Na edição de ontem da Folha impressa, além do meu texto (aqui) falando sobre a vida de Pedro Otávio Enes Barreto, falecido no último dia 9 de abril, publicado na página 8 do primeiro caderno, outro (belo) texto, também sobre Pedrinho, foi assinado pela professora Regina Tonelli, em seu espaço dominical, sempre à página 2 da Folha Dois. Regina é a mãe de Douglas, um dos tantos amigos dos filhos de Pedrinho, por ele indistintamente adotados, num convívio de igual para igual, sem pretensão a nenhuma condescendência, que tanta saudades deixou em todos.
Não por outro motivo, o blog pede licença à professora, para republicar abaixo sua visão de mãe, sobre a perda sentida desse “amigo-pai” do seu e de tantos outros filhos…
Por Regina Tonelli
Poucas pessoas têm a capacidade de amar incondicionalmente. É difícil controlar o egoísmo de querer, apenas para si, o que é melhor e não compartilhar emoções comuns, alegrias cotidianas, amizade e carinho desinteressados.
Poucas pessoas sabem dividir a vida familiar, a vida profissional e a vida pessoal. É difícil não se deixar levar pela lei da “oferta” e querer, apenas para si, tudo que está ao seu alcance, sem olhar para os lados, observando que existem tantos com tão pouco, alguns com muito e raros com o suficiente.
Poucas pessoas conseguem fazer dos amigos uma presença querida de verdade, dos filhos, amigos inseparáveis, da família, o que há de mais importante, do próximo, um irmão escolhido.
Tudo isso eu costumava ouvir daqueles que conheciam de perto Pedro Otávio, ou, o “tio Pedrinho”, ou o Dr. Pedro Otávio, sempre solícito, presente, prestativo, sempre olhando de perto aqueles que precisavam dele, confiantes na sua capacidade, na sua competência, na sua amizade, no seu desprendimento.
Íntegro, respeitado, “boa gente” de fato, foi um lutador. Venceu e tornou-se um grande homem, um profissional completo, um amigo como poucos. E passei a conviver, mesmo à distância, com esse pai que abraçou e adotou os amigos dos seus filhos, os “filhos do coração”, como ele mesmo dizia. “Tio Pedrinho” era uma alegria onde quer que estivesse. Bom papo, presença indispensável nas reuniões de família, nos churrascos dos finais de semana, sempre rodeado da “galera” jovem que o considerava uma espécie de “amigo-pai”, alguém que ria, contava piadas, tomava um chope com “todos” os filhos, muito querido, muito respeitado.
Resistiu bravamente à última batalha. Não se deixou abater e, até nesses momentos difíceis, foi exemplar. Estava sempre rodeado daqueles que soube cativar, daqueles que aprenderam a gostar dele gratuitamente. Os filhos “adotados”, filhos “do coração”, entre eles o meu, choraram a perda, sentiram profundamente a partida de alguém que era um companheiro, uma presença contagiante e que será uma saudade eterna.
Poucas pessoas conseguem ser tão especiais e inesquecíveis como o Dr. Pedro Otávio, como o “tio “ Pedrinho.