De quem é o rombo? Em nota oficial, emitida na terça-feira (25) só após o vereador Marcão (PT) denunciar sua existência na Polícia Federal (PF), o governo Rosinha Garotinho (PR) afirmou que R$ 100 milhões, do rombo de R$ 109.819.539,37 encontrado numa auditoria interna de 2013, seriam na verdade de responsabilidade dos governos anteriores Carlos Alberto Campista, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber. Porém, na introdução e na conclusão do relatório vazado da auditoria, feita a partir do decreto nº 002/2013 de 2 de janeiro de 2013, publicado em Diário Oficial, os sete auditores foram categóricos ao colocar como objetivo da investigação “apurar a regularidade das operações financeiras e contábeis procedidas pelos órgãos de Administração Direta e Indireta da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, nos exercícios de 2009 a 2012” — correspondentes ao primeiro governo de Rosinha.
Se alguma dúvida há, basta ler o primeiro parágrafo da conclusão dos auditores, mais atento às datas e informações, do que aos deslizes na gramática: “Como se depreende de tudo que foi exposto no presente Relatório e segundo o apurado pela auditoria, no período de 01 de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2012 a Prefeitura através das empresas D.T.V.M, ORLA, QUANTUM E ATRIUM, realizou operações de compra e venda de títulos públicos federais provocando prejuízos que requer (sic) apuração de equipe especializada e acesso a todos os documentos necessários a (sic) quantificação desses danos causados a (sic) Prefeitura”.
Ainda assim, a nota oficial da Prefeitura, mesmo sem dar satisfação sobre cerca de R$ 9 milhões do rombo auditado, afirmou “em respeito a (sic) verdade dos fatos” que “do saldo total de 109 milhões apontado pela Auditoria Financeira Interna deve-se ressaltar que R$ 100 milhões referem-se a pendências de conciliações bancárias de gestões anteriores ao ano de 2009”. Sem nenhuma menção às operações de compra e venda de títulos públicos federais danosas à Prefeitura, feitas pela Prefeitura, enquanto era Rosinha a prefeita (entre 01/01/09 e 31/12/12), a nota oficial relatou que “o Tribunal de Contas do Estado (TCE) confirmou dados referentes a (sic) inconsistência de conciliação bancárias anterior a 2009, e em face disso determinou aos ex-prefeitos Carlos Alberto Campista, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber que recolhessem os respectivos valores aos cofres públicos com recursos próprios”.
Enquanto Arnaldo e Campista não conseguiram ser localizados, nem retornaram às ligações feitas na quarta-feira (26) pela reportagem da Folha, Mocaiber contestou a versão apresentada na nota oficial de Rosinha:
— Desconheço completamente essa história de que o TCE mandou que eu devolvesse qualquer dinheiro a partir de uma auditoria feita por Rosinha. Aliás, como toda a população campista, eu também só fui saber da existência dessa auditoria depois que o vereador Marcão a denunciou. Meu governo foi o mais vasculhado na história de Campos e todas as acusações da Telhado de Vidro (operação da PF que prendeu e levou num avião negro vários integrantes do governo municipal) foram refutadas na Justiça. Pelo que ouço, o governo vive muitos problemas e eles podem piorar a partir de janeiro, quando acaba a imunidade parlamentar. Mas se o relatório da própria auditoria, feita por determinação de Rosinha, começa e termina falando que o período investigado foi de 2009 a 2012, como a prefeita pode querer agora jogar a responsabilidade sobre mim ou qualquer outro antecessor? É, no mínimo, estranho.
Publicado aqui, na Folha Online
Então daí saíram as bolsas de dinheiro para reeleição dos Vereadores e novos Vereadores que são uns puxa-sacos do atual Governo e do Garotinho.
A compra de votos foram escancaradas em nossa cidade, aos olhos de uma Justiça Eleitoral também (trecho excluído pela moderação).