Aqui, quando da morte do ex-boxeador e ex-campeão mundial Joe Frazier, lancei mão de um oxímoro para seu epitáfio, posto que, embora baixo para a categoria peso-pesado, dentro de um ringue, ninguém como ele esteve à altura do maior pugilista de todos os tempos: Muhammad Ali.
Pois, hoje, enquanto o mundo celebra os 70 anos de vida de Ali, no lugar de um texto em prosa, faço aqui minha modesta lembrança à data na forma de poesia, linguagem por certo mais próxima àquela com que ele mudou o mundo nos anos 60 e 70 do séc. 20, dentro dos ringues e fora deles…
“virá impávido que nem muhammad ali
virá que eu vi”
(caetano veloso)
paixão a palo seco
o punho esquerdo vivo, arauto ativo
da direita dissimulada em guarda baixa,
guardada ao avessar da face que o encara
pendularmente, lado a lado, pela cartilha,
não para frente e trás, como seria
recuar nos trilhos do trem que avança,
só não alcança quando lá está ali,
feminino nos gestos de um felino.
a delicadeza florescida em oposição,
por oposto o soco ao giro da ponta do pé
na lona plantado à picada da abelha,
mas de raiz aérea, de vôo de borboleta
— belo a reinventar o mundo que abalou,
derrubando homens e se arrogando rei,
negou ser soldado de matar alguém,
para afirmar sua raça: homens também;
eu, nós, nos versos do campeão.
campos, 22/03/07
Lindíssimo homem,igual a meu filho,belo representante da raça