FDP! sem montanhas de dinheiro público para valorizar artistas e cultura locais

Ontem, foi a vez do blog publicar aqui o relato sensível do escritor capixava Fabio Bottrel, sobre o Festival Doces Palavras (FDP!). Pois hoje, na face complementar da mesma moeda,  foi a vez do advogado e blogueiro José Paes Neto também analisar o evento, que se estendeu de quarta (23) a domingo (27) da semana passada, mas sob um olhar mais pragmático, seja por confessamente mais atraído pelos doces do que palavras, seja por enxergar a necessidade de manutenção de iniciativas da mesma natureza no intuito de reeducar um público já acostumado com  “shows de qualidade duvidosa, que serviram apenas para tirar milhões de reais da nossa economia”, na política do “pão e circo” desavexadamente encampada pelo governo Rosinha Garotinho (PR) e seu braço direto naquilo que um dia foi a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.

Tanto o texto de Bottrel, quando o de Zé Paes foram publicados na edição de hoje da Folha. Sem mais delongas, passemos abaixo à reprodução também virtual do segundo:

 

 

Belo caldo de doces, palavras, música e artesanato no FDP! (foto de Rodrigo Silveira - Folha da Manhã)
Belo caldo de doces, palavras, música e artesanato no FDP! (foto de Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)

 

 

José Paes Neto, advogado e blogueiro
José Paes Neto, advogado e blogueiro

Doces palavras

 

A questão da cultura em Campos é um tema recorrente em meus artigos, sobretudo para questionar a política de shows milionários que há anos é praticada em nosso município, governo após governo, em detrimento da valorização dos artistas locais. Por isso, não poderia deixar passar a oportunidade de parabenizar os organizadores do Festival Doces Palavras, que terminou no último final de semana, em especial a Associação de Imprensa Campista e a Academia Campista de Letras.

Confesso que para mim os doces foram e são mais atraentes que as palavras, e que minha atenção ao festival se deu muito mais por conta deles. Mas não se pode negar que a mescla entre os dois, somados à música e ao artesanato, deu um belo caldo. Algo completamente diferenciado dos demais eventos artísticos gratuitos que costumam acontecer na cidade.

Não participei de todos os dias do evento, mas do pouco que presenciei, deu gosto de ver, como bem dito (aqui) pelo jornalista Aluysio Abreu Barbosa, a efervescência cultural que tomou conta do entorno da praça do Liceu.

Mas doces e palavras à parte, para mim, o mais importante que fica do Festival é a constatação de que se pode fazer eventos culturais de qualidade, baratos, sem dispêndio de montanhas de dinheiro público e, sobretudo, valorizando os artistas e a cultura locais. Importante notar, também, como a parceria republicana entre governo e iniciativa privada, sem vícios e imposições, pode gerar bons frutos para a administração da nossa cidade.

Como bem salientado por Aluysio, a presença do público poderia ter sido proporcional à efervescência do evento. É curioso mesmo que pessoas ligadas à cultura não tenham comparecido. Mas me parece natural que isso tenha ocorrido. Talvez estejamos cobrando demais de quem durante anos foi privado da cultura local, obrigado a conviver com shows de qualidade duvidosa, que serviram apenas para tirar milhões de reais da nossa economia.

Enfim, foi apenas a primeira edição do festival que, não tenho dúvidas, se consolidará no calendário campista e servirá de estímulo para que outras manifestações culturais locais ganhem espaço no município. Parabéns, uma vez mais, aos organizadores do evento, que nunca desistiram da cultura local.

 

Publicado hoje, na Folha da Manhã

 

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