Inspirado na democracia que desfilou em protesto, ontem, na praça São Salvador, contra a denúncia da censura à obra de Nelson Rodrigues no Trianon, por alegados motivos de ordem pessoal e religiosa da prefeita Rosinha (conheça o caso aqui e aqui, repercutido em mídia nacional aqui e aqui), o poeta e ator Artur Gomes postou aqui, na democracia irrefreável das redes sociais, um texto em prosa que o blog pede licença para republicar abaixo…
Nelson Rodrigues rindo no além
Aqui em canibália city me chega a notícia de que em campos ex-dos goytacazes e agora dos cordeiros evangélicos, a peça de teatro de Nelson Rodrigues- Bonitinha Mas Ordinária – foi proibida de ser exibida no Teatro Trianon, por ordem da presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro.
O esdrúxulo da estória, é que a peça, já estava na grade de programação do referido teatro para ser encenada no dia 10 de agosto. Segundo o superintendente da Fundação Trianon, Sr. João Vicente Alvarenga, a motivação da censura não seria por questões religiosas, e sim por falta da documentação necessária para a sua encenação, o que não convence nem a Cristo.
É bom lembrar que a maioria das ditaduras, sempre tiveram em sua retaguarda, e quase sempre ainda tem, algum seguimento religioso, e em Campos isso não é diferente, muito pelo contrário, lá o governo municipal é totalmente apoiado pela igrejas evangélicas, estando a ele integrado vários bispos e pastores.
É bom lembrar que a ditadura militar teve ao seu lado o seguimento mais reacionário da igreja católica, a TFP.
É incrível isso acontecer em nossos dias, numa terra onde nasceram figuras ilustres da arte, cultura e política nacional tais como Wilson Batista, José Cândido de Carvalho, Nilo Peçanha, José do Patrocínio e Benta Pereira.
Não é à toa que o ator Tonico Pereira, que nasceu em Campos, costuma frisar que Campos não é uma cidade, porque cidade é uma outra coisa.