Ontem, tive a sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Mas, sem o equipamento apropriado, tive que improvisar. Numa das mesas externas do Restaurante do Ricardinho, ao lado da Igreja Nossa Senhora da Penha, em Atafona, à beira da foz do Paraíba do Sul, a lua cheia nasceu antes mesmo do sol se pôr.
Havia deixado minha Canon SX 510 HS em Campos. Não que seja uma máquina profissional, mas me daria mais recursos de zoom, fotometria, definição e agilidade do que a câmera do iPhone. Foi com esta, na ausência de alternativa, que passei a enquadrar lua, rio, cerca, barcos e casario, enquanto marcava o voo aleatório dos pássaros ao redor, à caça do instante de intersecção com um cenário já deslumbrante, mas ao qual tentava imprimir também a vertigem e a velocidade da vida animal.
Acabei dando a sorte de pegar dois urubus batendo suas asas em sentido oposto, como o sol que ainda não conhecera seu jazigo do oeste, na Serra do Imbé, enquanto a lua cheia já rompêra seu cordão umbilical com o leste, abandonado no Atlântico. Mesmo sem a vista do oceano, foi a mesma lua que o jornalista Aldir Sales fotografou no mesmo momento, do terraço do seu apartamento em Campos, na Pecuária.
Capturada com mais recurso material, numa Sony HX 300, mas também mais técnica humana, segue abaixo a mesma lua que subiu o rio nas asas dos urubus, à velocidade da luz refletida do sol, até Aldir flagrá-la (aqui e aqui) no flerte com a rabiola de uma pipa:
Aluysio Abreu Barbosa. O que vale, ao final das contas é sempre estar na hora certa, no lugar certo. O que vale é a sincronicidade, pois não acredito quando as pessoas dizem que tiveram sorte, eu apesar de usar corriqueiramente a palavra sorte, pois vejo nela Poesia, acredito mesmo é em uma coisa chamada sincronicidade eu adoro pipas, rabiolas e admiro o voo dos urubus, nele eu vejo graça, leveza e discordo de ti, quando dizes, meu amigo, que estavas “sem o equipamento apropriado”… Estavas sim, o equipamento certo tu tinhas, que era o olhar sensível, antenado o restante foi episódico, pense, se tivesses retornado ao lugar onde guardas a Canon SX 510 HS, terias, provavelmente, perdido minutos preciosos e não terias capturado o momento mágico, pois a sincronicidade é isso, estar no lugar cert, no momento certo, com o equipamento certo, que é o olhar e o coração do Poeta…
Espetáculo deslumbrante .Eu vi
Duas fotos que bem poderiam ser quadros bem interessantes. A “mágica” da foto é que outra pessoa poder ver, tanto o que o olho do fotógrafo viu como o que não viu, acho isso sensacional.
o cara é bom.