Crítica de cinema — Reminiscências: animação japonesa atinge memória afetiva

Bagdá Café

 

DRAGON BALL Z

 

Mateusinho 4DRAGON BALL Z: O RENASCIMENTO DE FREEZA — O retorno a um passado, recente ou não, é um dos maiores benefícios proporcionados pela arte. A literatura, por meio das palavras, que podem ser consultadas a quaisquer momentos, e o cinema, com imagens e histórias que podem ser vistas, revistas ou reinventadas. O filme japonês “Dragon Ball Z: o renascimento de Freeza” é um dos longas-metragens que possibilitam a revisitação à obra japonesa, composta de mangá e anime, produzidos entre os anos 80 e 90 e transmitido, nas televisões brasileiras, até os anos 2000. Dirigido por Tadayoshi Yamamuru, a animação traz novos aspectos sobre a história, que gira em torno do protagonista Goku e seus feitos heroicos nas diferentes sagas que compuseram o desenho produzido no Japão.

No longa-metragem recém-lançado, o vilão Freeza — a quem foi dedicada uma saga do anime — renasce após os seus soldados reunirem as esferas do dragão da Terra (que trazem Shenlong para a realização de um desejo) e criarem uma câmara regeneradora. O antagonista volta para o planeta com o objetivo de se vingar de Goku. O guerreiro, que pertence à raça sayajin, se preparava em outra dimensão, junto a Vegeta, para aumentar seus poderes. Ambos possuem, devido ao treinamento, a capacidade de transformação super sayaijin com poderes de deuses. Ao retornarem, os dois encontram o inimigo, ainda mais poderoso, preparado para a revanche.

Alguns dos personagens mais conhecidos, como Gohan, Piccolo, Kuririn, Androide 18, Bulma, Tenshinhan e mestre Kami, reaparecem no filme. O foco em confrontos e conflitos, típico de desenhos japoneses, é repetido em “O renascimento de Freeza”, permeado de momentos de humor, como as discussões e brigas de ego de Goku e Vegeta, características presentes em toda a série. Apesar da mesma fórmula, o enredo se difere do que era apresentado nos episódios do anime, que, mesmo com diversas sagas, não esgotou a possibilidade de inovações em cima do que já havia sido construído. O filme se passa em uma nova era, não apresentada no desenho, após a derrota de Majin Boo (vilão cuja saga é tida como uma das melhores produzidas).

“O renascimento de Freeza” trouxe novamente para os fãs de “Dragon Ball Z” o encontro com personagens animados, mantendo a essência do projeto. Em 2009, o lançamento de “Dragon Ball Evolution”, com atores, fugindo à ideia de animação, descaracterizou a série japonesa pela formatação. Do filme norte-americano, do chinês James Wong, participaram Justin Chatwin, Emmy Rossum, Jamie Chung, James Masters, Chow Yun-Fat e Eriko Tamura. Na época, os fás ficaram indignados com mudanças na história, como a ausência de Kuririn, amigo do protagonista Goku e fundamental para o desenvolvimento do roteiro do anime. Em 2013, com “Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses”, dirigido por Masahiro Hosoda, foram resgatados os traços do desenho animado nas telas de cinema, dando maior autenticidade à criação.

Acima de quaisquer outros aspectos, “O renascimento de Freeza” proporciona um reencontro com o passado e sentimentos de nostalgia. A possibilidade de novas criações a partir da história japonesa, em fios deixados soltos para construções futuras em longas-metragens, é uma forma de manter, em quem cresceu acompanhando as sagas, um vínculo com a infância e a adolescência a partir da ficção. E, neste ponto, o filme realiza bem a função de entretenimento por ser uma das melhores maneiras de retornar a tempos remotos.

 

Mateusinho viu

 

Publicado hoje na Folha Dois

 

Confira o trailer do filme:

 

 

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