Sugestão para escutar enquanto lê: Gregory Alan Isakov – ThatSea, theGambler
Sobre o dia em que conheci Atafona, em um sarau na casa de Aluysio Abreu Barbosa, entre os maiores poetas dessa terra.
“No meio da poesia, desnudei-te, Atafona, logo no primeiro dia.
Entre seus amantes descobri suas glórias e suas mazelas, teus sorrisos e tuas lágrimas.
— Escute com atenção, meu rapaz, quem bebe da minha água jamais se esquecerá.
Preste bem atenção, meu rapaz, quem pisa na minha areia não se calará.
Viu, rapaz, o silêncio para escutar Rudá?
Quando a bebida acaba, o corpo perdido na sala.
Quando a guerra acaba, o soldado perdido no campo de batalha.
— Perceba, meu jovem, na minha areia só deita os feitos de poesia.
Veja o que a vida te reserva nos sorrisos de peitos nus.
Aprume, rapaz, o silêncio já vem de novo…”
Poema encantador, Fábio Bottrel! Atafona é assim mesmo: deixa as suas marcas registradas na alma da gente! E marca os nossos silêncios…
Por ter nascido em Atafona, embora criado em Campos desde os quatro anos de idade, saúdo o poeta-cronista com o meu poema-ipê de 2016. Desde 1968, que todos os anos escrevo uma saudação aos Ipês, e agora, todos os anos, deixo o modesto poema desnudo no Blog do meu amigo Aluysio:
É AINDA SETEMBRO DOS IPÊS.
Sávio
25 de setembro de 2016 – 22:17
É ainda setembro nas flores dos ipês,
busco em todo o seu amarelo
A flor-rainha mais viva, a que mais brilha
E ao mesmo tempo sigo pela trilha
Contando as flores caídas pelo chão.
Das flores brilhantes e viçosas
Envio canções de alegria e felicidade,
Das flores que caíram e cumpriram o seu papel
Envio doces e ternas canções de saudade.
Levei todo este tempo para entender
O que nos ensina os sábios ipês:
__Ipês são árvores sagradas!
Estão aqui para nos lembrar
Que todos temos um destino, uma sina,
estamos aqui num processo circular,
num dado momento, a vida termina
e as flores ainda brilhantes
se deitarão ao chão para o solo fertilizar.
Por esta razão, não devemos lamentar,
deixemos que toda a seiva da vida
pinte bem forte a nossa cor-ipê,
não importa que o momento seja breve,
o momento de viver é de quem se atreve
e este momento só pode ser agora.
Caro Savio,
De um atafonense de convivência (insular e continental) para um de nascença, agradeço em nome do blog pelo poema.
Abç fraterno!
Aluysio