Irmão de Neivaldo convoca amigos para retomar buscas no sábado

Neivaldo Paes Soares, em seu antigo bar no Pontal de Atafona, que depois seria destruído pelo mar (reprodução do facebook)
Neivaldo Paes Soares, em seu antigo bar no Pontal de Atafona, que depois seria destruído pelo mar (reprodução do facebook)

 

Se as buscas pelo comerciante Neivaldo Paes Soares, o “Bambu”, de 54 anos, desaparecido desde o 21 de junho na foz do rio Paraíba do Sul, foram encerradas oficialmente ontem, como a Folha Online noticiou aqui, o mesmo não se pode dizer da sua família e amigos. Seu irmão, o também comerciante Élvio Paes Soares, o “Estranho”, está convocando todos que queiram ajudá-lo a fazer uma varredura na ilha do Peçanha, onde Neivaldo residia e para onde ele estava indo, quando foi visto pela última vez, guiando sozinho sua canoa a motor, saindo do cais do restaurante do Ricardinho, ao lado da Igreja Nossa Senhora da Penha. No mesmo local, às 10 da manhã do próximo sábado, dia 4 de julho, os amigos de Neivaldo se reunirão para irem em embarcações até o Peçanha, onde as buscas acontecerão até o pôr do sol.

Embora testemunhas tenham visto Neivaldo sem salva-vidas, caindo do barco quatro vezes e tendo dificuldades para ligar o motor de popa da canoa, seu irmão acredita na tese de assassinato. Em primeiro lugar, porque a porta da frente da casa de Neivaldo no Peçanha estava aberta, e ele sempre a deixava fechada quando se ausentava. Élvio ainda lembrou que, antes de desaparecer, Neivaldo tinha se envolvido em confrontos físicos com outros moradores da ilha. Os pescadores de Atafona também estranham que o corpo não tenha aparecido nestes últimos 1o dias, na foz do Paraíba ou no litoral, mesmo com o fluxo constante de pessoas e embarcações na área e após seis dias seguidos de buscas incessantes.

A Polícia Civil, que esteve na ilha e na casa de Neivaldo só na segunda-feira, 29 de junho, está convocando pessoas a prestarem esclarecimentos sobre o caso na 145ª DP de São João da Barra. Por enquanto nenhuma hipótese está confirmada, nem descartada. O desaparecimento foi constatado após a canoa de Neivaldo, aparecer rodando sozinha na foz do Paraíba, sem o seu condutor, tendo em seu interior uma churrasqueira, carne já assada de churrasco, uma garrafa e latas de cerveja vazias, cigarros de palha fumados pela metade, um saco plástico com mantimentos (farinha, café e açúcar), o telefone celular e uma camisa social preta dobrada, de manga comprida, com R$ 9,00  em notas dentro do bolso.

Segundo testemunhas, Neivaldo estava vestindo a mesma camisa quando saiu do cais do Ricardinho para atravessar a foz do rio numa noite fria de inverno.

 

Saiba mais sobre o caso aqui, aqui, aqui, aqui e amanhã, na edição impressa da Folha da Manhã.

 

Desejo de mudança em 2016 cresce e chega à periferia

(Infográfico de Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
(Infográfico de Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Por Suzy Monteiro, Aluysio Abreu Barbosa e Alexandre Bastos 

Com o governo Rosinha Garotinho (PR) considerado ruim (17,6%) ou péssimo (35,7%) para mais da metade (53,3%) da população campista, na qual 75,2% não aprovam a maneira como o município vem sendo gerido e 77,2% não confiam na prefeita, não é preciso ser especialista em pesquisas para concluir que o eleitor está ávido de mudanças em Campos. Mas como medir esse desejo de ruptura com o mesmo modelo que governa a cidade há 26 anos, desperdiçando no período os bilhões recebidos em royalties, mas ainda assim autorizado numa sessão tumultuada da Câmara a avançar também sobre as receitas futuras, num empréstimo defendido a ferro e fogo pelo secretário de Governo Anthony Garotinho (PR), mesmo condenado por 86,5% do eleitorado — quase nove entre cada 10 campistas? Segundo a mesma pesquisa do instituto Pro4 que revelou todos os números anteriores, através de entrevistas detalhadas com 426 pessoas, entre 18 a 22 de junho, nada menos do que 93,3% dos eleitores querem mudança. E 82% deles exigem que o próximo prefeito mude tudo (45,1%) ou muita coisa (36,9%) em relação ao que os Garotinhos fazem hoje em (ou com) Campos.

Se 11,5% dos campistas disseram querer poucas mudanças do seu próximo governante, enquanto o volume morto de 4,7% expressou desejo pela total continuidade, o que mais marca na nova consulta do Pro4, sobretudo na comparação com a anterior, feita em abril, é a velocidade no desgaste do governo Rosinha Garotinho. Nesse período de apenas dois meses, os que cobram mudança total do sucessor da prefeita avançaram impressionantes 11,3 pontos percentuais: de 33,8%, aos 45,1% atuais.

No mesmo curto espaço de tempo, aumentou também aqueles que querem muitas mudanças do próximo governo municipal: de 32,9% para 36,9%. Revelando o processo de erosão acelerado dos Garotinhos, de abril a junho só diminuíram os campistas que desejam poucas mudanças (de 18,3% para 11,5%) ou a total continuidade (de 11,3% aos minguados 4,7% de hoje) entre Rosinha e quem sucedê-la no cargo.

Pormenorizada em todas as sete Zonas Eleitorais (ZEs) do município, a pesquisa mais uma vez mostra que o desgaste aos Garotinhos não é mais exclusividade da classe média instalada nos bairros centrais de Campos, que historicamente sempre foi refratária ao casal e sua política. Bem verdade que as duas ZEs da chamada de “pedra” apresentam os maiores percentuais dos eleitores que almejam mudança total do governo Rosinha: 67,2% na 98ª (área urbana da Beira Valão em direção a São Fidélis) e 47,8% da 99ª (do Centro em direção à Lapa e ao Turfe Clube).

Entretanto, nas ZEs cujos eleitores lideram os que querem mudar muita coisa do atual modelo político e administrativo instalado na cidade, lideram os 47,4% da 249ª (Turfe em direção ao Jockey Club, Penha, Paeque Aurora e IPS), seguidos pelos 40,8% da 76ª (Guarus do Jardim Carioca ao Parque Prazeres). Na ponta oposta, mas a endossar o mesmo raciocínio, o menor índice entre quem deseja a total continuidade das práticas do governo Rosinha foi registrado no volume morto de 1,3% na 129ª ZE (parte de Guarus em direção a Serrinha, lagoa de Cima e Outeiro). Reduto dos Garotinhos desde sua ascensão ao poder, em 1989, a periferia de Campos hoje é palco do seu desgaste.

 

Vereadores Mauro Silva (PT do B), Nildo Cardoso (PMDB) e Jorge Magal (PR)
Vereadores Mauro Silva (PT do B), Nildo Cardoso (PMDB) e Jorge Magal (PR)

 

Vereadores falam sobre “venda do futuro”

Pesquisa do Instituto Pro4, feita entre os dias 18 e 22 de junho, com 426 pessoas de todas as sete Zonas Eleitorais (ZEs) do município, mostra que 88,5% dos campistas acha que o governo Rosinha Garotinho está errado ao fazer o empréstimo. Apenas 9,6% acreditam que a prefeita está certa, enquanto 1,9% não souberam ou quiseram responder. Os resultados do levantamento sobre a “venda do futuro” foram publicados na edição de ontem da Folha e comentado por vereadores. A “venda do futuro”, como está sendo chamada a autorização à prefeitura para tomar empréstimos dando como garantia os royalties, foi aprovada dia 10.

Líder da bancada governista, o vereador Mauro Silva (PT do B) ressaltou que não conhece os métodos da pesquisa, mas acredita que a população pode não ter sido explicada corretamente sobre a importância da operação.

— Desconheço a metodologia, mas, partindo do princípio que ela esteja certa ou errada, pode ser que tenha faltado à Câmara se expressar da importância dessa operação. Se a gente não equacionar o presente não chegaremos ao futuro. Todos os municípios produtores e 13 estados já estão se movimentando para antecipar os royalties. Ninguém viu outra alternativa. E, talvez, em curto prazo, a população não esteja entendendo — disse.

Líder da oposição, Nildo Cardoso (PMDB) afirmou que os 88,5% refletem o que realmente pensa a população de Campos: “Eles não concordam com essa lei que reflete o desespero do governo em tentar concluir as obras em andamento e as executadas e não pagas. E pior, o governo não vai conseguir banco no Brasil para fazer. Está aparecendo um banco dos Estados Unidos e um europeu para negociar com a Prefeitura. Lá na frente quem vai pagar a conta é o povo”, afirmou.

O independente Jorge Magal (PR) disse: “A pesquisa mostra o retrato do momento. A classe política, de uma forma geral, está muito desgastada. Mas em relação a Campos, podemos dizer que o povão começou a demonstrar a sua insatisfação. Se antes a rejeição era maior na classe média, agora podemos notar que as classes mais populares começam a revelar a insatisfação. Como ando pelos ruas e escuto o povo, posso dizer que essa mudança ocorreu muito rápido”, disse.

 

Crítica de cinema — Reminiscências: animação japonesa atinge memória afetiva

Bagdá Café

 

DRAGON BALL Z

 

Mateusinho 4DRAGON BALL Z: O RENASCIMENTO DE FREEZA — O retorno a um passado, recente ou não, é um dos maiores benefícios proporcionados pela arte. A literatura, por meio das palavras, que podem ser consultadas a quaisquer momentos, e o cinema, com imagens e histórias que podem ser vistas, revistas ou reinventadas. O filme japonês “Dragon Ball Z: o renascimento de Freeza” é um dos longas-metragens que possibilitam a revisitação à obra japonesa, composta de mangá e anime, produzidos entre os anos 80 e 90 e transmitido, nas televisões brasileiras, até os anos 2000. Dirigido por Tadayoshi Yamamuru, a animação traz novos aspectos sobre a história, que gira em torno do protagonista Goku e seus feitos heroicos nas diferentes sagas que compuseram o desenho produzido no Japão.

No longa-metragem recém-lançado, o vilão Freeza — a quem foi dedicada uma saga do anime — renasce após os seus soldados reunirem as esferas do dragão da Terra (que trazem Shenlong para a realização de um desejo) e criarem uma câmara regeneradora. O antagonista volta para o planeta com o objetivo de se vingar de Goku. O guerreiro, que pertence à raça sayajin, se preparava em outra dimensão, junto a Vegeta, para aumentar seus poderes. Ambos possuem, devido ao treinamento, a capacidade de transformação super sayaijin com poderes de deuses. Ao retornarem, os dois encontram o inimigo, ainda mais poderoso, preparado para a revanche.

Alguns dos personagens mais conhecidos, como Gohan, Piccolo, Kuririn, Androide 18, Bulma, Tenshinhan e mestre Kami, reaparecem no filme. O foco em confrontos e conflitos, típico de desenhos japoneses, é repetido em “O renascimento de Freeza”, permeado de momentos de humor, como as discussões e brigas de ego de Goku e Vegeta, características presentes em toda a série. Apesar da mesma fórmula, o enredo se difere do que era apresentado nos episódios do anime, que, mesmo com diversas sagas, não esgotou a possibilidade de inovações em cima do que já havia sido construído. O filme se passa em uma nova era, não apresentada no desenho, após a derrota de Majin Boo (vilão cuja saga é tida como uma das melhores produzidas).

“O renascimento de Freeza” trouxe novamente para os fãs de “Dragon Ball Z” o encontro com personagens animados, mantendo a essência do projeto. Em 2009, o lançamento de “Dragon Ball Evolution”, com atores, fugindo à ideia de animação, descaracterizou a série japonesa pela formatação. Do filme norte-americano, do chinês James Wong, participaram Justin Chatwin, Emmy Rossum, Jamie Chung, James Masters, Chow Yun-Fat e Eriko Tamura. Na época, os fás ficaram indignados com mudanças na história, como a ausência de Kuririn, amigo do protagonista Goku e fundamental para o desenvolvimento do roteiro do anime. Em 2013, com “Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses”, dirigido por Masahiro Hosoda, foram resgatados os traços do desenho animado nas telas de cinema, dando maior autenticidade à criação.

Acima de quaisquer outros aspectos, “O renascimento de Freeza” proporciona um reencontro com o passado e sentimentos de nostalgia. A possibilidade de novas criações a partir da história japonesa, em fios deixados soltos para construções futuras em longas-metragens, é uma forma de manter, em quem cresceu acompanhando as sagas, um vínculo com a infância e a adolescência a partir da ficção. E, neste ponto, o filme realiza bem a função de entretenimento por ser uma das melhores maneiras de retornar a tempos remotos.

 

Mateusinho viu

 

Publicado hoje na Folha Dois

 

Confira o trailer do filme: