Zé Paes, com pé direito, no ângulo
Você, leitor, já ouviu falar em começar com o pé direito? Pois leia aí o primeiro artigo do Zé Paes publicado hoje na Folha…
Menos terrorismo e mais eficiência
Nos últimos 20 anos, sobretudo a partir dos anos 2000, nós campistas passamos a conviver com orçamentos vultosos, frutos do constante aumento das receitas oriundas dos royalties do petróleo.
Nesse mesmo período, talvez diante dos gigantescos valores envolvidos, também nos acostumamos ao desperdício do dinheiro público. Passamos a conviver, governo após governo, com obras de necessidade duvidosa e valores claramente fora da realidade, com o inchaço da máquina pública, loteada por cargos comissionados desnecessários e por um sem fim de programas sociais de cunho populista, mas que nem de longe alcançaram o objetivo de integrar socialmente a camada mais pobre da população.
Durante esse período, vivemos intensamente o presente, mas esquecemos de pensar e planejar o futuro sem os royalties do petróleo. A necessidade de manutenção de projetos megalomaníacos de poder e os interesses pessoais imediatos nos tornaram reféns dessas receitas e acabamos nos desapegando dos conceitos mais básicos de transparência, eficiência, impessoalidade, probidade. Não nos preparamos para conviver sem os referidos recursos, que todos sabiam seriam finitos.
Agora, com a iminente perda dessas receitas, em razão do golpe perpetrado pelo Congresso Nacional, com a chancela dissimulada do governo federal, nos vemos diante de um terrorismo político barato, em que nos vendem o caos, a quebradeira, a necessidade de suspender obras, programas sociais e até mesmo atividades vitais para o município, como a manutenção de hospitais, na irresponsável tentativa de instalar o medo na sociedade. Tudo isso, reparem, para tentar esconder o mal que anos de incompetência administrativa e falta de planejamento nos causaram.
Por óbvio, devemos lutar pela manutenção das receitas dos royalties, valendo-se dos mecanismos jurídicos e políticos existentes para tanto. Esse é um direito do nosso município e não devemos abrir mão dele. O simples fato da verba ter sido utilizada de forma vergonhosa ao longo dos últimos anos, como alguns pensam, não justifica a rasteira que nos foi dada pelos demais estados e municípios brasileiros.
Contudo, devemos aproveitar esse momento para refletir acerca do futuro da nossa cidade. Os gestores públicos devem implementar uma administração mais eficiente, transparente, focada em metas claras e passíveis de fiscalização por todos. Precisamos de uma máquina pública mais enxuta, em que se valorize o servidor concursado e a continuidade das políticas públicas. Além disso, precisamos repensar nossas prioridades: shows, sambódromos e programas sociais a um real não podem inviabilizar as melhorias dos indicadores de saúde e educação do município, verdadeiros pilares do seu desenvolvimento sustentável.
Enfim, não devemos abandonar a luta pelas receitas dos royalties do petróleo, mas já passou da hora de impormos novas práticas de gestão e planejamento do município. É chegado o momento de fazermos mais com menos recursos, de deixarmos de lado interesses pessoais e cobrarmos uma gestão mais transparente, eficiente e profissional. Só assim, teremos um desenvolvimento sustentável, autônomo, seguro, livre do terrorismo populista de políticos incompetentes e irresponsáveis.