Na democracia irrefreável das redes sociais, não demorou para que fosse feita a associação entre o viaduto Rei Alberto, construído em 1920, e a ciclovia Tim Maia, inaugurada em 17 de janeiro deste ano da Graça de 2016. O primeiro, erguido em homenagem ao rei da Bélgica que visitava o país naquele início o século 20, teve sua estrutura exposta depois que caiu parte da passarela da ciclovia, ontem, matando duas pessoas e expondo a diferença na qualidade de duas obras separadas por 96 anos.
Se impressiona quantas ressacas já suportou o viaduto de quase um século, diante da fragilidade fatal demonstrada pela ciclovia em pouco mais de três meses, a elegância dos três arcos romanos desnudos da primeira construção remetem a outra, muito mais antiga e também ainda de pé contra a força das águas. Erguida no século I d.C., a Ponte Romana da belíssima cidade de Córdoba, no sul da Espanha, oferece passagem segura há dois mil anos entre as duas margens do rio Guadalquivir.
Com seus 16 arcos na mesma sensualidade das curvas do viaduto carioca, a Ponte Romana de Córdoba tem 247 metros, quase a mesma extensão da Barcelos Martins (270 m), sobre o rio Paraíba do Sul. Construída em 1847, a ponte campista também vai muito bem, obrigado.
Desde o tempos dos antigos romanos, cruzando sobre as águas os séculos 19 e 20 até este início do 21, mesmo para quem não conheça nada de engenharia ou História, a pergunta que parece óbvia é: onde foi que nos perdemos? E em nome de quê?