Desde a saída de Zico do comando de futebol do clube, em 1º de outubro do ano passado, passei a impor restrições à torcida de vida inteira pelo Flamengo. Contudo, logo à estréia de Ronaldinho pelo Rubro-Negro (do Rio, não de Milão), no último dia 2, na vitória de 1 a 0 sobre o bom time do Nova Iguaçu, foi impossível ficar indiferente à emocionante cena do recém-contratado, após o apito final, parado no meio de campo, onde passou alguns minutos aplaudindo e sendo aplaudido pela maior torcida do planeta — ou, pelo menos, por sua porção cabível nas arquibancadas do Engenhão. Emblematicamente, a camisa do craque que resgatou aquela empatia, era a mesma usada por Zico em seus tempos de gênio dos gramados.
Pois hoje, ao conferir nos sites dos principais jornais do mundo a repercussão da conquista da Taça Guanabara pelo Fla, sobre o Boa Vista, com um gol de falta no qual o 10 da Gávea reencenou a maior especialidade daquele que imortalizou a camisa, esbarrei com esse título do Corriere Dello Sport (aqui), principal diário italiano de esportes: “Ronaldinho, gol alla Zico: si festeggia com il trenino” (Ronaldinho, gol à la Zico se festeja com o trenzinho). A referência era não só ao lance que decidiu o jogo, como à comemoração funkeira com o bonde do Mengão.
Não sei até quando durará a lua de mel entre o atual dono da camisa 10 do Flamengo e sua torcida. Todavia, pelo conquista do primeiro turno estadual, pela repercussão internacional do triunfo regional, pela alegria dentro e fora de campo parcialmente restituída e, sobretudo, pelas lembranças evocadas no gol, fica aqui registrado o irrelevante obrigado deste blogueiro ao Gaúcho.