PEC 37 caída de podre foi o primeiro fruto da primavera das ruas

Como o leitor mais atento poderá cobrar, prometi voltar à ativa ontem, mas uma forte gripe, agravada por uma  celebração a contragosto do meu aniversário na segunda, acabou me tirando de combate no dia de ontem. Como para quem já adquiriu, em quarenta e uma primaveras, anticorpos suficientes para seguir a vida sem maiores problemas, constato que saí para encontrar o Brasil, o Estado do Rio e Campos ardendo mais que febre ou qualquer outro mal que dá e passa. Longe ainda da perspectiva de diagnóstico conclusivo, o fato é que, após o atendimento pontual da suspensão do aumento na tarifa no transporte público das principais capitais do país, a primavera que esquentou o outono-inverno das ruas brasileiras colheu ontem seu primeiro grande fruto verdadeiro, quando vergou o tronco da Câmara Federal ao nível do solo onde pisa o povo, derrubando de podre a famigerada Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, por acachapantes 430 votos a nove daqueles que resolveram, enfim, nos representar em Brasília.

Um dos principais pontos comuns das manifestações apartidárias que floresceram do Oiapoque ao Chui, adubadas pela indignação com a corrupção generalizada do poder público, sustentada por uma carga tributária escorchante em troca de serviços indigentes ao cidadão, bom lembrar que a PEC 37 tinha o apoio do PT, numa reação aloprada à condenação da sua cúpula no julgamento do Mensalão no Supremo Tribunal federal (STF). O objetivo: dar às forças policiais, incapazes de solucionar a imensa maioria dos homicídios praticados à conta de guerra civil em todas as unidades da Federação, o monopólio do poder de investigação sobre TODOS os crimes cometidos no país, excluindo desta função os Ministérios Públicos. Fosse aprovada, estaria o Brasil igualado àquilo que, no resto do planeta, só se registra no Quênia, em Uganda e na Indonésia, nações devastadas por movimentos ditatoriais assassinos, como bem lembrou aqui, em artigo publicado na Folha, o advogado e diretor geral do Observatório de Controle do Setor Público, José Paes Neto.

E os Cabruncos Livres com isso? Bem, como registrou aqui a jornalista Jane Nunes, na democracia irrefreável das redes sociais, que organizou em todo o país o movimento das ruas: “Perguntar não ofende né? Será que o MP em Campos vai ser mais atuante a partir da derrubada da PEC 37?”

Atualização às 11h48: Na Folha Online, a primeira a noticiar aqui a vitória das ruas na Câmara Federal, responsável pelo sepultamento da fascistóide PEC 37, foi a sempre atenta jornalista Suzy Monteiro.

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Este post tem 2 comentários

  1. maria

    Seja bem vindo,vc muita falta.A impunidade a grande responsável.

  2. Ana Zelinda

    A pretensão de o Ministério Público investigar não tem nenhum respaldo na Constituição e por isto é um absurdo! Absurdo maior ainda foi a deliberada manipulação da notícia acerca dessa PEC, a propósito da qual quase ninguém que panfletava contra sequer se dignou ler. Tudo com a complacência da Rede Globo.
    No sistema constitucional brasileiro, a regra é esta: polícia investiga e promotor fiscaliza. Qualquer coisa em sentido contrário é como a banana comer o macaco. Se o fiscal passa a executar, quem vai fiscalizar o fiscal?
    O Ministério Público quer se converter num poder sem nenhum controle!
    Seu objetivo é só pegar a carona na popularidade que a Polícia Federal conquistou nos últimos dez anos. Esta é a verdade.

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