Fazem hoje exatos 30 anos que o Flamengo arrebatou a Libertadores da América. Eu tinha apenas 9 anos, mas nem que um dia alcance à improvável casa dos 90, jamais esquecerei o futebol e as conquistas daquele time de Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico.
Disputando a final contra o Cobreloa do Chile, o Fla venceu a primeira partida no Maracanã, pelo placar apertado de 2 a 1. No segundo jogo, com Adílio e Lico obrigados a deixar o campo com os rostos ensanguentados, fruto das agressões covardes de jogadores chilenos jogando futebol com pedras nas mãos, sob o beneplácito de uma arbitragem omissa e da polícia do ditador Augusto Pinochet, que literalmente soltou os cachorros sobre o time da Gávea, o Cobreloa conseguiu vencer por 1 a 0.
Dado o clima de violência instaurado, que pode parecer surreal para quem só passou a acompanhar a Libertadores a partir da década seguinte, o jogo desempate teve que ser marcado não apenas em campo, mas num país neutro. No mítico estádio Centenário de Montevidéu, no Uruguai, após um bate-rebate dentro da área chilena, Zico aproveitou para abrir o placar.
Mas aquela conquista do Flamengo teria que ser selada na maior especialidade do maior jogador da sua história. Numa cobrança de falta da entrada da área, Zico, sempre ele, artilheiro daquela Libertadores com 11 gols, deu números finais à partida, que ainda teria espaço para a entrada do atacante rubro-negro reserva, Anselmo, só para desferir o murro certeiro com que levou a nocaute Mario Soto, carniceiro-chefe do Cobreloa.
Trinta anos, hoje… Acima daquela sensação batida de que parece realmente ter sido ontem, ecoa um grito de gol de Jorge Curi por todos os amanhãs.