Na tribuna da Câmara, Wladimir ataca Judiciário e MP de Campos para defender os pais

 

Wladimir na tribuna da Câmara Federal (Foto: Divulgação)

 

“Já não é de hoje que um grupo da justiça local da cidade de Campos vem perseguindo a minha família, já não é de hoje que estamos sujeitos a todo tipo de humilhação por um grupo que, por interesses políticos e financeiros, tenta a todo custo destruir a minha família e destruir a honra dos meus pais. Até quando?”

Este foi um dos trechos do discurso do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) na tarde de hoje, na tribuna da Câmara Federal. Ele não poupou o Judiciário de Campos de ataques para defender seus pais, os ex-governadores do Rio e ex-prefeitos de Campos, Anthony (sem partido) e Rosinha Garotinho (Patri), presos na manhã de ontem (03) por decisão do juiz Glicério Angiólis, da 2ª Vara Criminal de Campos. Eles foram soltos hoje após habeas corpus concedido pelo procurador Siro Darlan, no plantão da madrugada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Diferente da irmã e também deputada federal Clarissa Garotinho (Pros), que se posicionou (aqui) sobre as prisões desde ontem (03), quando Wladimir também foi contactado pela reportagem da Folha, ele só se posicionou publicamente após o habeas corpus.

A nova prisão do casal Garotinho se deu por denúncia de superfaturamento de R$ 60 milhões no programa Morar Feliz. Implementado nos oito anos do governo municipal Rosinha, ao custo total de quase R$ 1 bilhão, foi maior contrato público dos 184 anos de história de Campos. E pelo qual, segundo delação à Lava Jato dos dois ex-executivos da Odebrecht encarregados do contrato (veja os vídeos aqui e aqui), confirmados depois em depoimentos (aqui) ao Ministério Público Estadual de Campos, os Garotinho receberam repasses de caixa dois da maior construtora do país, no valor de R$ 25 milões, para financiar suas campanhas eleitorais.

Em seu pronunciamento hoje na tribuna da Câmara Federal, Wladimir questionou as delações dos executivos. Mas centrou fogo no Judiciário de Campos, que já tinha sido responsável por duas prisões de Garotinho na operação Chequinho, e terceira do ex-governador na operação Caixa d’Água, quando Rosinha também foi presa. Sobre as prisões desta semana, o jovem deputado federal questinou a competência da Justiça Estadual de Campos, que chamou de “arbitrária”, para julgar seus pais no que classificou de “uma verdadeira aberração”:

— Além do mais, a justiça de Campos não tem sequer competência no caso, que vinha tramitando na Justiça Federal. De forma arbitrária e até surpreendente, a Justiça de Campos usurpando a sua competência extrai um trecho de um processo que corre em outra esfera e abre um novo processo na justiça comum, uma verdadeira aberração processual.

Da tribuna da Câmara Federal, Wladimir também investiu contra a própria pessoa do juiz Glicério Angiólis, ao denunciar que ele responderia “processo disciplinar no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por assédio sexual e assédio moral”:

— Mas o que vocês também precisam saber, é que o juiz de primeiro grau que proferiu essa decisão absurda, responde um processo disciplinar no CNJ por assédio sexual e assédio moral, e sabe qual foi a punição dada a ele? Ser promovido para a comarca de Campos, pois ele vinha de uma pequena comarca no município de Miracema. Esse é a punição para um magistrado que comete abusos, caros colegas, uma promoção!

O deputado federal também usou a tribuna, após a prisão e soltura dos pais, para fazer coro à Lei de Abuso de Autoridade, encarada por muitos juristas e pela maioria da população brasileira como maneira de impedir que políticos sejam investigados, denunciados e condenados pelos agentes da lei. E usou o pesado adjetivo “canalhas”:

— A Lei de Abuso de Autoridade não é somente necessária, ela é a única solução para frear os canalhas que se fingem de salvadores da pátria e usam a justiça para fazer justiçamento.

Além do Judiciário, Wladimir também atacou o Ministério Público de Campos, dizendo que partiria da população campista o seu questionamento a supostas irregularidades, que não nominou, nem apresentou provas:

— O povo quer saber quando o Ministério Público de Campos vai abrir os olhos contra a bagunça em que o município se encontra hoje. Quando vai abrir os olhos para as centenas de denúncias de fraudes, de desvio de dinheiro e de acordos escusos.

Logo na sequência de seu pronunciamento, o deputado federal e pré-candidato a prefeito em 2020 tentou misturar suas críticas contundentes ao Judiciário de Campos com a política do município. Afirmou que isso vem ocorrendo “misteriosamente” e falou em “verdadeiro estupro do processo legal”:

— O povo de Campos sofre sem saber a quem recorrer e, misteriosamente, no auge de uma crise na saúde e no sistema de transporte do município, a justiça de Campos que nada vê contra a atual gestão, inventa uma sentença que é um verdadeiro estupro ao processo legal.

O parlamentar de Campos fez menção elogiosa ao deputado federal Felício Laterça (PSL), político de Macaé e delegado da Polícia Federal de profissão, que nesta condição ontem questionou aqui, neste blog, a prisão do casal Garotinho.

Wladimir encerrou seu pronunciamento com a citação bíblica dos Salmos 30:05:

— “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”.

 

Confira abaixo a íntegra do pronunciamento do deputado de Campos na tribuna da Câmara Federal, em Brasília:

 

 

Confira a cobertura completa do caso na edição desta quinta (05) da Folha da Manhã

 

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Este post tem 2 comentários

  1. Cesar Peixoto

    Finque tranquilo Wladimir quem aqui faz, aqui paga a justiça tarda mas não falha, em 2020 conte com o meu voto, porque ninguém quer fazer uma pesquisa para saber o índice de aprovação do desgoverno Rafael Diniz.

  2. Leandro

    O casal honestidade deve ter pago uns bons chuviscos para Ciro Darlan para emitir o alvará de soltura. Darlan já é investigado por tirar esses presos inocentes e perseguidos

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