O PSDB não quer o povo ao seu lado. Prefere que ele vá a reboque

O senador Aécio Neves na janela da sua casa em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ (foto de Pablo Jacob - Ag. O Globo)
O senador Aécio Neves na janela da sua casa em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ (foto de Pablo Jacob – Ag. O Globo)

 

 

Jornalista e blogueiro Ricardo Noblat
Jornalista e blogueiro Ricardo Noblat

Por Ricardo Noblat

 

Para efeito do público externo, e para não provocá-lo, o governo adotou a postura humilde de dizer que as manifestações de ontem foram importantes e que serão levadas em conta.

Para consumo interno, o governo celebra, eufórico o número bem menor de pessoas que saíram às ruas para pedir “Fora, Dilma”, “Fora, o PT” e fora outras coisas.

A situação do governo teria se agravado caso o protesto superasse o de 15 de março, que atraiu mais de dois milhões de pessoas. Basta o que a mais recente pesquisa Datafolha constatou.

Apenas 13% dos brasileiros consideram o governo Dilma ótimo ou bom. Algo como 60% deles o reprova. 75% apoiam as manifestações de ruas. 63%, o impeachment da presidente.

Embora menor o número de manifestantes, o protesto atingiu dessa vez um maior número de cidades. Isso significa que a indignação contra Dilma se espalha por todo o país.

Salvo a ocorrência de um imprevisto que se volte contra o governo, a tendência é que os protestos arrefeçam. A maioria das pessoas já disse o que pensa sobre Dilma e seu governo. Para quê repetir?

De resto, a omissão da oposição deixa as multidões órfãs. Movimento algum se mantém aceso à falta de quem o dirija. Nem aqui nem em parte alguma.

O PSDB lançou notas e postou vídeos nas redes sociais convocando o povo para o protesto. Mas ele não deu o ar de sua graça. Os chefes do partido parecem ter medo do povo.

Ao cheiro do povo, o general João Batista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar de 64, disse que preferia o cheiro de cavalo. Ele era um oficial de cavalaria. Gostava de montar.

O PSDB quer o povo a reboque. A seu lado, não. Dá urticaria. No máximo, admite cavalgá-lo.

 

Publicado aqui, no Blog do Noblat

 

 

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Este post tem um comentário

  1. José Hercílio

    FHC acha “grave” fazer oposição e defende amarelada

    Longe do povo, perto do PT: FHC amarelou para o impeachment de Lula em 2005 e agora amarela de novo para o de Dilma Rousseff
    FHC defendeu a amarelada de Aécio Neves e do PSDB nos atos anti-Dilma com as seguintes declarações:

    1) “Os movimentos têm uma dinâmica própria e não foram convocados por partidos políticos. As siglas têm uma responsabilidade institucional.”

    O que isto quer dizer? Nada. O movimento contra o PT precisa justamente de um lado institucional que dê aos manifestantes uma perspectiva de mudança efetiva, ainda que sem cores partidárias.

    Não dá para ficar gritando nas ruas enquanto se espera apenas o resultado das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público.

    Não se muda a política sem a atuação de políticos. O fato de que alguns manifestantes não entendem isso tampouco é razão para opositores “institucionalizados” fugirem da tarefa de se aliar temporariamente a eles em torno de um objetivo comum.

    2) “Se os partidos fossem para as ruas, acho que seria mais grave, porque ia ser tentar instrumentalizar aquilo que não é instrumentalizado.”

    Mais “grave” para quem? Por quê? Qual é o risco? O PSDB teme o que o PT vai dizer? Teme a queda de Dilma, a ascensão do PMDB e o fim do PT? O PT está nas ruas há décadas, “instrumentalizando” todos os movimentos sociais, sem o menor temor da tucanada. FHC entrega aos petistas o monopólio da instrumentalização, como se não fosse possível tampouco encontrar uma forma de apoiar e motivar as massas sem tomar-lhes o protagonismo.

    Deveria ser mais sincero sobre os interesses tucanos.

    3) “É natural que os movimentos exijam mais [dos partidos]. E isso os líderes políticos têm de mensurar, ver o que é possível ou não é possível. Essa permanente tensão entre a rua e a instituição é natural, tem que existir.”

    O que tem de existir é a permanente oposição a um governo corrupto, mentiroso e incompetente – tanto no Congresso quanto nas ruas, tudo junto e misturado, como sabiam os petistas quando estavam do lado de cá.

    Mas todo mundo já sabe que FHC, incurável, acha “grave” fazer oposição.

    http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2015/04/13/fhc-acha-grave-fazer-oposicao-e-defende-amarelada/

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