Nova barragem no Paraíba — Soffiati vai acionar MPF

O historiador ambiental Aristides Soffiati vai  notificar o Ministério Público Federal (MPF) de Campos, para pedir informações sobre a construção de uma barragem no Rio Paraíba do Sul, visando a irrigação da Baixada Campista. A assessoria do vereador Mauro Silva (PSDB), líder do governo Rosinha Garotinho (PR) e pré-candidato à sucessão da prefeita, informou (aqui) que esse seria um dos pontos do mapa de desenvolvimento (2016/25) lançado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), na última segunda-feira (30).

Todavia, a assessoria da Firjan em Campos esclareceu que a questão específica do barramento não consta do mapa estadual da entidade, fixado sobre questões mais macro. Mas como chegou a ser um dos pontos discutidos em Campos, na reunião prévia ao lançamento mapa estadual, o barramento pode vir a ser contemplado na versão regional. Ainda em fase de elaboração, seu lançamento está previsto para acontecer em julho.

Seja no mapa estadual ou regional da Firjan, a ideia de uma nova barragem no rio Paraíba, próximo à sua foz, é vista com preocupação por Soffiati, sobretudo em possíveis consequências como avanço da salinização e risco à captação d’água em Campos, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana. Diante da falta de informações mais precisas sobre a iniciativa, o ambientalista vai  acionar o MPF de Campos para buscá-las.

Abaixo, a análise de Soffiati sobre a questão, feita a pedido do blog:

 

 

Batizada de “Ilha dos Caras”, em pleno leito do Paraíba, fenômeno foi formado na estiagem do rio entre 2014 e 2015 (foto de Héllen de Souza - Folha da Manhã)
Batizada de “Ilha dos Caras”, em pleno leito do Paraíba, fenômeno ofereceu opção de lazer em meio à preocupante estiagem do rio entre 2014 e 2015 (foto de Héllen de Souza – Folha da Manhã)

 

 

Historiador ambiental Aristides Soffiati (foto: Folha da Manhã)
Historiador ambiental Aristides Soffiati (foto: Folha da Manhã)

Barragem no baixo Paraíba

Por Aristides Sofiiati

 

A bacia do Paraíba do Sul foi e continua sendo muito alterada por desmatamento, erosão, assoreamento e poluição, mas, sobretudo por barragens para formar reservatórios, mover hidrelétricas e transpor água para as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

Mais uma barragem, essa no curso final do rio, causa preocupação. Ainda sem que as informações sobre sua construção e finalidades não sejam claras, no mínimo, esse empreendimento exigirá Estudo Prévio de Impacto Ambiental. Precisamos saber em que local pretende-se erguê-la. Qual será o material empregado para a sua construção? Se for pedra, não podemos mais recorrer ao sacrificado Morro do Itaoca, já mal protegido por uma Unidade de Conservação da prefeitura.

Sei, de antemão, que seus defensores dirão que ela não alterará a vazão do rio por apenas acumular água e permitir que ela extravase a fio d’água. É preciso levar em conta que, nos períodos de estiagem, ela deve reduzir a vazão do rio logo abaixo porque parte significativa da água acumulada será desviada para as margens com o fim de irrigação, sobretudo para a margem direita.

Uma redução na oferta d’água doce abaixo da barragem pode ser devastadora para a foz. Segundo estudos efetuados por Claudio Neves e Georgione Costa, o Paraíba perdeu 45% de vazão na foz. Essa redução alterou o estuário do rio, área de água salobra formada pelo encontro da água doce com a água salgada. O manguezal, vegetação típica de estuário na região intertropical, avançou pelo leito do rio. Espécies típicas de estuário ou o acompanharam ou o abandonaram. Além do mais, o avanço da língua salina compromete o abastecimento público de água, o lençol freático e a irrigação, como se pôde averiguar durante a longa estiagem de 2014-15. Uma barragem no trecho final do rio pode agravar os problemas e torna-los crônicos.

Por tais razões, o Ministério Público Federal precisa ser informado dessa intenção antecipadamente, pois, se depender da ANA, do Ceivap, do Inea e do Comitê de Bacia do Baixo Paraíba, a barragem será construída sem a observância dos cuidados necessários. População e poder público de São João da Barra e de São Francisco de Itabapoana também devem exigir explicações. Da minha parte, pretendo informar ao MPF.

 

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Este post tem 3 comentários

  1. Ulisses

    Leva a mal não
    Mas esse ambientalista adora aparecer
    Os produtores rurais da baixada estão tendo prejuízos à anos
    O Paraíba vem sendo “roubado ” dos campistas pelos municípios vizinhos a anos com barragens
    O que manda no lençol freático da baixada e o Paraíba
    A seca castiga a anos o nosso município
    Eu nunca vi esse ambientalista apresentar um projeto de ajuda
    Pelo contrário , só se manifesta contrário a qqr projeto que vise agregar valor à região
    Se soltar ele em um carro e mandar rodar o município vera que Campos precisa de ajuda rápida no quesito água
    Que se faça projetos de reflorestamento
    Que se faça qqr coisa
    Mas ajude a melhorar a água pro município
    Falar, falar e falar é fácil
    Falar tecnicamente mais fácil ainda
    Só estudar
    Agora viver na pratica
    O Paraíba precisa de apoio
    Se barrar aqui na ponta
    A baixada melhorará
    Vai brigar com São Paulo e outros municípios vizinhos Q roubam nossa água
    E ajude o campistas
    Já está na Hr de se fazer alguma coisa
    Se a barragem está errado, apresente uma alternativa viável, só isso, mas ficar reclamando não adianta de nada

  2. eduardo

    Este ambientalista não tem a menor credibilidade, é contra tudo, mais não aponta solução ambiental e nem de sustentabilidade economica,

  3. Savio

    Vai fundo, mestre! Estamos do seu lado.

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