TOMORROWLAND — Um mundo perfeito: sem guerras, distrações, políticos que possam atrasar a evolução de um espaço. Sem problemas relacionados ao meio ambiente e, também, a questões sociais. Um local em que as pessoas possam viver plenamente e agir em prol da Terra, contribuindo para o seu desenvolvimento. Esta é a realidade desejada no filme “Tomorrowland – Um lugar onde nada é impossível”, do diretor norte-americano Brad Bird (“Os incríveis, 2004; “Ratatouille”, 2007; “Missão impossível – Protocolo fantasma”, 2011). Em comum com as atuais circunstâncias do mundo real, aspectos políticos e conflitos humanos permeiam o filme, destinado ao público infantil, mas recomendado, também, aos adultos.
Em Tomorrowland, uma terra na qual as pessoas possuem conhecimentos acerca do passado, presente e futuro. Casey Newton (Britt Robertson), adolescente cujo pai é engenheiro da Nasa, tem interesse por ciências. Após atacar patrimônios do governo, a jovem é presa. Na saída, entre seus objetos pessoais, ela encontra um PIN — uma espécie de broche — que não lhe pertence. A partir desse PIN, Casey começa a ter visões de outra dimensão, até que a bateria do pequeno aparelho eletrônico chega ao fim.
Em sua busca para consertá-lo, a menina é vítima de armadilhas até conseguir encontrar novamente o local que deseja. Para isso, ela necessita da ajuda de Athena (Raffey Cassidy) e de Frank Walker (George Clooney), que esteve em Tomorrowland durante anos da sua infância, mas foi expulso da dimensão e interpreta a realidade de forma negativa, em oposição ao comportamento positivo de Casey.
Em cena, a união de atores consagrados e novatos chama a atenção dos espectadores. George Clooney e Hugh Laurie, que interpreta o governador vilão David Nix, interagem em nível semelhante com Britt Robertson e Raffey Cassidy, sendo esta, surpreendentemente, o maior destaque da produção norte-americana. A inglesa, de 12 anos, com expressões firmes e entrega ao texto e às cenas, toma plenamente o cenário com interpretação de qualidade, levando o espectador a mergulhar nas partes em que sua personagem aparece. Nas sequências em que atua com o veterano Clooney, Cassidy se destaca pelo brilhante trabalho de atriz e por se tornar tão grande quanto o veterano ator.
Os cenários que compõem “Tomorrowland — um lugar onde nada é impossível” remetem a filmes futuristas, tanto estrangeiros, como “Blade Runner — O caçador de andróides” (1982, dirigido por Ridley Scott) e “Nosso Lar” (2010, de Wagner de Assis — o longa-metragem, apesar do viés espírita, apresenta uma realidade com construções arquitetônicas e aspectos de futuro e tecnologias além das existentes no mundo atual). O dinamismo cênico torna mais agradável e atraente o roteiro, que, se criado a partir de artefatos mais simples, teria mais aspectos repetitivos e negativos do que positivos.
Embora a aventura seja voltada principalmente para o público infantojuvenil, o filme traz, breve e suavemente, questões políticas, sociais e ambientais ao debate — apesar de rapidamente citados em determinados trechos da história. Para livrar Tomorrowland de abusos humanos, o governador David Nix, papel interpretado por Hugh Laurie, se mantém a favor da destruição da Terra, mandando para ela homens que possam fazer com que a dimensão do futuro não seja descoberta. Ele crê que a condenação do planeta esteja ligada ao descaso de seus habitantes que, cientes de todo o mal que causam a si mesmos e à natureza, prosseguem com afã de dar continuidade a seus sonhos e objetivos.
O vilão afirma que “as pessoas são movidas pela selvageria”. Problemas como epidemias, obesidade, fome, catástrofes são apresentados, em “Tomorrowland”, como consequências do mau comportamento dos humanos, possibilitando que o público — crianças, jovens e adultos — reflita sobre os rumos que tem seguido o Planeta Azul e possa evitar ações nocivas que, diariamente, colaboram para os males terrestres.
Publicado hoje na Folha Dois
Confira o trailer do filme: