Ainda este ano, uma amiga muito querida me apresentou ao Leandro Karnal, a partir de um vídeo no qual o historiador e professor da Unicamp fala sobre “Hamlet”. De fato, com a morte recente da crítica teatral Barbara Heliodora (1923/2015), espantei-me com a profundidade dos conhecimentos de outro brasileiro sobre a vida e a obra do inglês William Shakespeare (1564/1616), particularmente sua maior tragédia, a partir da qual o atormentado príncipe da Dinamarca emergiu como grande personagem da dramaturgia ocidental, no diálogo franco e na superação dos mestres gregos da Antiguidade Ésquilo (525 a.C./456 a.C.), Sófocles (497 a.C./406 a.C.) e Eurípedes (480 a.C/406 a.C.).
Não por outros motivos, o psicanalista e ator Luiz Fernando Sardinha exibiria depois, também neste ano, o mesmo vídeo de Karnal e sua brilhante palestra “Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco”, numa dessas prazenteiras quartas-feiras de Cineclube Goitacá. Em longa, mas oportuna sessão dupla, foi na sequência à exibição de “Hamlet” (1990), com o ator estadunidense de ação Mel Gibson impressionantemente bem no papel título, dirigido no cinema pelo italiano Franco Zeffirelli.
Bem, quem quiser conferir a dimensão devida de Shakespeare, assim como a de Karnal, como seu privilegiado intérprete, aconselha-se a investir um hora e 52 minutos da sua vida no vídeo abaixo:
Já quem quiser saber o que um dos maiores intelectuais brasileiros da atualidade tem a dizer sobre intolerância política, religiosa, de gênero e racial, em entrevista dada neste início de dezembro à jornalista Paula Rocha, da revista “Isto É”, num texto que merece ser conferido na íntegra aqui, este “Opiniões” toma a liberdade de destacar abaixo uma elucidativa resposta de Karnal:
— Houve três momentos de forte polarização política na história do Brasil. Entre 1935, com a Intentona Comunista, e 1938, com a Intentona Integralista; em 1964 com o Golpe Militar e agora. A diferença é que, se antes a política era restrita a partidos ou a alguns movimentos, hoje ela está democratizada no sentido numérico. A polarização política está na internet. E isso possibilita que esse ódio transborde do debate político para o ataque a pessoas identificadas como inimigos políticos. Não há ninguém inocente. No passado, o PT polarizou o ódio, ora contra Sarney, ora contra o PSDB. E, assim como o Dr. Frankenstein sofre o ataque de sua criatura, agora esse sentimento se volta contra o PT. O PT é vítima do seu próprio ódio. Além disso, a política brasileira hoje vive de agendas dependentes. O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) depende do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), e vice-versa, porque o discurso de um é determinado pelo discurso do outro. E personalidades que pregam o ódio se destacam mais.
Nem compare os que defendem a Democracia em contraste aos Comunistas. Nós realizamos manifestações democráticas e pacíficas, mas não mais ficaremos calados e paralisados contra aqueles que desejam subverter nosso Brasil verde-amarelo. O PT tem diversas milícias vermelhas prontas para desencadearem a violência contra os bons cidadãos desse país, tipo o MST, CUT, MTST, PCC, CV, CIMI e outras agências que lhes dão verniz de legalidade como OAB, CNBB, ONGS, além dos Órgãos da República totalmente aparelhados como STF, PGR, PETROBRAS entre outros.