UFC 105 — Outra vitória discutível

Couture tem o braço erguido após a luta que perdeu, mas os jurados preferiram conceder à lenda (site do UFC)
Couture tem o braço erguido após a luta que perdeu, mas os jurados preferiram conceder à lenda (site do UFC)

 

Por estar sem acesso a net no final de semana, só agora atualizo o blog sobre a 105ª edição do Ultimate Fighting Championship (UFC), realizada na cinzenta, mas rica cidade inglesa de Manchester, no último sábado. Evento principal da noite, o confronto de meio-pesados entre o veterano wrestler Randy Couture e o kickboxer Brandon Vera, acabou em outra decisão polêmica dos jurados, que deram a vitória unânime para o primeiro, depois de três assaltos de cinco minutos — como são nas lutas que não valem título, sendo cinco rounds naquelas em que está o jogo o cinturão de cada categoria.

Se na diputa pelo coroa dos meio-pesados, a decisão dos jurados favorável ao campeão Lyoto Mashida, diante do também  brasileiro Maurício Shogum, no UFC 104, em Los Angeles, no último dia 25, já havia gerado grande questionamento de público e crítica especializada, a controvérsia do último sábado tem ainda mais fundamento. Como já escrevi (aqui), na análise round a round da luta anterior, Mashida ganhou os três primeiros — com vantagem mais nítida no terceiro —, cabendo a Shogum os dois últimos, sobretudo o quinto.

Já no evento mais recente, não é nem preciso entender muito de luta para creditar apenas o primeiro round a Couture, quando conseguiu fazer seu jogo tático de imprensar o adversário contra a grade, ainda que só tenha conseguido atirar Brando Vera ao solo uma única vez, queda da qual se levantou rapidamente. No segundo assalto, após uma contundente joelhada de muay thay nas costelas, Vera aplicou um knock-down no legendário adversário. E, embora tenha na luta em pé a sua especialidade, conseguiu não só derrubar Couture, no último round, com aplicar-lhe a montada — posição do jiu-jítsu em que os dois joelhos passam a guarda do oponente que está em baixo, deixando-o à mercê dos socos e cotoveladas, o chamado ground and pound, de quem está por cima.

Certo que Randy Couture é uma lenda do MMA (Mixed Martial Arts, ou artes marciais mistas, o antigo vale-tudo submetido a regras), sendo um dos sete integrantes do hall da fama do UFC, onde só consta um brasileiro, o não menos lendário Royce Gracie. Lutador de greco-romano de nível olímpico, ingressou já na casa dos 30 anos ao MMA, ainda a tempo de ser, provavelmente, o maior estrategista que entrou para lutar num octagon, tendo conquistado o cinturão dos pesados e dos meio-pesados do UFC, façanha só igualada pelo brasileiro e hoje peso-médio Vitor Belfort, a quem derrotou duas vezes. A apresentação anterior de Couture, no UFC  102, no último dia 29 de agosto, pela categoria dos pesados, que perdeu para o também brasileiro Rodrigo Minotauro, é considerada por muita gente boa como a peleja mais técnica da história do esporte.

Por todos esses motivos, bem como por conseguir lutar no mais alto nível, já aos 46 anos de idade, Randy “The Natural” Couture, o “Capitão América”, é uma lenda para todos que praticam e/ou apreciam as lutas-marciais. Mas quem levou o combate do último sábado foi só a lenda. Como lutador, quem venceu, inquestionavelmente, foi Brandon Vera.

Espera-se, pois, que o MMA saiba corrigir os rumos para não se perder no caminho que o fizeram ser, hoje, o esporte nº 1 entre os homens de 15 a 35 anos nos EUA, contar com um público imenso e fanático no Japão, e crescer em escala geométrica na Europa e América Latina.  

 

Brandon Vera acerta a joelhada que levaria Randy Couture ao chão, no segundo assalto (site do UFC)
Brandon Vera acerta a joelhada que levaria Randy Couture ao chão, no segundo assalto (site do UFC)

 

Brandon Vera consegue passar a guarda para fazer a montada sobre Couture, no último round (site do UFC)
Brandon Vera consegue passar a guarda para fazer a montada sobre Couture, no último round (site do UFC)
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Este post tem 3 comentários

  1. Gustavo Landim Soffiati

    Aluysio,

    Não precisa nem publicar: MMA em português tem de ser traduzido como artes marciais miStas, com S em lugar de X (como em misto quente) e, porque nunca vi de outra forma, sem o hífen entre as duas primeiras palavras da expressão.

  2. Aluysio

    Caro Gustavo,

    Agradeço a correção, que farei em seguida.

    Abraço!

    Aluysio

  3. Gustavo Landim Soffiati

    Por nada!

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