Aqui, na democracia irrefreável das redes sociais, postei um poema virgem de festival ou publicação, em atendimento ao pedido do poeta, produtor cultural, artista multimídia e professor Artur Gomes. Num distante 1992, numa edição do FestCampos de Poesia, no qual acabei tirando primeiro e segundo lugares, realizado no hoje abandonado anfiteatro do Parque Alberto Sampaio, Artur foi o primeiro intérprete dos meus versos. E isto é mais que muito. Não por outro motivo, neste domingo, dia mais dado às possibilidades de contemplação, republico abaixo o poema, escrito em Atafona, logo após ter metido o pé na estrada numa inesquecível viagem de carro, paradeira de ida e volta, até Salvador (BA):
budiões e baianas
criados como crianças
azuis
por parte de céu
e mar
budiões bailavam ciranda
ciosos de mim
seus bicos de papagaio
imitavam silêncios
na babel sustenida
e o estalo das vagas
no palato das pedras
vorazes por algas
as tartarugas, não
— distintas dos budiões
elas eram budistas:
pastavam serenas
arando mesuras
com nadadeiras espátulas
abr’olhos!
advertiam os lusos
em luzes adivinhas
ao há de vir
abdicado das gueixas
por iemanjá como quenga,
vesti guelras na vista…
colori os corais
corei coralinas
e cruzei com sereias
que deram cria
um raio de sol
oblíquo
foi o obstetra
atafona, 29/01/07
Isto caiu muito bem, lido na tarde de domingo, ouvindo “Jóia”, com Maurício Einhorn: combinação mais que perfeita!Obrigado.
Caro Savio,
Obrigado a vc, pela generosidade.
Abç e bom início de semana!
Aluysio