Ao conferir as notícias diárias, como sempre faço logo após acordar, entre a hora do café, revi hoje o vídeo de uma entrevista do filósofo Mario Sergio Cortella para Otávio Mesquita, concedida já algum tempo. Nele, o entrevistador pergunta ao professor o que ele diria para uma pessoa que chegará ao natal cansada e escassa não só de todas as farturas culinárias costumeiras dessa data, mas de todo o restante para uma vida saudável. A resposta é interessante:
A esperança como fonte de vida é o manancial mais importante que há dentro de nós, local onde a água se origina, nascente ou fonte que jorra ou corre de maneira ininterrupta como explica a maioria dos dicionários. Cícero – cônsul e um dos maiores escritores da Roma Antiga – definiu a esperança como a força que nos liberta da infelicidade e nos abre uma perspectiva para o futuro, enquanto para Tomás de Aquino a esperança surge das qualidades humanas sobre a bondade e ambição por algo elevado.
Lembrei-me do livro Sem medo de voar: uma filosofia para o cotidiano, do padre Beto, quando em um capítulo conta ter recebido uma ligação no meio da noite sobre uma senhora em estado terminal desejosa de receber a Unção dos Enfermos – ou Extrema Unção como era dito antigamente – num hospital da Alemanha. Beto, cansado após um longo dia de trabalho, se aprontou, caminhou até o local e encontrou a senhora inconsciente, mantida viva apenas pelos aparelhos. O padre ministrou o sacramento e ao término, quando a palavra “amém” foi proferida, o aparelho sinalizou a morte da senhora. Voltou meditando para casa por ter presenciado um momento intenso: a esperança de receber uma benção a fez lutar até o último momento para se manter viva. Assim como ele presenciou, sabemos que toda esperança provoca momentos intensos, seja de ruínas ou de conquistas, mas sem dúvida, de vida. Talvez a grande tragédia dita por Albert Schweitzer e citada por Cortella no vídeo seja resumida por morte da esperança: “A tragédia não é quando um homem morre, a tragédia é aquilo que morre dentro de um homem enquanto ele ainda está vivo.” Albert Schweitzer, primo de Jean Paul Sartre, foi também teólogo, músico e filósofo, e sobre o primo deixou uma célebre frase: “todas as opiniões são respeitáveis quando são sinceras, e por conta disso Deus seguramente perdoará.”
Ainda sem medo de voar, no livro, padre Beto escreve “A verdadeira esperança convence-nos de que somos capazes e mostra-nos que os limites são, muitas vezes, abstrações subjetivas que impedem a nossa realização como pessoa. Quem não alimenta a sua esperança perde a dignidade e é responsável da sua própria miséria. Como escreveu certa vez Kant, “Aquele que anda de rastros, como um verme, nunca poderá queixar-se de que foi pisado por alguém.”
Mas que nesse natal a esperança se mantenha de uma vida e de um Brasil melhor.
Juízo Final – Nelson Cavaquinho
“O sol há de brilhar mais uma vez, a luz há de chegar aos corações, do mal será queimado as sementes, o amor será eterno novamente.”
Feliz natal.
Lindo !!!! Lindo!!!Feliz Natal