Oásis
Não tenho conseguido escrever.
Não me vem nada de bom.
De ruim então… nem se fala.
Fui de Campos à Caçapava
pensando em ter papel…
No Oásis aquele pastel…
Fazer o quê? Comi.
Me sobrou guardanapo e óleo:
o primeiro até dava gasto
o segundo é que atrapalha o caso.
Escrevi assim mesmo
meias palavras
sobre o sexo que nunca fiz:
aquele óleo de fritura
naquele corpo mulato
escorrendo desavergonhado
pelas curvas do muy guapo
cara-de-pastel que conheci.
Era de bom e de ruim aquela transa.
Tinha espelho, tinha aroma, tinha cama.
Só o sabor é que me desarranja,
lembrar de toda aquela gordura…
Tal qual guardanapo ensopado
veio ele todo suado
a fim de me consumir.
“UI! Eis que és um paspalho!”
Fazer o quê? Comi.
É duro ,heim?
Sim, admito que venho aqui com um certo atraso, mas justificável, creio. A minha vista não estava (e nem está ainda) boam mas está, neste momento, razoável, então aproveito e comento. Eu tenho atração por guardanapos de bares lanchonetes, neles, ao longo dos tempos, rascunhei um ou outro rabisco, registrei ideias e até ousei, Carol, cometer uma ou outra Poesia, se é que posso afirmar que foram ou são, sei lá… Mas que guardanapos são, às vezes, verdadeiros oásis, tábuas de salvação aos que criam, isso são e mesmo tardiamente, mas em tempo, venho aqui registrar que adorei a Poesia e “comi” cada verso, com uma fome atávica, como se fosse minha última refeição…