Fabio Bottrel — Quando te conheci, Atafona

 

Sugestão para escutar enquanto lê: Gregory Alan Isakov – ThatSea, theGambler

 

 

 

 

Atafona, 19/12/15 (Foto de Diomarcelo Pessanha)
Atafona, 19/12/15 (Foto de Diomarcelo Pessanha)

 

 

Sobre o dia em que conheci Atafona, em um sarau na casa de Aluysio Abreu Barbosa, entre os maiores poetas dessa terra.

 

“No meio da poesia, desnudei-te, Atafona, logo no primeiro dia.

Entre seus amantes descobri suas glórias e suas mazelas, teus sorrisos e tuas lágrimas.

 

— Escute com atenção, meu rapaz, quem bebe da minha água jamais se esquecerá.

Preste bem atenção, meu rapaz, quem pisa na minha areia não se calará.

Viu, rapaz, o silêncio para escutar Rudá?

 

Quando a bebida acaba, o corpo perdido na sala.

Quando a guerra acaba, o soldado perdido no campo de batalha.

 

— Perceba, meu jovem, na minha areia só deita os feitos de poesia.

Veja o que a vida te reserva nos sorrisos de peitos nus.

Aprume, rapaz, o silêncio já vem de novo…”

 

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Este post tem 3 comentários

  1. Talita Batista

    Poema encantador, Fábio Bottrel! Atafona é assim mesmo: deixa as suas marcas registradas na alma da gente! E marca os nossos silêncios…

  2. Savio

    Por ter nascido em Atafona, embora criado em Campos desde os quatro anos de idade, saúdo o poeta-cronista com o meu poema-ipê de 2016. Desde 1968, que todos os anos escrevo uma saudação aos Ipês, e agora, todos os anos, deixo o modesto poema desnudo no Blog do meu amigo Aluysio:

    É AINDA SETEMBRO DOS IPÊS.

    Sávio
    25 de setembro de 2016 – 22:17

    É ainda setembro nas flores dos ipês,
    busco em todo o seu amarelo
    A flor-rainha mais viva, a que mais brilha
    E ao mesmo tempo sigo pela trilha
    Contando as flores caídas pelo chão.
    Das flores brilhantes e viçosas
    Envio canções de alegria e felicidade,
    Das flores que caíram e cumpriram o seu papel
    Envio doces e ternas canções de saudade.
    Levei todo este tempo para entender
    O que nos ensina os sábios ipês:

    __Ipês são árvores sagradas!
    Estão aqui para nos lembrar
    Que todos temos um destino, uma sina,
    estamos aqui num processo circular,
    num dado momento, a vida termina
    e as flores ainda brilhantes
    se deitarão ao chão para o solo fertilizar.

    Por esta razão, não devemos lamentar,
    deixemos que toda a seiva da vida
    pinte bem forte a nossa cor-ipê,
    não importa que o momento seja breve,
    o momento de viver é de quem se atreve
    e este momento só pode ser agora.

    1. Aluysio

      Caro Savio,

      De um atafonense de convivência (insular e continental) para um de nascença, agradeço em nome do blog pelo poema.

      Abç fraterno!

      Aluysio

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