desinvenção do adeus
divinado ao reino da despalavra
manoel traduziu no éter seu barro
pra voar passarinho em gorjeio
na mudez chapéu coco de chaplin.
a borboleta que soluçava cores no espaço
lembrou-se lagarta de comer o verde
e alforriou do girino uma rã.
entre as ruínas do pontal de atafona
com paraíba torcido de pantanal
o imbé punha rego de seios no horizonte
do lado oposto ao liso do mar.
notei na vereda ainda úmida da lesma,
quando topei o dedão numa pedra
e dei seu limo à luz da manhã:
em estado de orvalho, o poeta estava lá.
atafona, 16/11/14
Belo poema que captou muito bem a artepalavra do Manoel de Barros!
Também gostei da fotopaisagem de Atafona, aderente à complexa simplicidade do Poeta que deixa-nos perplexos na presença de sua ausência.
Caro Savio,
Tentar dialogar com a sintaxe do Manoel não é fácil. As referências a Atafona, ao Paraíba e ao Imbé visam imprimir voz própria nessa interlocução, ao mesmo tempo em que a espinha se curva em reverência. Agradeço por sua generosidade para com o resultado.
Abç!
Aluysio
Amei a fotografia.Parabéns.
MuitoBom!
Caros Sandra e Nino,
Grato pela generosidade de ambos!
Abçs!
Aluysio
Parabéns.
Caro Leniéverson,
Como observei lá no Facebook, Manoel diria que o poema só pertence ao autor, enquanto este “autora”. Depois, na jurisprudência de Pessoa, é de quem lê. Os parabéns, portanto, vão para vc, o Savio, a Sandra, o Nino e qualquer outro leitor cujo sentimento da “ausência presente” do poeta ache reflexo em meus versos. Mt obrigado a vcs por isso!
Abç e bom domingo!
Aluysio