A Campos que elege hoje seu prefeito, complicada é a eleição dos EUA?

 

(Foto: Rogério Azevedo)

 

 

Complicadas são as eleições dos EUA?

 

De um domingo de comemoração pela vitória do democrata Joe Biden (relembre aqui) na eleição presidencial dos EUA, para aqueles que têm apreço à democracia no mundo, até o domingo de hoje, onde a democracia será exercida pelos mais de 360 mil campistas aptos a votar a prefeito e vereador. Quem não ignora as quatro operações matemáticas sabe que o principal problema de Campos não é político/eleitoral, mas econômico (confira a série da Folha sobre o tema aquiaquiaquiaquiaqui, aquiaqui, aqui, aquiaqui e aqui): como gerir um município com previsão de orçamento para 2021 entre R$ 1,5 bilhão a R$ 1,7 bilhão, com despesas totais estimadas em quase R$ 2 bilhões, sendo R$ 1,1 bilhão só em folha de pagamento de servidor?

 

Rafael Diniz (Foto: Folha da Manhã)

 

Atual prefeito, Rafael Diniz (Cidadania) tentou enfrentar o problema. E, mesmo governando quase três anos sem oposição relevante na Câmara Municipal, seu êxito popular pode ser medido pela rejeição que lidera em todas as pesquisas divulgadas. Quem sucedê-lo, além de evitar erros políticos e sociais como fechar o Restaurante Popular, pode ainda assim ser obrigado a tomar medidas duras, de maneira mais rápida e com uma comunicação mais competente com a população. Se não o fizer, poderá ter um destino ainda pior, junto com toda a cidade. E nada garante que será melhor se o prefeito fizer o que precisa ser feito, mas não colher os efeitos desejados. Como o Brasil, que adota o receituário liberal desde o segundo governo Dilma Rousseff (PT) — após quebrar o país no primeiro —, passando pelos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (sem partido), sem grande resultado até aqui.

 

Wladimir Garotinho e Caio Vianna (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Do Planalto Central à planície goitacá, as pesquisas indicam três possibilidades. A que parece mais provável é o segundo turno entre Wladimir Garotinho (PSD) e Caio Vianna (PDT). Correndo por fora, uma única pesquisa registrada apontou a possibilidade de um segundo turno entre Wladimir e Dr. Bruno Calil (SD). A terceira possibilidade seria a vitória de Wladimir, líder em todas as pesquisas, ainda no primeiro turno. O que seria a única vitória comparável à derrota acachapante que Rafael impôs ao garotismo em 2016, quando venceu nas sete Zonas Eleitorais de Campos, hoje reduzidas a quatro: 75ª (249ª), 76ª (100ª), 98ª (99ª) e 129ª.

 

Bruno Calil (Foto: Divulgação)

 

Nesta semana entre o resultado das eleições presidenciais dos EUA e a expectativa pela eleição a prefeito de Campos, o programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, ouviu cinco representantes da maior conquista da cidade em seus anos das “vacas gordas” dos royalties: sua condição de polo universitário. Nas manhãs de segunda (09) à sexta (13), todos os cinco analisaram individualmente cada um dos 11 candidatos a prefeito. O sociólogo Roberto Dutra, professor da Uenf, falou (confira aqui) sobre as três possibilidades consideradas ao resultado das urnas de hoje:

Sociólogo Roberto Dutra, professor da Uenf

— Pelo que a gente vê nas ruas, pelos que as poucas pesquisas divulgadas apontam, pelo que a gente na movimentação dos candidatos entre si, acho que o segundo turno entre Wladimir e Caio é o que se desenha hoje. O voto útil para o candidato que está na frente seria um fator que poderia levar o primeiro colocado a uma vitória no primeiro turno. Sinceramente, não acredito que o candidato Bruno Calil esteja disputando uma segunda vaga com Caio, eu acho que a distância entre os dois é grande. Acho que o Bruno Calil talvez consiga superar Rafael para ser o terceiro mais votado. Embora seja improvável, entre a probabilidade de Wladimir ganhar no primeiro turno e Calil ir para o segundo turno, eu acho mais provável Wladimir levar no primeiro turno, do que o segundo turno com a presença de Calil. Se tiver um segundo turno, Caio estará nele.

A aposta no segundo turno entre Wladimir e Caio também foi feita pelos demais entrevistados da semana. Nem todos, com bons olhos:

Cientista político Hamilton Garcia, professor da Uenf

— Por que que eles (Wladimir e Caio) estão lá em primeiro lugar (nas pesquisas)? Por causa das oligarquias familiares. Mas se elas são importantes para ocupar o espaço político que foi deixado com o fracasso do governo Rafael, não são suficientes para se instituir um governo. Sobretudo nos dois primeiros anos do próximo governo, você vai ter que distribuir sacrifícios. Para que as pessoas aceitem, se coloca a questão do pacto: sacrifício para quê? Sacrifício para o “meu grupo”? Não faz sentido. Ou sacrifício que você faz é para todos, ou o que você vai ter são greves, sabotagens, uma Câmara baseada em “Chequinho”. E não funciona mais, até porque o “Chequinho” murchou. Ou então vai afundar um pouco mais na crise e nas consequências da crise. Porque a gente acha que a situação está muito ruim, mas não há ruim que não possa piorar. A questão é se as pessoas vão correr para um falso porto seguro do passado, que as oligarquias representam. É aquela ideia de que ‘o passado era bom’. Mas, votando nas oligarquias, o passado não volta, não voltam as condições econômicas; voltam só as oligarquias — advertiu (confira aqui) o cientista político Hamilton Garcia, professor da Uenf.

Apesar da liderança na rejeição em todas as pesquisas, o que o torna o adversário dos sonhos para qualquer candidato no segundo turno, Rafael não foi tirado do jogo por alguns:

Cientista político e sociólogo George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos

— A lógica, o desenrolar dos acontecimentos, leva a um segundo turno. Pela seguinte razão: há um quantitativo de chapas para a Prefeitura que é algo que nós não tínhamos em outras eleições. Para que não tivéssemos segundo turno, nós teríamos que ter um grande favorito. Em um cenário em que não há grandes favoritos e, com o quantitativo de candidaturas que nós temos, é lógico e natural que exista a pulverização dos votos, que leve ao segundo turno. A não ser que, com esse grande quantitativo de indecisos, aconteça a migração dos mesmos para algum nome, que pode ser o Rafael Diniz, o Wladimir Garotinho, o Bruno Calil, o Caio Vianna, pelo que tem dado nas pesquisas. Eu arrisco esses quatro nomes com possibilidade numérica de chegar ao segundo turno — acautelou-se (confira aqui) o cientista político e sociólogo George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos.

Professor Raul Palacio, reitor da Uenf

— Eu projeto em dois turnos. Nós temos um percentual muito grande de pessoas que ainda não se decidiram. Mas os candidatos que estão à frente hoje, é inegável, em todas as pesquisas estão aparecendo, são o Wladimir e o Caio. Mas a gente não pode esquecer da força que o Rafael está tendo nos últimos momentos, do convencimento de algumas lideranças que poderiam estar ressentidas. Então, talvez, parte desses indecisos possa vir com Rafael. Eu, sinceramente, acho que vamos ter um segundo turno entre esses três candidatos, com uma porcentagem maior entre o Wladimir e o Caio. No segundo turno, vai ser pouco tempo para essa decisão, mas eu acho que vai ser muito acirrado, vai contar mais a rejeição. Neste processo, os candidatos vão ter que ter a capacidade de poder somar. E eu vejo Caio com capacidade de somar mais gente à sua campanha do que Wladimir — avançou o raciocínio (confira aqui) o professor Raul Palacio, reitor da Uenf, até o segundo turno de 29 de novembro.

Professor Jefferson Manhães de Azevedo, reitor do IFF

Embora também tenha apostado em um segundo turno entre Wladimir e Caio, como seus colegas da academia, o professor Jefferson Manhães de Azevedo, reitor do IFF, acompanhou Roberto Dutra ao não descartar (confira aqui) a possibilidade de definição já no primeiro:

— É possível se concluir no primeiro turno? É possível. Mas não acho que essa probabilidade é a mais alta. Quanto de probabilidade? Aí eu realmente não me arrisco. Há uma possibilidade de ganhar no primeiro turno, mas acho que ela é menor do que de ser levado para o segundo turno. Vai depender do dia da eleição, dos movimentos, desse fechamento que vai acontecendo, inclusive mobilidade de votos, votos que às vezes estão em um candidato que está muito ruim, que não vai ganhar, e mudam para o que acha que vai ganhar, para já definir no primeiro turno. Mas tudo indica Wladimir e o Caio em um provável segundo turno. E tudo indica que é essa a disputa. E lá, no segundo turno, como tudo vai se dar? Vai ser um ou outro? Aí entra a conjuntura dos outros candidatos.

 

Natália Soares (Foto: Divulgação)

 

Entre os outros seis prefeitáveis, houve o reconhecimento dos cinco acadêmicos ao bom desempenho da candidata Professora Natália (Psol). Que merece o reconhecimento de qualquer um que entenda algo da política goitacá. À espera do reconhecimento das urnas, em que os votos do favorito Wladimir serão contabilizados e divulgados (confira aqui) como “Anulado Sub Judice”, embora ele conste como candidato “Deferido” na mesma Justiça Eleitoral. Enquanto se aguarda (confira aqui) que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) defina a questão, gerada pelo indeferimento da candidatura de Frederico Paes (MDB), vice de Wladimir, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), fica outra questão ao campista: complicadas são as eleições dos EUA?

 

Publicado hoje (15) na Folha da Manhã

 

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Este post tem um comentário

  1. Cesar+Peixoto

    O que está em jogo nessa eleição é a Democracia, e que vença o melhor para o futuro da nossa cidade.

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