Democracia irrefreável das redes sociais — Obama 2008 a Campos 2016

Yes we can

 

 

 

Você decide!

Por Aluysio Abreu Barbosa

 

Começou com a primeira eleição de Barack Obama a presidente dos EUA em 2008. O então jovem e carismático senador democrata de 47 anos disputou o pleito contra o candidato republicano John McCain, enfrentando por tabela o estabelishment dos EUA, personificado nos interesses das poderosas indústrias bélica e petrolífera do seu país.

Verdade que jornais liberais tradicionais como New York Times e Washington Post até demonstravam uma simpatia tímida por aquele candidato filho de um africano do Quênia, com nome esquisito e muito parecido com o do (hoje, falecido) inimigo nº 1 do país. Mas contra o poder de redes de TV conservadoras como a Fox, foi com o uso dos blogs e, sobretudo, da democracia irrefreável das redes sociais, que o slogan “Yes We Can” (“Sim, nós podemos”) se tornou um fenômeno entre o eleitorado da maior potência mundial.

Com essa nova maneira de fazer política, antevendo a capacidade de mobilização das massas em tempo real através das plataformas digitais, a campanha de Obama conseguiu atrair um público que até então não estava envolvido do processo político. O The Huffington Post, conceituado agregador de blogs estadunidenses afirmou: “Se não fosse a internet, Barack Obama não seria presidente. Se não fosse pela internet, Barack Obama não teria sido nem o candidato”.

A última referência diz respeito ao fato de que, para conseguir a vaga do Partido Democrata, Obama teve que competir com a inicialmente favorita Hillary Clinton, esposa do popular ex-presidente Bill Clinton. E, passados oito anos do primeiro presidente negro eleito e reeleito na história dos EUA, Hillary agora caminha para sucedê-lo como a primeira mulher no cargo mais importante do mundo.

A verdade é que, após sua vitória em 2008, primeiro contra Hillary, nas primárias dos Democratas, e depois nas urnas contra McCain, a mídia dos EUA e do mundo apelidou o feito de Obama como “a eleição do Facebook”. Após a sucessão presidencial dos EUA, o brasileiro mais atento à política, inclusive internacional, sobretudo às formas de interação entre o eleitor e seus representantes, passou a se perguntar: quanto tempo isso vai levar para chegar aqui?

Chegou antes pelo mundo muçulmano do Oriente Médio e do Norte da África, também conhecida como África Saariana ou Magreb, para os árabes. A partir de dezembro de 2010, com mobilizações feitas a partir das redes sociais, as revoluções populares se alastraram em escala exponencial na Tunísia, Egito, Líbia e Síria, onde provocaram quedas de governos e até linchamentos de ditadores — quem não se lembra da morte, pelas mãos do seu próprio povo, do outrora temido ditador líbio Muammar Kadafi (1942/2011)?

Também ocorreram grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Jordânia, Omã, Iémen e Iraque — país que Obama cumpriria sua promessa de desocupar. Em escala menor, mas sempre arrebanhados nas redes sociais, protestos menores aconteceram no Kwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental. Greves, manifestações, passeatas e comícios contaram com o uso de mídias como Facebook, Twitter e YouTube para se organizar e sensibilizar a comunidade internacional, driblando as tentativas de repressão e censura da Internet por parte dos Estados.

Ainda que não tenha levado a bom fim em grande parte dos países da Primavera Árabe, como na Síria, cuja Guerra Civil ali iniciada até hoje choca o mundo, o fenômeno de mobilização das massas a partir das redes sociais finalmente chegou ao Brasil em junho de 2013. Naquilo que ficou conhecido como “Jornadas de Junho”, o início foi restrito a poucos milhares de participantes, em São Paulo, pela redução da tarifa do transporte público.

Viralizada nas mídias sociais, a forte repressão policial, sobretudo no protesto do dia 13, multiplicou a participação popular em várias cidades brasileiras. Milhões foram às ruas, não mais apenas pela redução da passagem de ônibus e contra a ação da Polícia, mas por uma gama variada de temas, como gastos públicos em grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, má qualidade do serviço público e corrupção política.

Passado o susto, sobretudo dos petistas, que viram perdido o monopólio das ruas que dominavam desde o final dos anos 1980, apesar da grande repercussão nacional e internacional, houve quem dissesse que “o gigante tinha adormecido”. Mas num país cindido com as figadais eleições presidenciais de 2014, pela grave recessão econômica que se procurou maquiar até o pleito e pela corrupção endêmica no governo federal eviscerada pela operação Lava Jato, cuja primeira fase se deu em 17 de março de 2014, as redes sociais voltaram a despertar o gigante.

Se foram a Câmara e o Senado Federal, sob o controle do Supremo Tribunal Federal (STF), que cassaram o segundo mandato presidencial de Dilma Rousseff (PT), a verdade é que as instâncias máximas dos poderes Legislativo e Judiciário foram obrigadas a fazê-lo pela pressão popular mobilizada pelas mídias sociais. Em 15 de março, 12 de abril, 16 de agosto e 13 de dezembro de 2015, milhões de brasileiros foram às ruas contra o governo Dilma e a corrupção, nas maiores mobilizações populares da Nova República — a partir do fim da Ditadura Militar (1964/85).

Mas o ápice do movimento foi nas manifestações populares de 13 de março, as maiores da história do Brasil. Nelas, se estima que 3,3 milhões de brasileiros tomaram as ruas de pelo menos 250 cidades, mobilizados pelas mídias sociais, para selar o fim antecipado dos 13 anos do lulopetismo no poder.

Em seus resultados variados, se pode gostar ou não daquilo que começou com a eleição de Obama em 2008, passou pela Primavera Árabe de 2010, pelas Jornadas de Março de 2013 e pelos protestos 2014/15 que levaram ao impeachment de Dilma. Só não se pode negar que nenhum desses fatos históricos aconteceria sem a democracia irrefreável das redes sociais.

A eleição de hoje, a prefeito de Campos, talvez seja o primeiro teste real das ativas mídias sociais goitacá nas definições do destino da cidade. Instituições como Ministério Público Estadual (MPE), Justiça Eleitoral e Polícia Federal (PF) locais têm se desdobrado para fazer com que a decisão, leitor, seja apenas sua, na urna.

Você, e mais ninguém, vai decidir em que tempo estamos vivendo.

 

Publicado hoje (02) na Folha da Manhã

 

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Este post tem 5 comentários

  1. Sandra Santos

    Análise perfeita ,amigo .Acabou o monopólio de certas Mídias factóides , tendenciosas .A população ficava desconhecendo os fatos verdadeiros ,já no Facebook a mentira não ecoa porque são vários olhos atentos e vários celulares ligados.

  2. Jaci Capistrano

    Troca troca, sai o grupo comunista antigo, entra o grupo comunista novo.

    O que mudará de fato?

    1) Vai implantar o material didático do MEC com o Kit Gay?
    2) Irá aumentar impostos da classe média para financiar as políticas socialistas?
    3) Optará preferencialmente pelas empresas locais para o dinheiro circular por aqui?
    4)Inchará a prefeitura de apaniguados?
    5)Fará igual ao Haddad do PT reduzindo a velocidade dos carros?
    6)Encherá a cidade de ciclofaixas pintadas de vermelho?
    7)Criará a cracolândia campista?

  3. Jaci Capistrano

    “Os votos do grupo Direita-Campos para Diniz são os seguintes:

    1) que ele crie um ambiente com baixos impostos e regulamentos (que anule o imposto por metro quadrado) bem como invista pesado em infraestrutura para atrair os investidores milionários para a região, gerando emprego e riquezas,

    2) que ele peça uma verdadeira auditoria fiscal e termine de liquidar o clã garotinho de uma vez por todas, pois o lugar deles é na cadeia,

    3) que ele NÃO USE o material do MEC, mesmo que isso signifique um gasto maior do dinheiro público.

    4) que ele articule algum acordo ou parceria com o Governo do Estado no combate ao crime na cidade, tendo maior participação na tarefa.

    5) Que ele não se deixe seduzir pelas utopias sangrentas dos socialistas do PPS E REDE, mas que trilhe sempre o caminho da liberdade e da prudência.

    Esses são os votos do grupo Direita-Campos, o maior grupo anticomunista da cidade.”

  4. Dionecleides Marques

    O que prova que as pesquisas “registradas” são manipuladas e tendenciosas. Uma simples pesquisa no facebook na página de humor conhecida como Campista Polêmico chamou atenção dos Garotistas do qual foi solicitada a remoção pois não era “registrada”, mas essa pesquisa “não oficial” foi a única verdadeira e indicou o que realmente irá acontecer e aconteceu. Políticos em geral possuem instrumentos e poderes para ocultar rastros, mas neste caso alguém perdeu!

  5. Ronald

    [continuação]Obama na juventude conheceu a Mark Marshall Davis em Honolulu no Havaí, Davis um comunista radical e membro do Partido Comunista Americano, além disso depois que entrou na universidade começou a frequentar um dos vários grupos/associações que eram criados pelos alunos do Alinsky por todo Estados Unidos tanto em Honolulu quanto em Chicago já exercendo a profissão de advogado, já a Hilary na juventude era uma garota republicana e conservadora, se transformou em democrata e esquerdista depois de ter conhecido o Saul Alinsky pessoalmente através de um ministro metodista que tinha uma visão esquerdista radical de mundo, na universidade ela fez uma tese de 95 páginas sobre a obra de Alinsky, o próprio posteriormente tentou dar um emprego para ela ao qual declinou, pois tinha outros objetivos acadêmicos, em suma, Hirary está mais próxima ideologicamente do Mubarack Hussein Obama do que do marido Bill Clinton…e enquanto isso em Campos, como disse um amigo meus, serão quatro anos livre, leve e solto para pavimentar a nefasta ideologia de gênero via prefeitura.

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