Os fins de tarde à beira do cais do restaurante do Ricardinho, ao lado da igreja Nossa Senhora da Penha, em Atafona, diante à foz do rio Paraíba do Sul, costumam ser disputados por aqueles que buscam imagens com suas câmeras. Geralmente, depois que o sol cai, restam apenas a conta a pagar e a despedida a contragosto. Mas só geralmente. Porque às vezes tropeçamos no desabar do que pendia sobre nossas próprias cabeças, enredados até chegar à casa naquilo que imaginávamos, ingenuamente, só buscar no horizonte.
E ficam as fotos e os versos, testemunhas como as crianças de “Pontal fotografia”, poema do Artur Gomes: “Mallarmé passou por aqui”…
teia de antes
a noite quedou sobre o cais do ricardinho,
com a rede no fundo da canoa ancorada.
nas ilhas do rio, até o branco das garças
bateu as asas do dia no escuro das águas.
funcionários recolhiam as mesas do bar,
como a aranha, as vítimas da sua tessitura
de seda espraiada sob a lâmpada do teto,
à marcha de oito patas amarelas e negras.
com a benção da penha, na boca da foz,
afluíram ao outro a aranha e seu gigante,
que só percebeu quando voltava à casa
ter deixado a si malhado na teia de antes.
atafona, 01/06/15
Aluysio
lindo poema, meu caro, de arrepiar
Pontal eternamente Pontal, e por coincidência acabo de postar no face, outro seu, o magnífico conversão para uma atmosfera, agora, além da homenagem ao Kapi, estendemos também à a memória do Neivaldo Paes.
grande abraço
um belo domingo pra ti
Caro Artur,
Repito aqui o que lhe disse na democracia irrefreável das redes sociais: “Como diria Nietzsche véio de guerra: ‘Coincidências não há’. Viva Kapi e Neivaldo! E mt obrigado por sua generosidade!”
Abç fraterno e bom resto de domingo!
Aluysio