Ainda sobre o Monitor…

À falta de novidade, que só poderia vir com a reabertura do Monitor Campista, não pretendia mais tocar no assunto. Todavia, injusto ter transcrito (aqui) o post do blog “Sujeito”, do repórter-fotográfico Ricardo Avelino, tratando da suspensão ou encerramento das atividades do secular jornal, sem fazer o mesmo com as considerações igualmente esclarecedoras e sensatas, feitas numa série de artigos pelo jornalista Guilherme Belido, sem seu site “Opinião” (aqui).

Ele escreveu três textos sobre o caso e promete o final ainda para hoje. Enquanto a conclusão não vem, reproduzo abaixo seu terceiro artigo…

 

O Monitor (III)

    Então, para “aclarar”, registre-se o seguinte: o texto inicial não entra no mérito do pretendido salvamento do Monitor – muito bem vindo – e sim dos possíveis motivos de sua queda. Tampouco discute se deve ser salvo; ou como, quando e por quem.

     Contudo, penso uma “engenharia” capaz de trazer de volta o jornal, transformando o ora fechamento em suspensão, seria excepcional.

    Também reafirmo (está lá no primeiro artigo, de maneira claríssima) que seu encerramento constitui fato histórico lamentável para Campos. Tudo sob o manto da opinião, cuja essência é invariavelmente subjetiva.

    Ressalvas já maçantes de tão repetidas, acho justo que também sublinhe o que acredito ser a inexorável realidade dos fatos, –alguns dos quais passo a enumerar.

    1) O jornal fechou e Campos fica sem importante fatia de sua história

    2) Afora o lado histórico, a perda se limita à seara sentimental, face à circunstância de que Monitor não tinha expressão como veículo de Imprensa.

    3) Com mil e poucos exemplares de tiragem, exibia tímida circulação. E via de regra, o pouco que ia para as bancas, voltava.

    4) Impresso no Rio, sofria prejuízos em sua regularidade, muitas vezes chegando aqui depois do meio dia; ou nem chegando.

    5) Das quase 200 bancas existentes na cidade, a maioria não apanhava o jornal. Isso porque o jornaleiro não queria ter o trabalho de levar… para depois trazer de volta os mesmos 5 (cinco) exemplares.

    6) Quando não há vocação para venda avulsa, o veículo compensa formando um vasto quadro de assinantes, – o que também não conseguiu. Assinante é leitor fidelizado e não há de se falar em fidelidade sem a garantia, ao menos, de que o exemplar chegue.

    7) Triste verdade, ainda hoje a população, como um todo, nem sabe que o jornal fechou. E não sabe porque não lia nem via o velho órgão.

    8) Neste particular, o Monitor se afigura, por exemplo, à Rede Brasil: tendo enorme importância, não é vista senão por meia dúzia. Se sair do ar, “ninguém“ toma conhecimento. Mas se a Globo ficar sem sinal por cinco minutos, o Brasil inteiro vai comentar.

    9) O Monitor Campista – enfim, desculpem – apresentava inequívoca e histórica inclinação para “repartição pública”, – “definição” que dispensa comentário.

    10) Os Diários Associados fecharam “O Jornal”, “O Cruzeiro” e a “Tupi”, que foram grandes veículos de dimensão nacional e projeção internacional. Logo, não estão nem aí para tradição. Afinal, tradição não paga as contas.

OBS: Com enfoque distinto dos três primeiros, o artigo O Monitor (IV) vai ser publicado nesta sexta, encerrando a série de textos sobre o assunto.

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