agora bloqueado neste “Opiniões”.

          Grato pela chance de fazê-lo de exemplo!

          Aluysio

  8. Lúcia

    Cadê os DAS do prefeito para ao menos escrever nesse espaço em sua defesa? Ou o governo é tão ruim que nem seus pares saem em sua defesa?

    1. Marcos Paulo

      (Trecho excluído pela moderação) Os DAS estão vendo como o prefeito está perdido e se prepare para inicio de março ter uma debandada de secretarios “metendo o pé”… Rs eee Campos…

  9. Rodrigues

    (Trecho excluído pela moderação). E até 2020

    1. Rodrigues

      (Trecho excluído pela moderação) só pra esclarecer não sou político não ganho 1 real de trabalho ligado à política não tenho nenhuma ligação com menhum grupo só sou um cidadão (trecho excluído pela moderação) abraços sinceros

  10. michael

    Prefeito, eu acho que o senhor está meio perdido, quando disse que o funcionário público federal ganha sessenta e sete por cento mais do que a iniciativa privada e o senhor não está conseguindo pagar isso. Pelo que sei só a área da saúde que tem esse tipo de servidor e o salário deles são pagos pelo Ministério da Saúde, e não pela prefeitura. Estou torcendo que o seu governo dê certo, mas até agora a saúde, o transporte e toda as áreas em geral está deixando muito a desejar.

  11. leonardo

    O cara já ampliou nossa carga horária sem complementação salarial, não deu o reajuste anual obrigatório por lei, não temos plano de saúde, vale transporte só para quem mora na cidade e ainda quer reduzir o pessoal EFETIVO em 20%???
    Meu Deus! Estamos perdidos.

    1. Marcia Couto

      Ninguém discute que o resultado do primeiro ano de Rafael foi abaixo do esperado. Mesmo que todo mundo soubesse que Garotinho quebrou a cidade em 2014 para tentar se eleger governador, mas não foi nem pro segundo turno. E foi pegando empréstimos em sequência para rolar o rombo financeiro para quem assumisse a prefeitura em 2018, mesmo que fosse Chicão, que teria que aguentar tudo quieto.
      Agora daí a cair nesse mimimi de quem quer fazer serviço público de bico, esconddido na estabilidade. Fazer beicinho ao ser obrigado a trabalhar as 30 horas semanais para as quais fez concurso, é abusar da inteligência e da paciência do contribuinte. Quem não quer cumprir a carga horária para o qual foi contratado, tem que ser igual na iniciativa privada: OLHO DA RUA!!
      Quantos médicos concursados de Campos não vão trabalhar e deixam no lugar um residente inexperiente, com talonário assinado antes, colocando em risco a vida dos pacientes? Quantos professores da rede pública municipal se peduram em atestados médicos falsos, enquanto dão aulas no ensino privado, no qual são demitidos se não trabalharem?
      Para separar os servidores sérios dos vagabundos, só tem uma solução: PONTO BIOMÉTRICO JÁ!!

      1. michael

        Marcia, você foi a primeira DAS a vim defender o prefeito. Os outros talvez porque não teve argumentos, sabem que é verdade as reclamações dos eleitores então ficaram quietos. Você não procurou defender o transporte público, a falta de iluminação nos bairros, a falta de medicamento nos hospitais, só tocou no ponto biométrico. Onde algum político colocou você, qual a sua maneira de trabalhar? Você procura dar sugestões para melhorar o serviço, ou abaixa a cabeça para tudo que tem de errado para poder manter esse emprego? Se o desgoverno do Rafael não melhorar até você vai perder o emprego, uma hora ele vai ver que a culpa de todos esses erros é os DAS que não tem competência para trabalhar, então vão mandar a metade embora.

        1. Marcia Couto

          Michael, você não é o primeiro servidor a vir aqui defender o “direito” de fazer serviço público de bico. Certamente é um daqueles que se sentem privilegiados por ter passado uma vez na vida em concurso público e se acham no “direito” de trabalhar menos do que as 30 horas semanais presviats no contrato que assinou.
          Talvez também defenda o direito dos médicos concursados de não irem trabalhar e colocar um residente inexperiente no lugar, com um talonário assinado previamente, para colocar em risco a vida dos pacientes. Ou pretenda defender as dezenas, se não centenas, de professores da rede municipal que faltam ao serviço diariamente, pendurados em atestados médicos falsos, enquanto trabalham nornalmente na rede privada?
          Não sou DAS. Nunca tive emprego público, como a maiora dos contribuintes da cidade. Mas sai do nosso o salarário dos servidores honestos e dos vabagundos como você.
          Vocês quebraram Campos tanto quanto os Garotinho. A diferença é que eles saem no voto e vocês são parasitas que imunes ao resultados das eleições. Vai trabalhar, vagabundo! E não adianta querer mudar de assunto: PONTO BIOMÉTRICO JÁ!!

  12. EDMAR

    Neste primeiro ano de governo ficou patente a diferença entre o discurso e a pratica,na tribuna da Câmara e em sua campanha o então candidato Rafael Diniz prometia soluções para tudo e prometia o que jamais poderia fazer.Será que valeu a pena ser eleito num estelionato eleitoral onde mentiu e nada cumpriu até agora ? Dai afirmo que #RAFAELDINIZÉUMAFRAUDE !
    Assumiu constatou as dificuldades e o que fez ? Cortou todos benefícios sociais,deixando intacto o numero e valor dos DAS. (Trecho excluído pelaa moderação)
    Ele culpa sua péssima gestão sempre olhando pelo retrovisor olhando para os 8 anos de governo Rosinha,entretanto até quem faz oposição não pode negar todos feitos realizados pela gestão anterior,logico que havia muito a melhorar,entretanto essa melhora ,essa mudança não se consumou e o povo já constata que o #RAFAELDINIZÉOGOVERNODALAMBANÇA !
    Por tudo acima mencionado e mais uma vez nesta entrevista constatado que Rafael é bom de discurso mais que por ser despreparado,incompetente e cercado de uma equipe patética posso afirmar sem medo de errar que #RAFAELDINIZÉOPIORPREFEITODECAMPOS !
    Por final você colocou ele contra a parede com a disputa agora em 2018 para câmara federal colocando uma disputa no município entre Wladimir e Seu “braço direito” Cezar Tinoco,pois bem prevejo uma surra tão grande se essa disputa se realizar ,pois ele diz que ainda não esta certa,e ainda afirmo sem medo de errar que o Desgoverno tornou #RAFAELDINIZCABOELEITORALDOSGAROTINHOS !

  13. Marcio

    Parabéns Rafael Otima entrevista!

  14. Paulo Machado

    Tudo o que ele falou em campanha fez o inverso, principalmente no que se refere ao funcionalismo público, concursado, com direitos que ele quer retirar, inclusive o da reposição salarial. Taxa de iluminação pública, sem comentários.
    (Trecho excluído pela moderação)

  15. Iva da S. Pereira

    Prefeito Rafael, tenho plena certeza que estas completamente perdido. Pediu um ano para tomar pé da situação do Município. já foi esse um ano e você continua com a mesma conversa? Péssimo Governo cheio de “conversa mole pra boi dormir”. Não queira nunca comparar o Governo do Perseguidor Zezé Barbosa com o seu pois são unha e carne. Nunca por pior que fosse a situação do município ficamos sem 13º terceiro salário, é questão de honra e determinação de um Chefe do Executivo. Chega de falar em falta de dinheiro que a culpa é do Governo passado, só fala isso. Faça sim uma boa mudança na sua assassoria que está deixando muito a desejar em Especial a EDUCAÇÃO onde as Chefes “Não TEM EDUCAÇÃO”. Coloque em prática mudanças que levantarão seu governo e PAREM DE PERSEGUIÇÃO aos servidores que estudaram fizeram concurso e hoje são ESTATUTÁRIOS por Direito e, não por apadrinhamento. Vou ficar de olho…

  16. joziel

    governo fraco e capaz de fazer alguma coisa pensando nas eleiçoes por vim

  17. Herval Machado Costa

    A Folha da Manhã da uma oportunidade do cara (Rafael Diniz) se defender e o cara gasta o tempo falando de Garotinho e Rosinha. A eleição já acabou há mais de um ano. Seja objetivo, claro e positivo, chega de ficar enrolando. Explica a compra dos pães, do papel A4, do contrato com a tia, do contrato com a Home Care, enfim explica e trabalha, se não tem vocação, pede pra sair… Entrega a vice…

  18. Michelle

    Prefeito, por favor, tenha atenção e cautela ao falar do transporte público. Por favor, não faça comparações quanto à má qualidade do transporte quando da passagem social. Enquanto Agente de Fiscalização de Transporte, eu bem sei que esse programa nunca deveria ter existido e que grande parte do caos instalado hoje está diretamente relacionado ao mesmo. Porém o fim do programa em nada melhorou até agora. Muito pelo contrário: falta muito mais ônibus, os horários são muito mais desrespeitados e nossa condição de trabalho se deteriora a cada dia. Sempre gostei do meu trabalho, mas está cada vez mais degradante, deplorável, a ponto de eu estar estudando a possibilidade de abandoná-lo, por desacreditada que estou.
    O senhor não pode ter ideia do que ocorre se não estiver vendo e ouvindo os usuários e funcionários do transporte, em vez de ouvir os empresários e os “técnicos” do governo, os quais não utilizam o transporte público.

  19. Emar Azevedo

    Triste ver que a população de Campos só sabe reclamar. Ele não causou o estrago, mas está tentando lidar com isso. Convenhamos que lidar com cidade falida não é fácil. Pelo menos está tentando. Eu teria renunciado.Tantas críticas! Se acham que é fácil, candidatem-se!

    1. Ronald

      Emar, a 2 tipos de reclamação aqui, dos funcionários públicos que reclama de barriga cheia e o cidadão comum, o contribuinte como EU, que paga seus impostos pesados e não vê NENHUM retorno, se os funcionários públicos que estão reclamando tanto assim de barriga cheia, imagina eu, aliás se os funcionários públicos de Campos trabalhassem como reclamam, acho que o serviço público municipal seria muito melhor e não está porcaria….e concordo com o rapaz lá em cima sobre o transporte público, sou da época que a linha 7 tinha 6 ônibus, 4 Penha-Pecuária e 2 Nova Brasília-Bela Vista, uma das principais linhas da cidade hoje só tem 1 ônibus e sem horário certo, isto é inacreditável, me lembro que a 20 anos atrás a cidade tinha quase 400 mil habitantes e tínhamos linhas de ônibus a rodo, a cidade hoje bate a casa dos 500 mil habitantes e as linhas diminuíram absurdamente, e em compensação as vans tomaram conta do transporte público, isto mostra que o planejamento deste e de outros governos foi “0” neste quesito.

  20. Rosângela gabriel

    Lembro me mto bem q sr falou nas campanhas q ia valorizar o servidor e q a primeira coisa q faria caso fosse eleito e que devolveria o plano de saúde do servidor no entanto nessa wntrevista

  21. Rosângela gabriel

    Lembro me mto bem q sr falou nas campanhas q ia valorizar o servidor e q a primeira coisa q faria caso fosse eleito e que devolveria o plano de saúde do servidor não li nada parecido aqui.

  22. EDMAR

    Caro Aluysio Abreu Barbosa Sou seu leitor assíduo ,as vezes temos visões diferentes dos fatos,mas sobretudo admiro sua inteligência e sagacidade como Jornalista , fez as perguntas que o povo queria tirar desse que foi eleito prometendo o paraíso para nossa cidade.
    Muito embora o INFELIZ se esquivou na maioria das perguntas e veio novamente com promessas e acusações ao governo anterior.
    (Trecho excluído pela moderação) pois entre acabar com postos de trabalho e manter os DAS que são os que batem palma para ele ,ele preferiu desempregar mais de 1.300 chefes de família.Isto não é ilação é constatação ,pois se quiser constatar a veracidade dessas demissões, basta o ilustre repórter pedir uma entrevista com a gerência da VITAL e procurar saber o que o IMPREFEITO RAFAEL DINIZ vem fazendo com esta prestadora de serviço.

  23. edson naves

    E os precatorios atrasados prefeito vai pagar ou esperar bloqueio?

  24. cesar peixoto

    Mais uma coversa fiada Rafael, quem realmente faliu o Estado do Rio foi os seus queredinhos padrinhos políticos Sergio Cabral preso e Pezão que deu a CEDAE aos gringos a preço de banana.Rafael coloca esse pessoal da Emut para trabalhar, porque como está não dar, ontem os moradores de travessão ficaram na rodoviária a ver navio,a empresa não cumpriu o ultimo horário as 23.30 hs.

  25. Cleber Micaela

    Esse povo de Campos é burro mesmo, quantas vezes os garotinho foram eleitos nesse municipio, muitas vezes e agora o filho que com certeza vai ser eleito também. Param de reclamar porque não é vocês que tem que lidar com uma cidade falida que por muitas vezes foi candidatos que vocês mesmos colocaram lá. Deem uma chance o cara, não custa nada e parem de criticar porque isso não leva a nada. Orem por ele, lê desejem sucesso na sua administração, para que 2018 seja um ano de sucesso para todos os campistas.

  26. clara

    Sr. Prefeito quer cortar gastos ? Encarregados de bairro o que eles fazem? pois aqui no meu bairro juliao nogueira tem uma encarregada de bairro que ninguem nunca viu e perto do valao ta virando lixao

  27. cesar peixoto

    Todos os anos de eleições seja para presidente,senadores, governadores, deputados,prefeitos e vereadores as crises desaparecem e o dinheiro para gastar nas campanhas tem de sobra,sem falar que todos mente os valores que foram gastos na campanha,outra mentira as declarações de bens dos mesmos são bem abaixo do valor do mercado imobiliário.O povo não é bobo dessa vez vai ser diferente

  28. cesar peixoto

    O dia que um politico colocar os seus filhos para estudar em escolas públicas,ele e todos os seus famíliares procurarem o SUS para receberem atedimento médico como qulquer cidadão,ai eu vou dizer houve mudança.O resto é vou fazer e não faz nada para ninguém ver

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