Em direção ao atraso
Por Nelson Paes Leme
A ordem mundial se encontra diante de enormes e crescentes desafios neste nosso século decisivo. O maior deles é a crise da dificuldade de compreensão da chamada nova economia de mercado, catapultada pela revolução técnico-científica e pela ecologia em desagregação crescente a novos patamares conceituais. Há também necessidade de adaptação a um novo conceito de distributivismo. A crise do capitalismo tardio, tão bem retratada por Habermas, é tão evidente quanto foi detectada, no fim do século passado, a crise do socialismo real, prenunciada por Weber e Gramsci. Essa detecção acabou por dar origem às transformações ocorridas no Leste da Europa que puseram fim ao socialismo real e viraram o timão da história nos países de bloco soviético e na própria China na direção da economia de mercado e das liberdades democráticas. A ascensão da democracia política chinesa é iminente e fatal como exigência intrínseca da opção pelo livre mercado. Não tarda e teremos eleições livres e gerais na China, possivelmente na próxima década ou nesta ainda. Economia de mercado e democracia sempre andaram juntas, desde o Século de Péricles, passando pelas praças medievais da Europa Central e da Península Itálica. Os conceitos originais e tradicionais de esquerda e direita, fundados na Revolução Burguesa, por outro lado, como já denunciara Hayek, sofreram transformações decisivas a partir dessas importantes ocorrências da virada do milênio que estamos vivendo. Assim também os conceitos de burguesia e proletariado; elites e massas; moeda e crédito; imperialismo e subdesenvolvimento etc.
O que se vê, hoje, no entanto, no Brasil dilmático do lulopetismo é uma guinada perigosamente sectária e absurda em direção ao retrocesso e ao atraso. Estamos na total contramão da História. Talvez por isso o governo do PT esteja apresentando índices tão pífios na economia continental e mundial e enveredando perigosamente, na política, pelos descaminhos sem volta do castrismo e do bolivarianismo jurássicos. A visão dos estrategistas internos e externos desse desgoverno é a mais primitiva possível: eleger os EUA como inimigo das massas trabalhadoras, fortalecendo alianças continentais “anti-ianques” como tentativa de estabelecer uma delirante correlação de forças; garrotear a “imprensa burguesa” por via de mecanismos que remontam ao medievo das ditaduras mais sangrentas, implantando “um jornal de massas” e o “controle social da mídia”; justificar a roubalheira generalizada no seio do governo e das estatais como “meio inerente ao ‘sistema’ para atingir o fim do ‘socialismo’”; “instituir os ‘conselhos populares’” para acabar de desmoralizar de vez a representação democrática e o Legislativo; tentar bolivarianizar o Judiciário, como denunciou o ministro Gilmar Mendes à “Folha de S.Paulo”, na edição histórica de 03/11/14. Outro dado desse retrocesso, como resultado da reação irracional, é o cartaz brandido numa passeata em São Paulo: “S.O.S. Forças Armadas”. Já não bastasse o exagero da generalização da tortura às nossas Forças Armadas, na tentativa vã de desmoralizar as guardiãs de nossa soberania, promovida pelo sectarismo da Comissão da Verdade, agora a reação despolitizada deseja trazê-las de volta ao obscurantismo golpista. Pior: atreladas a um projeto revanchista que começa por pedir o impeachment da presidente da República recém-eleita em pleito aberto e democraticamente. Até as palavras de Aécio vêm sendo distorcidas, quando este, em debate acirrado com Dilma, disse, na coxia, mas ouvido por toda a audiência que “o melhor modo de se acabar com a corrupção é tirar o PT do poder”. Isso não significa tirá-lo através de um golpe militar. Mas pelo voto, pelo convencimento e por dentro da democracia.
Vejamos como irá se comportar a oposição na reabertura dos trabalhos no Legislativo. E se teremos um soberano, altivo e independente STF, na punição dos corruptos e dos corruptores do assédio ao butim das estatais. O que se espera da oposição é retirar o PT do governo dentro das regras democráticas e pelo voto, e não pelo golpe e pelo retrocesso. Há um dado dialético precioso no exercício democrático: a oposição existe em função do governo. Ou seja, se funciona mal, a governabilidade capenga. Ela é o contraponto. E quem sofre é a nação como um todo. No Brasil, parece que a oposição está fora dessa estrutura básica das democracias mais consolidadas. Aqui, gira em torno de si própria e quem tem exercido esse papel é a parcela da sociedade organizada e mobilizada pelos meios de comunicação e pelas redes sociais. Entre nós, parece que esse dado precioso se esvanece num processo semicaótico: a oposição, em consequência ou como causa, parece ter perdido a clareza de suas estratégias. E isso desestabiliza não o governo, como parece ser a única tática explícita dos que nela militam, mas desestabiliza, sobretudo, a própria democracia. Para se tirar o PT do poder pelo voto, é necessário explicitar enfaticamente um sólido programa alternativo de governo e debatê-lo permanente e abertamente com a sociedade em todos os fóruns imagináveis. A começar por incisivos e consistentes discursos no Parlamento da República. Não se viu isso nos 12 anos de lulopetismo até agora. Quem sabe acontecerá com a subida de Aécio à tribuna do Senado. A esperança é a última que morre. E quando morre, já se conhece o final.
Publicado aqui, na globo.com
Pois é. Há tempos os mais atentos vêem a guinada retrograda dos governos esquerdistas que governam o país e a América Latina. Por conta de dizer o que penso fui chamada de reacionária pelos MAV’s de plantão e fui bloqueada por um interino desse jornal. Será tão difícil aos comunistas verem que o mundo mudou? Que o ideal deles é o mesmo que o de qualquer pessoa decente: igualdade de oportunidades para todos, em todos os setores . A difrença está no sentido de liberdade: de pensamento, e de expressão! A diferença está aí … Eles não admitem que existam pensamentos contrário ao deles. Censuram o que não lhes agrada ouvir ou ler! A esperança é a última que morre. E eu sou capaz de morrer pelo meu país livre e uno. Tenho neto. Vivi o regime militar. Ditadura militar ou do proletariado, nunca!
Cara Laila,
Aparentemente, partilhamos dos mesmos sentimentos quanto a qualquer ditadura: “ódio e nojo”, como bem frisou Ulysses Guimarães, ao promulgar a Constituição de 1988. Isto posto, cabe-me perguntar: que interino da Folha a bloqueou?
Abç e grato pela colaboração!
Aluyio
Inacreditável a quantidade de frases feitas do Nelson Paes Leme. A China modelo econômico (com seus salários de QUINTO MUNDO), mas , ainda não, modelo político, será a matriz econômica-política dentro de 20 anos… SABE DE NADA INOCENTE!!!! O que eu quero é que a China continue crescendo e comprando nossos produtos principalmente os agrícolas, dentro de poucos anos seremos o maior exportador agrícola do mundo. Essa briguinha PTxPSDB é coisa irrelevante, o Brasil é muito mais importante que isso. Quem se preocupa com PT ou PSDB não se preocupa o Brasil…
Ainda duvida que estamos vivendo em uma ditadura comunista?
Nenhum Jornal ou TV deram a notícia mais importante de 24 de Novembro de 2014, a do fechamento do Congresso Nacional com cadeado para impedir a entrada de populares na CMO, no dia da votação do crime de aprovar um rombo fiscal inadmissível como se fosse superavit.
É MUITO MAIS QUE UMA VERGONHA NACIONAL, É DITADURA NUA E CRUA.
http://on.fb.me/1y8DUf4
O rigada por ler meu desabafo! O interino Rafael Bastos, me bloqueou a partir do post ” Bolivariano, eu?” De Mino Carta. Achei estranho e comentei, me dirigindo ao Bastos q sendo blog um espaço de opinião, que ele ao sair de ferias, deveria deixar o blog parado, como faz o Cristiano, por exemplo… Depois foi um problema após o outro! Mas deixa para lá. Tenho quase 60 anos e ele de e ser um garoto seduzido pelo marketing petista! Obrigada por ler minha defesa e parabéns por seguir ,com brilhantismo, os passos do seu pai.
Digo: Rafael Vargas.