Não conseguia transar
Amava, mas não conseguia.
Sentia vontade, imaginava, queria… Mas na “hora h” simplesmente desistia.
Não estava ali.
Começava, continuava e se distraía.
O marido chorava, grunhia, não entendia.
Ela o queria, mas queria mais a poesia.
Então num dia ardente,
Chegou do trabalho e foi esquentar a comida.
No celular, uma sequência de Ney Matogrosso ela ouvia.
De repente, uma música diferente, uma sequência nova,
uma quentura, uma taquicardia…
Teve que se afastar do fogo, alguma coisa a acometia!
Levou-se trêmula ao tapete da sala. Caiu no chão. Se contorcia!
Se contorcia a cada verso cantado! Se contorcia ao som da melodia!
E se lanhava e se queria!
Aquela música… Uma sinfonia!
Ficou de bruços e se espremia. O tapete. Espremia.
Escapavam-lhe as sandálias, os anéis, as pulseiras, a gargantilha.
Saía-lhe o vestido, o batom, o sutiã, a roupa íntima.
Respirava com dificuldade, tremia.
Não se cabia de tanto prazer.
A música, que ocupava a casa inteira,
a tomara de primeira e a comia.
A comida queimou no fogo.
O marido chegou. Não entendia…
Ela, ofegante, com dificuldade, se levantou.
Olharam-se como nunca. Estavam nus, pela primeira vez.
E, finalmente, aceitaram a poligamia.
Passaram a transar a três:
ele, ela e a poesia.
Belíssima. Inspiradíssima. Parabéns!
Sim… sim, Carol Poesia, assim, ao ler de primeira vista, eu posso dizer que amei! Amor à primeira vista, logo ao ler, cada verso, assim de supetão… Me encantei, me apaixonei, pois à Poesia, como disse o Poeta, só se pode permitir “uma forma: concisão, precisão das fórmulas
matemáticas…”, assim falou Maiakovski e esse Poema seu, me arrebatou, e eu reli, reli e relerei muito mais vezes…