Ninguém que conseguir somar dois mais dois e reconhecer o quatro como resultado final da equação pode ser capaz de ignorar que a prefeita Rosinha Garotinho (PR) caminha para uma vitória eleitoral consagradora, em turno único, na (re)eleição de daqui a 10 dias. Qualquer um que se mostrar cego a essa tendência inequívoca, endossada por todas as pesquisas, estará desrespeitando a premissa de um dos maiores políticos da história desta República, Ulysses Guimarães: “Nunca subestime o fato, sua excelência, o fato!”.
Bem verdade que enquanto o ministro do TSE Marco Aurélio de Mello não se pronunciar sobre o recurso da prefeita, que pede a aceitação do registro da sua candidatura, indeferido pelo TRE em 23 de agosto, as dúvidas permanecerão sobre a confirmação (ou não) da previsível reeleição de 7 de outubro. Até que isso aconteça (ou não), o fato é que os votos dados a Rosinha, por mais numerosos que sejam, permanecerão tão inválidos quanto os dados ao ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT), também indeferido, na última quarta, pelo mesmo TRE.
Também não é mentira que os fatos que levaram Rosinha a ser enquadrada na saneadora Lei da Ficha Limpa, ainda mais popular no Brasil do que em Campos é a sua prefeita, são diferentes dos que levaram ao novo indeferimento de Arnaldo, como o competente advogado Francisco de Assis Pessanha Filho, jurisconsulto da primeira, ressalvou em seu blog (aqui). Data vênia, enquanto não sair nenhuma nova decisão do TSE, discutir isso é debater sobre a distinção dos crimes entre dois condenados à mesma pena.
Todavia, ao discordar desta coluna de opinião com ironia e elegância, Francisco expõe, por contraposição, o principal defeito do líder do grupo político que representa: o deputado federal Anthony Garotinho (PR). Quem conhece um pouco de política de Campos, ou de resto, sobre relações de família (célula política humana mais básica), não pode deixar de se impressionar com o trabalho competente, mas desprovido de qualquer noção ética, ao qual Garotinho tem se dedicado, talvez ainda com mais afinco que à reeleição da esposa, no sentido de tentar prejudicar aqueles que considera seus principais opositores.
Mais ainda do que a vereadora petista Odisséia Carvalho, ou do que a Fred Machado (PSD), candidato estreante à Câmara de Campos e irmão da prefeita sanjoanense Carla Machado (PMDB), assusta tudo que Garotinho vem fazendo contra seu próprio irmão, vereador Nelson Nahim (PPL). Além de roubar cabos eleitorais ao custo de cargos na Prefeitura, de injetar recursos nas candidaturas governistas nos redutos de Nahim, Garotinho chegou até a oferecer um acordo a Toninho Vianna (PPL), enquanto fiscal de renda municipal, só para tentar enfraquecer a nominata do irmão.
Quem conhece um pouco Garotinho, sabe que ele não se contentará com a reeleição em primeiro turno de Rosinha, nem mesmo se ela conseguir vencer também a batalha jurídica para assumir seu mandato, se junto com isso ele não expuser, na Praça São Salvador das metáforas, as cabeças políticas de Arnaldo, de Odisséia, de Fred (junto com uma orelha decepada de Carla), do seu próprio irmão e de quem mais se atrever a cruzar o seu caminho.
Enquanto Garotinho continuar agindo assim, e nada indica que mudará, ditando o comportamento do seu grupo político, por mais exemplos de fidalguia que este possa também produzir, ele pode vencer agora, pode vencer também amanhã, mas estará perenemente aberto ao risco do Fluminense, que viu sair de si um filho mais popular e com mais conquistas nos campos chamado Flamengo. Por mais épico que seja o exemplo do futebol, a política não precisa ser reduzida a um Fla x Flu. Nem a vida!
Publicado na edição de hoje da coluna Ponto Final, da Folha da Manhã.
Postagem duplicada, (trecho excluído pela moderação) hoje?
E pra constar: a coluna ficou uma merda. Barbosão fazia melhor.
Perfeita comparação,brilhante mesmo,siga em frente que atras vem gente…
Em tempo,Barbosão está do teu lado….
Caro Marcelo Figueiredo,
Os blogs da Folha atravessam problemas técnicos, daí a duplicação da postagem, já devidamente sanada, mas pela qual agradeço o toque. De qualquer maneira, não é nem preciso somar dois mais dois para constatar que, como se destinava à edição impressa de hoje da Folha, o texto, por óbvio, teve que ser escrito ontem. E, muito embora o resultado (de ontem, não hoje) esteja bem distante de ter ficado “uma merda”, até por ser escrito, diferente do seu comentário, com mais respeito ao leitor e à língua, vc está certo num ponto: Barbosão certamente faria (muito) melhor. Qto à sua pergunta, infelizmente editada pelos critérios pré-estabelecidos da moderação, se quiser fazê-la pessoalmente, teria imenso prazer em dar a resposta devida.
Grato pela chance do debate!
Aluysio
Aluysio,
Você está de parabéns e tenho certeza que seu pai está orgulhoso de você.
Seu texto é fantástico.
Aluyzio
Como já te disse uma vez, não te conheço o bastante, mas, mais uma vez, parabéns!
Definir o que está acontecendo como um FlaXFlu é uma argumentação pobre e superficial ao extremo, considerando a seriedade de uma eleição municipal, de uma escolha de quem vai nos governar e ao nosso município.
Será que quem falou isto está absorvendo o comportamento de quem sempre assim o faz?
Caras Maria, Regina Machado e Ana,
Obrigado!
Abçs!
Aluysio
Aluysio, como bom jornalista e democrata que é, por favor, busque e informe-nos onde encontrar o adesivo que anda despontando nos carros em Campos com a bandeira do Brasil e alguma menção sobre voto válido, ficcha limpa.
Grata.