Crítica de cinema — Emoções animadas para toda a família

Colyseu

 

 

Divertida mente

 

Mateusinho 4DIVERTIDA MENTE — A vida apresenta constantemente situações que obrigam a pessoa a lidar com suas emoções. Há eventos mais carregados emocionalmente do que outros, mas mesmo eventos simples do cotidiano são tonalizados emocionalmente. O desenvolvimento da habilidade para regular as próprias emoções é uma consequência da socialização, sendo essencial para que a criança possa aderir aos valores e padrões de convivência social. Diversas pesquisas constataram que a conversação sobre experiências emocionais entre os pais e a criança pequena tem uma função estratégica no desenvolvimento de sua habilidade para identificar, compreender e expressar emoções. Resultados de pesquisas têm mostrado que a criança desenvolve um modelo para avaliar sua experiência, aprende a lidar com as emoções que a acompanham e desenvolve uma compreensão sobre si mesma durante o relembrar conjunto com seus pais das experiências vividas por ela.

Passa por aí o argumento do novo longa-metragem (94 min.) de animação da Pixar Animation Studios, “Divertida mente” (“Inside Out”, originalmente), lançado na última quinta-feira (18/06). O filme da mega produtora de animação digital  da Walt Disney Company chegou para amenizar um pouco o desgaste com as críticas de que só realizavam ultimamente produções menores e continuações de antigos sucessos.

Com argumento e roteiro muito interessantes desenvolvidos pelo trio Peter Docter, Meg LeFauve e Josh Cooley, com direção da dupla Peter Docter (Oscar com “Up — Altas Aventuras”) e o estreante Ronaldo Del Carmen. O filme gira em torno da mente de uma garota pré-adolescente (11 anos), Riley, tendo como grandes protagonistas as cinco emoções responsáveis por conduzir sua vida: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho. Cada emoção possui cor e temperamentos próprios, claramente infantilizados para facilitar a compreensão do público menor, mas ainda assim com um tanto de profundidade. Desenvolveram a personalidade de cada uma delas, e buscaram meios para tornar concreto e viável algo que não é palpável. E conseguiram com muita criatividade.

Na trama a pré-adolescente norte americana, nascida e criada em uma pacata e tranquila cidade de Minnesota, onde adora jogar hóquei no gelo, é obrigada a se mudar com o pai e a mãe para uma metrópole como São Francisco, repleta de casas monocromáticas, antigas e malcuidadas.

A partir daí entra em cena uma espécie de central de emoções para tentar ordenar sua vida com a estrela Alegria (Amy Poehler/Miá Mello), que comanda o restante das emoções e cuida para que nada saia errado, a lágrima Tristeza  (Phyllis Smith/Katiuscia Canoro), a chama Raiva (Lewis Black/Léo Jaime), o brócolis Nojo (Mindy Kaling/Dani Calabresa) e o nervo exposto Medo (Bill Hader/Otaviano Costa). A dublagem para português na animação, quando bem realizada, não faz tanta falta o som original.

Com destaque para o relacionamento entre a Alegria e a Tristeza, a animação é muito prazerosa de assistir. Uma ótima oportunidade para toda família, na medida em que não é profundo demais para as crianças e nem tão infantil para os adultos.

Não foi à toa que foi o filme mais aplaudido após a sessão no Festival de Cannes 2015.

 

Mateusinho viu

 

Publicado hoje na Folha Dois

 

Confira o trailer do filme:

 

 

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