Crítica de cinema — “Divã a 2” pega carona para o lugar errado

Colyseu

 

 

Divã a 2

 

Mateusinho 2Divã a 2 — Na última sexta-feira (15/05) participei da III Conferência Municipal de Educação de Campos dos Goytacazes, no Eixo I – garantia do Direito à Educação de qualidade. Debatíamos sobre o cumprimento da lei 13.006/14 que obriga a utilização de, no mínimo, 2h/mês de produção audiovisual nacional, como ferramenta pedagógica nas escolas de educação básica, quando uma participante se manifestou contra e me perguntou se realmente eu teria coragem (?) de exibir filmes nacionais para meus alunos.

Até hoje o cinema nacional é vitima desses preconceitos, apesar de hoje, já não ser mais o mesmo que fora na década de 70, quando apostava no erotismo das pornochanchadas como modo de conseguir público e não tinha técnicos e nem equipamentos de qualidade. Fora que, se a referida moça for campista, sua geração passou infância e juventude com poucas e péssimas opções de salas de exibição e produções  cinematográficas — Cine Capitólio com filmes pornôs e de kung fu e as duas salas minúsculas do Turf Centro com seu lendário porteiro antipático e sem isolamento de som —, contribuindo para a falta de informação e desinteresse pela produção nacional.

Contribuição recente para esse desinteresse dá a Total Entertainment quando lança a comédia dramática “Divã a 2”, dirigido por Paulo Fontenelle — de “Se eu fosse você” (2013) e “Se puder…dirija”(2012) —  que força a barra e tenta pegar carona no sucesso de “Divã” (2009), que com texto original de Martha Medeiros, autora do livro homônimo  e estrelado por Lilia Cabral, levou cerca de 1,8 milhão de espectadores aos cinemas para conferir as desventuras de Mercedes, uma quarentona, com a vida estabilizada, resolve ir ao analista.

Até a identidade visual do cartaz é uma quase cópia do filme original , visando claramente a levar o público ao erro.

No elenco da produção atores globais  como a linda morena Vanessa Giácomo — “Jean Charles” (2009) e “Solidões”(2013) — como Eduarda. Rafael Infante — “Muita calma nesta hora 2”(2013), “Viral” e “Refém”(2014) — é Marcos. Marcelo Serrado — “Crô – O filme”(2013), “Rio eu te amo”(2013), “Gabriela”(2012) — como Léo, Totia Meirelles como Cristina, a mãe protetora, além de Fernanda Paes Leme — “O Homem que Desafiou o Diabo”(2007) — que, em excelente forma, convence como Isabel, ensandecida sexual  e melhor amiga da protagonista. O que falar sobre as participações especiais (?) de Fiuk e Maurício Mattar? Vergonha alheia.

A trama lotada de clichês e,  fórmulas batidas, piadas fracas e situações cômicas mal trabalhadas  fica devendo como comédia. Nem o talento de Vanessa Giácomo consegue salvar o casal de protagonistas, já que Rafael Infante não chega a ter cacoete para drama.

O destaque positivo é a qualidade de imagem e som que confirma a melhora de nossas produções nos últimos anos.

Não é filme para ser lembrado ou indicado. Que a companheira da conferência fique tranquila.

Seguro que não exibiria para nossos alunos.

 

Mateusinho viu

 

Publicado hoje na Folha Dois

 

Confira o trailer do filme:

 

 

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