Por Vitor Menezes (*)
Tudo bem. Esqueçamos os argumentos jurídicos. Eles não parecem mesmo fazer sentido nesta etapa dos acontecimentos. Há quem diga que é um golpe. Há quem diga que não é. Paciência. Mas tratemos então a coisa sob o ponto de vista político: será realmente prudente, produtivo para o futuro, de contribuição para a democracia, que o Brasil derrube uma presidente que, a despeito de todo o mau cenário econômico e impopularidade, mantém base social forte e ainda é capaz de mobilizar militância para ocupar ao menos um dos lados daquele icônico muro de lata em frente ao Congresso Nacional?
Ainda que desconsiderássemos os 54 milhões de votos conferidos a ela — e isso não é algo que se faça, mas vá lá —, não seria uma violência institucional contra os que ainda a apoiam? Vale a pena passar um rolo compressor sobre esta, digamos, minoria de milhões? Qual o custo político disso? Que país cindido estaremos fabricando?
Quando o ex-presidente Fernando Collor foi apeado do poder, também politicamente, pois ninguém estava realmente preocupado com aquela história de Fiat Elba, não contava com sustentação política alguma. Havia sido um candidato fabricado pela Globo e por um partido nanico. Não tinha lastro. Por ironia da história, uma das últimas vozes a defendê-lo — não a Collor pessoalmente, mas à instituição da Presidência da República — foi o então governador do Rio, Leonel Brizola, que em nada afinava com ele em termos ideológicos, mas provavelmente em seus ouvidos ressoavam aqueles rumores dos tempos que depuseram João Goulart.
Talvez por ingenuidade, costumo acreditar que setores responsáveis da política pensam nestas coisas, quaisquer que sejam seus lados. Nos anos 90, por exemplo, identificava vozes assim tanto no PSDB quanto no PT, para falar em elementos extremos dessa atual polarização. Até hoje lamento a ausência da aliança que, para mim, deveria ter sido feita nesta época justamente entre os mais responsáveis de cada lado, para evitar a dependência endêmica do fisiologismo que arruinou a política na década seguinte.
Mas, nestes dias que correm, procuro e não encontro nas lideranças partidárias esse nível de responsabilidade histórica entre antagonistas que muitas vezes recomenda retroceder, amainar, dialogar. Há apenas chefes limitados de pequenos bandos, interessados em defender os seus nacos no butim, sem qualquer projeto de país.
Retrocedemos muito em termos de amadurecimento democrático. O simbolismo e o grande efeito pedagógico de um Fernando Henrique Cardoso passando a faixa presidencial a Lula parece ter ficado para trás. Aécio Neves foi um mau perdedor e com isso nós é que acabamos por perder uma grande chance de mantermos um longo período de estabilidade. Qualquer que seja o resultado da votação do impeachment neste domingo, teremos que recomeçar.
(*) Assessor do Sindipetro e presidente da Associação de Imprensa Campista (AIC)
Publicado hoje (17/04) na Folha da Manhã
Do Sindipetro né? Precisa explicar??
concordo com marcelo se é do sindipetro é torcida nem precisa explicar !!
NÃO É PORQUE foi eleita por 54 milhões de brasileiros, não nego, inclusive eu, que tenhamos que continuar com uma louca, incompetente, desvairada acima do bem e do mal,que retrocedeu de novo esse país ao zero, que está parado sem perspectiva de melhora ou qualquer tipo de solução. Que faz as próprias leis de acordo com suas vontades e necessidades.
Não governou para o povo. Governou para si mesma.
Quando uma empresa está mal, desequilibrada e não rende o que se espera, troca-se o CHEFE.
é oque está acontecendo.
estamos trocando o gerente porque ele não serve mais para a empresa.
ACABOU!
SANGUE NOVO PRA GOVERNAR ESSE PAÍS.
Não sou do sindipetro,nem simpatizante do PT,mas concordo com a reflexão postada pelo jornalista.No ritual de expor o voto, a forma e o conteúdo de cada justificativa do sim ou não-salvo raras exceções-me remeteram à uma reflexão dolorosa: mais que”retrocedermos muito em termos de amadurecimento democrático” estamos retrocedendo em valores e comportamento de uma sociedade civilizada!