A prefeito em Campos, região, Rio e São Paulo no Folha no Ar desta 5ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE, William Passos é o convidado do Folha no Ar desta quinta (3), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Como base nas últimas pesquisas, ele analisará as eleições a prefeito do Rio de Janeiro (confira aqui) e de São Paulo (confira aqui).

Com base nas pesquisas, William também tentará projetar as eleições a prefeito em municípios (confira aqui) do Norte e Noroeste Fluminense e na Região dos Lagos. Como, sempre com base nas pesquisas, tentará projetar as eleições a prefeito (confira aqui, aqui e aqui) e vereador de Campos.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quinta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Por que votarei em Cláudia Eleonora 44044 a vereadora?

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Desde o início do ano, decidi que votaria em uma mulher à Câmara Municipal de Campos. Pois mesmo que tenha restrição ao identitarismo, julgo um absurdo que o Legislativo goitacá seja composto apenas de 25 homens.

Nesse sentido, cogitei algumas candidaturas, como a da Professora Natália (Psol), nº 50123; e da ex-vereadora Odisséia (PT), nº 13613. Mas acabei me definindo pela Cláudia Eleonora (União), nº 44044.

Mesmo que a legenda de direita não agrade a quem se vê na centro-esquerda, Cláudia é mulher, negra e mãe. O que, identitarismo à parte, personifica na minha geração a cara majoritária do povo campista e brasileiro.

Também conta, admito, o espírito de corpo. Não no sentido de votar, necessariamente, numa jornalista. Mas porque gostaria de ver sua sólida ética profissional, testada e aprovada, também sob o teste de pedra à vidraça.

Ademais, com o favoritismo do prefeito Wladimir Garotinho (PP) à reeleição em todas as pesquisas, creio no equilíbrio entre Poderes independentes. E no sistema de freios e contrapesos da democracia. À qual seria salutar ao município, penso, eleger uma bancada de oposição de bom nível.

Por fim, mas não menos importante, minha declaração de voto a vereadora é uma questão de foro estritamente pessoal enquanto cidadão. Que nada tem ou terá com minha atuação profissional em jornal, rádio, TV, blog e/ou site. Nessa divisão sempre necessária. E que Cláudia Eleonora entende tão bem.

 

Falta de aviso não foi: “pesquisa fantasiosa” barrada na Justiça

 

(Foto: Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)

 

 

Pesquisa fraudada Iguape barrada na Justiça

“Temos pesquisa eleitoral divulgada antes mesmo que se iniciasse a coleta de dados. Pior, há divulgação de margens de erro que não correspondem àquelas que existiram se fosse seguida a metodologia declarada ao TSE. Não passou despercebido ao juízo que a equivocada margem de erro (4,9%) ampara suposições quanto ao resultado da eleição em 1º ou 2º turno. Entretanto, a pesquisa aponta margem de erro estimada em 3,1%”. Foram as gritantes contradições elencadas pelo juiz titular da 76ª Zona Eleitoral (ZE) de Campos, Leonardo Cajueiro D’Azevedo, para suspender a divulgação de pesquisa Iguape a prefeito de Campos.

 

Falta de aviso não foi (I)

Falta de aviso não foi. Antes da divulgação da pesquisa pela rede de veículos controlados pela oposição, encomendada pela rádio Hits para tentar enganar o eleitor campista, esta coluna advertiu no sábado (28): “a Iguape, registrada no TSE para divulgação na terça (1º). Seria para achar à 2ª colocada, Delegada Madeleine (União), algo próximo aos 30% de intenção de voto, cerca do dobro do que ela de fato tem em todas as pesquisas (…) Esse número entre 20% e 30% de intenção a Madeleine teria sido achado numa pesquisa interna. O Iguape foi escalado de última hora para tentar bisá-lo e criar uma guerra de narrativas na semana da eleição”.

 

“Pesquisa manifestamente fantasiosa”

Como reza o dito popular, “não há nada pior que burro com iniciativa”. A falta de inteligência, capaz de pasmar criança do ensino fundamental, fica patente no tosco contorcionismo descrito ontem pelo juízo da 76ª ZE: “Estamos na semana imediatamente anterior à votação e temos pesquisa manifestamente fantasiosa (resultado antes da coleta de dados !?!?) e divulgação de margem de erro equivocada maior até que a margem metodologicamente comunicada ao TSE (…) Por fim, há indícios de abuso de poder econômico (caso provada pesquisa com propósito de ludibrio ao eleitorado) e uso indevido dos meios de comunicação”.

 

Falta de aviso não foi (II)

De novo, falta de aviso não foi. Antes da “pesquisa fantasiosa” de ontem, na mesma fantasia que inunda as ruas de Campos com bandeiras pagas de uma candidatura, a coluna também advertiu no sábado: “Paraná e Big Data têm nome a zelar. Não se prestariam a achar intenção de voto artificial a um candidato, muito além da margem de erro, do que de fato tem. O que, se acontecer na Iguape de terça, fará com que o instituto cumpra o papel que a Brasmarket tentou fazer por Bolsonaro em 2022 (…) com o mesmo resultado prático: ser desmascarado pela urna. Mesmo com a derrama de ‘aspectos menos metodológicos’ na reta final da eleição”.

 

Sob pena de R$ 100 mil/dia

Outro dito popular reza que “quem avisa, amigo é”. Mas como os avisos da coluna não adiantaram, a Justiça Eleitoral de Campos agiu de maneira célere para provar que há o limite da lei à tentativa de se instalar um vale-tudo na disputa do orçamento bilionário da cidade. Determinou a cinco perfis de quatro veículos que servem de linha de transmissão ao mesmo grupo político, além do perfil da candidata Madeleine, a remoção, no prazo de 24 horas, da divulgação da “pesquisa fantasiosa” Iguape a prefeito de Campos. “Sob pena de multa diária no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais)”, estipulou o juízo da 76ª ZE.

 

Histórico das pesquisas a prefeito de Campos

Vinda de carreira brilhante como delegada de Polícia Civil, Madeleine teve, a olhos vistos, uma rápida evolução como política. O problema não parece estar com ela. A coluna fez um histórico das pesquisas a prefeito de Campos e 2024, antes de advertir mais uma vez no sábado: “Em 2023, desde a pesquisa GPP de março, passando pela Iguape de julho e a Prefab de agosto, Wladimir tinha intenção de voto para projetar a reeleição em 1º turno. Essa tendência foi confirmada pela Prefab de abril, as Big Data de agosto e setembro e a Paraná de agosto de 2024, antes da Paraná de setembro desaparecer”.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Falta de aviso não foi (III)

A coluna de sábado seria confirmada ontem, três dias depois, hoje a apenas quatro da urna: “a coordenação da oposição parece mais perdida que cego em tiroteio. No terraplanismo da negação das pesquisas e no malabarismo com a Paraná de agosto, antes do desaparecimento da Paraná de setembro. Ou quando omitiu as Big Data de agosto e setembro, para lembrar que as duas existiram só… quatro dias depois da última. Quem nega e sonega pesquisas, no compromisso político e doloso com a desinformação, agora pode ter achado uma Iguape para chamar de sua”.

 

Decisão correta contra campanha de Wladimir

No mesmo compromisso com a desinformação, as pesquisas anteriores Paraná e Real Time Big Data foram acusadas na segunda de “conter erros”. O que é uma deslavada mentira dos veículos que divulgaram a Iguape “fantasiosa” na terça. O erro foi da campanha de Wladimir, que divulgou as duas pesquisas sem período de realização, margem de erro, número de entrevistados, nível de confiança, contratante e registro no TSE. Na Folha, com todas essas informações, a Paraná e a Big Data estão onde sempre estiveram. A decisão correta do juiz Marcio Roberto da Costa, da 75ª ZE, só impôs o Art. 10 da resolução 23.600/2019 do TSE.

 

Tiro de festim pela culatra

Entre a Paraná divulgada em 26 de agosto e a que desapareceu misteriosamente após ter divulgação prevista no TSE para 27 de setembro, como as duas Big Data divulgadas em 27 de agosto e 23 de setembro, Wladimir variou entre 63% e 65% das intenções de voto na consulta estimulada — fruto da aprovação de governo entre 73% e 76,3%. Enquanto Madeleine variou de 14% a 17,9%, com teto projetado entre os 23,6% e os 26% que não aprovam a atual gestão municipal. O tiro de festim pela culatra, advertido e ainda assim disparado ontem com a Iguape, pode ter atrapalhado a principal candidata da oposição, no lugar de ajudar. A ver.

 

Publicado hoje (2) na Folha da Manhã.

 

Psol e esquerda na eleição de Campos no Folha no Ar desta 4ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Profissional da psicologia, estudante de Ciência Econômicas na UFF-Campos e secretário geral do Psol goitacá, Johnatan França de Assis é o convidado do Folha no Ar desta quarta (02), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Que falará sobre o papel do Psol (confira aqui e aqui) entre as candidaturas a prefeito de Campos de Fabrício Lírio (Rede) e Professor Jefferson (PT).

Johnatan também analisará a nominata da Federação Psol/Rede na busca de uma cadeira numa Câmara Municipal  hoje composta por 25 homens. E, com base nas pesquisas (confira aqui, aqui e aqui), tentará projetar as eleições a prefeito de Campos em 6 de outubro, daqui a apenas 5 dias, e o papel que a esquerda terá nessa disputa.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quarta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Antes e após o velório do Bicho André — Sob os três acordes do blues

 

 

Morto na manhã de hoje por complicações pulmonares, aos 59 anos, André Luiz Pinto da Silva, o Bicho André, tem seu velório acontecendo, desde o final da tarde de hoje (30), na Capela F do Campo da Paz. Onde será sepultado às 10h da manhã desta terça (1º).

Conheci o Bicho André, bar e dono homônimo, nos anos 1990. Jovem, fui a algumas apresentações de rock e no espaço da rua Lacerda Sobrinho, mesmo local que manteria nas três décadas seguintes. Antes, era em área bem maior que a atual, com espaço para shows e mesas de sinuca, que cederia lugar a um estacionamento.

Na segunda metade daquela década marcada pelos meteoros na música do Nirvana e de Cássia Eller, como pelo surgimento de Quentin Tarantino no cinema, namorava a jornalista Dora Paula Paes. A quem levei a um show de cover do Legião Urbana no Bicho André, já após a morte de Renato Russo em 1996.

Não lembro bem o ano, mas nossa presença naquele show parece ter marcado o André. Com quem perderia contato nos anos seguintes. Até que meu filho único, Ícaro, após sair da casa da mãe para morar comigo na pandemia da Covid-19 em 2020, foi depois morar sozinho em um flat no Soho, na Conselheiro Otaviano. E, por questão de proximidade física e identificação musical, passou a frequentar o Bicho André.

A partir do convívio entre os dois, que derivou numa grande amizade, apesar da diferença de idade, foi André quem contou a Ícaro que eu frequentava o mesmo bar quando jovem. Inclusive quando, antes do meu filho nascer e eu namorava a sua mãe, sobre aquele cover do Legião Urbana que fomos juntos. Como na música de Belchior: “Ainda somos os mesmos e vivemos/ Como os nossos pais”.

Entre janeiro e fevereiro de 2023, quando Ícaro e eu viajamos pelos três continentes do Velho Mundo, entre Holanda, Egito, Israel, Palestina e França, no convívio mais estreito do mesmo quarto durante quase dois meses, percebi o quão íntima era a relação do meu filho com o André. Como com aqueles que compunham o multifacetado universo do Bicho André.

Aluysio e André ao lado da fato de Ícaro no Bicho André, em 27 de maio de maio de 2023

Diferenças de fuso horário à parte, a comunicação virtual de Ícaro com André e os amigos do Bicho André era tão constante quanto com a sua própria família. Depois que meu filho morreu precocemente, em 13 de maio de 2023, André me procurou e chamou para conversar. Falou que inauguraria no Bicho André uma foto de Ícaro, homenagem que colocou na parede entre duas placas de Amsterdã que meu filho trouxe da viagem para ele.

Cerca de um mês e meio após a morte de Ícaro, na fase mais difícil da minha vida, como penso ser para qualquer ser humano, a homenagem de André foi marcada para o sábado de 27 de maio de 2023. Pediu que eu chegasse antes dos demais, para que pudéssemos conversar a sós em sua casa, anexa ao bar. Quando me contou da sua relação com meu filho e as histórias dele no bar. E repetiu várias vezes: “Você era o grande ídolo, o herói de Ícaro”.

André reforçaria esse testemunho mais particular no Folha no Ar que gravamos em 6 de junho do ano passado, com seis entrevistados, entre fontes, colegas de trabalho e amigos de Ícaro, para falar dele como homem e jornalista. Como sempre teve as mesmas palavras de carinho para com Dora, mãe do meu único filho. Dedicou a pais dilacerados de luto, de certa maneira atenuando-o, uma generosidade e um carinho ainda maiores que os seus 1,87m e 110 kg.

Da importância de André para o cenário do rock e blues de Campos, uso o testemunho do músico e cientista político e George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos:

André e George no aniversário de 24 anos da vida de Ícaro, em 15 de julho de 2023

“André foi uma peça crucial na história do rock e do blues em Campos dos Goytacazes. Seu bar, justamente o Bar Bicho André, foi palco de diferentes manifestações culturais e subestilos do rock, indo do metal extremo até experimentos de blues em jam sessions intermináveis.

André organizou, sediou, bancou, com sua cultura pessoal anti-manager e maluco beleza, nada menos que até mesmo mini-festivais em seu bar, animando uma cultura underground com tão poucos espaços cativos para se manter pulsante na planície. Portanto, jovem rocker que me lê, se você tem lugares a frequentar e curtir hoje em Campos, é por conta de malucos como o André que seguraram a marimba permitindo a transmissão desta cultura rebelde contra diferentes modismos que sempre se impuseram sobre a cidade.

Andrezão, Rest In Power, meu querido! Podes crer, dentre outras tantas coisas, sua canja de galinha, feita com um tempero maluco com alfavaca, sal, pimenta, alho, tudo batido no liquidificador, segue incomparável! Obrigado por tudo!”

Nessas coincidências que não há, soube do estado de saúde grave de André no domingo, pouco antes de voltar do Rio, onde tinha ido assistir na quinta (26) ao show de Eric Clapton. O quarto dele no Brasil. Que já tinha testemunhado em 1990 e 2001, no palco do samba da Apoteose. E, em 2011 e em 2024, na mesma casa de espetáculos de Jacarepaguá, HSBC Arena 13 anos atrás e hoje rebatizada Farmasi Arena. Onde, como tínhamos planejado ir juntos, pensei várias vezes em Ícaro.

Escrevi até a linha de cima, quando parei para ir ao velório de André, no final da tarde de hoje. Fui o primeiro a chegar e ajudei um funcionário da funerária e outro do Campo da Paz a trasladar seu caixão do rabecão ao carrinho do cemitério. Que, após eu falar algumas breves palavras, o conduziu à mesma Capela F em que meu filho foi velado. Depois de mim, chegou o Márcio Merreca, baterista de rock e amigo há 40 anos de André.

Márcio me disse que conheceu Ícaro no Bicho André. Informei a ele para onde o corpo tinha sido levado, para ser velado, e que visitaria meu filho. Caminhei sozinho até o seu túmulo, em trajeto já bem decorado, onde contei o que havia acontecido com André e do show de Clapton. Que, se não pudemos ir juntos, fui com sua camisa que compramos num dos bazares em que judeus, árabes e cristãos convivem na Cidade Velha de Jerusalém.

 

 

Só após verbalizar os dois acontecidos a Ícaro, lembrei que tinha gravado vídeos de cortes do show de Clapton. E, como tinha postado na noite anterior no Instagram, com André ainda vivo, coloquei para rolar no celular trechos da execução dos blues “Hoochie Coochie Man”, de Willie Dixon para Muddy Waters, e de dois outros do mestre Robert Johnson: “Kind Hearted Woman”, onde Clapton trocou a Fender Stratocaster pela viola, e “Crossroads”.

 

 

Despedi-me para retornar, entre encruzilhadas de humanos mortos, azaleias e anuns galegos vivos, ao velório de André. Mais do que grande amigo, ele foi um “pai adotado” por Ícaro. O que faz dele meu irmão. Se algo depois daqui houver, e espero sinceramente que haja, arrefece a tristeza pensar em Carô recebendo o Bicho André para colocarem o papo em dia e comungar uma gelada. Que Deus guarde a ambos. Sob os três acordes do blues.

 

Jefferson fecha série com prefeitáveis no Folha no Ar desta 3ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Ex-reitor do IFF e candidato a prefeito de Campos, Professor Jefferson (PT) é o convidado do Folha no Ar desta terça (1º), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Na semana da eleição do domingo de 6 de outubro, ele fechará a série de entrevistas do Grupo Folha com todos os candidatos a prefeito Campos, com ordem estabelecida em sorteio (confira aqui) no último dia 22, diante da presença dos representantes de todas as candidaturas.

Jefferson avaliará os erros e acertos da gestão Wladimir, o cenário apontado pelas pesquisas eleitorais (confira aqui e aqui), sua nominata de vereadores e do apoio da deputada estadual petista Carla Machado (confira aqui e aqui) à candidatura de Delegada Madeleine (União) à prefeita. Também falará das suas propostas para saúde, educação, transporte público e segurança. Como à revitalização do Centro, à retomada da agropecuária, à geração de empregos e à construção do futuro de Campos para além dos royalties do petróleo.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Edmundo Siqueira — Campos e reeleição entre passado e futuro

 

(Foto; Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)

 

Edmundo Siqueira, jornalista da Folha FM 98,3 e servidor federal

Campos e a Arte da Reeleição: entre o passado e o futuro

Por Edmundo Siqueira

 

Se há algo que a política municipal ensina com precisão é que prefeitos, quando tentam a reeleição, jogam com a máquina a seu favor. E se bem utilizados, os benefícios do poder incumbente transformam-se em vantagens eleitorais que os oponentes dificilmente conseguem superar. As estatísticas não mentem: incumbentes, ou seja, aqueles que já estão no cargo, têm altas probabilidades de sucesso quando decidem concorrer novamente. Mas, como disse o cientista político Vitor Peixoto, não são os números que definem as eleições — é a forma como interpretamos esses números.

Em Campos dos Goytacazes, no coração do Norte Fluminense, o cenário não é diferente. A cidade, que viveu momentos de profunda crise financeira nos últimos anos, especialmente com o colapso das receitas do petróleo, agora assiste à tentativa de reeleição de Wladimir Garotinho, herdeiro de uma dinastia política local. Em meio a um contexto econômico mais favorável e com o rescaldo das dificuldades do governo Rafael Diniz ainda frescas na memória dos eleitores, a campanha de Wladimir ganha fôlego. Não se trata apenas de números ou obras visíveis. É sobre como os eleitores enxergam o progresso em relação ao caos pré-existente.

Esse mesmo cenário se repete em outros municípios da região, como São João da Barra, onde a prefeita Carla Caputi também busca um novo mandato. Em ambos os casos, a pergunta-chave é: o que eles fizeram com o que tinham em mãos? E, mais importante, será que essa gestão convenceu o eleitorado?

Foi justamente sobre esses temas tratados com o cientista político Vitor Peixoto, cientista político e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em uma entrevista na Folha FM 98,3 nesta quinta (26), que navegou pelas intricadas águas das eleições municipais de 2024.

A seguir, um trecho dessa conversa:

 

Reeleição do incumbente

Vitor Peixoto — “Prefeitos que tentam a reeleição, eles têm uma nova chance de se reeleger, certo? Os dados dizem isso [incumbentes que tentam a reeleição têm alta probabilidade de reeleição], mas a forma de interpretar é que muda.Trazendo para Campos, e para os municípios da região, que tem prefeitos e prefeitos que estão tentando a reeleição, como é o caso de São João da Barra, por exemplo, onde uma prefeita [Carla Caputi] que tenta a reeleição, eles têm mais chance que seus oponentes, isso é claro. Até pelo fato de manterem a máquina e, obviamente, por estarem no governo, em um contexto econômico muito propício, para a realização de obras, prestação de serviço público, quando a gente é quando faz sobre um município específico, a gente tende a iniciar comparando o que aquela gestão fez diante daquilo que ela pegou”.

“Se você for analisar Campos, você tem que se perguntar: como Vladimir pegou a Prefeitura e como ele entregou exatamente. Eu acho que a primeira avaliação que as pessoas fazem é avaliar com aquilo que o prefeito encontrou quando começou a governar. Wladimir em Campos tem uma vantagem eleitoral muito grande, devido a penumbra que se encontrou no governo Rafael Diniz e aquilo que ele fez no município nos últimos anos”.

“Não é nada absolutamente extraordinário, mas diante de um cenário, que era de completo caos econômico e administrativo como o que Campos viveu com a crise do petróleo em 2016, etc. e o que foi o governo Rafael. Mas o fato é, Wladimir pegou a Prefeitura em completo caos econômico e administrativo e ele colocou aquilo para rodar. Então são esses dados, de 70% de aprovação, [refletem] esse quadro de avaliação que o eleitor faz da da administração Wladimir”.

 

O teto de Wladimir e as campanhas de oposição?

Vitor Peixoto — “Eu não gosto de falar de teto, o teto nos remete muito a uma questão fixa, que normalmente é a aprovação [de governo]. Então qual o teto, os 74% da aprovação? Isso pode aumentar e pode diminuir. Então você qual é o teto? O capital eleitoral dele é o teto da aprovação, obviamente, mas a aprovação pode aumentar ou diminuir de acordo com a avaliação das campanhas. As campanhas existem por isso. Ou vocês acham mesmo que os oponentes, Madeleine, Jefferson, Buchaul [completam o cenário Fabrício Lírio, Fabrício Lírio e Thuin], estão saindo de casa todos os dias acreditando, eles têm que acreditar que podem mudar. Para o candidato à reeleição, é hora de defender o governo, defender seus feitos e prometer novos feitos para frente”.

“Então você tem uma avaliação retrospectiva, que avalia o passado e tem, obviamente, as promessas, que é aquilo que o eleitor vai avaliar, como prospectivo. No caso das campanhas [de oposição], é tentar mudar isso, dizer que não foi tão bom assim que Wladimir pegou o governo que não é, que não fez o que deveria fazer com as condições que tiveram”.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Por que a pesquisa Paraná a prefeito de Campos desapareceu?

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Por que a pesquisa Paraná desapareceu?

Encomendada pelo jornal carioca o Dia, com registro no TSE e divulgação prevista para ontem (27), por que a nova pesquisa Paraná a prefeito de Campos desapareceu? Desde quarta (25), circulava nos bastidores que a Alerj pressionava, como grande cliente do jornal carioca, para que a pesquisa de Campos não fosse divulgada. Se é impossível afirmar, fato é que a pesquisa simplesmente desapareceu. Após a ducha de água fria na oposição com a Real Time Big Data de segunda (23), ter outro instituto de renome nacional projetando a reeleição do prefeito Wladimir Garotinho (PP) no 1º turno, a um dígito de dias da urna, seria visto como pá de cal.

 

“Sumiu, escafedeu-se”

Principais grupos políticos de Campos, Garotinhos e Bacellar só trabalham com pesquisas. Sobretudo de orientação interna, como a Quaest a prefeito de Campos feita pela oposição na terça (24). Como não foi registrada no TSE, seus números não podem ser divulgados. Mas não ter sido registrada e divulgada por quem a encomendou evidencia que o cenário encontrado foi bem próximo ao revelado pela Big Data de segunda, com 65% de intenção a Wladimir na consulta estimulada. Como, mais que provavelmente, foi pela Paraná de sexta. Que, por isso mesmo, como na letra da música “A dois passos do paraíso”, da Blitz: “sumiu, escafedeu-se”.

 

Multiplicação das intenções de voto?

Paraná, Big Data e Quaest são conceituados nacionalmente. Conceito que não tem a Prefab Future, com pesquisa a prefeito de Campos registrada no TSE para divulgação na segunda (30). Tampouco a Iguape, contratada em movimento coordenado ou estranha coincidência com o desaparecimento da nova pesquisa Paraná, registrada no TSE para divulgação na terça (1º). Seria para achar à 2ª colocada, Delegada Madeleine (União), algo próximo aos 30% de intenção de voto, cerca do dobro do que ela de fato tem em todas as pesquisas. Como o ex-prefeito Sérgio Mendes (Cidadania), aliado de Madeleine, projetou no Folha no Ar do dia 19.

 

Iguape ontem e hoje

Esse número entre 20% e 30% de intenção a Madeleine teria sido achado numa pesquisa interna, sem registro, de um instituto de pouca credibilidade. Escalado de última hora para tentar bisá-lo e criar uma guerra de narrativas na semana da eleição, o Iguape, ironicamente, é considerado o instituto que sepultou, em julho do ano passado, a pré-candidatura a prefeito até então cogitada do presidente da Câmara Municipal, vereador Marquinho Bacellar (União). Que teve 3,1% de intenção de voto na consulta estimulada a prefeito. Atrás dos 8,6% de Caio Vianna (hoje, MDB) e dos 55% de intenção que Wladimir já tinha há 14 meses.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Aprovação de gestão = intenção de voto

Naquela Iguape de julho de 2023, outra consulta determinou a decisão de terceirizar a candidatura a prefeito dos Bacellar em 2024. Há 14 meses, na pesquisa encomendada por seu principal grupo opositor, a gestão Wladimir já aparecia aprovada por 74,7% dos campistas, com 22% de reprovação. Ao passo que a Câmara Municipal, já presidida por Marquinho na maior vitória da oposição nos últimos 3 anos e 9 meses, foi reprovada pela maioria de 38,6% dos campistas, aprovada por 35,5%, com 26% que não souberam opinar. Ou seja, a aprovação popular do Legislativo com Marquinho foi menos da metade do Executivo com Wladimir.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Nova Brasmarket?

Paraná, Big Data e Quaest têm nome a zelar. Não se prestariam, nem a pedido do contratante, a achar um número de intenção de voto artificial a um candidato, muito além da margem de erro, do que de fato tem em todas as demais pesquisas. O que, se acontecer na Iguape de terça, fará com que o instituto cumpra o papel que a Brasmarket tentou fazer pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Provavelmente, com o mesmo resultado prático: ser desmascarado pela decisão soberana da urna. Mesmo com a derrama de “aspectos menos metodológicos”, na reta final da eleição, em subversão ao cientista político Renato Dolci.

 

Cego em tiroteio

Em 2023, desde a pesquisa GPP de março, passando pela Iguape de julho e a Prefab de agosto, Wladimir tinha intenção de voto para projetar a reeleição em 1º turno. Essa tendência foi confirmada pela Prefab de abril, as Big Data de agosto e setembro e a Paraná de agosto de 2024, antes da de setembro desaparecer. Enquanto a coordenação da oposição parece mais perdida que cego em tiroteio. No terraplanismo da negação das pesquisas e no malabarismo com a Paraná de agosto, antes do desaparecimento da pesquisa de setembro. Ou quando omitiu as Big Data de agosto e setembro, para lembrar que as duas existiram só… quatro dias depois da última.

 

Orlando Thomé Cordeiro, estrategista político carioca

Eleição de Campos sem paixão

Quem nega e sonega pesquisas, no compromisso político e doloso com a desinformação, agora pode ter achado uma Iguape para chamar de sua. Depois que a pesquisa Paraná de setembro “sumiu, escafedeu-se”. Como a urna é só daqui a oito dias, o suspense é como laticínio: tem validade curta. A ver. Mas como enxergar é sempre mais difícil pelos antolhos da paixão e/ou do interesse, vale a visão impessoal e de fora de um estrategista político experiente, como o carioca Orlando Thomé Cordeiro. Que ontem disse ao Folha no Ar: “a não ser uma hecatombe nessa última semana, o que não se vislumbra, não há hipótese de haver 2º turno em Campos”.

 

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.