No aniversário do golpe civil-militar, Soffiati nesta segunda no Folha no Ar

 

 

Nesta segunda 1º de abril, aniversário de 55 anos do golpe civil-militar de 1964, o historiador Aristides Soffiati será o entrevistado do Folha no Ar

Nesta segunda (1º de abril), é o aniversário de 55 anos do golpe civil-militar de 1964, que deu início à última ditadura no Brasil, estendida por 21 anos até 1985. Como fazem hoje aqueles que pensam poder mudar fatos históricos para atender sua vontade pessoal, os militares brasileiros sempre tentaram retroagir a data um dia, para 31 de março, buscando fugir da coincidente eclosão do movimento com o Dia da Mentira.

Para sanar quaisquer dúvidas, o entrevistado do Folha no Ar, transmitido ao vivo pela Folha FM 98,3Mgh, das 7h às 8h30 da manhã, será o historiador Aristides Soffiati. Até lá, o leitor do blog pode conferir os vídeos do segundo e último Folha no Ar. Exibido na última sexta (29) e reapresentado na Plena TV, a entrevistada na ocasião foi outra historiadora: Diva Abreu Barbosa, também empresária e diretora presidente do Grupo Folha, cuja história de 41 anos pode ser melhor conhecida.

Enquanto a história do país não vem como pauta desta segunda, fique com um pouco das últimas quatro décadas da história do jornalismo de Campos e da região, contada na sexta pela memória de uma de suas mais importantes personagens:

 

 

 

 

 

Wladimir evita se lançar a 2020, mas critica Rafael, Bacellar e Gil Vianna

 

Por Aluysio Abreu Barbosa e Arnaldo Neto

Único representante de Campos em Brasília, Wladimir Garotinho (PSD) evitou colocar seu nome como pré-candidato a prefeito e disse estar mais preocupado em construir um projeto ao município para 2020, e em fazer um bom mandato como deputado federal. Nele, voltou a se colocar à disposição do prefeito Rafael Diniz (PPS), cujo governo não poupou de críticas, feitas também aos deputados estaduais Rodrigo Bacellar (SD) e Gil Vianna (PSL). Mas afirmou que seus pais,os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho, não teriam “papel nenhum” em um governo seu. E que “questões partidárias e de pessoas (…) a gente resolve na eleição”. Ele definiu o presidente Jair Bolsonaro (PSL) como “escolha errada pelos motivos certos”. E disse que, em caso de condenação da prefeita Carla Machada (PP) no TSE, o deputado estadual Bruno Dauaire (ainda PRP) seria “o caminho natural e bom” para São João da Barra.

 

(Foto: Genilson Pessanha – Folha da Manhã)

 

Folha da Manhã – Como está sendo sua primeira experiência como deputado federal? Qual o clima hoje em Brasília, com as tensões e aparentes apaziguamentos entre o governo Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM/RJ)?

Wladimir Garotinho – Uma experiência muito boa. Morei com meu pai por seis meses quando ele foi deputado federal. Já tinha consciência do ambiente parlamentar em Brasília, mas você ser deputado é diferente. Só que o ambiente é muito ruim hoje.

 

Folha – É muito ruim ou está muito ruim?

Wladimir – Está muito ruim porque a relação entre o parlamento e o presidente da República está muito ruim. Como essa relação está ruim, o ambiente acaba ficando ruim também. O que o Congresso espera, o que os parlamentares esperam e o que o Brasil espera é que haja uma relação harmônica para que o país ande. Conversamos isso entre os deputados e as bancadas, de que precisa dessa relação cordial e a gente está tentando colocar panos quentes para que essa relação possa melhorar.

 

Folha – Com essa crise, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) chegou a tuitar que presidente que briga com o Congresso sofre impeachment, como Collor e Dilma. Concorda com isso?

Wladimir – É verdade. Concordo. Temos um histórico muito ruim de relação de briga entre Congresso e presidente. Até porque vivemos num país que tem um monstrengo, vamos dizer assim. O sistema é presidencialista, mas…

 

Folha – A Constituição é parlamentarista.

Wladimir – Mas a Constituição é parlamentarista. O presidente não dá um passo se o Congresso não quiser. Se houver enfrentamento, discórdia, o país para.

 

Folha – Fernando Henrique colocou que os dois presidentes que não entenderam a força do Congresso, a partir do final da ditadura militar (1964/85), sofreram o impeachment e os vices assumiram. Corremos de novo esse risco? Como vê o Mourão?

Wladimir – Eu acho que o Brasil precisa de estabilidade para poder arrumar a casa e crescer. Eu acho que essa briga não é boa. Se continuar, a gente não sabe no que pode dar. A gente já viu no que deu e não sabe no que pode dar hoje. Mourão tem se mostrado, pelo menos, uma figura equilibrada e coerente. Mas não torço e não desejo que aconteça novamente um impeachment novamente. Acho que o povo não merece, de novo, passar por essa instabilidade.

 

Folha – A reforma da Previdência é considerada fundamental à sobrevivência financeira do Brasil. Como você analisa a proposta do ministro da Economia Paulo Guedes? Como pretende votar?

Wladimir – Primeiro a gente precisa esclarecer o seguinte: a reforma da Previdência é necessária. Eu não concordo com o modelo apresentado pelo Paulo Guedes, porque ele pune, principalmente, os mais pobres. Mas a sociedade brasileira precisa entender que é necessário. Quando a Previdência foi concebida, lá atrás, você tinha nove pessoas contribuindo, para cada aposentado. Hoje as pessoas estão envelhecendo, morrendo mais tarde, e a proporção hoje é de três para um. Ou seja, é fadado ao fracasso. Ela vai quebrar.

 

Folha – Como Delfim diz: “é questão de aritmética, não de desejo”.

Wladimir – Exatamente. Não tem jeito. Precisa haver uma reforma. Só que eu acho que o modelo apresentado é muito ruim, principalmente para os mais pobres e trabalhadores do país. Poderia citar aqui o BPC (Benefício de Prestação Continuada), trabalhador rural, professor. A própria proposta para os militares. Para os militares das polícias militares e bombeiros dos estados, é péssima. Agora, para os militares das Forças Armadas ela é boa, até porque é mais um plano de cargos e salários do que uma aposentadoria. O sentimento que se tem no Congresso é que essa reforma não passa. E do jeito que ela está, eu votarei contra. Tentarei algumas emendas no texto, não serão só emendas minhas, mas do nosso partido, PSD, porque não concordamos com vários pontos dessa reforma.

 

Folha – Eleitor de Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno presidencial, como vê esse turbulento início do governo Bolsonaro? Com a visão de quem está vivendo Brasília, o que esperar?

Wladimir – Eu acho que o Brasil escolheu a pessoa errada pelos motivos certos. Eu não votei no Bolsonaro, inclusive fui crítico da radicalização que ele usou durante a campanha. Eu acho que a radicalização não é boa para nenhum dos dois extremos. Ele precisa encontrar o equilíbrio. E me preocupa muito não ver nenhuma movimentação do governo, principalmente em relação às classes produtiva e trabalhadora. A gente não vê, por exemplo, elevação de salário mínimo, que agora foi dito que será só pela inflação. Isso é muito perigoso, porque quando você tem um salário mínimo forte, você tem mais poder de compra. E quando você tem mais poder de compra as empresas estão vendendo mais e, consequentemente, vão contratar mais. A gente espera que a reforma da Previdência passe de uma forma que seja melhor para todo mundo. E eu acho que o governo vai ter um marco zero na reforma. Vai ser um governo até a reforma e outro governo depois.

 

Folha – Você falou que a reforma como está, não passa. Paulo Guedes fala muito na economia de R$ 1 trilhão que ela daria ao país. Desse R$ 1 trilhão, passa o quê?

Wladimir – Tem um problema nesse R$ 1 trilhão. Nós não conhecemos os números para chegar no R$ 1 trilhão. Inclusive, várias bancadas já pediram, por escrito, para saber como ele chegou a esse R$ 1 trilhão. A gente só sabe do R$ 1 trilhão que ele diz. Mas como ele chegou a esse número? Do global, desse R$ 1 trilhão, R$ 800 bilhões está saindo da classe trabalhadora e outros R$ 200 bilhões, apenas, do que ele chama de privilegiados. A gente quer ter acesso às contas.

 

Folha – O Psol pediu no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a cassação do seu mandato e do deputado estadual Bruno Dauaire? A denúncia é de compra de voto para vocês dois, no bairro da Penha, por Paulo Henrique Barreto Barbosa, o “PH”, ex-DAS do governo municipal da sua mãe, condenado na Chequinho e assessor parlamentar de Bruno. Em dezembro, você falou: “vou provar nos autos que tais acusações não existem”. Três meses depois, o que mais pode dizer sobre o caso?

Wladimir – Tenho convicção de que a denúncia vai ser arquivada, porque, inclusive, o PH disse que pode pedir perícia no tal vídeo, na tal imagem, porque não tinha nada de ilegal no que ele estava fazendo ali. Estava, segundo ele, entregando uma célula que tinha o número dos candidatos dele, que não era dinheiro, porque, inclusive, a imagem está completamente distorcida. Eu vi a imagem e ela está distorcida. Então, estou muito tranquilo em relação a isso.

 

Folha – Mas, a entrega dessa cédula com os nomes dos candidatos em dia de eleição também não seria crime eleitoral?

Wladimir – Mas isso você não tem como controlar. Todo mundo entrega cédula. Segundo ele, a pessoa era uma conhecida dele, que teria perguntado quem eram os candidatos dele, e ele entregou uma cédula dizendo quem eram os candidatos dele. Não vejo problema nenhum nisso e tenho certeza que a denúncia será arquivada.

 

Folha – O PRP, partido pelo qual se elegeu em outubro, antes de se mudar ao PSD, pediu seu mandato esta semana por infidelidade partidária, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Qual a sua expectativa?

Wladimir – Isso é uma ação desproporcional e, no meu ponto de vista, até irresponsável, visto que o PRP nacional já deu baixa no seu CNPJ e não existe mais o partido. Isso beira, inclusive, à falsidade ideológica por parte da pessoa que protocolou a ação, porque a Constituição garante ao parlamentar do partido que não alcançou a cláusula mudar em qualquer tempo para outro partido. Foi o que eu fiz.

 

Folha – Quando fala em irresponsável, se refere a alguma pessoa? Foi uma questão pessoal?

Wladimir – Uma questão pessoal por motivos que eu não quero citar. Mas, a pessoa se achou na vontade de entrar, e eu vou responder em juízo.

 

Folha – Em contrapartida, como viu a saída de Indio da Costa do PSD, que renunciou à presidência estadual do partido por não compactuar com sua entrada? 

Wladimir – Eu acho uma decisão equivocada dele, até porque ele deu uma entrevista dizendo que quer estar conectado com as ruas, sendo que, uma semana antes, ele tinha sido denunciado por um empresário que disse que ele pagou US$ 2,5 milhões para o Índio da Costa o proteger numa CPI. Acho que ele não precisava ter saído do partido, política se constrói com diálogo, aliança. Mas respeito a decisão dele, e que ele siga um bom caminho.

 

Folha – Seus pais, os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho estão inelegíveis até 2022. Somado isso ao fato de que sua eleição a deputado federal se deu pela vontade de 39.398 eleitores, mais do que os 35.131 que reelegeram sua irmã Clarissa (Pros) ao cargo, você é hoje apontado como o nome mais forte do seu grupo político. Isso está correto? Por quê?

Wladimir – Minha prioridade é fazer um bom mandato de deputado federal. Essa é minha prioridade,  para isso estou me preparando e para isso que fui eleito. Eu acho que nós temos uma história aqui na cidade, temos um grupo político e vamos ter, com certeza, um projeto para Campos na próxima eleição. Esse projeto vai ser muito conversado, muito dialogado, vamos conversar com outras frentes políticas também, e lá na frente a gente vai discutir quem é o melhor candidato.

 

Folha – Não era esperado que você fizesse mais votos que Clarissa e você sai como a principal força do seu grupo?

Wladimir – Na verdade, essa queda de votação da Clarissa e até a minha, porque eu achava que faria um pouco mais de voto, foi porque, quando meu pai retira a candidatura dele na quinta [a eleição era no domingo], o nosso material era casado. O material era 100% eu e ele, minha irmã e ele. Eu senti isso principalmente nas áreas periféricas aqui de Campos, em que eu estava mais presente. Quando as pessoas iam entregar material, as pessoas não queriam nem pegar, porque achavam que o voto não ia valer e que aquele material era do Garotinho. Por isso a votação da minha irmã caiu muito, a minha também caiu, principalmente nessa região do entorno aqui. Eu fui candidato pela primeira vez, e existe, em Campos, por parte da sociedade, uma saudade muito grande do governo Rosinha, porque o governo Rafael não vai bem. Acho que por isso eu posso ter feito uma votação maior que a Clarissa, porque o meu voto foi mais concentrado aqui. O voto dela é mais pulverizado, principalmente pelo sobrenome Garotinho, na Região Metropolitana, na Baixada. Quando da retirada da candidatura dele, a votação dela caiu.

 

Folha – Você disse que o governo Rafael não vai bem, mas Marcão  Gomes (PR) teve mais voto do que você no geral, embora um pouco menos em Campos.

Wladimir – No geral, porque ele tinha uma máquina o apoiando por trás, o que deu capilaridade a ele. A votação de Campos mostrou a insatisfação do povo com o governo dele.

 

Folha – Vocês ficaram bem próximos nas votações.

Wladimir – Dois mil votos de diferença. Por acaso, a mesma diferença de quando meu pai ganhou de Sérgio Diniz (pai de Rafael) como deputado estadual, em 1986. Sérgio foi o candidato da máquina e perdeu para Garotinho sem máquina, por dois mil votos. Por acaso, a mesma quantidade de votos (risos). Isso demonstra que, em Campos, a máquina está muito mal.

 

Folha – Antes de outubro, dizia-se abertamente que, se conseguisse se eleger à Câmara Federal, você seria candidato natural pela Prefeitura de Campos em 2020. Rafael Diniz já assumiu publicamente a pré-candidatura dele à reeleição, em entrevista à Folha publicada (aqui) em 30 de dezembro. E você?

Wladimir – Como eu disse, minha prioridade é o meu mandato como deputado federal, e eu estou me preparando para fazer um grande mandato, porque acho que o Brasil precisa e eu sou o único deputado federal da região. A questão de candidatura nós vamos decidir com outras forças políticas, junto com nosso grupo, conversando, construindo um projeto para a cidade. Em cima desse projeto, o que for o melhor nome a gente vai encaminhar.

 

Folha – Sim. Você, primeiro, se elegeu. Se consegue fazer um bom mandato…

Wladimir – Eu posso ser candidato… Nós temos, independente do nome de quem for o candidato, temos que ter um projeto para a cidade. Acho que o projeto antecede ao nome.

 

Folha – Você acha que Bolsonaro foi eleito pelo projeto?

Wladimir – É por isso que eu acho que não vai dar certo. Eu acho que é uma tristeza para o Brasil você ter um presidente que você não consegue enxergar que possa dar certo. Acho que Bolsonaro foi eleito, como disse antes, a pessoa errada pelos motivos certos.

 

(Foto: Genilson Pessanha – Folha da Manhã)

 

Folha – Witzel foi eleito pelo projeto? Zema foi eleito pelo projeto? Trump foi eleito pelo projeto?

Wladimir – Isso é uma questão pessoal e ideológica minha. Não consigo acreditar em nome antes do projeto. Eu trabalho com essa perspectiva, independente do que deu certo ou deu errado.

 

Folha – Trabalha independente do que deu certo e deu errado?

Wladimir – Mas aí é o que eu acredito. Acredito em projeto político. Nós vamos trabalhar e desenhar um projeto para Campos. As pessoas que estiverem nesse projeto de construção do projeto, nós vamos avaliar o melhor nome.

 

Folha – Apesar do destaque nas urnas 2018, no dia seguinte ao resultado delas, você declarou à Folha (aqui) em 8 de outubro: “O líder do grupo continua o mesmo, Garotinho”. Se ele é o líder, você é o liderado? Que papel Garotinho e Rosinha teriam em um eventual governo seu?

Wladimir – Primeiro, eu sou filho. E, como filho, sempre respeitarei e honrarei pai e mãe, porque é isso que eu acredito. Segundo, existe uma questão geracional. Ser liderado não significa ser submisso. É diferente.

 

Folha – A pergunta hora não se refere à relação familiar de pai e filho, mas à política entre líder e liderado.

Wladimir – Sim. Ele é o líder de um grupo que eu faço parte. Mas, ser liderado não significa ser submisso. A gente discorda…

 

Folha – Que papel seu pai e sua mãe teriam num eventual governo seu?

Wladimir – Papel nenhum. Eles são meu pai e minha mãe.

 

Folha – Eles ocupariam alguma secretaria?

Wladimir – Não, até porque não é desejo deles, e eu também acho que não é desejo deles, e eu também acho que não é o momento. O momento é de a gente conseguir construir uma aliança política para devolver um rumo à cidade de Campos, que hoje está sem rumo.

 

Folha – Em 2014, não é segredo que, você não se candidatou a deputado estadual porque Garotinho o impediu, preferindo apoiar Geraldo Pudim (hoje, no MDB e desafeto do grupo), enquanto você apoiou e ajudou a eleger Bruno. Ainda assim a liderança do seu pai é inconteste?

Wladimir – Ele é o líder do grupo. Só que, como eu disse, ser liderado não significa ser submisso. A gente discorda. Quando discorda, a gente conversa internamente. Mas, naquela questão da eleição do Bruno, eu não podia recuar, porque eu tinha me preparado para ser candidato a deputado, mas tive que recuar, porque ele é o líder do grupo e tinha um compromisso assumido com Pudim. Mas eu disse que, com Pudim, não podia caminhar naquele momento. Apostei no Bruno e deu certo.

 

Folha – Em entrevista ao programa Folha no Ar, na estreia da Folha FM na última quinta (28), Rafael falou sobre a duplicidade das iniciativas para reativar do Restaurante Popular. A sua junto à gestão Wilson Witzel (PSC), e a do município,  que teve Marcão como secretário de Desenvolvimento Humano e Social reunido (aqui) com o vice-governador Cláudio Castro (PSC) no dia 19, antes de prometer inaugurar o Centro de Segurança Alimentar e Nutricional até o final do primeiro semestre. Rafael disse (aqui): “Se tem alguém querendo disputar, querendo ser o pai da criança, isso é normal, é hereditário. É uma fome de ser dono de tudo que é hereditária (…) Eu tenho o objetivo de consertar toda essa bagunça que eles deixaram (…) Tiveram tantos anos para fazer, e fizeram o quê? Quebraram a cidade!”. Como você vê a questão?

Wladimir – Primeiro, são dois projetos completamente diferentes. O que Rafael quer fazer, na minha concepção, está errado. Os critérios são exclusivos, ele vai conseguir atender muito pouca gente no tipo de projeto que quer fazer. O Restaurante Popular é universal. Comerciários que ganham salário mínimo podem se alimentar ali, estudantes podem se alimentar ali, pessoas pobres podem se alimentar ali. Não é o critério que Rafael vai usar no Restaurante Popular. Ele vai usar o critério para poder se alimentar quem ganha 1/4 do salário mínimo e está cadastrado no CAD Único. E quem ganhar renda acima disso vai ter que pagar entre R$ 4 e 8. Então, ele está excluindo pessoas. Para mim, o critério dele está errado. São programas completamente diferentes. E o Marcão, quando esteve com o vice-governador, ouviu dele que ele não poderia, neste momento, fazer o que o Marcão queria. Marcão esteve lá para pedir a renovação da cessão do prédio, e o vice-governador não garantiu a ele que por enquanto pode fazer a cessão do prédio.

 

Folha – Você parece bem informado.

Wladimir – O vice-governador me ligou.

 

Folha – Quando Rafael fala que os Garotinho quebraram a cidade, se refere à dívida de R$ 2,4 bilhões que o governo municipal denunciou (aqui), desde março de 2017, ter sido deixado por seus pais na Prefeitura de Campos. Como Garotinho alegou à época, vocês fazem contas diferentes. Em quem acreditar? E por quê?

Wladimir – Essa dívida é mentira. Eu quero que Rafael abra os números e mostre para a população. Não adianta ele dar um número fechado, porque grande parte do que ele diz que nós deixamos de dívida, são dívidas que têm 20, 30 anos para vencer, de parcelamento de fundo de garantia, INSS, que vêm de gestões bem anteriores à nossa. Nós deixamos, se não estiver enganado, cerca de… Não vou lembrar o número. Nós deixamos restos a pagar, normais, que qualquer governo deixa. Inclusive, deixamos menos do que pegamos de Mocaiber.

 

Folha – A prestação de contas da sua mãe, no último ano de gestão, foi reprovada. E no primeiro ano de gestão do atual prefeito, as contas foram aprovadas. Você não acha que isso corrobora esse discurso dele sobre as contas?

Wladimir – Não acho, não, porque o último ano da gestão da Rosinha foi, realmente, num período que a gente teve que pegar empréstimos e cessão de créditos para poder fechar a folha.

 

Folha –  A venda do futuro.

Wladimir – Não é venda do futuro. Inclusive, foi um discurso usado na campanha. Mas não é. Para se ter ideia, no ano de 2017, que foi o primeiro ano do governo de Rafael, o que eles chamam de venda do futuro representou apenas 2,5% do orçamento dele. No ano passado, representou 3%. Então, não foi isso que inviabilizou a cidade.

 

Folha – Nessa aparente disputa local de influência junto ao Palácio Guanabara, o governador nega a participação dos Garotinho em sua administração. E apesar do PSC ser o destino provável de Bruno Dauaire, especulou-se o mesmo sobre você, antes de acabar indo ao PSD. Qual é, de fato, a relação do seu grupo com o Governo do Estado?

Wladimir – Primeiro, não existe briga de influência junto ao governador. Me relaciono com o governo como deputado federal eleito. Segundo, nós não temos espaço no governo Witzel. Nem o Cleiton [Rodrigues, chefe de Gabinete de Witzel e ex-coordenador de campanha do Garotinho], que era uma pessoa mais próxima da gente, foi indicação nossa. Isso, o próprio Witzel já deixou claro. E eu vou dar um relato aqui que, infelizmente, já me coloquei duas vezes à disposição do prefeito Rafael. Uma vez pessoalmente, outra por ofício, e até hoje não fui procurado por ele para nenhum assunto relacionado à Prefeitura. Inclusive, ele esteve em Brasília esta semana, se reuniu com outros deputados e não procurou o deputado da cidade dele, que se colocou à disposição dele por duas vezes. Estou esperando ser convocado.

 

Folha –  Mandar o ofício se colocando à disposição do prefeito, enquanto seu pai pega um inquérito policial de um sequestro para acusar o governo de receber propina, versão negada  pelos cinco presos pela ação criminosa, não é (aqui) hipocrisia?

Wladimir – Eu me coloquei à disposição de Rafael pessoalmente. Depois, fiz por ofício. E quero ajudar a minha cidade. Inclusive, vou ter um encontro com o secretário [estadual] de Saúde na próxima semana, vou levar as quatro instituições de Campos e convidei o secretário de Saúde, Dr. Abdu Neme, para ir. Se ele vai ou não, é uma decisão de governo, de Rafael e deles. [Após a entrevista, o deputado informou que convidou Abdu e o secretário disse que não iria].

 

Folha –  Se você fosse prefeito, Rafael deputado e ele lhe oferecesse ajuda por ofício, enquanto Sérgio Diniz manipulasse um inquérito policial para dizer que há propina em seu governo, quando os cinco presos afirmaram em depoimento que não há, você aceitaria a ajuda?

Wladimir – Eu acho que Campos não pode perder a oportunidade. Já me coloquei à disposição, estou repetindo aqui para vocês que estou à disposição para tentar resolver qualquer problema de Campos com o governo federal. Questões partidárias e de pessoas, que ficam em outro campo, nós vamos resolver na hora da eleição.

 

Folha – Qual a sua avaliação do governo Rafael? Como viu o verão no Farol, em parceria com o Sesc, e a reforma administrativa com a entrada de Abdu Neme (PR) na Saúde, além de Marcão, dois egressos da Câmara Municipal? O que pensa desse assumido avanço da política sobre a administração municipal, além de projetos como a inauguração do novo Hospital São José, o prontuário digital, o Hemocentro Regional, a instalação do ponto biométrico e o retorno do cartão cooperação, além do Restaurante Popular?

Wladimir – Primeiro, eu acho que Rafael vai tentar politizar a administração para tentar se aproximar da população. Mas, eu acho muito difícil que aconteça, porque não vai conseguir melhorar os serviços básicos da cidade de uma forma tão rápida. Segundo, tudo que ele está dizendo que vai fazer agora, de uma certa forma são ações do governo Rosinha. Ele não tem nada de novo. Rafael não apresentou, até agora, nada de novo. Até agora, não deu uma cara para a gestão dele. Está dizendo que vai voltar com o Restaurante Popular, que não é Restaurante Popular, mas que já tinha na gestão passada; voltar com o cartão cooperação, que era o cheque cidadão, que até agora ninguém sabe quais são os critérios; inaugurar o Hospital São José, que já estava pronto…

 

Folha – E não foi inaugurado?

Wladimir – Mas estava pronto. Ele está levando quase três anos para inaugurar o que já estava pronto.

 

Folha – O ponto biométrico e o prontuário digital não são novidades?

Wladimir – Prontuário digital também não é novidade. O ponto biométrico é uma novidade, mas eu acho que ele pode ter problema com isso.

 

Folha – Os servidores não vão gostar?

Wladimir – Não que os servidores não vão gostar. É muito difícil você querer controlar a presença do servidor se você não dá a ele, efetivamente, condição de trabalho. Se você for aos postos de saúde, hoje, não tem nada. Não tem luva, não tem material. Ele não dá reposição salarial há três anos ao servidor, e agora vai querer colocar o ponto biométrico? Vai ter muito problema.

 

Folha – Você é a favor ou contra o ponto biométrico?

Wladimir – Eu sou a favor, mas ele tem que caminhar junto com melhorias na qualidade do serviço e dos insumos básicos. Não tem nada.

 

Folha – A reforma administrativa veio junto com a revelação de que garotistas de peso como Edson Batista (PTB), ex-presidente da Câmara Municipal, estaria se aproximando politicamente do governo Rafael. Embora você tenha negado ser o motivo do afastamento dele, considerado há 30 anos como um dos aliados mais fiéis do seu pai, Edson foi enfático ao falar (aqui) à Folha: “Garotinho e Rosinha são líderes. Os dois têm história, biografia e minha admiração. Mas estão alijados do processo eleitoral por oito anos. A opção que sobrou ao grupo [na eleição a prefeito de 2020] foi Wladimir. Ele não tem história e biografia para ser candidato. Com Wladimir eu não vou caminhar de jeito nenhum”. Como você fica nessa história? 

Wladimir – Eu respeito a história de Dr. Edson. Desejo a ele muita sorte e sucesso. E eu estou construindo a minha história e biografia, assim como ele um dia construiu a dele. Só isso.

 

Folha – Além de você e de Rafael, os deputados estaduais Rodrigo Bacellar (SD) e Gil Vianna (PSL) também admitiram, em entrevistas à Folha, a possibilidade de disputarem a Prefeitura em 2020. Os dois fizeram críticas ao seu grupo. Rodrigo disse (aqui) sobre você que “é impossível dissociar sua imagem do pai”.

Wladimir – Assim como é impossível desassociar a dele do pai dele.

 

Folha – Já Gil classificou (aqui) como “desastre” a venda do futuro, na qual ele votou contra como vereador e foi negociada por seus pais no ocaso do governo Dilma Rousseff (PT). Como reage a essas críticas e como vê as chances da chamada terceira via em 2020?

Wladimir – Eu acho que tem muita coisa para acontecer, tem muito diálogo para acontecer. Política se faz com diálogo, se faz com conversa. A gente só precisa que as pessoas demarquem as suas posições claramente, porque, tanto o Gil quanto o Rodrigo, na eleição para deputado, diziam que não faziam parte do grupo de Rafael, quando não é isso que a gente vê na prática. Ambos apoiados por vereadores da base do governo Rafael e com cargos na gestão. A gente só precisa deixar claro para a população, para que ela possa escolher o melhor representante e delimitar o campo que cada um ocupa.

 

Folha – Outra das opções aventadas como terceira via na eleição a prefeito de Campos em 2020, o ex-candidato Caio Vianna (PDT) esteve próximo do seu grupo político, antes e depois da eleição municipal de 2016, chegando a se encontrar no Rio (aqui) em reuniões com Garotinho. Como estão hoje as relações do filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna (MDB)? 

Wladimir – Não temos relação muito próxima, a gente de vez em quando se fala. Acho que é um novo quadro da política de Campos, assim como eu também sou, e vamos continuar dialogando. Vamos continuar dialogando. Como eu falei, tem muita coisa para acontecer no cenário político ainda.

 

Folha – Em artigo publicado no jornal carioca O Dia, na última terça (26), você detalhou seu Projeto de Lei nº 1440, que pretende considerar as regiões Norte e Noroeste Fluminense como regiões de clima semiárido, o que facilitaria destinação de verbas aos produtores rurais das duas regiões. Como está o encaminhamento disso no Congresso?

Wladimir – Já dei entrada com projeto e já foi encaminhado para a Comissão de Agricultura, onde vai ser estudado. Ainda não tem relator, mas já foi encaminhado. Ele dá oportunidade de ter linha de crédito mais barata. Pelo estudo que a gente fez, existe a possibilidade de ser 1% ao ano, o que fomentaria a área agrícola como um todoInclusive, eu tenho uma audiência marcada com a ministra da Agricultura [Tereza Cristina] no próximo dia 2 e estou convidando alguns representantes de Campos e região para estarem comigo, como os presidentes da Asflucan e da Coagro, e o diretor da Universidade Rural, para tratar sobre esse projeto. Vamos saber de que forma a ministra pode nos ajudar na aprovação célere dele, e também convidá-la para estar aqui no evento RioAgro Coop, que é o início da safra agrícola da nossa região.

 

Folha – Como já foi dito, você e Bruno formam uma parceria bem sucedida desde 2014, na eleição dele a deputado estadual, que se ampliou na dobradinha vitoriosa dos dois em 2018. O que fazer isso se repetir em 2020, numa eventual disputa dele a prefeito de São João da Barra, e na sua, a prefeito de Campos?

Wladimir – Como você disse, é eventual. Primeiro a gente precisa saber se Bruno tem esse desejo, de ser candidato a prefeito. Toda vez que a gente conversa sobre isso ele não demonstra se ele é candidato lá ou não. Assim como eu também não sei se sou candidato aqui em Campos ou não. Ele está despontando como uma liderança nova no cenário de São João da Barra, eu, também, uma liderança nova em Campos. Acho que é natural que a gente dispute as prefeituras em algum momento, até ao mesmo tempo.

 

Folha – No caso de Bruno, parece depender menos da vontade dele do que do julgamento de Carla Machado pela Machadada no TSE. Prefeita popular, se ela for condenada, abre uma janela. Absolvida, é difícil tirar dela. Concorda?

Wladimir – Então, o Bruno não demonstrou claramente ainda se é ou não candidato a prefeito de São João da Barra, talvez até esperando definir a situação de Carla. Se Carla não puder ser candidata, eu acho que o caminho abre e aí, sim, ele pode tomar uma decisão mais firme.

 

Folha – Carla foi condenada em primeira e segunda instâncias. Se ela for impedida na terceira de disputar a reeleição, a candidatura de Bruno não é um caminho natural?

Wladimir – Eu acho que é um caminho natural e bom.

 

Página 2 da edição de hoje (31) da Folha

 

 

Página 3 da edição de hoje (31) da Folha

 

Publicado hoje (31) na Folha da Manhã

 

Witzel vem a Campos em maio e ministra da Agricultura será convidada

 

 

Witzel volta a Campos

Como governador, Wilson Witzel (PSC) esteve apenas uma vez em Campos. Foi em 15 de janeiro, na inauguração (aqui) da nova sede do Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (Criaad). Agora, o governador tem data para voltar: 17 de maio. Ele virá participar da abertura do RioAgro Coop, na sede agrícola da Coagro, em Sapucaia. O evento marcará a abertura oficial da safra de cana 2019/2020 e será realizado com a Organização das Cooperativas do Brasil no Estado do Rio (OCB-RJ), em conjunto com a Coagro, com organização do Fatore e apoio do Grupo Folha (Folha da Manhã, Folha1, Folha FM, Plena TV e Inter TV).

 

RioAgro Coop

Presidente do Sistema OCB-RJ, Vinícius Mesquita destacou: “No Brasil, cooperativas representam 48% da produção de alimentos, com mais de 1,5 mil cooperativas no agronegócio, 1 milhão de associados e quase 200 mil pessoas empregadas”. Presidente da Coagro e do Sindicato das Indústrias Sucroenergéticas do Estado do Rio (Siserj), Frederico Paes traçou o quadro regional, ao falar da importância do RioAgro Coop com o governador Witzel em Campos: “O agronegócio da cana enfrenta dificuldades, como clima e falta de apoio, gera 5 mil empregos e R$ 300 milhões por safra, com 10 mil pequenos proprietários rurais”.

 

Semiárido

O RioAgro Coop terá representantes da iniciativa privada, universidades, poder público e produção para debater o agronegócio e sua organização em cooperativas. Serão abordados temas como agricultura familiar, bacia leiteira, irrigação, crédito rural e nova classificação do clima da região como semiárido. Nas duas últimas pautas, como a coluna informou ontem (aqui), o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) já encaminhou o projeto de lei nº 1440 à Comissão de Agricultura da Câmara Federal. Se Norte e Noroeste Fluminense forem classificados como semiárido, seus produtores terão acesso facilitado a linhas de crédito.

 

Secretários e ministra

Ontem, o secretário de Agricultura de Campos, Nildo Cardoso (DEM), e vários de pares nos municípios da região, se reuniram em Carapebus com o secretário estadual da pasta, Eduardo Lopes (PRB). Ele vem a Campos na próxima quarta (03), para outro encontro regional, na Uenf. A pauta será a retomada do programa estadual Patrulha Mecanizada, para recuperação de estradas vicinais. Um dia antes, na terça (02), como revelou em entrevista publicada (aqui) nesta edição, Wladimir levará representantes da Coagro, Asflucan e Universidade Rural à ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM/MS), que será convidada para vir a Campos no RioAgro Coop.

 

Açu em destaque

A revista Veja, na edição de 3 de abril, dedica quatro páginas a uma matéria especial sobre o Porto do Açu, em São João da Barra. Com o título “Não era só Powerpoint”, a reportagem fala sobre o empreendimento desde a apresentação pelo idealizador, o empresário Eike Batista, passando pela derrocada do Grupo X e o atual perfil do terminal, sob administração da Prumo, com foco no setor de óleo e gás. A reportagem destaca que, com a localização privilegiada na Bacia de Campos, o Açu está assumindo o protagonismo na logística do setor de petróleo que pertencia a Macaé e Vitória.

 

Mais operações

Recentemente, o Porto do Açu assinou contratos com a Petrobras e a Equinor para operações de transbordo. Se no ano passado 10% de todo o petróleo exportado pelo Brasil passou pelo terminal privado em SJB, a expectativa é de que esse número possa dobrar em 2019, chegando a 200 mil barris por dia. Na reportagem, Eike defende que o Porto do Açu “foi todo desenhado para proporcionar eficiência na veia. Não é um puxadinho como vemos em muitos portos do Brasil”. No cenário regional, todos os analistas afirmam que a retomada do desenvolvimento regional passa pelo Açu. E os números a cada dia mostram isso. Aliás, não só a retomada econômica regional passa pelo Porto, mas a do país também.

 

Impacto nacional

O CEO da Prumo, José Magela, destaca que os principais desafios agora são o de melhorar o acesso do Porto do Açu ao restante do país. “Viabilizar o escoamento do petróleo e do gás é essencial para o desenvolvimento econômico de todo o país. E aí o Cristo vai voar novamente”, diz Magela à Veja, em referência à capa da The Economist, de 2009, na qual uma das maiores publicações econômicas do mundo sinalizava para um rumo promissor da economia nacional. Só que não deu muito certo. Em 2013, o Cristo Redentor voltou para capa, mas desta vez caindo, depois de fazer um voo torto pelos céus. A população sente os impactos disso até hoje.

 

Com Arnaldo Neto

 

Publicado hoje (31) na Folha da Manhã

 

Folha FM nasce no aniversário de Campos com prefeito ao vivo no Folha no Ar

 

 

Folha no Ar de hoje, com o prefeito Rafael Diniz, entrevistado do dia, entre Arnaldo Neto e Aluysio Abreu Barbosa (Foto: Cláudio Nogueira)

 

Hoje foi o 184ª aniversário de Campos. Não por acaso, foi o dia em que nasceu a Folha FM, em 98,3Mhz. Ela substitui a antiga Rádio Continental, que funcionou por 63 anos em sinal AM. Com novo nome e nova frequência, o carro chefe da nova programação estreou das 7h às 8h30: o Folha no Ar. Além de trazer e comentar as principais notícias do dia, o programa ao vivo trará sempre um entrevistado. O da manhã de hoje foi o prefeito de Campos, Rafael Diniz (PPS). Nesta sexta, a partir das 7h, a entrevistada será a historiadora e diretora presidente do Grupo Folha, Diva Abreu Barbosa.

 

 

A bancada fixa do programa é composta pelo experiente âncora Marco Antônio Rodrigues, ao lado dos jornalistas da Folha Arnaldo Neto e Aluysio Abreu Barbosa. De segunda à sexta, sempre das 7h às 8h30, o Folha no Ar da próxima semana segue com uma rodada quente de novos entrevistados. Na segunda (01/04) será o historiador Aristides Soffiati; na terça (02), o delegado titular da 146ª DP de Guarus, Pedro Emílio Braga; na quarta (03), o presidente da Câmara Municipal, Fred Machado (PPS); na quinta (04), o bispo católico de Campos Dom Roberto Ferrería Paz; e, na sexta (05), o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD).

 

Atualização às 10h20 de 29/03 para adicionar o áudio da entrevista de Rafael Diniz na estreia do Folha no Ar:

 

“A Queda — As Últimas Horas de Hitler” nesta quarta no Cineclube Goitacá

 

Bruno Ganz na interpretação definitiva de Hitler

 

Em tempos de radicalismo político no Brasil e no mundo, como os que ora vivemos, a exibição do filme “A Queda — As Últimas Horas de Hitler” (2004), de Oliver Hirschbiegel, já seria oportuno. Mas sua apresentação às 19h desta quarta, dia 27, pelo Cineclube Goitacá, na sala 507 do edifício Medical Center, no cruzamento das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, tem como objetivo a homenagem ao grande ator suíço Bruno Ganz, morto em 19 de fevereiro.

Se é cabível afirmar que “A Queda” é um dos melhores filmes feitos no novo milênio, mais ainda se pode dizer da perfomance de Ganz: seu Adolf Hitler é uma das maiores interpretações da história do cinema. Sem nenhum favor, está lado a lado com Marlon Brando em “Uma Rua Chamada Pecado” (1951, de Elia Kazan), Peter O’Toole em “Lawrence da Arábia” (1962, de David Lean), Robert De Niro em “Taxi Driver” (1976, de Martin Scorsese) e Daniel Day-Lewis em “Lincoln” (2012, de Steven Spielberg). Mas como Hollywood é uma aldeia judaica, a interpretação definitiva do carrasco de 6 milhões de judeus, entre os 60 milhões de mortos da II Guerra (1939/45), não rendeu nem uma indicação de Ganz ao Oscar de melhor ator.

Na verdade, a morte recente de Ganz motiva a segunda exibição de “A Queda” no Cineclube, hoje Goitacá, em sua fase na sala do Oráculo — mas que já foi Cinema no Palácio, quando era sediado no Palácio da Cultura; e, antes, Cineclube José Amado Henriques, em homenagem ao primeiro crítico de cinema da cidade, quando começou suas atividades no auditório da Faculdade de Medicina de Campos. Nesta fase inicial, “A Queda” foi o segundo filme a ser exibido, depois da abertura com “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles.

Confesso que após ver o filme pela primeira vez, num cinema do Rio, fiquei duas noites sem dormir direito. Humanizar Hitler, mostrando suas faces reais de empregador gentil e criador amoroso de cães, torna sua composição mais pertubardora do que mostrá-lo com pés de cabra, rabo pontudo, chifres na testa e tridente na mão, como a propaganda soviética, estadunidense e britânica o pintou desde a II Guerra. É um homem, não a encarnação de Lúcifer, que, mesmo após se matar quando os russos invadem Berlim, conduz outros homens intelectualmente bem formados ao mesmo fim. Tudo por uma questão de honra. E isso é o mais angustiante.

Ganz teve acesso e estudou conversas gravadas de Hitler no cotidiano, que sobreviveram a despeito da vontade do líder da nazista, que mandou destruir todos seus registros como homem comum. Como quem o mitifica na condição de Anticristo, o Führer (“Guia”) da Alemanha só queria ser lembrado como grande orador de massas. As mesmas que julgou merecerem perecer com seu sonho torto de uma raça ariana superior dominando o mundo, na megalomania e ausência de empatia que caracterizam todos os psicopatas.

Para além da composição antológica de Ganz, a grande virtude do diretor Hirschbiegel é conferir uma estética documental à sua obra, filmada quase o tempo inteiro com a câmara nervosa sobre o ombro de alguém sob o bombardeio soviético. Neste sentido, o clima claustrofóbico é reforçado pelos corredores apertados do bunker construído sob a sede da Chancelaria alemã, nos quais se espremem suarentos os seguidores restantes de um líder comandando exércitos que só sobreviveram em seus delírios.

Tanto quanto o Hitler de Ganz, impressiona a crueldade de Goebbels, fanático ministro da Propaganda, interpretado por Ulrich Matthes. E o que é narrado na ficção se aproxima muito do que aconteceu na queda real da Alemanha na II Guerra. As bases para o roteiro de Bernd Eichinger são o historiador alemão Joachim Fest, considerado com justiça o biógrafo definitivo de Hitler, e o testemunho de Traudl Junge, secretária particular do líder nazista. No filme, ainda jovem, ela é vivida pela atriz romena-alemã Alexandra Maria Lara. A verdadeira, já idosa, dá seu depoimento ao final.

“A Queda” não é um filme fácil. Mas é necessário. Pelo menos para quem busca evitar o risco de repetir o talvez pior capítulo da história do homem, por ignorar o que fomos capazes de fazer uns com os outros há pouco mais de sete décadas. A entrada, assim como a participação no debate após a sessão, são livres.

 

Confira abaixo o trailer do filme:

 

Atualização às 13h23 de 27/03: Confira aqui a matéria do Celso Cordeiro Filho, publicada hoje na Folha Dois, sobre a exibição do filme no Cineclube Goitacá.

 

Polêmica da charge de Bolsonaro e Trump no Liceu sob análise

 

O caso do professor de Português do Liceu Marco Antônio Tavares da Silva, suspenso pela secretaria estadual de Educação (Seeduc) após propor uma redação sobre uma charge dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos EUA, Donald Trumpo, já gerou muita polêmica e repercussão. Inclusive na mídia carioca, onde o assunto foi noticiado após ser revelado em primeira mão pela Folha da Manhã.

Na edição de hoje da Folha, seis professores universitários de Campos se posicionarem (aqui) sobre o caso. Visando equilíbrio, alguns dos docentes ouvidos foram de orientação política de esquerda, outros de direita. Houve manifestações de apoio ao professor do Liceu, assim como ponderações e críticas. Mas o questionamento à suspensão do colega do ensino médio estadual, por conta da utilização da charge, foi comum aos seis. Entre eles, o professor de Ciência Política da UFF-Campos George Gomes Coutinho foi o que mais se estendeu na análise, indo além da demanda de depoimento para uma enquete de jornal.

Não por outro motivo, o blog publica abaixo a íntegra do que pensa o George sobre o caso:

 

Charge de Vitor Teixeira publicada em 19 de outubro de 2017 no site “Humor Político” e utilizada como tema de redação aos alunos de Português do 3º ano do ensino médio do Liceu

 

Sociólogo e cientista político George Gomes Coutinho

Uma das primeiras questões que devemos discutir acerca da saúde da democracia em uma sociedade contemporânea é se a livre expressão de ideias e posicionamentos encontra respaldo para além do arcabouço jurídico formal. Obviamente não estou secundarizando a importância das garantias constitucionais, dado que nelas estão as bases normativas formais que devem guiar os cidadãos e as instituições. O que estou destacando é se os cidadãos vivem em suas rotinas a livre circulação de ideias, simbolismos, posicionamentos, etc. SEM CONSTRANGIMENTOS. Esta produção imaterial, desde que não se engaje em prol da eliminação “do outro” como diria Karl Popper, deve ser encarada como é: diversa e heterogênea espelhando as contradições de nossa própria sociedade. Prosseguindo com Popper, se não há o discurso de eliminação de grupos sociais excetuando os próprios intolerantes, sendo a intolerância em si o único limite crítico para a liberdade de expressão legal e legítima, uma democracia vibrante necessita da circulação de posicionamentos tal como a vida precisa de oxigênio e deve haver o respeito pela opção A, B ou C. Todo o restante é tentativa autoritária de eliminação artificial do dissenso e da diversidade ou imposição forçosa e unilateral de discursos aos quais indivíduos não são obrigados a reproduzir, vide por exemplo a imposição a fórceps de narrativas e posicionamentos de esquerda a indivíduos ou fóruns de direta, ou vice-versa, sem o devido convite para o diálogo. Inclusive aqui temos um dos pontos que mais importam a esse debate. A despeito das opções no espectro ideológico, a crítica publica é fundamental. Porém, não é qualquer crítica. A crítica fundamentada, o uso da razão e da argumentação, a objetividade, todos esses ingredientes são fundamentais para termos um espaço onde a opinião pública seja robusta.

Fiz este preâmbulo por reconhecer que vivemos um estado de coisas onde a opinião pública encontra-se gravemente adoecida no Brasil. A questão do professor Marcos Antônio Tavares da Silva, e este recebe desde já minha solidariedade, é sintoma. Porém, não é a doença. Este modus operandi, o de incitar estudantes a gravarem ou reproduzirem material permitindo em segundo momento o achincalhe público, o linchamento virtual e ameaças por uma horda, tem se tornado uma praxe motivada por grupos que abraçaram a “pauta dos costumes” e acreditam que estão fazendo “boa política” ao simplesmente ignorar solenemente as condições concretas das escolas, o plano de carreira (quando há) defasado, salários achatados, os baixos patamares alcançados no processo de ensino e aprendizagem, etc. Se criou um falso problema, uma cortina de fumaça que em nada, rigorosamente em nada contribui ante o enfrentamento dos problemas crônicos da educação brasileira, que são urgentes em uma sociedade de conhecimento onde veremos cada vez mais o trabalho humano de baixa complexidade sendo substituído pela inteligência artificial, automação e robotização. Há uma tragédia humanitária em curso que pode ser evitada com investimentos pesados em educação. Portanto, as energias deveriam estar em outro tipo de ação coletiva e não este, o do Macartismo reeditado em escolas e universidades no século XXI.

Causa espécie que estudantes estejam sendo estimulados a atuarem como dedos-duros, X-9 de professores, fazendo registros sem a autorização dos mesmos! É este o ambiente que irá promover de fato as melhorias necessárias nas metas educacionais gerando aspirantes a censores? E ainda tendo o objetivo tão inatingível quanto risível: o espaço de sala de aula ambicionado como imagem e semelhança dos próprios pais e suas crenças, narcisismo de um lado, e o infantil desejo do desaparecimento de todos os comportamentos diversos, opções culturais, tudo o que não esteja na pauta dos preceitos de família A ou B. Este último desejo perverso, nunca é demais dizer, é nada menos que a base de todo e qualquer fundamentalismo por flertar perigosamente com o obscuntarismo, com a ocultação do mundo real e sua diversidade imanente.

Prosseguindo, flertamos em todo esse debate burlesco com uma concepção absolutamente imbecil: a da neutralidade, a da imparcialidade de agentes humanos ou instituições. O Conto da Carochinha do “professor imparcial”, onde este seria em termos ideais um agente simplesmente esvaziado do contexto onde vive e desprovido de suas opções valorativas ao entrar em seu ambiente profissional, é apresentado alhures como solução. O problema é seu caráter irrealizável. Essa assepsia cognitiva e cultural é humanamente impossível. Se todos devemos sim combater a demagogia, abusos e o proselitismo em todas as esferas, inclusive a sala de aula, por outro lado tem se colocado soluções que geram apenas estresse aos profissionais da educação. Ainda, a questão seria se os professores estimulam a pensar e a criar, eis as demandas de nosso tempo, e não colocar na berlinda suas opções valorativas políticas, simbólicas, culturais, etc. Portanto, sim, professores são cidadãos e tem o direito de seguirem suas próprias trilhas políticas e, até onde eu sei, não são dotados da capacidade de operarem qualquer lavagem cerebral que os paranoicos vislumbram.

Retomando o caso concreto do professor do importante Liceu campista, onde uma charge foi utilizada como recurso didático e reflexivo para a elaboração de uma redação onde o texto seria produção e responsabilidade do próprio estudante, inclusive sendo franqueada a possibilidade de apresentar qualquer posicionamento argumentativo amparado pelo uso da razão (o que exclui o achismo e a burrice inerente e mimada de homens brancos adultos da classe média ou alta que estou cansado de ver por aí fazendo beicinho), vemos mais um caso trágico e a vitória momentânea da ignorância e do moralismo. Há algo de ridículo. Carolas esperneando ante um desenho de dois homens em uma cama, isso após o presidente eleito deste país ter postado vídeo de sexo amador em seu perfil das redes sociais. Outros que apostam serem os estudantes tapados, castrados cognitivamente, verdadeiros idiotas que apenas reproduzem o que um professor ou qualquer outra autoridade diga (esses já devem ter nascido velhos ou são desmesuradamente obedientes aos seus senhores). Ou, ainda o pior. Temos um grupo que chegou ao poder que em nada está preparado para a vivência democrática.

Todos esses chiliques soam como tentativa de eliminar de forma autoritária a crítica ao governo eleito em todos os espaços públicos. Um outro nome para isso é simplesmente censura. Olhando novamente a charge caberia discutirmos qual seria a reação deste grupo se os personagens fossem Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama. Afinal, desde a Ação Penal 470, o famoso “Mensalão”, o Partido dos Trabalhadores foi criticado quase diariamente de forma ácida, por vezes respeitosa e por vezes de maneira odienta, e ainda assim não deixou de ser poder até o golpe parlamentar de 2016 e tampouco o tecido democrático esteve sob risco. Finalizando, talvez esse lamentável episódio do professor do Liceu seja mais um dos alertas que acendem insistentemente desde primeiro de janeiro do ano corrente e nos questione para onde nossa sociedade está caminhando.

 

Restaurante popular, prontuário digital, São José e cartão cooperação

 

Rafael, Marcão e Abdu (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Retorno do cartão cooperação (antigo cheque-cidadão), reabertura do Centro de Segurança Alimentar e Nutricional (antigo Restaurante Popular), inauguração do novo Hospital São José e instalação do prontuário digital individualizado no atendimento da Saúde Pública municipal. Estas são as principais propostas para Campos, todas para implementação em 2019, dos novos secretários municipais de Desenvolvimento Humano e Social e de Saúde, respectivamente Marcão Gomes e Abdu Neme (ambos do PR). Dois experientes ex-vereadores, eles entraram no governo neste começo de ano para cumprirem o que o prefeito Rafael Diniz (PPS) disse em entrevista à Folha, publicada em 30 de dezembro, quando fez o balanço da metade da sua gestão e anunciou (aqui): “é hora de avançar politicamente”.

Várias mudanças, numa reforma administrativa na Prefeitura de Campos, foram publicadas na última quinta (21) no Diário Oficial (DO). Entre elas, a nomeação de Abdu não só como secretário de Saúde, como também presidente da Fundação Municipal de Saúde. Marcão já havia sido nomeado desde 15 de fevereiro. Esta semana, o prefeito Rafael falou sobre mudanças de rumo e os reforços que seu governo ganhou da Câmara Municipal:

— Quando assumimos (em 2017), sem que o governo anterior (de Rosinha Garotinho) fizesse a transição, encontramos o caos administrativo e uma dívida (aqui) de R$ 2,4 bilhões. Para tentar reconstruir uma cidade arruinada, nossa opção foi por um quadro técnico. Mas percebemos na sociedade um anseio por uma atuação mais política do governo. E isso é bom, até porque permitirá até que o trabalho técnico apareça. Neste contexto, Marcão e Abdu, como vereadores de expressão, trazem uma contribuição importante ao governo.

Antes mesmo de assumir a secretaria de Desenvolvimento Humano e Social, Marcão já havia adiantado (aqui) à coluna Ponto Final seu principal objetivo: aproximar o governo das 60 mil famílias de Campos em estado de vulnerabilidade. Esta semana ele projetou as maneiras práticas de fazer isso: até o primeiro semestre, a previsão é de que o Centro de Segurança Alimentar e Nutricional vai estar funcionando, enquanto o cartão cooperação está programado para retornar já no início do segundo semestre.

— O antigo Restaurante Popular era um projeto estadual que Rosinha fez convênio para absorver. O Centro de Segurança Alimentar e Nutricional será um programa verdadeiramente municipal, criado com critério social para alimentar pessoas que realmente precisam, em situação de vulnerabilidade. O cartão cooperação também vai voltar. Já estamos empenhados no estudo da disponibilidade orçamentária e do processo licitatório — explicou Marcão.

Ao acumular a secretaria de Saúde e a presidência da Fundação Municipal de Saúde, o médico Abdu Neme diz ter recebido “carta branca” de Rafael para tentar melhorar uma das áreas que mais geram queixa dos campistas, desde governos passados. Para isso, ele promete instalar dentro de 30 dias o prontuário digital de cada paciente atendido na saúde pública de Campos. No mesmo prazo, pretende também entregar o novo Hospital São José (HSJ). Fruto de um projeto seu como vereador, é um pleito antigo da Baixada Campista e outra promessa que se arrasta desde o governo Rosinha.

A partir da sua nomeação na quinta, Abdu passou a correr os corredores dos hospitais públicos da cidade, na busca do diferencial de humanização que pretende instalar na sua pasta. Na próxima semana serão publicadas no DO alterações de pessoal nos hospitais Ferreira Machado (HFM) e Geral de Guarus (HGG). Este, passará a ser dirigido pelo médico e ex-vereador Dante Pinto Lucas. Outro objetivo do novo secretário é agilizar e desburocratizar a compra de insumos, sobretudo de remédios, além de implantar o Hemocentro Regional, cuja verba já foi disponibilizada através de emenda parlamentar do ex-deputado federal Paulo Feijó (PR).

— A Saúde Pública de Campos e o próprio governo têm que sair da zona de conforto. E vamos trabalhar 20 horas por dia para que dê certo. Temos ouvido críticas ao prefeito, mas qual administrador público no Brasil não está desgastado? Desde que assumiu, há menos de três meses, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já perdeu 15 pontos de aprovação popular, segundo a última pesquisa Ibope. Rafael pegou uma situação muito difícil. Não gosto de fazer previsões, mas se começarmos a acertar e o Brasil sair desse marasmo político e econômico, tenho certeza de que teremos um resultado excelente nas eleições de 2020 — analisou Abdu.

 

Edson e Hirano (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Edson: “Não caminho com Wladimir de jeito nenhum”

“Com Wladimir (Garotinho, do PSD) eu não vou caminhar de jeito nenhum”. A declaração forte foi feita por aquele que, há 30 anos, foi considerado um dos mais fiéis aliados de Anthony Garotinho (sem partido): o médico e ex-vereador Edson Batista, presidente municipal do PTB. Apesar das críticas que recebeu do ex-governador após sua aproximação política com o governo Rafael, Edson continua se referindo a Garotinho como “comandante”:

— Garotinho e Rosinha são líderes. Os dois têm história, biografia e minha admiração. Mas o fato é que estão alijados do processo eleitoral por oito anos. A opção que sobrou ao grupo (na eleição a prefeito de 2020) foi Wladimir. Ele não tem história e biografia para ser candidato. Com Wladimir eu não vou caminhar de jeito nenhum.

A distensão de Edson com Wladimir, agravada pela inelegibilidade do casal Garotinho, é antiga. Mas nunca foi externada de maneira tão clara pelo ex-presidente da Câmara de Campos. Ele cita mais motivos para sua aproximação com o grupo político de Rafael: a retomada de projetos populares como o Centro de Segurança Alimentar e Nutricional e o cartão cooperação. Além disso, os dois vereadores do PTB de Campos, Neném e Ivan Machado, já estão na base do governo, o que facilitaria a aliança política para 2020. Edson revelou que terá uma conversa pessoal com o prefeito, nesta semana, para “ver os desdobramentos disso”.

Além de Edson, outro garotista que foi bastante citado nas redes sociais no correr da última semana, pela aproximação com o grupo político do prefeito, é Paulo Hirano (PR). Também médico, ele foi o combativo líder da situação na Câmara Municipal durante o governo Rosinha. Seu contato foi com Abdu Neme, antes do carnaval, quando o vereador já tinha recebido o convite para assumir a Saúde e trocou ideias com o colega sobre o setor.

A possibilidade de Hirano integrar o governo Rafael seria mais na área médica do que política. E dependeria de uma segunda conversa, que Abdu confirmou estar em sua pauta, tão logo tome pé da situação da secretaria de Saúde.

— Fiquei afastado da política nos últimos dois anos. Conversei com Abdu sobre modelos de saúde e dei sugestões. Uma segunda conversa, antes de qualquer decisão, teria que ser, além do secretário, com o prefeito — pontuou Hirano.

 

Wladimir

“Desejo sorte a quem está saindo, porque vai precisar”

“Desejo sorte a quem estiver saindo do nosso grupo para o de Rafael, porque eles vão precisar”. Foi com ironia que o deputado federal Wladimir Garotinho reagiu à possibilidade dos (ex-)garotistas Edson Batista e Paulo Hirano se aliarem ao prefeito de Campos, cargo que ele almeja para si na eleição de 2020.

Para o filho do casal Garotinho, política é feita de ciclos: “Alguns pensam que o ciclo deles se encerrou no nosso grupo e estão buscando outros caminhos”. Wladimir diz que sempre lutou pela renovação no grupo político do pai, mas com respeita a história de cada um — a mesma história que Edson entende que o deputado não tem para ser prefeito.

Wladimir negou que ele tenha sido o motivo para o ex-presidente da Câmara Municipal sair do grupo dos Garotinho. Muito embora Edson deixe bem claro que a eventual candidatura a prefeito do filho do “comandante” seja um dos motivos para sua aproximação com o grupo de Rafael. O deputado entende que o prefeito vai tentar politizar sua gestão para se aproximar do povo. “Mas acho pouco provável que consiga”, opinou.

 

Pàgina 2 da edição de hoje (24) da Folha

 

Publicado hoje (24) na Folha da Manhã

 

Reforma administrativa por Rafael, Marcão, Abdu, Edson, Hirano e Wladimir

 

Rafael, Marcão, Abdu, Edson, Hirano e Wladimir (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O que o prefeito Rafael Diniz (PPS) e os novos secretários Marcão Gomes e Abdu Neme (ambos do PR) projetam com a reforma administrativa do governo de Campos? O que pensam da aproximação política com o grupo do prefeito os (ex-)garotistas Edson Batista (PTB) e Paulo Hirano (PR)? E o que o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) pensa disso tudo?

Para saber, leia a edição deste domingo (24) da Folha da Manhã.