Nahim: Olho na Prefeitura e na Câmara

Nelson Nahim fala sobre o momento de interinidade à frente da prefeitura e da expectativa com a possibilidade de vir a disputar a eleição caso Rosinha não volte ao cargo.
Nelson Nahim fala sobre o momento de interinidade à frente da prefeitura e da expectativa com a possibilidade de vir a disputar a eleição caso Rosinha não volte ao cargo.

Prefeito em exercício de Campos, Nelson Nahim (PR) não deixa de acompanhar a movimentação na Câmara de Vereadores, se posiciona favorável à convocação do suplente Edson Batista e diz que vai disputar a reeleição para a presidência da Casa. Com apoio até da oposição, o que não ocorria com a prefeita eleita Rosinha Garotinho, ele admite que a eventual marcação de uma nova eleição abriria espaço para mudanças mais profundas na administração municipal. Neste caso, Nahim se coloca à disposição de seu partido para chegar à Chefia do Executivo pelo voto popular. Em entrevista à Folha, ele fala ainda de seu estilo como gestor e das ações implementadas em 43 dias de governo.

Folha – Na entrevista concedida a Suzy Monteiro, publicada pela Folha em 18 de julho, você disse que continuava vereador e presidente da Câmara. Como sustentar essa dupla função?
Nelson Nahim –
Na verdade, eu não posso fazer as duas coisas. É um erro de interpretação. Quando eu digo que eu sou vereador é porque meu mandato é de vereador e presidente da Câmara. Eu não fui eleito prefeito, eu estou desempenhando a função de prefeito. Por isso que, há algum tempo atrás, eu protocolei para Câmara um expediente, ao presidente em exercício, vereador Rogério…

Folha – Dizendo que você teria que ser avisado, com 72 horas de antecedência, em caso de convocação de eleição à mesa diretora da Câmara.
Nahim –
Exato, porque eu não posso ser privado de concorrer à eleição da mesa por estar desempenhando uma tarefa temporária. Seria até injusto e ilegal…

Folha – Não seria para se prevenir caso Rogério tentasse antecipar de surpresa a eleição, como Marcos Bacellar fez na segunda metade do governo Mocaiber?
Nahim –
Não, porque eu tenho tido com Rogério um diálogo aberto e franco.

Folha – Rogério é hoje, de fato, o presidente da Câmara?
Nahim –
Hoje, em exercício, sim; assim como eu sou o prefeito em exercício.

Folha – Mas sua foto continua pendurada lá e seu nome chamado a cada sessão.
Nahim –
Isso que Rogério fez, eu até achei engraçado, porque obviamente não adianta me chamar sem eu  estar lá. Eu só vou estar lá quando o Rogério me comunicar que haverá uma sessão para votação da mesa. Fora disso, eu não posso estar lá. Isso foi uma postura que ele adotou. Ele entendeu, com base no atual procurador (Robson Tadeu Maciel), que deveria fazê-lo, e eu vou respeitá-lo. É decisão da Câmara e eu não vou ficar julgando o que o presidente deve ou não deve fazer.

Folha – E em relação à entrada de Edson Batista na vaga aberta na Câmara com sua assunção da Prefeitura?
Nahim –
Olha, eu já disse a Rogério a minha opinião pessoal enquanto advogado. Eu acho que o vereador Edson tem todo direito de ocupar uma cadeira na Câmara. Eu entendo que a minha licença é automática, porque a Câmara não pode funcionar com menos um vereador; o regimento veda isso. Se eu estou fazendo uma função distinta de vereador, se eu estou exercendo a função de prefeito, a nossa lei orgânica, embora não pontue, mas é automática.

Folha – Você, então, é favorável à entrada de Edson?
Nahim –
Eu sou favorável que isso ocorra em qualquer caso idêntico ao do Edson, como ocorreu quando Alexandre Mocaiber foi convocado à Prefeitura, na cassação de Carlos Al-berto Campista. Mocaiber assumiu a Prefeitura e Geraldo Venâncio assumiu sua vaga na Câmara. Já há um precedente, foi exatamente igual: prefeito e vice cassados, assume o presidente da Câmara. Então, eu entendo que é pertinente. O Rogério entende que não e seu corpo jurídico também entende dessa forma. Aí é uma questão para a Câmara decidir.

Folha – Se Edson entrar e Rosinha voltar, você reassume sua cadeira na Câmara?
Nahim –
É automático. Na verdade, ele só ocuparia porque eu não estou lá. Com Rosinha voltando ao cargo dela, eu volto ao meu cargo.

Folha – Para quem, como eu, ficou fora no último mês, é curioso observar que a oposição na Câmara hoje parece mais próxima da sua administração do que a bancada governista. É só impressão?
Nahim –
Não, na verdade, eu não diria que é uma impressão. Hoje, há uma unidade em torno do meu no-me.

Folha – Do seu nome ou do seu governo?
Nahim –
Do governo, do governo, de uma forma… Eu diria até do meu no-me, mais do que do governo, porque o governo, na verdade, mudou porque eu mudei. Então é realmente em função do meu nome, e isso os vereadores de oposição têm deixado claro: apóiam a mim, não apoiavam a Rosinha.

Folha – E a bancada governista?
Nahim –
Os vereadores ditos governistas, eles ainda nutrem, e com razão, a esperança da prefeita voltar ao cargo dado à ela pela população. E há os embates do Legislativo, mas o meu relacionamento com todos os vereadores, inclusive da bancada governista, é o melhor possível. Hoje mesmo (sexta, dia 13) eu tive uma reunião com Magal. Não há nenhum tipo de problema com os vereadores da oposição e da situação; há entre eles, talvez um certo ciúme, uma certa forma de não entender o processo que eu montei no sentido de dar uma tranquilidade na cidade, de ter uma Câmara em paz com a Prefeitura.

Folha – Você falou numa reunião hoje com Magal. Mas consta que você teria marcado e não comparecido a uma reunião, às 14h30 de ontem. Em consequência, se disse que Magal teria novamente ameaçado deixar a liderança da bancada. Foi isso mesmo?
Nahim –
Isso é tudo fofoca. Não houve nada disso. Eu nem sabia, saiu no blog de uma pessoa (Cláudio Andrade) que ele havia dito e ele até já teria desmentido. O que há, na verdade, é o seguinte…

Folha – Houve o agendamento do encontro?
Nahim –
Houve um pedido para um encontro com alguns vereadores.

Folha – Pedido seu ou dos vereadores?
Nahim –
De alguns vereadores. Eu marquei 14h30, mas fiquei de 11h30 até às 20h na secretaria de Saúde, ontem. A coisa foi se alongando, se alongando, eu saí de lá às 20h30. Mas todos foram avisados.

Folha – A tal ameaça de abandono de Magal, então, foi só conversa?
Nahim –
Conversa fiada.

Folha – Já falamos sobre sua precaução em solicitar aviso prévio de 72 horas em caso de eleição da nova mesa diretora da Câmara, que pode ocorrer até 15 de dezembro. Até assumir a Prefeitura, sua candidatura à reeleição como presidente era dada como certa. Como fica agora essa pretensão?
Nahim –
Vamos supor que a Rosinha não volte. Se ela voltar, eu volto para a Câmara.

Folha – E essa história de que se for nos dois últimos anos de mandato, a nova eleição de prefeito seria indireta, pela Câmara?
Nahim –
Tem que ter eleição. O TRE vai marcar novas eleições. Isso não existe em relação a Campos. Ocorreu no distrito federal porque lá havia previsão para isso. A previsão legal (caso Rosinha não volte) é ter eleição.

Folha – Estranho, pois essa tese foi levantada por um consultor da própria Câmara.
Nahim –
Com base em quê, eu não sei, porque não existe.

Folha – Mas nós derivamos à eleição para Prefeitura, que pode ser realizada ano que vem, ou nem ocorrer. A pergunta é sobre a eleição na Câmara, ainda em 2010. Como você poderá tentar se reeleger presidente se ainda estiver ocupando interinamente a Prefeitura?
Nahim –
Se marcar a eleição da mesa, eu vou comparecer, porque eu tenho que ser notificado para participar.

Folha – Mesmo ainda ocupando interinamente a Prefeitura?
Nahim –
Eu saio da Prefeitura. O documento que está lá, explica claramente: dar ciência ao presidente (em exercício, Rogério Matoso), extensivo a todos os vereadores, todos eles receberam, de que marcada a eleição da mesa, que tem que ocorrer até o dia 15 de dezembro, eu seja notificado em 72 horas (antes) para participar, seguindo a ordem sucessória…

Folha – E a Prefeitura?
Nahim –
O documento explica, segue a ordem sucessória. Já aconteceu isso com o Estado. Quando o governador sai, quando o vice-governador sai, quando o presidente sai, o presidente do Tribunal de Justiça já foi governador durante um dia. Aqui, se eu sair, Rogério não queira ir para a Prefeitura, porque ele deve querer participar do processo também da Câmara, se Altamir (Bárbara), que é o primeiro-secretário, também não, um juiz vai ficar sendo prefeito uma hora.

Folha – O juiz mais velho da comarca?
Nahim –
É o que diz a lei.

Folha – Quer dizer, você sai, assume a Prefeitura ou Rogério, ou Altamir ou um juiz. Você disputa a reeleição na Câmara e depois volta?
Nahim –
Volto na mesma hora, é automático. Só dura o período da eleição.

Folha – E isso dura, no máximo, o quê? Um dia?
Nahim –
Eu diria até uma hora.

Folha – Presidente da Câmara, prefeito e candidato à reeleição no Legislativo? Não é muita coisa ao mesmo tempo?
Nahim –
É, eu vou fazer o quê? Mas eu não fico sendo duas coisas ao mesmo tempo, porque me licencio de uma das funções para exercer a outra. Nessa hipótese, a disputa maior talvez seja para ser candidato a vice. Porque se eu voltar à Prefeitura, o vice vai assumir a presidência da Câmara, como aconteceu com Rogério. O cargo mais disputado além de presidente, que eu vou disputar, seria o de vice-presidente.

Folha – Entre suas poucas mudanças no estafe de Rosinha, as mais marcantes foram o retorno à CamposLuz de Álvaro Barbosa, afastado pela prefeita após a Folha ter denunciado que ele assinava como engenheiro de uma empresa que presta serviço ao governo, e a exoneração de Linda Mara do cargo de secretária particular. A primeira mudança não afeta sua imagem com a comunidade e a segunda com o casal Garotinho?
Nahim –
Não, porque nos dois episódios eu fiz com muita segurança. No caso específico de Álvaro, eu não tomei nenhuma inicativa antes que todo processo legal pudesse ser apurado. Tudo que foi feito, foi no sentido de que o Álvaro, primeiro, tomasse todas as medidas administrativas e legais para que pudesse se descredenciar da empresa. E ele fez isso, pelo que eu sei, junto ao Crea, tomou todas as medidas, se descredenciou, foi à Procuradoria do município e a procuradora não viu impedimento algum para que ele ocupasse qualquer cargo…

Folha – E por que ele não fez isso antes?
Nahim –
É, houve uma falha, eu diria, por parte do Álvaro; houve uma falha nesse sentido. Mas não houve má fé. O Álvaro nunca foi sócio da empresa, ele era engenheiro técnico da empresa há mais de 13 anos, tinha pedido para sair, mas a empresa teve dificuldades. É uma pessoa correta, honesta, nunca houve nada que desabonasse a conduta dele. A Campos Luz hoje faz um ótimo trabalho na cidade, sob comando de Álvaro. Eu não vou perseguir ninguém porque cometeu uma falha. Eu não posso é ser conivente com safadeza, com corrupção.

Folha – E em relação a Linda Mara?
Nahim –
A decisão foi da própria Linda Mara. Ela sentiu que o cargo era muito próximo e ela também já vinha acompanhando Rosinha, ela não tinha como exercer essa atividade. Mesmo porque, eu mudei a função dessa secretaria. Ela se sentiu deslocada…

Folha – E a história de que ela estava fazendo lista de pessoas que não considerava pouco fiéis a Rosinha para repassar ao casal?
Nahim–
Não sei, não sei…

Folha – Não ouviu falar?
Nahim –
Eu ouvi falar, mas não posso afirmar que ela fazia isso.

Folha – Como prefeito, você tem feito questão de aparecer no maior número possível de atos públicos do governo. É uma estratégia?
Nahim –
Não, é o meu jeito mesmo. Eu acho que o prefeito tem que se mostrar presente. Não é presente apenas para aparecer na mídia,  presente ns coisas efetivas que se faz. E eu tenho feito isso, é um estilo meu.

Folha – Na conversa antes da entrevista, você citou a construção de bi-bliotecas nas escolas e uma incerta no Hospital de Geral Guarus (HGG).
Nahim –
Eu tomei algumas medidas e elas acabaram aparecendo; é uma coisa natural. Quer dizer, eu não fabrico matérias; a matéria de fato existe pelo papel que eu venho desempenhando. Foi assim quando eu visitei várias escolas e verifiquei a necessidade de biblioteca. Existe em algumas, mas muitas não têm biblioteca. E eu coloquei o secretário de Obras junto com a secretária de Educação…

Folha – Todas as escolas vão ter biblioteca?
Nahim –
Todas elas. Há um cronograma já traçado para que todas te-nham biblioteca.

Folha – Quando, então, todas terão?
Nahim –
Eu não sei, quer dizer, o processo não é tão veloz, mas foi deflagrado…

Folha – E o HGG?
Nahim –
Na questão da Saúde, a gente não tem que tapar o sol com a peneira e dizer que a Saúde está uma maravilha, porque não é verdade. Houve avanço na área da Sáude, mas ainda há muito por fazer. Houve a reforma de muitas unidades de saúde, mas falta muita estrutura dentro das unidades. E isso eu tenho procurado dar. Esta semana, por exemplo, eu estive com Paulo Hirano e percebi que nos postos de saúde existem os profissionais de fisioterapia, mas não tem material nenhum para trabalhar. Como pode um fisioterapeuta chegar para trabalhar e não ter a maca? Ele precisa do mínimo necessário. Já foi deflagrado um pregão presencial para compra de material de fisioterapia em todos os postos de saúde que oferecem o serviço. E o HGG, eu apareci lá porque…

Folha – De surpresa?
Nahim –
É, havia muita denúncia, foi de surpresa, e o diretor (Otávio Cabral) não estava lá.

Folha – E do que estava lá, você gostou do que viu?
Nahim –
Não gostei, porque as pessoas não estavam sendo bem atendidas. Havia uma demora na marcação de consultas; melhorou mas não está bom ainda. Havia a necessidade de conserto de vários aparelhos que não estavam funcionando, como é o caso da tomografia, que estava com problema. O hospital estava com a ambulância ruim e eu já botei uma ambulância nova lá. Havia problema de maca e já foi providenciado.

Folha – Deu uma dura em Otávio?
Nahim –
Eu tive uma conversa séria com ele, ele disse que precisava de apoio e eu estou dando todo apoio a ele. Por isso que eu não vou ser injusto, tomar uma medida contra um diretor de um hospital, sem dar o tempo hábil dele se enquadrar naquilo que eu desejo. E eu espero que isso ocorra.

Folha – Você gosta de futebol e é Flamengo. Isso parece aquela incerta do Jorginho, então auxiliar-técnico do Dunga, que foi a Gávea, antes da convocação à Copa, para ver como o Adriano estava, o atacante não apareceu e acabou ficando fora da África do Sul.
Nahim –
(Risos) É mais ou menos isso…

Folha – Bem o ausente não fica.
Nahim –
Não, definitivamente não é bom. Mas o que eu estou tentando é fazer com que a Saúde funcione, que vem sendo um grande problema. Eu fui receber a ministra Nilcéia (Freire, da secretaria especial de Políticas para Mulheres), estava ouvindo um programa de rádio, dizendo que não tinha médico num posto de saúde, eu arranquei paletó, arranquei gravata, estava indo para o aeroporto, entrei também de sopetão no PU, procurei o administrador e disse “cadê os médicos?”. Eles não tinham ido, mandei botar falta, liguei para Ricardo Madeira (diretor do Hospital Ferreira Machado), para que apurasse em inquérito administrativo porque os médicos não foram, não justificaram e desligaram o celular. Então, a cidade tem um prefeito, tem comando; aqui não é a casa da Mãe Joana. Então eu tenho que tomar uma posição firme em relação a essas questões, sem prejudicar ninguém, mas não permitir que as coisas fiquem soltas. E essas atitudes, a população está vendo, acaba virando notícia. A questão das máquinas; não havia máquina nenhuma no interior atendendo aos produtores rurais. Chamei o secretário, agora dia 9 foi outro pregão presencial, várias empresas ganharam, nós vamos ter patrol, caminhão, trator em 14 distritos diferentes e ainda nos assentamentos, para atender aos produtores rurais.

Folha – Não há como ouvir você falar nas medidas que vem implementando sem perguntar: se eram necessárias, por que não eram feitas antes, no governo Rosinha?
Nahim –
A máquina administrativa é muito emperrada. Talvez pela minha experiência em quatro mandatos de vereador, de administrador, enquanto presidente da Câmara (trêz vezes), queira ou não queira, tem que saber administrar, enquanto presidente da Fenorte, onde também eu tive bom desempenho administrativo, eu tenho dado essa celeridade às ações de governo. Esse projeto, por exemplo, das máquinas, estava há um ano e meio e não saía do papel. Chamei o secretário, chamei o procurador — tenho feito isso — e perguntei onde estava o problema. Essa postura tem dado uma velocidade maior ao governo e eu tenho atendido, plenamente, os secretários.

Folha – Essa tarefa não era executada antes?
Nahim –
Na verdade, eu implementei velocidade e celeridade e diminuí uma coisa que eu reclamei muito com os secretários, a de que o governo não tem dono, não tem feudos. Há um comando, que é do prefeito, e todos têm que trabalhar em harmonia. Foi assim na organização da Festa de São Salvador, quando reunimos várias secretarias — cada uma queria achar que era dona de alguma coisa —, só que ninguém tem dono, e a festa foi um sucesso. Foi o maior recorde de público até hoje. Houve organização, praça limpa, parceria integral com a Igreja Católica, com os barraqueiros. A festa foi organizada porque teve um comando determinando que as coisas funcionassem da melhor forma possível. Nunca houve uma Rancheirada como a deste ano em Goitacazes. E aí eu não poderia deixar de destacar o papel importantíssimo da minha mulher. Ela tem me ajudado ao extremo dentro do governo, principalmente nas ações sociais, com a reorganização da Coesa (Comissão de Entidades Sociais e Assistenciais do Município de Campos).

Folha – Se tivesse que dar uma nota, qual daria a esses seus 43 dias de governo?
Nahim –
Eu prefiro que a população me dê a nota. Sei que estou 100% usando o meu tempo como prefeito. Nota quem tem que dar é a população. Tenho recebido o apoio da população nas ruas. Na festa de São Salvador, estava com minha neta na praça e um grupo de senhoras, muito bem vestidas, chegou pra mim e disse: eu posso te dar um beijo? Respondi que sim. Uma delas comentou que nunca havia beijado um prefeito. Essa simpatia eu tenho encontrado nas ruas. Até muitas pessoas que gostam da Rosinha estão gostando da forma como eu tenho tocado a Prefeitura.

Folha – E, na sua opinião, qual nota mereceria Rogério Matoso à frente da Câmara?
Nahim –
Ele tem ido bem. Rogério tem feito um papel importante de conciliar as duas correntes políticas dentro da Câmara. Cada um tem o seu estilo. Ele é um menino jovem, não tem muita experiência administrativa, mas na minha visão está conduzindo bem o Legislativo. Nota é uma coisa difícil da gente dar para alguém.

Folha – Dá pra passar?
Nahim –
Com certeza, ele está com boa média. Acho que o Rogério tem feito um bom trabalho.

Folha – Qual é o seu deadline entre o prefeito interino de Rosinha e alguém disposto realmente a fazer um governo com cara própria? Seria o julgamento dela no TSE, adiado para se-mana que vem?
Nahim –
Muitas coisas eu fiz porque precisam de ações imediatas. Algumas coisas, a longo prazo, eu prefiro aguardar essa decisão. Eu não posso tomar postura de parceria com alguns municípios. Já tive um encontro com Armando (Quissamã), Carla (São João da Barra) e o Riverton (Macaé), quando a eleição da Ompetro (Organização dos Municípios Produtores de Petróleo e Gás da Bacia de Campos), e estamos estudando uma melhor parceria no atendimento na área de Saúde. Não acho justo um município vizinho, que tenha recursos, mandar pra cá todo mundo para ser atendido em Campos. Tem que existir uma parceria, um consórcio, mas essa é uma decisão política longa. Até conversei com o Armando e o Riverton para que essa discussão fosse adiada. Não seria justo agora eu tomar uma determinada posição, e depois Rosinha volta e pode pensar diferente.

Folha – Mas não há um prazo?
Nahim –
Sinceramente, não. Muito se fala no julgamento do recurso de Rosinha. Mesmo que Rosinha não volte, ainda há o julgamento do mérito.

Folha – E se uma nova eleição for marcada?
Nahim –
Aí, sim.

Folha – Neste caso, você será candidato?
Nahim –
Tenho dito sempre, em todas as entrevistas, que minha preocupação agora é governar e dar tranquilidade à cidade.

Folha – Fala-se em você, em Vladimir (sobrinho de Nahim e presidente do diretório local do PR) e em Pudim (deputado federal). Sobre esse último há uma surpresa, dizem que vocês hoje parecem amigos de infância.
Nahim –
Isso que é a verdadeira paz. É você não guardar ressentimentos. Pudim sempre tentou ocupar o mesmo espaço que eu. Em certo momento, Roberto (Henriques) tentou ocupar o mesmo espaço que eu. Na briga pela vice-prefeitura houve problemas sérios entre todos nós. Eu fiquei insatisfeito e disse isso. Mas a partir do momento que eu assumo a Prefeitura de Campos não posso ser desleal com ninguém, muito menos com as pessoas que fazem parte do meu grupo político. Eu tive problema com Pudim muito tempo antes disso. Quando eu era presidente da Câmara e buscava a reeleição, ele e Edson Batista foram contra, deixaram o plenário. Eu não sei guardar ressentimento de ninguém. Nunca tive problema pessoal com eles.

Folha– Seu nome estaria à disposição do partido?
Nahim –
Sim, por que não? Não vou negar aquilo que disse em 1996: sonhar em ser prefeito eleito pelo voto popular. Seria demagogia minha dizer que não. Acredito que o partido terá maturidade suficiente para entender o que é melhor para a cidade.

Folha– Você concorreria com seu sobrinho?
Nahim –
Não. Teria que haver um entendimento e ver o que é melhor. Com todo respeito, Vladimir é meu querido sobrinho e tem um forte laço de amizade com meu filho. Eu o considero como filho também, mas Campos precisa de alguém que tenha maturidade política, Vladimir não tem. O partido terá maturidade suficiente para escolher um nome. Garanto uma coisa, não vai haver disputa dentro do partido.

Folha – Acataria uma decisão adversa?
Nahim –
Sim, se houver critérios justos para isso.

Folha– Quem estabeleceria esses critérios?
Nahim –
O partido, né. Para isso existem as decisões partidárias. Garotinho é o presidente regional, é a figura mais importante do partido. Eu não jogo sobre o ombro dele toda a responsabilidade, mas o peso dele é muito importante nesses momentos.

Folha – Como você encara a investigação do MPE sobre o uso da máquina pública na campanha? Três ônibus com supostos servidores da Prefeitura de Campos foram apreendidos na BR 101 na madrugada da última quarta-feira.
Nahim –
O Ministério Público tem que tomar todas as providências em relação a qualquer tipo de movimentação de utilização da máquina pública. Antes desse episódio, muito embora seja uma coisa tácita, foi editado um decreto vedando expressamente qualquer participação eleitoral de funcionário da Prefeitura ou utilização da máquina. Agora, cabe ao Ministério Público investigar efetivamente quem participou disso. Obviamente que não teve nehuma orientação minha — não sei nem se tinha funcionário, e já determinei ao procurador do Município que acompanhe o caso. Se houver identificação de algum funcionário que tenha participado do ato (comício do Partido da República na Cinelândia), e se isso ocorreu durante o horário de expediente, que seja cortado.

Folha– Anteriormente, adesivos de Roberto Henriques (candidato a deputado estadual) e Garotinho (candidato a deputado federal) haviam sido encontrados em um carro oficial da secretaria de Saúde.
Nahim –
Também usei o mesmo critério. Determinei apuração imediata do fato. Se ficar comprovada a irregularidade, o infrator será demitido, é o que determina a lei.

Folha– Mesmo se for servidor de carreira?
Nahim –
Nesse caso o funcionário vai responder inquérito administrativo. Tem que justificar porque havia propaganda no carro oficial da Prefeitura.

Folha– Você não teme ser responsabilizado, como prefeito, dessas ações?
Nahim –
Como prefeito, não. Não houve orientação minha, não sei nem quem é. Como posso ser responsabilizado por um fato que eu desconheço. Como vou tomar conta de todos os carros da Prefeitura, de todos os funcionários, que são mais de 15 mil. O prefeito tem que ser responsabilizado se, efetivamente, partiu dele alguma orientação nesse sentido.

Folha – E não partiu?
Nahim –
Não.

(*) Colaboraram: Luiz Costa e Alexandre Bastos

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Este post tem 22 comentários

  1. josé Renato Rangel Duarte

    Muito positivo e claro o Prefeito Nahim. Não se esquivou de responder à nenhuma perguta. Que saiamos destas questões pequenas e tomemos as providências para a busca do REAL DESENVOLVIMENTO DA CIDADE. Até quando ficaremos discutindo ´picuinhas politicas? precisamos crescer com qualdiade e estabilidade. Que o respeitos as leis e normas do pais sejam acatados e se pratique o bom e velho concurso publico, aí sim termos a chamada estabilidade. Precisamos amadurecer ou seremos atropelados por São joão da Barra.

  2. luciano perereca

    parabens a todos da materia
    o nelson é otima pessoa, mas é bom lembrar que tudo pode acontecer, o paulo feijo tiro a candidatura de 3 vereadores na covardia, o sergio diniz perdeu por 1 voto, por mais uma vez o senhor nelson não ter a vaga não seria surpresa
    assim que marcar a eleição vamos ver os fatos
    acho que vai dar Cordeiro esse é ficha limpa

  3. LUIZ FERNANDO FRANÇA VIANNA

    VIVA DR. NELSON NAHIM! DESDE O RETORNO DO ÁLVARO BARBOSA-HOMEM PROBO, DO PAGAMENTO DO FGTS E DEMAIS MEDIDAS ACERTADAS – SINTO E VEJO QUE V^. EXA., TEM TODOS OS ATRIBUTOS A UM EXCELENTE PREFEITO – PARABÉNS! NELSON NAHIM.
    AGORA HÁ ESPERANÇAS DO FUNCIONALISMO PÚBLICO MUNICIPAL QUE HAVERÁ O PLANO DE CARGO.
    EM TEMPO: NÃO ESQUEÇA DOUTO PREFEITO DE LIBERAR O FGTS E O EMPRÉSTIMO AOS SERVIDORES.
    PARABÉNS!

  4. Armando Barreto

    Há muito não se fazia um período harmônico entre as forças políticos e administrativas desta cidade, méritos ao Prefeito e ao presidentye da Câmara, fico feliz em lembrar que é Nelson Nahin e não “Nelson Garotinho.”
    Uma coisa porém se faz necessária; muita obra em praças que ningúem frequenta, outras divididas para parecerem menos onerosas , como a dos quiosques debaixo da Ponte, e ainda outras com custos acima dos parâmetros praticados em similares de outras cidades. Quando faltam recursos aos hospitais, o Prefeito foi no PU de Guarús e além da ausência de médicos tem aparelhos como o de Eletro quebrados, ninguem lhe passou as informações de outras necessidades urgentes daquele Posto Médico, nem dos outros da cidade. Uma Revisão imediata se faz necessário, muito mais importantes são as obras e ações de infraestrutura nos diversos bairros e comunidades. Obras em praça e coisas semelhantes só servem interesses terceiros. Quanto ao ex-vereador DR. Batista, podia estar somando, sua efetividade, Qualificação e eficiência profissional às soluções dos problemas da saúde e do HGG, bem mais do que tem feito o ausente Dr. Otávio Cabral. Eu pessoalmente o procurei por cinco vezes naquele Hospital e não o encontrei.

  5. Cadinho RoCo

    Enquanto não acontece uma posição da justiça que de fato defina a situação da prefeitura de Campos, fica o prefeito interino nessa situação que, por mais que haja empenho dele à frente do executivo, é muito ruim para Campos. A imagem institucional do município sofre muito com isso e compromete em muito toda a sua credibilidade. Isto quer dizer que, no fundo, fica aquela sensação de que o eleitorado de Campos precisa com urgência de ter consciência mais apurada do que é votar e em quem votar.
    Cadinho RoCo

  6. carlos roberto

    Cade os homens serios e honrados da politica desta querida e gloriosoa cidade de passado e historia tao rica. Quando leio falar em nomes como nelson nahim, wladmir, pudim, me da arrepios.Parece,uma cidade fantasma, onde todos os politicos serios e honestos morreram,so ficaram essa turma ruim, que nao tem nada a ver com nossa querida campos dos goytacazes,tão maltrada e mal administrada,nos ultimos 30 anos.Homens e mulheres serios,honestos desta terra, vamos expulsar essa bacteria da corrupção que vem destruindo a nossa cidade.Povo de minha terra acordai,acordai,acordai!

  7. Lucas Alonso

    Bem pelo o que pude ver nesta entrevista, agora sim temos um PREFEITO! Que o Sr. acabe c/ as injustiças e faça c/ que Campos cresça, pois se isso naun acontecer logo, seremos uma cidade dormitório de São João da Barra! Estou no apoio do Sr, Naim.

  8. carlinhos

    Façamos uma reflexao,o que mudou na prefeitura,e porque esta sendo governada em paz?Nada mais nada menso do que INDEPENDENCIA DE COMANDO.Embora o Nhim seja irmao do garotinho,no momento tem a sua independencia,coisas que nao acontecia com a Rosinha,Que isso sirva de liçao para ELA ao retornar.politica e feita com açoes efetivas, com cooperaçoes,uniao e postura,coisas que o Nhim esta fazendo muito bem.Que continue assim.
    obs.minha cirurgia de cancer esta em aberto(suspensa) no HGG,faltando “liberaçao”,degundo o cirurgiao.Com a palavra,o administrador ausente!

  9. Sérgio

    Foi muito bonito o que ele relatou nessa matéria mas continuo sentindo falta de comprometimento por falta dos seus secretários, principalmente da saúde com exemplo. Campos deveria ser referência em saúde porque não. Já tivemos vários médicos como prefeito e é inadimissivel voce não querer melhor ou não entender de sua área para corrigir as mazelas que estão ocorrendo em Campos. Falta material para realizar uma sutura, como entender isso. O que eles ( secretários ) estão fazando.
    Dei como exemplo a saúde mais estou vendo coisa pior exemplo:
    Minha rua esta cheia de buracos,( rua com calçamento ) procurando me informar porque estão refazendo o calçamento das ruas próximas e não a minha. Recebi como resposta: A Rua foi asfaltada desde a época de Sergio Mendes (prefeito )e não podemos fazer nada. Quero dizer, eles não estão preparados para corrigir os erros do passado então, como a cidade vai melhoar.

  10. Thiago Martins

    A Cidade de Campos estava carente de um PREFEITO que governa para o povo como Nahim, nossa Cidade tem tudo, emprego, gente séria e os royatis, ou seja, tem tudo para ser uma Cidade Modelo para o mundo. Parabéns Prefeito e que você continue assim e fique por muito tempo, que DEUS o ilumine.
    Parabéns mesmo.

    Thiago Martins.

  11. Luciana Praga

    Parabéns pela excelente entrevista! Foi simplesmente clara, transparente e verdadeira… Nahim está de parabéns! Em menos de dois meses, posso acreditar q a esperança existe em nossa cidade! Acho que a CASSADA nunca deu uma entrevista desse nível a um veículo desse porte. Que ela fique longe do poder público por muitos e muitos anos.

  12. Augusto Barros

    Muito boa a entrevista com o prefeito interino! Parabéns ao Grupo Folha da manha. Percebe-se que, em menos de dois meses, muita coisa foi feita! Assuntos que os puxa-sacos não deixavam que a prefeita cassada tomasse ciência, Nahim vem colocando em pauta e esclarecendo com secretários e a população. Estamos confiantes em novas eleições para que isso não volte à tona e afunde ainda mais a nossa cidade. Que a Rosinha descanse em paz!

  13. Sandra Regina

    “Ahhhh… ela NÃO vai voltar… ela Não vai voltar… ela NÃO vai voltar… Ahhhh… A população campista está feliz, a paz reina na cidade e o clima é de novas eleições!!! Adeus Rosinha! Bem-vindo Nahim e não nos decepcione… Faça diferente da sua cunhada. Adorei a entrevista Aluysinho!

  14. Aluysio

    Cara Sandra,

    Agradeço pela parabenização pessoal, não sem ressalvar que o crédito tem que ser dividido com o Luiz Costa e o Alexandre Bastos. O primeiro acrescentou à pauta o assunto das denúncias de utilização criminosa da administração municipal em campanha eleitoral, além de ter tirado do gravador cerca do último terço da entrevista, escrito sua abertura e participado ativamente da sua edição. Já Bastos foi fundamental na atualização dos batidores da Câmara, após um mês em que estive ausente, sem a qual a entrevista poderia ter ficado superficial nas relações entre Executivo e Legislativo.

    Abraço!

    Aluysio

  15. lucia

    PARABENS PREFEITO,UM HOMEM QUE GOVERNA COM DEUS AFRENTE DE SEUS ATOS SEMPRE SERÁ ILUMINADO. CAMPOS ESTÁ EM PAZ.ESTAMOS COM O SENHOR.
    POR FAVOR:MEXA URGENTE NA AGRICULTURA ALI NÃO É A QUESTÃO DAS MÁQUINAS É O SECRETÁRIO QUE É MUITO RUIM MANDA ELE PARA UM ESCRITÓRIO E DA OPORTUNIDADE A QUM CONHECE DE AGRICULTURA… QUE A PAZ DO SENHOR JESUS TE ILUMINE SEMPRE…

  16. aloisio do farol de são thome

    espero que o tse resolva isso logo,nunca vi tanta farça,fora nahim fora rosinha.

  17. Leandro

    Parabéns pelas açoes Prefeito, mais todos sabem que perto de qualquer reunião e comicios do seu Irmao ,Feijo e Roberto Henriques corre pra cada secretaria a obrigaçao de colocar nome na lista de presença para tais reunioes e muito desses funcionarios sao ameaçados de perder a boquinha se nao forem,isso nao é democracia isso é o “Chuck” e seus mandados pucha sacos fazendo da máquina uma verdadeira vergonha e com certeza você nao pode negar foram 130 pessoas algumas delas DAS da maquina pública e se nao houver
    uma fiscalizaçao efetiva vai continuar e vc automaticamente vai dançar juntinho com eles ,acho que deveria olhar isso com mais carinho no mais novamente meus parabéns pelas açoes que tem tomado nos ultimos dias a frente da prefeitura.

  18. zeze pessanha

    Parabéns! À EQUIPE DE REPORTAGEM responsável por esta grande entrevista. Gostei,do nível e do conteúdo inteligente das perguntas. Pois é…Quanto às respostas do PREFEITO INTERINO, gostaria muito, de poder acreditar. Se um dia, quem sabe,for eleito pelo nosso VOTO, e continuar mantendo este perfil político. Quem sabe irei poder parabeniza-lo??? Na atualidade, prefiro, dar uma de SÃO THOMÉ!!!!!!

  19. Augusto Ribeiro

    Parabéns pela Matéria, muito boa, a expressão dele mostra muito bem todas as perguntas respondidas, parabéns a Folha.

  20. cris

    Só espero que agora venha de vez o plano de cargos dos funcionários publicos efetivos maltrapilhos da prefeitura de campos. Ufa. Boa sorte. Parabens pela matéria DR.

  21. luiz soares

    QUERO SABER DE NAHIM , SE VAI HOMOLOGAR O CONCUROSO DO PSF OU TERCERIZADOS É PRIORIDADE ?

  22. Klaus Nogueira

    Parabéns pela boa matéria. Existe,na minha modesta observação,um ponto de convergência muito singular entre o ex-prefeito Roberto Henriques e o atual em exercício Nelson Nahin: ATITUDE. Já observaram que quando se tem atitude,firmeza,compromisso com o próximo e,acima de tudo vontade política,as coisas caminham sem traumas.Creio que o afastamento dos puxa-sacos,tambem está facilitando o governo Nahin, ao contrário do governo Rosinha,que aparentemente era engessado pelos mesmos e,pelos fofoqueiros infiltrados nas secretarias.

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