Morreu na manhã de hoje, aos 74 anos, o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano. Ele teve complicações decorrentes de um câncer de pulmão, diagnosticado em 2007, e estava internado no Centro de Assistência do Sindicato Médico do Uruguai, em Montevidéu, desde sexta-feira. Autor de mais de 50 livros, se notabilizou como referência da esquerda latino-americana e mundial com o livro “As veias abertas da América Latina”, considerado um clássico da literatura política do continente e publicado pela primeira vez em 1971.
Sua obra, no entanto, que mais me marcou, foi “Futebol ao sol e à sombra”. É o melhor livro que já li sobre futebol, escrito na tabela entre pesquisa e paixão profundas pelo esporte. Enquanto seu ideário político se tornou anacrônico com o passar dos anos, sobretudo após a queda do Muro de Berlim, em 1989, e da falência mais recente do bolivarismo na América Latina, incluindo seu congênere lulopetista no Brasil, “Futebol ao sol e à sombra” não envelheceu nem do primeiro ao segundo tempo de jogo, permanecendo atualíssimo. Nele, seu autor sobreviverá enquanto houver neste planetinha em forma de bola alguém apaixonado por futebol, capaz de encará-lo como arte e representação, no sentido grego, da tragédia humana. Por apenas R$ 19,90 pode ser adquirido aqui.
Abaixo, na definição de Galeano sobre futebol, uma pequena mostra do livro:
“A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. Ao mesmo tempo em que o esporte se tornou indústria, foi desterrando a beleza que nasce da alegria de jogar só pelo prazer de jogar. Neste mundo do fim de século, o futebol profissional condena o que é inútil, e é inútil o que não é rentável. Ninguém ganha nada com essa loucura que faz com que o homem seja menino por um momento, jogando como o menino que brinca com o balão de gás e como o gato brinca com o novelo de lã: bailarino que dança com uma bola leve como o balão que sobe ao ar e o novelo que roda, jogando sem saber que joga, sem motivo, sem relógio e sem juiz.
O jogo se transformou em espetáculo, com poucos protagonistas e muitos espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou num dos negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado, mas para impedir que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi impondo um futebol de pura velocidade e muita força, que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia.
Por sorte ainda aparece nos campos, embora muito de vez em quando, algum atrevido que sai do roteiro e comete o disparate de driblar o time adversário inteirinho, além do juiz e do público das arquibancadas, pelo puro prazer do corpo que se lança na proibida aventura da liberdade”.
Exemplo esculpido por Fídias desse “corpo que se lança na proibida aventura da liberdade”, o gol mais lindo entre todos os que vi em meu tempo de vida, bem como antes dela registrados em vídeo, foi marcado por Zico, já aos 40 anos, para selar a vitória do seu Kashima Antlers, time no qual o eterno camisa 10 do Flamengo introduziu o futebol no Japão, contra o Tokoku Sendai, na disputa da Copa do Imperador de 1993. Em seu livro, Galeano definiu o “gol escorpião”, como o lance ficou conhecido, de maneira tão genial quanto o craque dos campos:
— Contem-me como foi esse gol — pediam os cegos.
Quem tem a sorte de enxergar, confira abaixo a incapacidade de explicá-lo a quem tem vistas deitadas à sombra:
Atualizado às 13h08
MORREU NESTA SEGUNDA-FEIRA O ESCRITOR URUGUAIO EDUARDO GALEANO, AUTOR DAQUELA GRANDE DROGA CHAMADA “VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA”. ELE PRÓPRIO ACABOU RECONHECENDO QUE AQUILO CONTAVA UM MONTE DE MENTIRAS. RESUMO: NÃO PASSOU MESMO DE UMA OBRA DE DOUTRINAÇÃO ANTI-IMPERIALISTA MUITO DA VAGABUNDA.
Por Eduardo Galeano (outraspalavras.net)
“O medo ameaça: se você ama, terá Aids; se fuma, terá câncer; se respira, terá poluição; se bebe, sofrerá acidentes; se come, terá colesterol; se fala, terá desemprego; se caminha, terá violência; se pensa, terá angustia; se duvida, terá loucura; se sente, terá solidão.
Para ter fôlego, é preciso ter desalento. Para levantar tem que saber cair. Para ganhar tem que saber perder. Temos que saber que assim é a vida e que você cai e levanta muitas vezes. Alguns caem e não levantam nunca mais, geralmente os mais sensíveis, os mais fáceis de se machucar, as pessoas que mais dor sentem ao viver. As pessoas mais sensíveis são as mais vulneráveis.
Em contrapartida, esse filhos da puta que se dedicam a atormentar a humanidade, vivem vidas longuíssimas, não morrem nunca, porque não têm uma glândula, que é bem rara e que na verdade se chama consciência. É a que nos atormenta pelas noites”.
Galeano só reconheceu que aquele embuste de livro chamado “VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA” era pura falácia e panfleto comunista no final da vida em um gesto de lucidez, e mesmo assim, a esquerda tentou desqualifica-lo ao atrelar o que ele disse a doença, e por isto ele não estaria em suas faculdades mentais, isto demostra que o esquerdismo é uma doença, pois vive me um mundo de ilusão.
Caros José Hercílio e Ronald,
No link desta postagem feito na democracia irrefreável das redes sociais, o portenho caído em Campos Gustavo Alejandro Oviedo escreveu: “Um grande orador e um escritor que marcou época com ‘As Veias Abertas de América Latina’, que foi a Bíblia do esquerdismo durante décadas. Estava errado, é claro, mas eu gostava dele”. Endosso o juízo do argentino sobre o uruguaio, pois aparentemente diferente de vcs, sou capaz de respeitar, gostar e até admirar quem discordo.
Abçs e grato pelas chances ao debate!
Aluysio
Tudo de bom.Tão novo nos deixou.Pena .
Aluysio, não falei lá atrás que pelo tamanho da fixação do meganha esquizofrênico em você, ele queria ser você ou sua puta? Pois é, ontem, quatro dias depois da morte de Galeano, anunciada aqui antes de qualquer outro na blogosfera local, o boçal delirante achou de regurgitar algo sobre o escritor uruguaio e sua obra mais conhecida, As Veias Abertas da América Latina, que o próprio autor, ainda em seu tempo de vida, declarou anacrônica e afirmou que “não releria”. Na pretensão de ser mais real que a realeza, o brogueiro lamacento disse que nunca deixa de reler a obra, após ter a cara de pau de se cobrar, em comentário “anônimo”, o registro tardio sobre a morte de Galeano. Depois, novamente no “anonimato” sem noção de ridículo, se elogiou pelo texto ruim, tão desfasado pelo tempo como a obra mais conhecida do escritor uruguaio. Como você já advertiu mais de uma vez que, se tentasse bater, o beócio alucinado apanharia, como aliás já parece ter virado rotina, fica a pergunta: será que ele gosta??..
Caro Lenilson,
É como definiu com precisão cirúrgica, em artigo publicado ontem, o Nelson Motta: “são os que amam odiar e descarregar sobre qualquer um as suas frustrações, invejas e ressentimentos pessoais, e encontram na selva digital o habitat ideal para exercer os seus piores sentimentos e até encontrar uma motivação ‘nobre’ para eles: o futuro do Brasil… rsrs”. Endosso, sobretudo, os risos… KKKKKKKKKKKKKKKK
Abç e grato pela chance da diversão dominical!
Aluysio