Enquanto isso, no país da Copa…

 

Por Eduardo Bresciani e Jailton de Carvalho

Brasília — O ex-ministro José Dirceu deixou o Centro de Progressão Penintenciária do Distrito Federal na manhã desta quinta-feira [ontem, dia 3] para o seu primeiro dia de trabalho, após a prisão pela condenação no processo do mensalão. Dirceu deixou o prédio sozinho, às 7h25m, e entrou em sua caminhonente Hilux, que ele comprou financiada, avaliada em cerca de R$ 100 mil e dirigida por um motorista que atende o petista em Brasília. Ele vestia paletó cinza escuro, calça jeans e camisa azul. Na saída, Dirceu conversou longamente por celular.

O petista vai trabalhar no escritório do advogado José Gerardo Grossi. Pelo contrato de trabalho, Dirceu deverá trabalhar das 9 às 18 horas, com direito a duas horas de almoço. O ex-ministro terá como atribuição organizar a biblioteca do escritório que, segundo Grossi, está bagunçada. Dirceu, que foi o principal ministro da primeira fase do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, terá salário de R$ 2,1 mil por mês.

— Minha biblioteca está uma bagunça. Se ele quiser trabalhar, terá muito trabalho. Se não quiser, será mandado embora como qualquer outro funcionário — disse Grossi.

O trajeto do presídio ao escritório durou aproximadamente 25 minutos. Ele aguardou dentro do carro, pois não havia ninguém no local para recebê-lo. Logo depois, dirigiu-se à portaria para fazer seu cadastro e subiu ao 9º andar acompanhado de duas pessoas.

O advogado disse também estar consciente de que a presença de Dirceu em seu escritório atrairá a atenção da imprensa, sobretudo nestes primeiros dias. Mas ele entende que esse é um movimento previsível. Ainda segundo Grossi, Dirceu parecia excitado e um pouco confuso, como um “passarinho libertado” após passar temporada numa gaiola.

— É natural que isso (o assédio da imprensa) aconteça. O Zé virou a Geni, do Chicio Buarque — brinca Grossi, numa referência as críticas que o ex-ministro vem recebendo desde o início do processo do mensalão.

Dirceu foi transferido no início da tarde de quarta-feira da Papuda para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), onde estão os presos autorizados a trabalhar fora do presídio. O trabalho externo de Dirceu foi autorizado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que revogou decisão anterior do ministro Joaquim Barbosa desfavorável ao ex-ministro. Dirceu foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa. Ele está preso desde 15 de novembro, quando teve a prisão decretada por Barbosa.

Conversa prévia

O advogado e o ex-ministro tiveram uma conversa prévia antes de começar o expediente. Grossi explicou quais são as novas tarefas de Dirceu no escritório e os limites estabelecidos para ele pela juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais. O ex-ministro deverá trabalhar em duas salas. Uma onde estão os livros e outra, onde terá uma mesa com telefone e computador. O ex-ministro deverá digitalizar o acervo de Grossi. Ele terá direito a receber familiares, mas não poderá manter contatos políticos.

— Não permitirei atividade política aqui. Isso aqui é meu ganha pão e eu levo muito a sério — afirmou o advogado.

Uso de celular é dúvida

Grossi não soube dizer, no entanto, se Dirceu poderá usar o celular durante ou após o expediente. Ele acredita que o ato é irregular. Durante a conversa, Dirceu falou do período que esteve em regime fechado na Papuda, da sensação de estar fora da cadeia por algumas horas e até da seleção brasileira, que terá jogo decisivo nesta-sexta contra a Colômbia. Dirceu estaria apreensivo com o rendimento da seleção de Luiz Felipe Scolari. Ele deverá assistir o jogo num galpão do CPP, onde estão mais de mil presos. O escritório de Grossi ficará fechado.

Dirceu teria ainda elogiado os guardas da Papuda e chorado ao falar de uma das filhas. Após a conversa, foi levado a uma das salas onde começaria a organizar os livros. Ainda ressabiado, o ex-ministro almoçou no próprio escritório. Pela lei, ele tem direito a almoçar em restaurante, mas não pode se afastar mais do que cem metros do local de trabalho.

 

Fonte: Globo.com

 

Confira abaixo a reportagem em vídeo da TV Cultura:

 

 

 

 

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