No rastro dos protestos contra a política cultural do município de Campos, pertinentes as memórias vivas do poeta e ator Artur Gomes, e seu “espião” e alter ego Federico Baudelaire, relembradas aqui, na democracia irrefreável das redes sociais, de um tempo de menos dinheiro, ainda sem os royalties do petróleo, e mais cultura de fato jorrando da terra…
Um pouco da história de governos Garotinho
O hoje doutor em antropologia Jorge Pessanha Santiago é uma grande testemunha de quando Federico Baudelaire, em janeiro de 1989, a pedido do prefeito recém eleito, derrubou a porta da casa de veraneio de Zezé Barbosa, no Farol, e a transformou em Casa de Cultura, que infelizmente como Casa de Cultura, durou apenas aquele verão. Quem quiser o depoimento do Santiago, vai ter que ir a Lion, na França, onde ele hoje chefia um Departamento. Mas em Campos ex-dos Goytacazes, tem outra testemunha histórica do fato: Alberto Ferreira Freitas, ex-Diretor da Cada de Cultura José Cândido de Carvalho, em Goytacazes.
Vale lembrar que esse pedido, foi feito ainda no final de 1988, no Studio 52, que funcionava nos altos da antiga Adega 52, na Praça São Salvador, onde Federico era um dos integrantes do projeto de psicanálise popular: Um Divã Em Cada Esquina, juntamente com o arquiteto Mário Sérgio Cardoso, o publicitário Genilson Soares, o fotógrafo Oscar Wagner, o pintor Nilson Siqueira, e posteriormente o também publicitário Sérgio Provisano, além do jornalista Fernando Leite.
89 foi sem dúvida o verão mais memorável do Farol, Campos ex-dos Goytacazes ainda não recebia royalties do petróleo. A grande atração da praia foi um circo emprestado ao prefeito pela Folha da Manhã, e o único grande show do verão foi um memorável show de Moraes Moreira no Campo de Futebol de Areia, e o resto da agitação cultural era produzida na Casa com cinema, artes plásticas, música e poesia, na marra, sem grana, e nós os produtores culturais alimentados com batata e sardinha, que conseguimos da merenda escolar, pois dinheiro para almoço e janta não havia.
E eu, até hoje me penitencio por esta dieta forçada! Perdida, entre a burocracia da máquina, que me engolia e o desejo irrefreável da equipe – e, diga-se de passagem, que equipe – de realizar, à custa de muito sacrifício e idealismo! Saudade brava daquele tempo, Artur!
Campos ex-dos Goytacazes era uma cidade conhecida no Estado do Rio,como uma ou melhor a mais culta do Estado.No exame para admissão ao magistério estadual, realizado anualmente,os primeiros llugares eram ocupados pelas professoras campistas.Depois da dinastia dos “inhos” isto acabou.Não interessa um povo culto e educado.