Das lembranças de Ederval, para fechar bem a noite, deixo você, leitor, com as lembranças de Buzz Aldrin, segundo homem a pisar na Lua, colhidas hoje pelo jornalista e blogueiro Marcos Curvello, durante a coletiva que o ex-astronauta deu na sede da Academia de Letras de Campos (ACL):
— O lançamento do Sputnik foi uma surpresa para o mundo inteiro e os Estados Unidos se sentiram desafiados a tomar uma atitude. E naquela ocasião, havia aviões bombardeiros em ambos os países, tanto na União Soviética quanto nos Estados Unidos. Era a Guerra Fria. Nós, dos Estados Unidos, na ocasião, penso eu, sentimos que fomos deixados para trás. Então precisávamos dessa inspiração (a ida à Lua) para nossa nação. Para mostrarmos a capacidade da mão de obra que nós tínhamos, já que os russos haviam colocado um satélite em órbita da Terra e, pareciam, então, ter, também, a intenção de colocar pessoas. Nós aceitamos o desafio e decidimos ir à Lua.
— Fiquei muito entusiasmado e muito emocionado em fazer parte do grupo escolhido para a missão. Tivemos um treinamento muito intenso e, um mês antes de nossa ida, nos foi perguntado se queríamos realmente continuar com a missão, porque, naquela ocasião, embora nós não soubéssemos, um foguete russo avia explodido por ocasião de seu lançamento. Mas nós resolvemos ir e estava decidido. Iriam Armstrong e eu, pousaríamos na Lua, mas na hora, a comunicação estava muito ruim. Tínhamos um computador especialmente para controlar a aterrissagem e ele apitava. Tivemos medo de chegarmos mesmo a ter de repetir a missão. Enviaram-nos mensagens avisando que o computador estaria sobrecarregado, mas, mesmo assim, continuamos voando e ficamos muito satisfeitos quando o recebemos permissão para seguir com os planos. As comunicações voltaram a funcionar, o motor começou a diminuir e entramos na órbita correta. Mesmo tendo os alarmes a nos desviar um pouco de nosso foco, nos aproximamos da Lua e Neil Armstrong avistou rochas.
— Nós voamos sobre essas rochas e prosseguimos com a aterrissagem. Tínhamos, então, apenas mais 15 segundos de combustível. Pegamos nossas mochilas e equipamentos, saímos do módulo e saltamos na Lua. Há a polêmica, e, diria, entre aspas, a respeito de quem seria o primeiro a pisar na Lua. Mas acho que a decisão foi acertada e já havia, de qualquer forma, sido tomada seis semanas antes da nossa. Acho que foi a decisão adequada. E ficou acertado que Armstrong, o comandante, seria o primeiro. Foi quando proferiu sua famosa frase: “Este é um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”. E eu, quando na Lua, falei em desolação magnífica. Usei a palavra magnífica pensando no progresso da humanidade até então, com seus prédios, televisões, trens e telefones, mas que apenas finalmente conseguia realizar esse sonho de colocar o homem na Lua. E usei a palavra desolação, pois a Lua realmente tem essa paisagem assolada, sem vida e nada hospitaleira. Por isso, uma desolação magnífica.