Daqui em diante, Dilma viverá numa bolha para se imaginar no mundo que não a rejeite

a bolha

 

 

Jornalista e blogueiro Ricardo Noblat
Jornalista e blogueiro Ricardo Noblat

Das aflições de uma presidente impopular. É de Dilma que falo

Por Ricardo Noblat

 

Daqui para frente, e só Deus sabe até quando, a presidente Dilma Rousseff viverá dentro de uma bolha para escapar do constrangimento de ser vaiada ou insultada pelos que a rejeitam.

E a se levar em conta a mais recente pesquisa de opinião pública do Datafolha, divulgada há dois dias, 63% dos brasileiros consideram o governo dela péssimo ou ruim. Só Collor teve rejeição maior (68%).

Dilma fez sua primeira aparição dentro da bolha, ontem, em Goiânia, onde esteve para autorizar investimentos do governo federal no BRT Norte-Sul. Viagem de propaganda, apenas.

A repórter Luiza Damé, de O Globo, anotou as principais medidas tomadas para que Dilma se imaginasse em outro mundo, aonde as pessoas só a aplaudem e querem posar ao seu lado para fotos.

Em um raio de dois quilômetros do Paço Municipal, local do evento, foram montados postos de triagem do público. No entorno do local, uma barreira com grades, depois um tapume com placas de ferro e novamente cerca de grades.

A segurança ficou por conta da Guarda Civil Metropolitana, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal. Fora, naturalmente, os agentes de segurança que acompanham Dilma em viagens.

O objetivo do esquema de segurança era impedir a aproximação dos indesejados — integrantes do movimento Caras Pintadas e Brasil Livre. Por volta das 14h30, 24 deles apareceram.

Portavam três faixas com as inscrições “Fora Dilma”, “Fora PT” e “Impeachment”. Batiam panelas. E gritavam: “Dilma vá embora que o Brasil não quer você, leva com você o Lula e a quadrilha do P””.

A pedido do pessoal de Dilma, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), havia decretado ponto facultativo para as repartições abrigadas no Paço Municipal.

A ideia era esvaziar o Paço para evitar a infiltração de manifestantes. As cerca de duas mil pessoas que festejaram Dilma foram levadas para o Paço a bordo de ônibus alugados pela prefeitura.

Mesmo assim, a revista foi rigorosa. Até mesmo para jornalistas credenciados pelo Palácio do Planalto. Dilma chegou com uma hora de atraso, acompanhada de Marconi Perillo, governador do Estado.

Perillo foi vaiado pelo público formado por simpatizantes do PT. Reagiu pedindo mais tolerância — não para ele, mas para Dilma. Que agradeceu pedindo tolerância – sem dizer para quem.

Restou provado para os que não toleram Dilma que eles não precisam atrair muita gente para constranger Dilma.

Qualquer meia dúzia de pessoas será suficiente para incomodar Dilma. E inflar a bolha que a protegerá doravante.

 

Publicado aqui, no Blog do Noblat

 

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