Thiago Ferrugem (Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)
“O PR terá candidatura própria à sucessão de Rosinha. Tem que ter. É o maior partido da cidade”.
“O município de Campos não está falido. Quem está falido não paga servidor, não mantém programas sociais”.
“Fogo amigo acontece, faz parte do jogo. Mas muitas vezes é o fogo do inimigo travestido de amigo”.
Sem contornar assuntos polêmicos, sobre governo ou a oposição, Thiago Ferrugem assume sua pré-candidatura à sucessão da prefeita Rosinha Garotinho (PR), de quem é secretário de Desenvolvimento Humano e Social, após ter comandado a Fundação da Infância e Juventude. Jovem, aos 29 anos, ele aposta na renovação, mas também na experiência acumulada nas duas pastas, para “assumir a Prefeitura em 1º de janeiro de 2017 e ajudar o município a sair desta crise que o Brasil está vivendo”. Para saber como e por que, confira a íntegra da entrevista amanhã, na edição da Folha.
Para quem retornasse a Campos, alienígena da sua realidade no último mês, algumas parecem ser as perguntas cujas respostas terão papel fundamental na sucessão da prefeita Rosinha Garotinho (PR). Diante da única certeza de uma eleição em dois turnos, as questões vêm numa dúzia:
1 – Sem a capacidade oligárquica para aglutinar de alguém da família Garotinho, como o candidato governista conterá a deserção dos preteridos no dia seguinte à sua escolha? Será um candidato? Serão dois? E os que não forem?
2 – Dada sua imensa rejeição entre os campistas, Garotinho (PR) vai conseguir não aparecer na campanha para não prejudicar seu(s) candidato(s), como fez em 2008 para que Rosinha (PR) pudesse vencer? E se ele mesmo vier candidato a vereador?
3 – Também a exemplo de 2008, quem será o Paulo Feijó (atual PR) no papel de candidato de apoio à principal candidatura governista, para fazer o trabalho sujo de desconstrução? Virá do governo ou da oposição?
4 – Filiado ao PSDB pelo senador Aécio Neves, o vereador Mauro Silva saiu na frente? O PR tem como não lançar candidato próprio? Garotinho pode preterir o vice-prefeito Chicão Oliveira (atual PP) e depois se explicar com a ex-deputada Alcione Athayde?
5 – O deputado estadual Geraldo Pudim (atual PMDB) conseguirá convencer alguém que não é um Cavalo de Tróia? Ex-aliado de Garotinho (PR), como seu atual padrinho, Jorge Picciani (PMDB), o que os impediria os três de voltarem a ser? E de ainda serem?
6 – Ainda sobre Picciani, quais nominatas já montadas ele irá simplesmente se apossar, de cima pra baixo, visando dar consistência à candidatura de Pudim? Os “possuídos” aceitarão ou exorcizarão a si da nova composição majoritária?
7 – Se o PT nacional e/ou estadual não aceitar(em) o apoio do diretório municipal ao vereador Rafael Diniz (PPS), como e onde caminharão os petistas de Campos, entre eles o vereador Marcão? O quanto Rafael sangraria sem o tempo de propaganda do PT?
8 – E em relação a Arnaldo e Caio Vianna (ambos do PDT)? O ex-prefeito vai concorrer outra vez inelegível ou apoiar o filho? Na primeira opção, qual legenda: PDT ou PEN? Na segunda, Arnaldo conseguiria transferir seus votos a Caio? Hoje, ele quereria isso?
9 – Antes disputado na oposição, o apoio do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que se elegeu batendo Marcello Crivella (atual PSB) com Garotinho em cinco das sete zonas eleitorais de Campos, hoje dá ou tira votos dentro do município?
10 – Fortalecidos pelos movimentos desta semana, os vereadores Alexandre Tadeu (PRB) e Gil Vianna (PSB) voltaram ao jogo. Mas vão até o fim? E o deputado João Peixoto (PSDC), o vereador Nildo Cardoso (PSD) e o ex Rogério Matoso (PMB)?
11 – Com um governo estadual que parcela 13º do servidor, e o governo federal zumbi de Dilma Rousseff (PT), de onde virá o aporte financeiro à oposição? Quais compromissos serão firmados para consegui-lo? É possível fazê-los e mudar a maneira de governar?
12 – A fogueira de vaidades da oposição, sempre muito mais ardente para si do que ao eleitor, não queimará ainda no primeiro turno as pontes necessárias para se vencer no segundo?
Publicado hoje na Folha e baseado em postagem anterior, feita aqui
Desperdício dos royalties do petróleo na capa de hoje de O Globo (reprodução)
Por Bruno Rosa
CAMPOS DOS GOYTACAZES, MACAÉ, QUISSAMÃ e RIO DAS OSTRAS – A exemplo do Estado do Rio de Janeiro — que não soube aproveitar a herança gerada pelos recursos oriundos do petróleo —, as cidades do Norte Fluminense vêm sofrendo com a pouca diversificação de suas economias e, hoje, têm de lidar com pesados cortes no orçamento. Dilemas realçados pelo legado de maus investimentos feitos nos últimos quinze anos, definidos por um prefeito da região como “ufanistas”. Em 1999, logo após a abertura do setor de petróleo, os municípios do Estado do Rio receberam R$ 222,7 milhões em royalties e participações especiais. O número saltou quase 2.000% e, em 2014, chegou a R$ 4,654 bilhões, em valores correntes. Com a queda do preço do petróleo no mercado internacional e a crise da Petrobras, a farra dos royalties perde fôlego. No ano passado, a arrecadação caiu 35% para R$ 3,022 bilhões, segundo dados da InfoRoayalties, com base na Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Elefante da Cidade da Criança, a “Disney de Campos”, um dos elefantes brancos do governo Rosinha, ilustra a matéria (reprodução)
Com menos recursos em caixa, ainda prevalecem sinais dos tempos de gastança, como a recém-inaugurada Cidade da Criança em Campos dos Goytacazes, chamada na região de “a Disney de Campos”. O empreendimento poderá um dia se juntar à famosa e polêmica calçada de porcelanato em Rio das Ostras e ao parque recreativo de Macaé. Hoje, o retrato da crise se faz presente nos dois projetos, inaugurados há mais de dez anos: o abandono.
Só quem chega na Praça Alzira Vargas, no centro de Campos, entende a dimensão do novo parque, que consumiu investimentos de cerca de R$ 17 milhões da prefeitura e começou a ser desenvolvido há cinco anos. O parque ocupa um quarteirão inteiro. São prédios coloridos, com muitos animais na decoração — como estátuas de elefante e urso panda —, assentos no formato de cachorro-quente e maçã, cascata de água e piso que absorve o impacto para as crianças não se machucarem. Desde que foi inaugurado, o horário de funcionamento está em ritmo de soft opening: das 18h às 22h. Em operação desde dezembro, o empreendimento divide a opinião de moradores.
— Dá uma dinâmica para a região — afirma a estudante Thais Ferreira, de 26 anos. — Mas a educação básica aqui é precária. O transporte também é ruim para as áreas mais afastadas — pondera.
José Novaes Alvez, de 72 anos, mora próximo do parque e diz não entender o projeto:
— O dinheiro dos royalties não está sendo bem aplicado. O Sambódromo é outro exemplo. A gente nem carnaval tem mais. O saneamento básico, por exemplo, é nota zero.
Com 76 funcionários, o parque não é gratuito para maiores de 13 anos. O preço do bilhete vai de R$ 2,50 a R$ 5. A “taxa simbólica”, segundo Wainer Teixeira de Castro, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Campos(Codemca), tem o objetivo de tornar o parque um empreendimento sustentável financeiramente até o fim do ano. Castro afirma que reage às críticas com naturalidade. Segundo ele, o parque tem “missão pedagógica”, pois terá dois salões que serão usados por alunos da rede pública.
— Isso vai trazer um enriquecimento curricular. Mas as críticas fazem parte da cidadania. O projeto nasceu em 2011, quando não tinha crise de royalties. Talvez, se fosse hoje, a decisão seria outra. Quem vem aqui fica apaixonado — diz ele, lembrando que em média o parque recebe mil pessoas por dia, sendo que a capacidade do empreendimento é para dois mil visitantes.
Para especialistas, a cidade poderia ter destinado os R$ 17 milhões a investimentos em setores prioritários, como saúde e saneamento. Para Renato Cesar Siqueira, da ONG Observatório de Controle do Setor Público, o espaço é um mau exemplo de uso do dinheiro público. Ele cita outros empreendimentos, como o Sambódromo e o Palácio da Cultura, em reforma há anos:
— Foi um gasto desnecessário. A cidade tem necessidades fundamentais, como melhorar a infraestrutura, o transporte público. Os municípios foram irresponsáveis com o uso dos recursos. Ficaram escravizadas pelos royalties.
Atualização às 10h58: O primeiro a reproduzir a matéria de O Globo na blogosfera goitacá, aqui, foi o jornalista Ricardo André Vasconcelos. Na Folha Online, o primeiro a segui-lo, aqui, foi o jornalista Alexandre Bastos.
Atualização às 20h51: Secretário de Governo de Rosinha, Anthony Garotinho respondeu aqui à matéria de O Globo.
Carlos Alexandre de Azevedo Campos tem se firmado como um dos melhores advogados tributaristas não só da Campos que leva no nome, mas do Estado do Rio. Foi nesta condição que atuou como assessor do ministro Marco Aurélio de Mello, no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, antes de retornar à cidade e fazer uma constatação aqui, na democracia irrefreável das redes sociais, na noite de ontem, que parece óbvia a todos os que desejam mudanças nos rumos do município, menos àqueles da oposição que se apresentam para liderá-las:
A amizade assumida com Wladimir Garotinho (PR) não impede Rogério Matoso de afirmar publicamente uma opinião corrente: o governo Rosinha (PR) faliu Campos. O ex-vereador e pré-candidato a prefeito pelo PMB cobra essa mesma independência da oposição, ao argumentar que esta critica a administração municipal, mas silencia diante aos governos estadual e federal, que considera tão ruins quanto. Ao admitir a fogueira de vaidades na oposição da qual faz parte, ele se diz aberto ao diálogo, desde que este não se dê com “muita boca e pouco ouvido”.
Ex-presidente da Câmara e pré-candidato a prefeito Rogério Matoso (foto: Folha da Manhã)
Governo Rosinha — Um governo falido! Entrará para a história por ser o primeiro governo a decretar a falência econômica do município; a dizer que está quebrado. Caótico!
Saúde Pública — Péssima! Ainda falta convocar gente do PSF (Plano de Saúde da Família), do concurso de 2008 feito pelo então prefeito Mocaiber. Rosinha barrigou em seus primeiros anos de governo, até que Nahim (DEM), como prefeito interino, e eu, como presidente da Câmara, o aprovamos em 2012. Faz muita falta, sobretudo na prevenção de doenças. Hoje, falta prioridade, Enquanto temos o Cepop, o Hospital da Baixada (São José) nunca termina as obras. Agora, chegamos ao absurdo dos prestadores de serviço do HGG, gente que vive do seu salário, terem que fazer vaquinha para comprar ar condicionado para a pediatria do hospital.
Candidato do governo — Não consigo identificar ninguém. Se vai ter um, se vai ter dois, ainda não apareceu nenhum. Talvez seja uma mula sem cabeça. Quando se fala em Chicão (PP) ou Paulo Hirano (PP), temos que lembrar que foram eles que estiveram à frente da Saúde da qual estávamos falando há pouco. Mauro é um sujeito bom, mas está sem partido (se filiou ontem, horas após a entrevista, ao PSDB). As questões têm que ser bem definidas.
Oposição — Tem seu papel. Mas quando a gente vê também um governo estadual no qual a educação não funciona, com a Escola Agrícola (Antônio Sarlo) parada, o Liceu parado; com problemas para pagar bombeiros, PMs e professores; e você não vê uma oposição com independência para reivindicar ao governador em nome da população, temos que questionar que papel é esse. A própria venda do futuro por Rosinha e Garotinho (PR), que foi ostensivamente criticada pela oposição, não mereceu nenhuma palavra quando feita por Pezão (PMDB). E o governo de Dilma? Prometeu em campanha que não ia mexer na conta de luz com a qual sangra tomo mês o cidadão, o comércio. Aparelharam o Estado para controlar de forma ditatorial o Brasil. E roubalheira generalizada na Petrobras, que afeta diretamente o coração de Campos? Os governos estadual e federal são tão ruins quanto o de Rosinha. A crítica não pode ser seletiva.
Governista travestido de oposição — É um papel horrível. Mas eu não vou ficar pautando minha atuação em relação ao adversário. Acho que a gente tem que ser coerente na crítica, sem ser seletivo. A liberdade de expressão tem que ser exercida com independência.
Amizade com Wladimir — Sempre foi meu amigo, mas nunca caminhei com ele politicamente. Acho que temos que falar de projetos, não de pessoas. Consigo respeitar a amizade, mesmo quando tenho opiniões divergentes. O governo da mãe dele é muito ruim. Campos precisa ir mais longe. Mas nossa batalha se dá nas ideias, não entre pessoas.
Diálogo — Na hora certa, vai acontecer. A oposição ainda tem que conversar muito. Não me nego a conversar com quem mais está na oposição. A gente só não pode achar que vai se unir em torno de um adversário comum. Temos que ser mais.
Fogueira de vaidades — Existe! A gente tem que falar o que realmente acontece. Para debelar suas chamas, temos que ter equilíbrio, nos reunindo em torno de um plano, de maneira coerente. Estou aí para conversar, mas desde que esteja todo mundo de guarda baixa. O que não pode é ser muita boca e pouco ouvido.
Ex-vereador e pré-candidato a prefeito Rogério Matoso (foto de Silésio Corrêa – Folha da Manhã)
“O governo de Rosinha entrará para a história por ser o primeiro a decretar a falência econômica do município”.
“A oposição tem seu papel, mas a crítica não pode ser seletiva. Os governos estadual e federal são tão ruins quanto o de Campos”.
“Estou aberto a conversar com os demais da oposição. Só não podemos achar que basta a união em torno de um inimigo comum”.
Sem fugir da polêmica, para saber o que Rogério Matoso (PMN) pensa sobre estes e outros assuntos relevantes ao município neste ano eleitoral de 2016, confira amanhã na Folha a íntegra da entrevista com o jovem ex-presidente da Câmara de Campos e hoje pré-candidato a sucessão da prefeita Rosinha Garotinho (PR).