A partir de contato feito por este blogueiro, entre o historiador ambiental Arthur Soffiati e o Aloysio Balbi, talentoso jornalista da Folha e de O Globo, o primeiro publicou hoje um artigo no jornal carioca, em sua página de opinião, no qual propõe soluções para a questão das cheias na região. Trata-se de um resumo de outro texto que Soffiati já havia escrito aqui, a pedido do blog. Abaixo, o texto publicado hoje em O Globo…
Enchentes no norte-noroeste fluminense
Por Arthur Soffiati
Quatro bacias hídricas principais drenam a Zona da Mata Mineira: a do Paraíba do Sul, a do Rio Doce, a do Itabapoana e a do Itapemirim. Das quatro, cortam a região norte-noroeste fluminense a do Paraíba do Sul e a do Itabapoana. A do Paraíba do Sul é a maior e recebe da Zona da Mata os afluentes Paraibuna. Pirapetinga, Pomba e Muriaé. A enchente de 2012 assolou o norte-noroeste fluminense pelos dois últimos, sobretudo.
Manoel Martins do Couto Reis, em 1785, e Antonio Muniz de Souza, em 1834, subiram o Muriaé e descreveram sua navegabilidade até o local onde hoje se ergue a cidade de Cardoso Moreira, seus longos meandros, suas extensas várzeas e suas pujantes florestas. Registram também que engenhos de açúcar estavam subindo o vale do rio e exortam quanto ao aproveitamento das florestas e das várzeas para fins econômicos.
Sobre o Rio Pomba, um importante depoimento foi deixado pelo naturalista alemão Hermann Burmeister, que subiu seu curso em direção a Minas Gerais, em 1850. As vastas florestas também fascinaram o viajante. Mas ele já denunciava o avanço do desmatamento.
As florestas foram o primeiro alvo econômico dos colonos, fornecendo lenha e madeiras nobres. Muitas delas foram sumariamente removidas por meio de fogo para a abertura de espaço destinado à agropecuária. Pouco mais de dois séculos depois de Couto Reis, a cobertura florestal do noroeste fluminense reduziu-se de 100% para 1%. As várzeas e lagoas marginais do Muriaé foram separadas do rio por diques e comportas. Intensificou-se a circulação de tropeiros entre a Zona da Mata e Campos nos dois sentidos. As rotas seguidas por eles foram substituídas por caminhos de terra, descritos pelo Major Bellegarde em 1837, e pela ferrovia Carangola, posteriormente substituída pela rodovia BR-356, que, em grande parte, cruza o leito maior do Muriaé.
Então, chegou a vez da urbanização. Laje do Muriaé, Itaperuna, Italva e Cardoso Moreira, no Muriaé. Santo Antônio de Pádua, Miracema e Aperibé, na bacia do Pomba. A maioria dos núcleos urbanos ocupa parte dos leitos de cheia ou mesmo invade o leito regular dos rios. Outros sobem encostas.
Hoje, chuvas torrenciais não contam mais com florestas e lagoas marginais para reduzir seu ímpeto. Nem mesmo diques construídos nas margens dos rios bastam para conter as cheias. Em janeiro de 2012, a cheia do Muriaé destruiu dois diques e provocou um rombo na BR-356. Cardoso Moreira e a localidade campista de Três Vendas ficaram embaixo d’água.
Como de hábito, autoridades federais, estaduais e municipais se desculpam e se acusam. Todos são responsabilizados e ninguém assume a responsabilidade. Usando coletes da defesa civil, todos visitam as áreas afetadas e prometem soluções definitivas, mas sempre pontuais. O problema das enchentes, no norte-noroeste fluminense só será relativamente resolvido com um programa de reflorestamento, com a liberação das lagoas e de parte das várzeas como áreas de escape, com a reforma (e não meros reparos) nos diques e na rodovia BR-356 e com a transferência de núcleos urbanos para partes mais altas. Mas, pelo visto, novamente a população atingida será vítima da indústria das enchentes.
Com certeza estamos à mercê de velhas raposas políticas,só olham para os seus próprios umbigos e ficam de olho nas verbas federais q virão.Profesor tens uma grande rede ao teu lado (Internet),poderosíssima,segue em frente,és um vencedor
É realmente, isto o que somos:vitimas da industria das enchentes.Os governantes ganham “rios” de dinheiro por não resolverem em definitivo nossos problemas; e, é isto que lhes interessa.Enquanto nós moradores perdemos móveis, imóveis, dignidade e até mesmo nossas VIDAS…
Moro em Tres Vendas, desta vez perdi um guarda roupas e algumas roupas, na enchente anterior, perdi quase tudo que tinha.
É realmente, isto o que somos:vitimas da industria das enchentes.Os governantes ganham “rios” de dinheiro por não resolverem em definitivo nossos problemas; e, é isto que lhes interessa.Enquanto nós moradores perdemos móveis, imóveis, dignidade e até mesmo nossas VIDAS…
Moro em Tres Vendas, desta vez perdi um guarda roupas e algumas roupas, na enchente anterior, perdi quase tudo que tinha.A prefeita diz que não moramos em áreas de risco. Mas como chamar um local às margens de uma rodovia, que serve como proteção em épocas de cheias?? Quando seremos removidos para casas seguras, onde poderemos nos deitar com nossos filhos sem preocupação??
Acredito no Professor e Ambientalista Arthur Soffiati para Preencher uma das 25 Cadeiras Pertencentes Aqueles que tem como Obrigação o Direcionamento e Fiscalização dos Recursos Públicos que Devem ser Geridos de Forma a Trazer Um Mínimo de Dignidade ao Povo Campista e ao Seu Rico e Ameaçado Meio Ambiente!!!
#FICAADICA
PS : Pena é a Certeza de que uma Pessoa desse Caráter não teria Coragem de Atuar num Meio Tão Obscuro!!!